Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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domingo, 10 de abril de 2011

Os novos rumos da Vale

 

Depois de dez anos, Roger Agnelli dá lugar a Murilo Ferreira na presidência da companhia, que agora vai focar investimentos no Brasil e atuar em novos setores, como a siderurgia

Adriana Nicacio

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RECUPERAÇÃO
Lucro da Vale pulou de US$ 3 bilhões em 2001 para US$ 30 bilhões no ano passado

Depois de muita polêmica, a troca de comando na Vale finalmente aconteceu. O executivo Roger Agnelli, há dez anos à frente da empresa, não terá o mandato renovado em 21 de maio. Será substituído pelo administrador Murilo Pinto Ferreira, ex-diretor da companhia, que conta com total apoio da presidente Dilma Rousseff. A pergunta agora é se a alternância na presidência resultará na mudança de rumos dos investimentos na segunda maior mineradora do mundo. Entre 2001 e 2010, Agnelli elevou o lucro de R$ 3 bilhões para R$ 30 bilhões, mas por diversas vezes bateu de frente com o governo federal. O Palácio do Planalto quer que a Vale direcione seus investimentos para o setor siderúrgico, com o objetivo de exportar menos minério de ferro, produzir mais aço, gerar mais emprego e evitar que o Brasil fique eternamente ao sabor do mercado e nas mãos da China. Murilo Ferreira chega num momento estratégico, com a missão de fazer valer a visão da presidente Dilma Rousseff sobre os destinos da Vale. Será exigida de Murilo a necessária habilidade para conciliar a busca de lucros com projetos de interesse nacional.

Enquanto a indecisão sobre a presidência da Vale perdurou, as ações da empresa caíram nas bolsas, principalmente pelo receio de que o futuro executivo reduza os investimentos no Exterior, o que o mercado encara com temeridade. Afinal, há vários projetos em andamento na África, como a exploração do carvão em Moatize, em Moçambique, e de cobre na Zâmbia e na Guiné, envolvendo os governos locais. Mas, embora o governo tenha nas mãos mais da metade do capital votante da holding Valepar, que controla a Vale, isso não significa que ele vá tomar decisões sem negociar com os principais acionistas privados, o Bradesco ou os japoneses da Mitsui. Se havia incerteza, bastou a indicação de Murilo Ferreira para que os papéis voltassem a subir. “Os estrangeiros estão soltando raios com a interferência do governo, mas o Brasil não é a Bolívia. Vamos acompanhar as decisões da empresa a partir de agora para sabermos qual será o foco. Não acredito que o novo presidente será sempre dócil ao governo”, diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.

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TROCA
Agnelli (no alto) deixa a Vale com lucro recorde e Ferreira
assume com a missão de reforçar investimentos no Brasil

Não é segredo, porém, que Murilo Ferreira, pelo menos no início de sua gestão, terá a tarefa de tirar do papel os principais planos do Planalto, que envolvem mais investimento no País, a construção de uma siderúrgica e a participação em grandes obras de infraestrutura. Quem diz é o próprio governo. “A Vale precisa contribuir mais fortemente com o desenvolvimento do País”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. “Nós desejamos que a Vale esteja sempre em linha de colaboração com o próprio governo, para o interesse nacional.” As empresas com produtos de maior valor agregado pagam muito mais impostos do que os produtores de bens primários na cadeia do minério de ferro. Além disso, dentro da política de mudanças na mineração, o governo pretende alterar a regra da cobrança de royalties, que no Brasil variam entre 0,2% e 3%, tornando a exploração do subsolo brasileiro uma das mais baratas do mundo. “Se a gente paga royalties mais baixos que outros países que estão no nível de desenvolvimento do Brasil, tem que acertar sim, qual o problema? Sou a favor”, afirmou o empresário Eike Baptista, presidente do Grupo EBX, que destacou a competência técnica de Murilo Ferreira.

A gestão de Murilo, sem dúvida, será mais sintonizada com os planos do governo. E a empresa deve continuar lucrativa e eficiente. Murilo Ferreira não foi escolhido por acaso. Fez carreira na Vale, foi diretor financeiro e comercial das operações de alumínio e presidiu a fornecedora de alumínio Albrás. Depois de liderar o maior negócio do processo de internacionalização da Vale, a aquisição da canadense Inco, em 2006, por US$ 18 bilhões, Ferreira mudou-se para o Canadá para presidir a empresa. Deparou-se, porém, com altos custos trabalhistas e previdenciários, o que levou Agnelli a exigir o corte de pessoal. Murilo resistiu argumentando que não era hora de demissões, por se tratar do principal setor econômico do Canadá. Agnelli e ele discutiram durante uma teleconferência. No mesmo dia, Murilo decidiu voltar ao Brasil, passou mal no vôo e em seguida pediu demissão. Seu sucessor na Inco, Tito Martins cortou cerca de 900 empregos. A primeira indicação do Bradesco e de Agnelli para assumir a presidência da Vale foi exatamente Tito Martins, mas a presidente Dilma Rousseff, que acompanha com lupa o setor, ficou impressionada com a trajetória de Murilo Ferreira. E talvez tenha influenciado para que ele se tornasse o novo presidente da Vale.

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Repostado da Revista Istoé

Comentário do blog: Se os Tucanos Neoliberais, comandados por FHC e Serra, não tivessem privatizado a Vale em 2007 (na verdade a empresa foi dada, pois a sua venda saiu a preço de banana para os seus compradores: foi vendida por 3,3 Bilhôes de dolares, quando seu valor patrimonial era superios a 15 bilhôes de dolares), na atualidade essa empresa ainda seria, em grande parte patrimônio do povo brasileiro -–pois a maioria das ações estava sobre controle do governo --, e certamente, seus lucros além de dar dividendos para os seus acionistas minoritários, estariam ajudando a resolver muitos dos problemas do povo brasileiro, e em especial paraense (educação, saúde, saneamento, etc), haja vista, que na atualidade é do solo paraense que a Vale mais explora e exporta minérios.

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