Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Cuba: calores de agosto

 

por Leonardo Padura*

Cuba Cuba: calores de agosto

Havana, Cuba, agosto/2012 – Agosto, para os cubanos, costuma ser o mês mais cruel. Temperaturas em torno dos 34 graus centígrados com umidade relativa entre 70% e 80% são capazes de rachar pedras, com se diz na ilha. Se não existe a ameaça de um furacão (algo muito possível em agosto), o melhor alívio para o calorão costuma ser um banho de mar, mas não são muitos os que, se vivem a certa distância da praia, dispõem de meios, tempo e dinheiro para usufruir dessa satisfação.

Outro recurso poderia ser o ar-condicionado doméstico, mas os custos da eletricidade tornam esta opção um desafio econômico complicado para os que têm a possibilidade de adquirir um destes equipamentos. Com tanto calor e umidade, às vezes até furacões, que se somam às complicações de uma vida cotidiana já por si só complexa (salários insuficientes, tantas casas em mau estado e outros etcéteras), não é por acaso que agosto exacerbe os ânimos e potencialize as frustrações.

Este agosto, no entanto, entrou na ilha acompanhado de duas novas leis – uma delas redesenho da já existente, a outra endurecimento da atuante –, o que, em meio ao calor, fez muitos cubanos falarem delas, com dúvidas e preocupações diversas.

Na mais recente sessão do parlamento cubano, realizada no final de julho, foi divulgada a aprovação de uma nova lei tributária, de cuja letra, vários dias depois, os cidadãos não tinham conhecimento, pois, até onde sei, não havia sido publicada. Do que se teve conhecimento se depreende que, como princípio, a lei impõe maiores tributos aos que têm maiores ganhos, mas, também, torna universal o pagamento ao fisco para todos os cidadãos.

A lei anterior, vigente desde 1994, quando se decidiu voltar a cobrar impostos diretos sobre o ganho (pois os produtos vendidos em divisas já apresentavam um elevado castigo impositivo), os salários ficaram isentos de novas tributações e só deveriam pagar os trabalhadores por conta própria, os vinculados a empresas mistas e setores como o dos criadores artísticos.

Agora, a lei parece contemplar essa obrigação geral, mas… Parece que não se aplicará enquanto os salários não alcançarem níveis que permitam exercer a tributação. Com salários pagos pelo Estado, que – segundo o próprio presidente do país – são insuficientes, seria um disparate reter parte do pagamento quando os cubanos cada vez mais devem pagar preços elevadíssimos por muitos artigos de primeira necessidade, incluída a alimentação, pois uma parte deles deixou de ser subsidiada pelo Estado e passaram a ter preços comerciais.

Além dessa decisão de moratória, mais política do que econômica, entre certos meios (em especial o crescente setor dos trabalhadores por conta própria), surgiu uma onda de comentários e expectativas a respeito dos alcances de uma lei que, curiosamente, os cidadãos e até os trabalhadores do sistema tributário não conheciam.

A outra medida, que afeta de forma direta menos pessoas, embora a muitíssimos de forma concreta, é a nova lei de aduanas que regula o peso e o valor da bagagem dos viajantes que chegam ou regressam a Cuba e os envios de encomendas do exterior. Sem entrar em escabrosos detalhes que seriam inalcançáveis, a essência da lei é que cada residente em Cuba, que faz mais de uma viagem anual ao estrangeiro com “importação”, nos regressos seguintes deve pagar taxas fixadas em moeda conversível pelos produtos cujo valor supere os US$ 51 (com exceção dos remédios); os cubanos residentes no exterior e os visitantes estrangeiros, sempre devem pagar em moeda dura suas importações superiores aos US$ 51, na razão de dez pesos conversíveis (US$ 12) o quilo ou 100% ou até 200% do valor pelo qual foi adquirida a mercadoria. Já as encomendas enviadas do exterior pagarão uma taxa semelhante em moeda conversível, que se aplica a partir dos três quilos de peso ou 30 pesos de valor.

Uma das origens dessa férrea regulamentação é evitar a atividade das chamadas “mulas”, cujo negócio é importar do Panamá, Equador ou de Miami produtos deficitários ou de maior qualidade (e vendidos a preço melhor) com os quais estão abastecendo alguns trabalhadores autônomos em seus comércios de venda de alimentos ou de roupas, por exemplo. Porém, se o propósito da nova lei é limitar esta atividade, que a faz competir com os estabelecimentos do Estado, mal abastecidos e com seus próprios produtos gravados com 240% de lucro em relação ao seu preço de compra (sim, 240%), o efeito que criará será maior.

Isto porque o pagamento em moeda conversível pelas “importações não comerciais” não afetará apenas os que têm a possibilidade de viajar mais de uma vez (poucos, em comparação com o total da população da ilha), mas, e sobretudo, as milhares de pessoas que se beneficiavam com o recebimento de encomendas enviadas por seus familiares (na maioria das vezes, roupa e comida) e outras centenas de milhares que precisam completar sua cesta básica com produtos não subsidiados e comprar sua roupa e uma parte da comida e dos produtos de higiene pessoal (tão necessário com estes calores de agosto) aos preços que causam vertigem nas chamadas lojas arrecadadoras de divisas. Nestes estabelecimentos, por exemplo, o litro de óleo de girassol já está custando 2,80 pesos cubanos conversíveis, algo como a sétima parte do salário médio que o Estado paga…

A reação provocada por esta lei é mais visceral e quase unânime. Nas páginas oficiais cubanas na internet os comentários a respeito da nova medida nunca são favoráveis ao seu conteúdo. Inclusive, um escritor cubano fez circular uma dramática comparação entre os preços de certos produtos e o poder aquisitivo médio de um cidadão mexicano e um cubano, e as diferenças são esmagadoras contra a capacidade de aquisição e o preço dos produtos que devem encarar os moradores da ilha do Caribe… Enfim, neste mês de agosto nem mesmo as Olimpíadas foram muito refrescantes para os cubanos. Envolverde/IPS

* Leonardo Padura é escritor e jornalista cubano. Suas novelas foram traduzidas para mais de 15 idiomas, e sua obra mais recente, O Homem que Amava os Cães, tem como personagens centrais Leon Trotski e seu assassino, Ramón Mercader.

(IPS)

Reajustes salariais tem melhor resultado dos últimos 18 anos

Trabalho

Segundo Dieese, 97% de 370 categorias pesquisadas tiveram em 2012 aumentos acima da inflação oficial

Por: Agência Brasil

Publicado em 30/08/2012,

São Paulo – Quase a totalidade dos acordos salariais assinados no primeiro semestre de 2012 resultou em ganhos reais para os trabalhadores, aponta balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado hoje (30).

Segundo a pesquisa, que leva em conta as negociações registradas no Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) do departamento, 97% dos 370 reajustes superaram a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os ganhos ficaram, em média, 2,23% acima do INPC. De acordo com o Dieese, esse é o melhor resultado das negociações salariais desde 1996. Apenas duas categorias registradas no SAS tiveram reajustes abaixo da inflação. O departamento, no entanto, ressalta que a diferença é pequena, pois representa perda de 0,08%.

O resultado da pesquisa mostra que houve elevação do aumento real conquistado pelos trabalhadores. Na comparação com os quatro anos anteriores, constatou-se que 29% das categorias tiveram ganho real de 2% e 3% em 2012.

No ano passado, por exemplo, somente 9,7% das negociações resultaram nesse mesmo percentual de incremento. Também foi significativo, de acordo com o Dieese, o número de categorias (14%) com reajustes de 4% de ganho real no salário.

Por setor econômico, a indústria e o comércio tiveram percentuais semelhantes à taxa geral. Nessas áreas, 98% das negociações resultaram em ganhos reais, sendo que em nenhuma delas houve reajuste abaixo da inflação. No setor de serviços, o percentual cai um pouco e fica em 94%, com registro de 1,3% das negociações com reajustes abaixo do INPC.

Na análise por região geográfica, todas tiveram aumentos reais em maior proporção. O Centro-Oeste, no entanto, merece destaque, considerando que as 32 negociações analisadas resultaram em conquistas financeiras reais nos salários. Apenas as regiões Norte e Nordeste tiveram categorias com reajuste abaixo da inflação.

Só financiamento público reduz a corrupção, diz Jorge Hage

Para ministro da Controladoria-Geral da União, recursos privados em campanhas eleitorais são a causa principal dos desvios

Por: Agência Brasil

Publicado em 30/08/2012,

Só financiamento público reduz a corrupção, diz Jorge Hage

Jorge Haje, ministro da CGU, durante programa de rádio em rede pública nacional: participação de empresas em eleições é garantia de corrupção (Elza Fiúza/ABr)

Brasília - O financiamento público de campanhas eleitorais será a solução definitiva para a corrupção, segundo o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage. "Enquanto empresários se sentirem livres para ajudar a eleger políticos, a corrupção estará garantida", destacou Hage, em entrevista, depois de participar do Programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços.

Segundo ele, "a disposição já manifestada pela presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lucia, de que as doações para as campanhas dos candidatos sejam declaradas 30 dias antes do pleito eleitoral e não mais 30 dias depois", será uma exigência muito favorável para o processo de democratização das eleições. A divulgação antecipada das doações de campanha, como defende a ministra, de acordo com Jorge Hage, será "uma decisão histórica".

Ao abordar a greve dos servidores públicos, o ministro disse que os grevistas puniram, na verdade, a população com a paralisação de setores que trabalham no controle da administração pública. Na empresa privada, segundo ele, "o grevista consegue prejudicar o lucro do patrão, mas no serviço público, a punição acaba sendo mesmo contra o próprio povo".

Além disso, sobre a Lei de Acesso à Informação, o ministro-chefe da CGU disse que a norma pode ser seguida também pelos executivos municipais e estaduais, com o objetivo de tornar os gastos públicos, nessas esferas, transparentes como agora ocorre na área federal.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

No Pará, o dinheiro sumiu da escola; e a educação também

Educação

 

Cidades recebem verbas federais, mas deixam escolas em ruínas e alunos sem livros, cadernos e merenda

Por: Ana Aranha, da Agência Pública

Publicado em 28/08/2012,

Um aluno da 1a série assiste à aula encharcado. Ele caiu do barco de madeira superlotado que faz o transporte escolar. Na mesma cidade, funcionários da prefeitura circulam em lanchas enviadas pelo Ministério da Educação, equipadas com colete salva-vidas.

Um professor com problemas de saúde recorre ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e descobre que não tem direito ao benefício. Suas contribuições, descontadas mensalmente há 15 anos na folha de pagamento, nunca foram recolhidas pela prefeitura.

Pais têm medo de deixar os filhos na escola. As paredes foram pintadas por fora, mas por dentro rachaduras se estendem do teto ao piso. Na prestação de contas da secretaria municipal de Educação, mais de um milhão de reais gastos em reforma.

Escolas fecham as portas uma hora mais cedo. A merenda, que deveria durar todo o mês, acaba em menos de duas semanas – e os professores não conseguem ensinar aos alunos com fome. Nas notas fiscais da prefeitura, os alimentos foram comprados. Por até três vezes o preço do mercado local.

Os casos acima são uma amostra da série de crimes cometidos contra os estudantes do Pará. As evidências de desvio de recursos – e as suas consequências – são encontradas fartamente dentro das escolas. Aqui, a relação de causa e efeito é clara: quanto mais corrupção, pior é o ensino oferecido.

Antes de chegar a essa conclusão, a Pública coletou informações sobre a qualidade da educação no norte do país e fez um detalhado cruzamento dos dados sobre os desvios na verba que deveria ser investida nas escolas do Pará. Depois, visitou as escolas do Pará, estado que divide com o Amapá o último lugar no ranking em educação na região norte, por sua vez a que oferece pior ensino no país, de acordo com os novos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação.

A reportagem visitou as cidades de Portel e Anajás, ambas na Ilha de Marajó. Anajás foi a campeã paraense de irregularidades na educação detectadas nas fiscalizações feitas pela CGU ao longo de 2010 e 2011. Portel foi uma das cidades onde houve condenação do prefeito devido a desvios da verba para as escolas. A ideia da visita era a descobrir se a punição surtiu efeito sobre o modo como o novo prefeito gere a educação.

A verba para educação repassada pelo governo federal representa mais de 70% da receita dessas prefeituras, como acontece em 25% dos municípios brasileiros. Boa parte dela é proveniente do Fundeb, (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), que distribui os recursos da educação básica em todo o país. Os recursos se destinam ao pagamento de diretores, professores e coordenadores, aquisição de equipamentos e reparos. As verbas para merenda, transporte, construção de escolas e livros didáticos vem através de convênios diretos com o Ministério da Educação (MEC).

Portel, 52 mil habitantes, recebeu 40,7 milhões do Fundeb em 2011; Anajás, 25 mil habitantes, recebeu 20,2 milhões. Pelo peso que têm na receita, as escolas deveriam oferecer o melhor serviço público dessas cidades. Não é o que se vê nas salas de aula.

Só o esqueleto

De fora, a pequena escola Coquirijó, uma das 177 escolas rurais que ficam à beira dos rios de Anajás, parece bem cuidada. As telhas são novas e as paredes brancas valorizam o verde bem pintado nas janelas e no nome do colégio. Na sala da professora Darlene Lobato, 23 anos, os alunos da 4a série copiam em cadernos e folhas sulfite providenciados pela professora a lição sobre “números naturais”, que enche a lousa, enquanto os meninos da 1a à 3a série tentam ler juntos o papel em que a professora transcreveu a cartilha à caneta. É o recurso disponível para alfabetizá-los.

No canto da sala, alguns livros empilhados na prateleira. “Quem dera pudesse trabalhar com eles, são muito distantes da nossa realidade”, ela diz. “Esses livros têm textos difíceis, nem os alunos da 4a série entendem. Alguns ainda não sabem ler”.

Observando de perto, os livros estão sujos e comidos por insetos. Darlene conta que foi um professor quem providenciou as prateleiras recentemente: “Antes, os livros ficavam no chão, amanhecia tudo molhado”.

A escola foi entregue pela prefeitura sem acabamento. Na cozinha, não há mesa ou prateleira. Merenda, pratos, copos e panelas ficam no chão. Por um defeito da tubulação, a caixa d’água não funciona, alunos e professores buscam água do rio com um balde.

Não há eletricidade. À noite, a professora e a servente, que dormem na escola pois moram longe, na cidade, dormem de vela acesa enroladas em redes para se proteger dos morcegos. Darlene tem planos de mandar fazer um forro, mas é difícil juntar dinheiro quando ela tem que tirar do bolso caderno, lápis e xerox para os alunos que não podem pagar e não recebem o que têm direito e foi repassado do MEC para a prefeitura.

Seguindo pelo mesmo rio Anajás, na comunidade Marituba, encontra-se a Escola Municipal Valdomiro Freitas, que fica em cima de um trapiche para evitar alagamento nas épocas de cheia. A escola foi pintada recentemente, com o mesmo verde e branco, mas a estrutura de madeira que cerca o trapiche para impedir quedas – ele está a alguns metros do chão – está solta. A merenda é insuficiente e os alunos bebem da água do rio, sem tratamento. Como Anajás fica no centro da Ilha de Marajó, e não há estradas, os rios são a principal via de transporte e de escoamento do esgoto.

Sem escola e sem aula

Além desses dois colégios, a reportagem visitou mais quatro na zona rural de Anajás: três estavam sem aula em plena quinta-feira. “Essa escola passa mais tempo fechada do que aberta”, diz o lavrador  Fabrício Paiva, que trabalha na frente da escola Laranjal. Ele conta que, mesmo quando tem aula, é comum ver os alunos saindo uma hora mais cedo. “Isso quando eles não ficam só uma hora lá dentro”, diz. “Tem uma conversa que a professora foi pra Belém aprimorar seus conhecimentos. E o conhecimento dos meninos, como fica?”

Na escola São Francisco, não houve aula porque o barco responsável pelo transporte estava quebrado. O professor Pedro Clério Sobrinho mora ao lado da escola, ou melhor, das ruínas da escola abandonada há quatro anos, quando os furos no teto e as rachaduras na parede começaram a assustar. Pedro levou a lousa e as carteiras para um galpão de madeira e teto de palha construído pelos moradores para festas e reuniões – e é ali que a escola funciona, como acontece em outras escolas do interior de Anajás e de Portel.

“Já fizemos até abaixo assinado: ou conserta essa, ou faz outra. Aqui não é local de ensino”. Mas não teve resposta. O professor também não foi atendido quando pediu cadernos, lápis, apontador e borracha esse ano. “Só veio folha de papel”.

Pedro é professor desde 1986 e até hoje é temporário. Ele já tentou o concurso para se tornar efetivo três vezes, mas não passou na prova. Só estudou até o antigo magistério.

Como ele, muitos responsáveis pelo ensino na zona rural não têm ensino superior. Até 2007, professores com magistério podiam dar aula para 1as à 4as série. Desde que o diploma passou a ser obrigatório para lecionar em todas as etapas, multiplicaram-se as faculdades privadas que oferecem cursos de pedagogia à distância com duração de dois anos.

Muitos professores da Ilha de Marajó se matricularam em faculdades, mas nem todos podem levar a graduação à sério. A reportagem conversou com uma professora da zona rural que contou, com bastante naturalidade, que seu irmão faz todas as atividades em seu nome. “Ele me ajuda porque estou isolada aqui, sem computador não dá para cursar”. Essa professora, que se formou no Ensino Médio há três anos, é responsável pela formação de uma turma de 30  alunos da 1a à 4a série.

Para remediar a deficiência na formação dos professores, o MEC oferece às prefeituras convênios de capacitação. Em março de 2006, Anajás recebeu R$ 197 mil para um curso de 15 dias para cem professores da área rural que seria ministrado por quatro educadores de Belém. O orçamento incluía tudo: os honorários dos educadores, alimentação, viagem e estadia na cidade para todos. Mas, na prática, o curso durou cinco dias e foi ministrado por uma educadora de Belém, a única a ter a viagem e hospedagem pagas. Os cem professores da zona rural viajaram e se hospedaram na cidade por conta própria.

Por meio de outro convênio, a prefeitura recebeu ainda R$ 126.800 para a compra de materiais escolares. A ideia era que os professores da zona rural saíssem do curso com mais de 6 mil kits para os alunos com régua, borracha, apontador, cadernos e diversos tipos de papeis, lápis e canetas. Mas, segundo os próprios professores, nenhum deles recebeu o kit.

A denúncia foi feita por meio do Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública no Pará. “São muitos os desvios de verba, aqui a coisa é escancarada. A gente decidiu se dedicar para provar um caso, de ponta a ponta”, diz o presidente do sindicato em Anajás, Aldomir Ricardo Borges de Menezes, ou Doca, como ele é conhecido na cidade.

A pasta de Doca

O sindicato reuniu relatos dos professores, notas fiscais, repasses com as descrições do convênio e acionou diversas instâncias de investigação para provar o desvio de verbas ao menos nesse caso do curso de capacitação. A Câmara dos Vereadores abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito e, em agosto de 2008, cassou o mandato do prefeito Edson Barros, então do PP.

Em sua defesa, o prefeito argumentou que o convênio foi inteiramente cumprido. Segundo ele, o erro da secretaria de educação teria sido meramente formal: esqueceram de passar a lista de presença e de fazer o recibo para os kits e hospedagem.

O argumento convenceu a Justiça Estadual, que concedeu liminar para ele voltar ao cargo – onde permanece até hoje. Esse ano, tenta eleger sua vice-prefeita pelo PSD (partido criado em 2010 por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo).

Desde então, Doca vem colecionando documentos sobre desvios de verba da educação de Anajás – e que não se restringem ao episódio do curso. Ele já tem duas pastas cheias. Há dezenas de cartas assinadas por professores e funcionários da educação à Polícia Federal e ao Ministério Público pedindo ajuda e sigilo.

Uma das cartas denuncia o desvio de recursos no fornecimento de alimentos às creches municipais. Segundo os funcionários, as creches Luluzinha e Bolinha nunca receberam os 3 fardos de frango, 24 maços de couve-flor e 250 litros de leite que constam na planilha de prestação de contas assinada pelo secretário de finanças da cidade. A alimentação servida para as crianças costuma ser macarrão, sopa, mingau e biscoito.

Outro documento aponta  superfaturamento da merenda para os alunos mais velhos.  Na planilha da prefeitura, o suco de caju vale R$ 5,20 a unidade, enquanto no mercado local o mesmo suco custa R$ 2.

Parte dessas denúncias foram investigadas pela Controladoria Geral da União, que enviou uma equipe para passar um pente fino nas contas públicas de Anajás em 2010. Foram 42 constatações de irregularidades, que estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal do Pará.

E ainda há denúncias que ficaram de fora do relatório. Pública entrevistou diversos funcionários que dizem que a prefeitura não repassa ao INSS as contribuições descontadas de seus salários. Pelo menos dois professores mostraram à reportagem suas folhas de pagamento com os descontos mensais e o documento de consulta oficial no INSS, onde consta que sequer existe um cadastro em seu nome.

“Fui a um advogado previdenciário, ele disse que isso é crime de apropriação indébita”, diz uma professora, que não quer se identificar. Ela precisa do benefício para um tratamento médico, mas teme sofrer represálias se entrar com uma ação. “Eles me transferem para uma escola rural a dois dias da cidade, não quero ficar longe dos meus filhos”.

Na pasta de Doca, há algumas cartas falando sobre a chegada da fiscalização da CGU. Depois que a controladoria avisou a prefeitura que suas contas passariam pelo pente fino, observou-se uma movimentação atípica na cidade. “Assim que foi divulgado o sorteio, vimos um mutirão de contadores e técnicos em contabilidade vindo e voltando de avião, trazendo documentos e levando para Belém. Asseguro que foram mais de 10 fretes de aeronaves nesse período, como também amanheciam e anoiteciam no setor de contabilidade da prefeitura”, diz uma das cartas enviadas à Polícia Federal sobre o episódio.

Prefeitura tenta calar professores

A maior parte das denúncias é anônima pois as pessoas temem retaliação. Funcionários dizem que sofreram coação para assinar documentos atestando a chegada de materiais que nunca viram. “Em Anajás a gente tem escolha, assina o recibo ou a carta de demissão”, ironiza um professor.

Além de presidente do sindicato, Doca faz parte do conselho do Fundeb, responsável por fiscalizar a aplicação de recursos e aprovar as contas do fundo. Mas ele diz que não é convocado para uma reunião há mais de um ano. “Teve uma vez que eles me esperaram sair da cidade por uma semana para convocar uma reunião às pressas. Agora estou sempre aqui, não sei como estão aprovando as contas”, diz.

“Se tem alguém aprovando as contas de Anajás, não é o conselho”, diz outro membro do conselho que não quer se identificar. Essa denúncia foi encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado, em Belém, há dois anos.

O prefeito e a secretária de educação não foram localizados para responder às denúncias. Segundo o diretor de ensino da cidade, Silas de Jesus, eles estavam viajando pelo interior, onde não pega celular. Segundo Silas, o conselho não se reúne porque os membros têm outras atividades remuneradas e não vão às reuniões.

Doca, que já foi demitido duas vezes e está há cinco anos à frente do Sintepp, não esconde a frustração. “Estou desanimado. Vamos ver se aparece outra pessoa para continuar”, diz, e explica: “Já cansamos de enviar todas essas informações para a Justiça, Polícia Federal, Ministério Público, Ministério da Educação. E nada acontece”.

Em Portel, os conselhos também não funcionam como deveriam. “Em um ano, não vimos uma prestação de contas”, diz Roseane Gonçalves Silva, representante dos funcionários no conselho do Fundeb de Portel.

Ela leva sua câmera fotográfica sempre que o grupo vai visitar as escolas e anota todos os problemas que não podem ser maquiados: salas pequenas, sem segurança, abafadas, escuras. “No interior é mais difícil, só vamos quando a secretaria dá transporte. Mesmo assim, são muitas irregularidades”, diz.

Aos 26 anos, Roseane é formada em pedagogia e está fazendo pós-graduação em gestão escolar. Trabalha como auxiliar de secretária. Ela sabe que dificilmente será convidada pela prefeitura para um cargo melhor, mas pretende entrar por um concurso.

Blog dos professores

Apesar das dificuldades, tanto em Portel quanto em Anajás há um grupo de professores que segue denunciando os problemas que enxergam na educação. E que vem ganhando força, principalmente em Portel, a partir do blog do professor Ronaldo de Deus Machado, que busca as ferramentas de transparência do governo federal para fiscalizar.

Sempre que o Ministério da Fazenda divulga as verbas liberadas para as escolas da cidade, Ronaldo coloca os valores no blog. “Mas ainda é pouca informação, não temos os detalhes de onde esse dinheiro deveria ser investido”, afirma.

Portel também recebeu uma visita da Controladoria Geral da União, em 2004, quando a equipe de fiscais encontrou uma série de indícios de corrupção com a verba da educação. Entre elas, fraude de licitação, superfaturamento e notas fiscais referentes a materiais não localizados. Entre eles, um laptop de 3 mil reais e mais de 50 mesas e cadeiras que nunca foram entregues.

As evidências levaram à abertura de investigações no Ministério Público Federal e, no começo desse ano, o ex-prefeito Elquias Nunes da Silva Monteiro foi condenado por uma das muitas irregularidades detectadas: desvio da verba para salário dos professores. Em 2000, quando era prefeito, ele deixou de repassar 120 mil reais para o pagamento de professores. Foi condenado por improbidade administrativa, teve os direitos suspensos até 2017 e obrigado a pagar uma multa de 300 mil reais, mas não era mais prefeito quando foi condenado. Na eleição desse ano, Elquias Monteiro, que não quis falar com a Pública – tenta eleger o filho para vereador.

A condenação não parece mesmo ter surtido efeito em Portel. O atual prefeito demitiu 1.131 professores e funcionários temporários em junho e recontratou 1.024 deles no começo de agosto. Tudo para não pagar as férias dos temporários, que representam 44% dos professores.

“Foi necessário para minimizar os problemas no fechamento do mandato. Economizamos 100 mil reais”, disse o secretário da educação Paulo Hélio Tavares Gomes Júnior, que assumiu a pasta há dois meses, quando a ex-secretária saiu para concorrer à prefeitura.

Questionado sobre o mesmo ponto, Pedro Barbosa, atual prefeito pelo PMDB, deu uma resposta diferente: “Eles receberam as férias sim, todos receberam. Isso é reclamação de professor que não sabe fazer conta”.

A escola paga a conta

Para manter uma estrutura mínima funcionando em Portel, os diretores e professores têm que se virar para encontrar recursos e alternativas para multiplicá-los.

É assim que a escola Abel Nunes Figueiredo construiu a estrutura que hoje lhe rende o título de melhor escola da cidade. Seus banheiros funcionam, há uma quadra coberta, um laboratório de informática e um auditório climatizado que é usado até pela secretaria para palestras e eventos.

A maior parte dessa estrutura foi construída pela escola em “parceria” com a prefeitura – o que na prática significa o corpo docente ir atrás de convênios diretos com o MEC, como o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que libera cerca de 10 mil reais por ano, e depois que o dinheiro acaba, receber uma “ajuda” da prefeitura. Além disso, professores e funcionários promovem festas com os pais dos alunos.

Foi assim que, nos últimos três anos, a escola construiu a sala de informática, dois banheiros, reformou a sala dos professores, nivelou o piso e começou a fazer o auditório. Além de comprar lousas novas, jogos educativos, impressoras, mimeógrafo e computadores para a secretaria.

Quando o dinheiro acabou, a prefeitura terminou de fazer o auditório e pintou tudo.

Na zona rural a situação é ainda mais difícil: Portel tem 9 mil alunos na cidade e 11 mil no interior – comunidades ribeirinhas que ficam a até dois dias de barco da sede.

A uma hora de lancha da cidade, a professora Andreza dos Santos de Azevedo, 19 anos, ainda parece uma aluna. Ela terminou o ensino médio no ano passado; cursou os 8 anos do ensino fundamental na pequena sala de poucas janelas que leva o nome de Escola Municipal Canto Alegre. Na verdade, a maior parte do tempo Andreza passou estudando embaixo de uma árvore –  de tão quente que é a escola durante o dia, nem o professor aguenta ficar dentro dela.

Desde que era aluna do fundamental, ela espera que o prefeito cumpra a promessa de construir uma escola nova na comunidade. Há uma ano, a ex-secretária de educação foi à comunidade e prometeu uma unidade “modelo”, com seis salas de aula, sala de informática, cozinha e alojamento para os professores.

Com esse incentivo, o tio de Andreza, líder da comunidade, fez um acordo com o prefeito e juntou as 40 famílias que moram lá para trabalhar. Eles entraram na floresta, tiraram madeira e pagaram uma serraria e um carpinteiro. Assim, a estrutura da futura escola ficou de pé, a maior e mais alta da comunidade.

Quando começou a estação das chuvas, o tio de Andreza foi à cidade pedir à prefeitura, que nada havia feito, que providenciasse as telhas para não estragar as vigas de madeira. Conseguiu metade do necessário e, de novo, a comunidade pagou a instalação.

Agora, a estação de chuvas já passou, está quase chegando de novo, e o esqueleto da escola continua vazio. Metade coberto, metade ao relento. “Às vezes a gente se junta e corta o matinho que cresce dentro”, diz Andreza. “A comunidade tá ficando irada”.

Para não ficar mais embaixo da árvore, os alunos estudam no espaço construído pelos moradores para festas e reuniões. A prefeitura paga R$ 200 pelo aluguel.

Esse mesmo arranjo foi feito em ao menos cinco outras localidades rurais. Em uma delas, a da comunidade Santa Luzia, a turma foi para um barracão de madeira e teto de palha construído pelo pai de Idolino Araújo Ramos, um senhor de 75 anos, quando ele ainda era criança.

A única adaptação que a prefeitura fez no barracão foi colocar duas divisórias de madeira que dividem em três salas os 200 alunos da manhã e os 200 da tarde. “Fica tão cheio que o barulho não deixa ninguém estudar”, diz Maria do Livramento Gibson Ramos, filha de Idolino que tem 26 anos e está na 7a série. Ela estuda à tarde, quando funcionam as turmas de 5a à 8a série. Nesse período não há livros, nem merenda. “A comida é só para os pequenos, de manhã, e mesmo assim dura metade do mês. A gente só faz copiar da lousa”, afirma.

Maria estuda na turma dos adolescentes porque a prefeitura suspendeu o professor que dava aula para os adultos. Sua irmã, Maria Trindade Gibson Ramos, 34 anos, não pode fazer o mesmo pois ainda estava na 2a série. “A gente estudava embaixo da árvore, só com o caderninho, mas tava aprendendo. Quando comecei a ler e escrever um pouquinho, o professor parou”, diz.

Nem todas as comunidades têm um espaço para alugar à prefeitura. A escola Cumucuru funciona em um barracão que tem apenas teto e uma parede. Quando chove, as aulas são suspensas. Na escola Hugo Carlos Saboia, que está cheia de furos no teto e rachaduras na parede, as aulas foram transferidas para o espaço que a comunidade usa como igreja. Sob a mesa do professor, há livros didáticos, uma bíblia e uma vela.

Maquiando os resultados

Dentro desse cenário, é difícil falar em qualidade da educação. “Não há nenhuma orientação ou preocupação em relação ao que acontece dentro da sala de aula. Foi trabalhar, preencheu a caderneta, está perfeito”, diz Odineia Ferreira Correia, professora de história na zona rural. Ela conta que, na sua escola, ninguém nem ficou sabendo quais os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação). O índice deveria servir de baliza para as escolas fazerem uma auto-avaliação do ensino que oferecem.

Segundo a professora, a única orientação que recebeu foi para diminuir a repetência dos alunos. Como o Ideb combina a avaliação dos alunos em português e matemática com a aprovação, muitas escolas conseguem melhorar a nota sem mexer na qualidade, apenas aprovando os alunos.

Foi exatamente isso que aconteceu em Portel. O Ideb da cidade saltou de 2,7 em 2009 para 3,8 em 2011 (em uma escala de 0 a 10). O crescimento se deve exclusivamente ao aumento da aprovação, já que a nota dos alunos em português e matemática caiu.

Se conseguirem vencer a corrida de obstáculos do ensino fundamental, os 20 mil estudantes do ensino fundamental de Portel ainda tem que contar com a sorte para conseguir uma vaga no ensino médio. São apenas 1.606 vagas para o ensino médio oferecido pelo Estado nas duas escolas da cidade. Boa parte deles ficou sem aula no primeiro semestre desse ano pois uma dessas escolas ficou seis meses em reforma.

Em Anajás, o dilema se repete: são 8.396 estudantes de ensino fundamental e apenas 659 vagas no ensino médio. O único colégio para os jovens, também do Estado, está sem professor de língua portuguesa, física e inglês e sem monitor de informática – o que inviabiliza o uso dos computadores.

Sem opção para educar os filhos, alguns querem mudar de cidade

As falhas na educação são tantas que há quem planeje mudar de cidade antes dos filhos crescerem. É o caso dos pais de Wellen Vitória Pacheco, que está na 3a série. Em junho desse ano, eles se deram conta que a filha ainda não sabe ler todas as letras do alfabeto. A mãe, Silvia Pantoja Pacheco, foi conversar com a professora. “Ela disse que está ensinando conforme o padrão”, conta. Silvia lembra da filha mais velha, que hoje trabalha com contabilidade na cidade de Osasco, em São Paulo, e já sabia ler e escrever na 3a série. Eles moravam em oura cidade e a filha estudava em escola particular. Em Anajás não há essa opção.

Os pais pedem para Wellen pegar o caderno, que está cheio de textos longos. A letra é bonita, mas a menina não consegue ler o que está escrito no seu caderno.“E o que a professora faz enquanto vocês copiam da lousa, filha?” , pergunta a mãe. Wellen imita uma pessoa mexendo no celular.

O professor Antônio Paixão, que dá aula na rede municipal de Anajás, já está financiando um apartamento em Belém para enviar os filhos de 7 e 10 anos para estudar na capital assim que der. Como membro do conselho municipal da educação, ele acompanha as contratações para a área, e diz que um dos problemas da educação é a nomeação de professores e funcionários por motivos “políticos”. Em uma única reunião realizada em março desse ano, conta, o conselho aprovou a contratação de 117 novos funcionários para a educação – número significativo em uma rede que tem 487 professores. “É cabide de emprego”, ele diz.

Enquanto a folha de pagamento incha, falta recursos para áreas críticas. Em Anajás, muitos barqueiros, responsáveis pelo transporte escolar, ganham R$ 450 por mês – valor que deve cobrir o salário e aluguel do barco. Quando o barco quebra, nem sempre os barqueiros podem consertá-lo na mesma semana ou mês, período em que os  alunos ficam sem ir à escola.

Enquanto isso, quatro lanchas enviadas pelo Ministério da Educação estão paradas. Segundo o diretor de ensino do município, elas não podem ser usadas para transporte escolar pois consomem muita gasolina. Mesma desculpa apresentada pelo secretário de educação de Portel, Paulo Hélio, para justificar o não-uso do transporte bancado pelo MEC.

Ali, as crianças se queixam das condições dos barcos, e dizem passar medo no caminho para a escola. “O barco é velho, tem tábua solta, entra muita água. Tenho medo de alagar”, diz Alice Maia Libório, 9 anos. “Tem vez que tá tão cheio que não dá pra sentar, a gente vai de pé, segurando firme”.

Alice ficou impressionada ao ver, esse ano, colegas caindo do barco em movimento. “Teve um meninozinho que caiu, aí parou e puxaram ele. Ele sentou molhado na sala”.

Mas o secretário Paulo Hélio prefere responsabilizar os alunos pela falta de segurança no transporte escolar. “Já vi menino deitado no toldo do barco, sem obedecer as regras. E tem aluno que se joga na água”.

O prefeito Pedro Barbosa, faz coro, dizendo que os relatos dos alunos não passam de “invencionices”. “Esses meninos nasceram e se criaram dentro desses barcos. Se der problema, eles mesmo sabem consertar”.

Prefeito de Belém: Pesquisa Instituto Acertar e alguns comentários

terça-feira, 28 de agosto de 2012

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As disputas econômico-comerciais-políticas entre os dois principais jornais paraenses se manifestam também nas "científicas" pesquisas eleitorais que ambos publicam sobre as eleições no Pará, sobretudo a respeito de Belém.

Neste domingo (26-08-12), O Liberal, colocava, para disputar o segundo turno com Edmilson (PSOL), ao seu "preferencial candidato" Zenaldo (PSDB) com notável diferença a respeito do terceiro colocado (no caso Priante).  Hoje, O Diário do Pará (26-08-12, ver dados a seguir), situa ao "seu candidato", Priante (PMDB), no segundo turno, também com ampla vantagem a respeito dos outros candidatos a prefeito.

As pesquisas eleitorais publicadas pelos jornais de Belém faz tempo que não merecem muito crédito científico-eleitoral. Mas, isso, certamente, é o que menos importa, o que importa é  uso dos seus pretendidos resultados para serem usados nas outras paginas do jornal como propaganda política "gratuita" e, sobretudo, como arma "contra inimigos" nos programas eleitorais (rádio-TV) dos diferentes candidatos que os diferentes jornais apoiam. Contudo, é de agradecer a matéria publicada hoje no Diário do Pará, intitulada “Diferenças entre resultados põem pesquisas em xeque”.

Repostado do Blog da ARTesquerda

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conheça os candidatos majoritários do PT na Região Metropolitana de Belém

 

Publicado por ascom Em 24/08/2012

A partir de hoje, o site do PT Pará começa uma série de matérias mostrando o perfil e a trajetória dos 57 candidatos majoritários do Partido no estado. A série começa com os candidatos dos municípios da Região Metropolitana de Belém representado por Alfredo Costa (Belém), Luis Freitas (Ananindeua), Rita Perdigão (Santa Bárbara) e Elesbão Duarte (Benevides).

Alfredo Costa

Alfredo Costa – A trajetória política do candidato Alfredo Costa começou década de 1980, no Movimento Popular, como liderança da Comunidade de Base do bairro do Jurunas. Na juventude foi presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Paes de Carvalho, onde participou ativamente da luta pela meia passagem, em Belém. Costa foi eleito vereador de Belém três vezes consecutivas, de janeiro 2000 até abril de 2012, quando renunciou ao mandato para poder assumir o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa.

Como vereador, ele apresentou cerca de 20 projetos de lei à Câmara Municipal, contemplando questões das áreas de saúde, saneamento, meio ambiente, transporte, educação e direitos do cidadão, destacando-se a proposta de proibição do corte de fornecimento de água e energia elétrica no município de Belém às sextas-feiras, sábados, domingos e vésperas de feriados.

Luis Freitas

Luis Freitas - Filiado do Partido dos Trabalhadores desde os 16 anos de idade, o candidato Luis Freitas foi um dos militantes que mais ajudou a construir a história do Partido no Pará. Professor, jornalista, vereador de Ananindeua no período de 1996-2000. Freitas foi secretário municipal de cultura, de transporte e de segurança e convivência cidadã. No PT exerceu o cargo de presidente e atualmente é membro do Diretório Estadual.

Elesbão Duarte

Elesbão Duarte - Geógrafo formado pela Universidade Federal do Pará(UFPA), professor do Estado e da rede particular de  Ensino. Homem de origem humilde, trabalhou durante 3 anos vendendo peixe no mercado municipal de Benevides. Como legitimo filho do povo, é um exemplo de vida e superação.

Rita Perdigão

Rita Perdigão – Primeira mulher candidata do PT à prefeitura de Santa Bárbara, a técnica de enfermagem e laboratório Rita de Cássia Perdigão possui um histórico de luta nos movimentos populares do município, principalmente através da Pastoral da Criança e dos movimentos de base da igreja católica. Filiada no Partido há oito anos, Rita atua diretamente no processo de construção do PT no município e é considerada uma grande liderança do movimento de mulheres na região.

Modelo econômico venezuelano combina socialismo e mercado

 

Foto: Chávez inaugura o centro comercial Bicentenário, localizado na mesma área em que o grupo francês Casino pretendia abrir o maior hipermercado do país (Opera Mundi)

Estratégia de Chávez coloca o Estado como principal instrumento do desenvolvimento econômico, mas abre espaço para alianças com o capital privado e o empreendedorismo. O primeiro alvo do governo, a partir de 2004, foi expandir os programas sociais, dando origem às missões de saúde e educação, entre outras. Além de enfrentar a dramática situação de pobreza, miséria e destruição dos serviços públicos que tinha herdado esse também era um dos caminhos para ampliar tanto o consumo familiar quanto os gastos públicos, resultando em forte recuperação da economia, do emprego e da renda.

Breno Altman, Jonatas Campos e Marina Terra - Opera Mundi

(*) Reportagem publicada originalmente no Opera Mundi.

Caracas - As filas se formaram desde a madrugada. Centenas de pessoas, logo milhares, se aboletavam na Praça Venezuela, em Caracas, aguardando a abertura do centro comercial Bicentenário, que seria inaugurado naquele dia. Mas não era apenas a multidão de consumidores entusiasmados que chamava a atenção. O fato mais relevante era que o novo templo de vendas tinha como proprietário o Estado, oferecendo mais mercadorias e melhores preços que os concorrentes privados. O próprio presidente Chávez participou da inauguração.
O shopping está localizado na mesma área em que o grupo francês Casino, nacionalizado em 2010, pretendia abrir o maior hipermercado do país. O governo manteve o projeto, mas resolveu abrir espaço também para lojas, bancos e farmácias. Mais de dez mil clientes passaram pelas gondolas no primeiro dia de funcionamento, a procura dos quase 20 mil itens disponíveis, de diferentes marcas.
A voracidade das compras era tão intensa que o gerente do mall socialista, Jóvito Ollarves, teve que estabelecer um limite de mercadorias para cada cliente. “Trata-se de um programa social que tem suas próprias normas e restrições”, explica enquanto caminha, tentando administrar a balbúrdia. “Precisamos controlar para que todos possam ser atendidos.”
Mudanças
O caso do Bicentenário é exemplar de alguns dos principais fluxos da economia venezuelana nos últimos catorze anos: aumento do emprego e renda, crescimento do papel do Estado, participação subordinada do capital privado e pressão inflacionária do consumo popular. Até a confusão nos caixas apresenta um bom retrato do processo em curso. As mudanças avançam em um cenário de conflitos, tensões e expectativas.
O passo inicial do governo Chávez foi romper progressivamente com os paradigmas da chamada “Agenda Venezuela”, o programa elaborado pelo jornalista e economista Teodoro Petkoff quanto era ministro de Planejamento do presidente Rafael Caldera, o último da chamada IV República. Sob esse título, a administração do Copei (centro-direita) elencava várias medidas de privatização, incluindo a indústria petrolífera, e de corte dos gastos públicos. Até o sistema de seguridade social foi afetado, com o fim do pagamento de indenização por tempo de trabalho, entre outras providências. A ironia dessa história: Petkoff, hoje na oposição, no passado tinha sido importante líder guerrilheiro e ideólogo de esquerda.
A política econômica de Caldera, enfim, propiciava expansão das entradas de investimento estrangeiro, em busca de bons negócios, mas achatava o consumo popular, restringindo direitos, diminuindo serviços prestados pelo Estado e desnacionalizando riquezas. Em fevereiro de 1999, quando Chávez assumiu, segundo dados da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), a inflação beirava os 30% anuais, 80% da população estava na pobreza, 39% na miséria, o índice de desemprego era de 18% e 37% dos venezuelanos sofriam de desnutrição.
Outra das heranças deixadas por Caldera era o preço do barril de petróleo na casa dos US$ 9. A principal riqueza do país, da qual era o terceiro exportador mundial, estava depreciada tanto pela subordinação da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aos interesses norte-americanos e europeus quanto por uma série de leis que praticamente fazia da PDVSA, embora estatal, uma empresa fora do controle governamental.
Os primeiros anos, até 2003, foram complicados. As energias do governo foram sugadas por batalhas pela transformação do sistema político, que permitissem igualmente restabelecer os instrumentos de política econômica do Estado. Submetida a situações de desestabilização, incluindo o golpe de Estado e o locaute de 2002, a produção despencou em três dos primeiros cinco anos de governo. Caiu 6,1% em 1999, 8,9% em 2002 e 9,2% em 2003, para subir 3,2% em 2000 e 2,8% em 2001. No balanço do primeiro quinquênio, uma queda de 17,60%.
A reação de parte do empresariado e de seus sócios internacionais foi uma resposta às reformas que Chávez adotou no final de 2001, especialmente a Lei de Terras, dando início à reforma agrária, e a Lei dos Hidrocarbonetos, que alterava amplamente as regras de propriedade e tributação do petróleo.
“As empresas do setor recolhiam, até então, pouco mais de 1% de impostos”, relata Nelson Merentez, atual presidente do Banco Central e ex-ministro das Finanças, um simpático professor de matemática que ainda encontra tempo para dar aulas. “O governo elevou essa taxa para 33% e fez da PDVSA sócia majoritária de todas as companhias do setor, além de colocar a própria estatal sob seu comando. Antes, era um Estado dentro do Estado.”
Apenas em 2003, com a derrota da paralisação empresarial, o governo Chávez conseguiu se apoderar da principal alavanca para o desenvolvimento venezuelano, o petróleo. Além disso, o presidente tinha obtido acordos, no âmbito da OPEP, para a redução da produção petrolífera, com o preço do barril saltando para US$ 23 em dezembro de 1999 e iniciando uma escalada que chegaria a mais de US$ 100 nos últimos anos. As condições econômicas começavam a mudar.
O primeiro alvo do governo, a partir de 2004, foi expandir os programas sociais, dando origem às missões de saúde e educação, entre outras. Além de enfrentar a dramática situação de pobreza, miséria e destruição dos serviços públicos que tinha herdado, esse também era um dos caminhos para ampliar tanto o consumo familiar quanto os gastos públicos, resultando em forte recuperação da economia, do emprego e da renda.
A elevação do preço internacional do petróleo, associado aos investimentos sociais e à implementação de novos projetos de infraestrutura, tonificou os números do país. No segundo quinquênio de Chávez, o país teve a maior taxa de crescimento do PIB da América do Sul e uma dos maiores do mundo. O pulo foi de 61,20% no período, uma média anual superior a 10%. Só voltaria a cair em 2009 (-3,3%) e 2010 (-1,4%), durante a crise internacional, para crescer novamente em 2011 (4%).
Industrialização e infraestrutura
Os novos recursos fiscais e financeiros, originários dessa fase de prosperidade, alavancaram a ampliação dos programas sociais, ao ponto de fazer da Venezuela o país com menor desigualdade social do subcontinente, reduzindo drasticamente a miséria e a pobreza, entre outros indicadores positivos. Mas também serviram, particularmente após 2006, para dotar o Estado de mecanismos mais potentes de intervenção na economia.
Fundos públicos foram criados para financiar industrialização e infraestrutura, além de investimentos sociais. O mais importante deles atualmente é o Fonden (Fundo de Desenvolvimento Nacional), criado em 2005 com capital inicial de US$ 6 bilhões, mas que terá alcançado quase US$ 100 bilhões em 2012. Abastecido pela receita tributária do petróleo e por reservas do Banco Central, esse fundo, que hoje tem em sua carteira mais de 400 projetos de grande porte, permitiu ao Estado nacionalizar empresas de setores estratégicos, realizar obras logísticas e incentivar programas sociais.
Apesar das nacionalizações terem sido originalmente planificadas para atingir apenas alguns segmentos estruturantes da economia (energia, telecomunicações e sistema financeiro), acabou por se estender, às vezes de forma caótica, para outros ramos de atividades. Várias das aquisições de empresas pelo Estado foram tomadas para resolver gargalos de produção, problemas de oferta, resistências dos capitalistas a políticas de governo ou demandas dos trabalhadores.
A fuga de capitais foi um dos expedientes mais utilizados pelos empresários que não queriam se submeter às normas governamentais ou que simplesmente abandonaram o interesse de investir no país. Logo depois da reeleição de Chávez no final de 2006, segundo dados do Banco Central, em poucas semanas foram remetidos para o exterior mais de US$ 10 bilhões. O governo resolveu, então, centralizar o câmbio e obrigar qualquer processo de remessa ou importação a passar por rígido sistema de autorização. A nacionalização, nesse contexto, várias vezes serviu para punir determinadas empresas e impedir seu esvaziamento.
A questão primordial é que o crescimento acelerado do mercado interno – impulsionado pela elevação dos salários, pelo aumento do emprego e pela expansão dos serviços gratuitos – colocou a produção do país em xeque. A inflação anual gira ao redor dos 25%, mas a recomposição dos salários segue acima desse patamar. A explosão da demanda, em vários momentos, chegou a provocar escassez de produtos.
A busca de soluções para esses impasses está na ordem do dia. “Não somos uma economia neoliberal”, ressalta Merentez. “Nossa lógica não é cortar a demanda para proteger a remuneração do capital a qualquer custo, mas ampliar a oferta através de investimentos crescentes nas diversas formas de propriedade.”
Quatro tipos de economia
Ainda que o peso do setor estatal tenha adquirido maior relevância nos últimos tempos, não há voz importante no governo que defenda um modelo inspirado nas experiências soviética ou cubana, marcadas pela estatização de praticamente todos os meios de produção e distribuição.
Leis recentes fixaram a combinação de quatro tipos de economia. O primeiro delas, de controle estatal, potencialmente orientado para os pilares já mencionados do desenvolvimento nacional. Outro, de caráter privado e concorrencial, destinado a se concentrar nos nichos que não afetam o funcionamento estratégico do país. Um terceiro, de capital misto, representando a associação do Estado com empresas privadas nacionais ou companhias estrangeiras. Um quarto tipo, finalmente, que abriga a economia cooperativa e comunal, de propriedade dos conselhos comunais e baseada na autogestão.
Essa quarta forma de propriedade, que se baseia um pouco nos métodos conduzidos pela Iugoslávia de Tito entre os anos 1950 e 1980, é atualmente a menina dos olhos de vários dirigentes do país. No fundo, trata-se de uma estratégia de empreendedorismo coletivo, através do qual os próprios cidadãos, através de suas organizações, criariam empresas capazes de oferecer serviços, produzir bens de menor complexidade tecnológica e até abastecer parcialmente a demanda alimentar.
“O desenvolvimento da economia comunal é fundamental para derrotarmos a inflação e evitarmos situações de escassez”, defende o heterodoxo presidente do Banco Central. “Boa parte dos produtos e serviços fundamentais para a população pode ser equacionada no plano local, atendendo a demanda e gerando renda onde moram os cidadãos, sob seu controle e propriedade.”
O sonho de uma economia sem Estado nem patrão não é propriamente uma novidade. Mas na Venezuela é insuflado por uma formidável receita petroleira, hoje inteiramente sob alçada do governo, que pode até se dar ao luxo de emprestar asas à imaginação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

MST ocupa fazenda de Cachoeira no Distrito Federal

Movimentos Sociais| 23/08/2012

 

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR) reivindicam desapropriação da fazenda Gama para reforma agrária. Segundo investigações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, há suspeitas de irregularidades em compra de parte área e de suborno de funcionários públicos para sua regularização. Segundo a assessoria de imprensa da ocupação, 800 famílias se encontram na área e exigem uma reunião com o governador do Distro Federal, Agnelo Queiroz.

Vinicius Mansur

Brasília - A fazenda Gama, no Distrito Federal (DF), adquirida pelo grupo do contraventor Carlos Cachoeira, foi ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR) na noite desta quarta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa da ocupação, 800 famílias se encontram na área e exigem uma reunião com o governador do DF, Agnelo Queiroz.
“Ocupamos essa fazenda porque é terra pública e tem indícios de irregularidades. Ela foi citada na CPI do Cachoeira e terra pública tem que ser destinada para os trabalhadores produzirem alimentos saudáveis. Nosso objetivo é fazer o debate da questão agrária no DF e queremos conversar com o governador. Tem um ano que a gente tenta fazer essa reunião”, disse Viviane Moreira, do MST.
De acordo com as investigações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), a fazenda Gama mede 4093 hectares e está localizada em área nobre, de alto valor imobiliário, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, Lago Sul, se estendendo até o Park Way. O inquérito informa que 35% da fazenda foi adquirida em dezembro de 2010 pelo grupo formado por Cachoeira, Cláudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, e Rossine Aires Guimarães, empreiteiro que doou pouco mais de R$ 4,3 milhões às campanhas dos governadores tucanos Marconi Perillo, em Goiás, e Siqueira Campos, no Tocantins.
Segundo a PF, as terras foram adquiridas de Matheus Paiva Monteiro, que se intitula proprietário delas, por R$ 2 milhões. Segundo os peritos, a transação envolveu um avião Cessna e recursos oriundos de uma empresa de fachada de Cachoeira, a Alberto & Pantoja Construções, que recebia repasses da Delta Construções. A negociação previa que os compradores arcariam com os custos e responsabilidade da regularização de 100% da área junto aos órgãos públicos. Até dezembro de 2010 não existia registro da área nos cartórios do DF e a propriedade da área era questionada pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). Também não havia registro do geo-referenciamento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou da reserva legal no Instituto Brasiliense de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibram), afirmam os documentos da Operação Monte Carlo.
Gleyb Ferreira da Cruz, tido como braço operacional do grupo de Cachoeira, é apontado como o intermediador do negócio. As investigações dizem que o ex-funcionário da Terracap, Rodrigo Mello, portador de rádio Nextel internacional, recebeu R$ 25 mil de Gleyb. Ao jornal Correio Braziliense, Rodrigo negou a denúncia. As ligações interceptadas ainda indicam o pagamento de R$ 40 mil a um servidor do Ibram, relata a PF.
A reportagem entrou em contato com a Terracap e ainda aguarda retorno do órgão sobre a situação legal da fazenda Gama.

Lewandowski inocenta João Paulo Cunha de todas as acusações

Política

Deputado foi absolvido de acusação de crime de peculato, de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 23/08/2012

Lewandowski inocenta João Paulo Cunha de todas as acusações

Para ministro, João Paulo não cometeu crime ao subcontratar jornalista para fazer a assessoria da Câmara dos Deputados (Foto: Arquivo/ABr)

Brasília – O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), réu do processo do mensalão, foi absolvido hoje (23) do segundo crime de peculato pelo revisor Ricardo Lewandowski. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), João Paulo não cometeu crime ao subcontratar o jornalista Luís Costa Pinto para fazer a assessoria da Câmara dos Deputados. Lewandowski disse que ficou “impressionado” com o volume de evidências de que Costa Pinto efetivamente prestou serviços para a Câmara. O revisor disse que formou seu convencimento com base em “robusta prova testemunhal” e em decisão do Tribunal de Contas da União, que entendeu que o contrato era legal.

O revisor ainda criticou o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público no caso. “Não se pode aceitar acriticamente as perícias técnicas, por mais idôneas que sejam, sem levar em conta provas colhidas ao cabo e ao fim da ação penal. Ela veicula meros indícios, tomados pela acusação como provas irrefutáveis”, disse Lewandowski, destacando que só o juiz é “o perito dos peritos”.

Lewandowski também registrou que lhe causou "perplexidade" a "curiosa circunstância" de que o Ministério Público não denunciou Luís Costa Pinto como coautor do crime de peculato, embora convicto da imputação de João Paulo Cunha.

O ministro inocentou também o deputado da acusação de lavagem de dinheiro – quesito em que Cunha foi considerado culpado pelo relator, ministro Joaquim Barbosa. “Após uma revisão dos autos, penso agora que os ministros Carlos Ayres Britto, Gilmar Mendes e Eros Grau estavam cobertos de razão, ao assentarem que a conduta praticada pelo réu não se amolda sob nenhum ângulo ao crime de lavagem de dinheiro”, disse Lewandowski. Ele também foi absolvido da acusação de corrupção passiva.

Segundo a acusação, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), Cunha dissimulou a origem e o recebimento de R$ 50 mil do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. A quantia foi sacada em uma agência do Banco Rural pela esposa de João Paulo. “No caso dele, a sua própria esposa foi à agência bancária sacar, diante da apresentação da cédula de identidade e assinatura de recibo idôneo, sem nenhuma simulação. Tudo feito às claras”, argumentou o ministro.

Lewandowski absolveu também os réus ligados a Marcos Valério das acusações de desvio de dinheiro na Câmara dos Deputados. Para Lewandowski, Valério e os sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz não cometeram os crimes de corrupção ativa e peculato.

O ministro agilizou o voto em relação a esses réus porque os principais argumentos em benefício deles foram apresentados mais cedo, quando Lewandowski votou pela inocência de João Paulo Cunha.

Segundo o revisor, o grupo de Valério não cometeu crime de corrupção ativa em relação a João Paulo Cunha porque o contrato entre a SMP&B Comunicação e a Câmara dos Deputados era legal e não havia motivo para oferecer propina em troca de favorecimento. Para Lewandowski, os R$ 50 mil recebidos por João Paulo, apontados como propina pelo Ministério Público, eram lícitos e vieram do PT.

Lewandowski também absolveu os publicitários do crime de peculato porque entendeu que a SMP&B e suas subcontratadas prestaram efetivamente serviços para a Câmara na gestão de João Paulo Cunha como presidente da Casa. “Não tem prova idônea ou indício convincente do favorecimento da SMP&B. Os fatos do Ministério Público são meramente circunstanciais, mas não suficientes para decreto condenatório”, disse o ministro.

Ontem, o revisor condenou o grupo de Valério pelos crimes de desvio de dinheiro envolvendo o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Esse foi o último voto do dia. O julgamento do mensalão será retomado na próxima segunda-feira (27), com a votação dos demais ministros em relação ao terceiro capítulo da denúncia do Ministério Público, ordem acatada pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.

Com reportagens de Débora Zampier e Daniella Jinkings, da Agência Brasil

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Autoritarismo, o Sofisma e o Oportunismo do PSOL em Belém

 

por Vicente Cidade

http://vicentecidade21.blogspot.com.br/2012/08/o-autoritarismo-o-sofisma-e-o.html?spref=fb

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Justamente na hora em que a militância do PT, lotava o auditório da APPD para o Lançamento do Programa de Governo "Prá Belém Crescer com o Brasil", realizado na noite desta segunda-feira (20), cantando o Jingle de Alfredo Costa e carregando-o pelos braços, o cidadão Luiz Araújo, no auge de sua insolência e dada a preocupação com os números das pesquisas - que mesmo mantendo Edmilson Rodrigues (PSOL) na liderança, revelam uma queda vertiginosa de sua candidatura - disparou pelo seu twitter:

Compartilho da revolta do companheiro Jimy, que denuncia a prática sacana do PSOL de tentar desconstruir   a candidatura própria do PT, questionando a sua legitimidade e querendo submeter o maior partido de esquerda da América Latina aos interesses eleitorais a um partido nanico.

Aliais, essa prática, contraditória, demonstra todo o autoritarismo de um argumento pleno de sofisma, para o qual supostas candidaturas que não alcancem certos patamares nas pesquisas compradas pelos partidos do poder, não seriam legítimas. Ora, puro oportunismo, já que em 99% dos casos as candidaturas do PSOL e do PSTU, só cumprem o papel partidário, sem a menor chance de vitória, então nunca foram legítimas?

Ou seja, se estou entendo o argumento do Luiz Araujo, quando o PSOL e PSTU lançaram as candidaturas de do Fernando e do Kleber ao governo do estado em 2010, só o fizeram para beneficiar o PSDB de Jatene, contra o PT. É bom saber disso !!

Na prática, essa é a velha tradição stalinista, autoritária, na qual a verdade só tem um lado e a manipulação é a vertente prioritária. Deve ser por isso que o PSOL se entende tão bem com os "Demotucanos".  

Companheiros do PT, fazemos o chamado para que todos se engajem na nossa campanha. Temos um candidato, o professor Alfredo Costa e a grandiosa história do PT, na luta, na militância, na construção de país mais justo, não pode se submeter aos interesses de um partidinho.

O PT é maior que qualquer nome, escolhemos, de forma inédita, o companheiro Alfredo Costa e vamos com ele até a vitória, se não eleitoral, que seja pelo menos partidária. O PT é maior que tudo isso, é o partido de maior preferência no Brasil e em Belém, por isso, é nossa obrigação oferecer nosso projeto de governo ao povo dessa cidade.

Belém precisa crescer junto com o Brasil e só o PT pode governar Belém de braços dados com a presidenta Dilma.

O PSOL de Edmilson se junta cotidianamente com o DEM, PSDB e PPS para fazer oposição aos nossos governos, fazem com a presidenta Dilma e fizeram com Lula e Ana Júlia. Por que devemos apoiá-los ??

AS FALAS DA PÓLIS: A fé do PT contra a má-fé do PSOL:

Ora, ora, tal desespero só pode se justificar pelo fato de que, enquanto o PSOL cresce nas pesquisas eleitorais no Rio, Fortaleza e Macapá, em Belém, Edmilson cai e não se dá conta, de que os radicalóides que coordenam sua campanha, optaram por uma reação que traz ainda mais prejuízos à seu desempenho eleitoral.

A primeira estratégia é ir em busca dos votos e lideranças petistas, depois espalhar um velho jargão de marketeiros "fora de moda", que diz que houve o "vencedor do debate", como se isso fosse possível, afinal no debate entre candidatos no período eleitoral.

Qualquer cidadão com o minimo de escolaridade, sabe que não há critérios objetivos para mensurar quem leva mais ou menos, nem tão pouco, quem ganha ou perde, num debate entre candidatos.
Afirmar um vencedor nesse processo, é no mínimo brincar com a inteligência do eleitorado!
Ainda bem, que hoje temos a blogosfera e as redes sociais para dizer que não somos tão idiotas como eles querem nos fazer ser.

Poderia dizer que é normal ouvir essas asneiras de quem há cerca de 06 anos, só sabe fazer oposição cega ao governo Lula e Dilma e no primeiro debate - realizado pela Radio e TV Nazaré, na última sexta-feira (17), fingiu ser amigo dos presidentes com maior índice de popularidade na história recente do Brasil.

O afã hipócrita de não enfrentar a alta aprovação dos governos do PT, mas deixar com que seus próximos acusem os petistas de fazer côro com o "Dudu e Jatene" é de uma manobra totalmente sem nexo, absurda e que afronta novamente nossa memória e a capacidade de discernimento de nosso povo.

Professores, funcionários públicos, feirantes, motoristas, enfim, pessoas de todas as classes sociais, profissões, religiões e partidos políticos, viram durante os últimos anos, o PSOL "nascer" em Belém (o partido praticamente não existe no restante do Pará) - crescendo muito abaixo do normal para um partido que traz bandeiras populares - e fazendo através dos sindicatos que controla, uma oposição cega e feroz às gestões do PT, resvelando no PCdoB, com que foi propor aliança, depois de ter acusado de termos que prefiro não replicar.

Tanto no governo Estadual, quanto Federal, o PSOL juntou-se ao discurso de terra arrasada que o PSDB implantou através dos meios de comunicação e sem dúvidas, ajudaram o atual governador Simão Jatene à voltar ao poder do Estado.

Como é que agora eles querem acusar o PT de se aliar à direita contra eles?

Surtaram ou pensam que repetindo uma mentira, diversas vezes, farão uma lavagem cerebral ao estilo da propaganda nazista?

Um observador atento diria que Belém não precisa desse debate como se fosse uma briga entre "torcidas organizadas" do Remo e do Paysandu, onde depois de seus conflitos violentos, voltavam pra casa cada uma cantando sua vitória.

Não, o povo de Belém não é mais assim! Pelo contrário, está maduro, não aceita mais esse tipo debochado de fazer política, sempre rasteira e que só piora a imagem do homem que é orientado à pensar que "já ganhou" e que o povo tem obrigação de recolocá-lo no poder.

Pra piorar, ao chegar em casa e ligar o computador, me deparo com um email reencaminhado por um amigo, que até recebe-lo, considerava-se na campanha do PSOL, por achar que este era justo, ético e melhor pra Belém. Me enviou pedindo preservação do seu nome, por ser aluno de um dirigente municipal do PSOL e poder sofrer represálias, caso seu nome seja revelado.

Alfredo Costa, já disse que não entrará nesse tipo de baixaria. Se pautará na defesa de seu programa de governo, o único construído com militantes e a população que participou das Plenárias Distritais pelos bairros de Belém, no 1º semestre deste ano e que muitas denúncias ainda irão recair sobre os candidatos que disputam com ele a prefeitura de Belém, não que ele deseje, mas sim porque é a praxes do processo eleitoral por essas bandas, mas não se utilizará disso, nem tão pouco permitirá que seus companheiros de partido e demais apoiadores, o façam. "Queremos uma eleição onde o povo tenha sua vontade respeitada e não ameaçada por grupos econômicos, governos elitistas, nem tão pouco, grupelhos radicais. Nas eleições de 200 frizou Alfredo Costa, sendo posteriormente aclamado na APPD.

Com a imagem abaixo, fruto de uma montagem de má feita e de péssimo gosto, este PSOL que não é visível na fala ora mansa, ora pulsante de seu candidato, demostra até onde a disputa eleitoral está disposta à ir, começando o jogo sujo contra a campanha do PT, quem a pesquisa Ibope coloca com apenas 1% das intensões de votos. Algo muito estranho, não?

Livro mostra Cuba em versão diferente da mostrada na mídia

Cultura

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 19/08/2012

Livro mostra Cuba em versão diferente da mostrada na mídia

Capa do recém lançado livro que busca a sociedade cubana sem o viés negativo imposto pela grande mídia (reprodução)

São Paulo – Dois autores investigam o estágio do desenvolvimento humano em Cuba e tentam entender as razões que levam às campanhas negativas constantemente levantadas pelos grandes grupos de comunicação. Hideyo Saito e Antonio Gabriel Haddad estão lançando "Cuba Sem Bloqueio: a revolução cubana e seu futuro, sem as manipulações da mídia dominante".

Lembra o material de divulgação da obra, editada pela Radical Livros, que qualquer fato contrário à revolução cubana merece destaque na chamada grande imprensa mas, contrariamente, notícias favoráveis à revolução são ignoradas.

Como exemplos, os autores citam o episódio a divulgação pela Unesco dos resultados de duas pesquisas comparativas sobre o ensino na América Latina, uma de 1997 e outra de 2007: a grande imprensa brasileira abriu um bom espaço para falar sobre o desempenho do Brasil, mas não mencionou que os estudantes cubanos ficaram em primeiro lugar em ambas.

Ainda sobre o mesmo tema, lembram que a revista Veja entrevistou o pedagogo e economista Martin Carnoy, que estava no Brasil para lançar o livro “A vantagem acadêmica de Cuba: por que seus alunos vão melhor na escola”, e conseguiu não falar absolutamente nada sobre o ensino cubano.

Por outro lado, exemplificam o caso de um ato do grupo dissidente Damas de Branco, que reuniu dez pessoas em Havana e foi chamada de capa de O Estado de S. Paulo. Qual outra manifestação desse reduzido tamanho mereceria tal tratamento?

Casos como esses se multiplicam. Por isso, o título do livro alude a uma Cuba “sem bloqueio”, referindo-se, neste caso, ao bloqueio de informação correta sobre o país, erguido pelos oligopólios da comunicação. É devido a esse bloqueio que a realidade de Cuba continua pouco conhecida entre nós. Para furar esse “bloqueio informativo”, os autores pesquisaram tanto em fontes cubanas como estrangeiras.

Nos 12 capítulos da obra que resultou da intensa pesquisa, o jornalista Hideyo Saito e o especialista Antonio Gabriel Haddad contrapõem o processo de construção social popular que procura enfrentar as muitas consequências de dificuldades políticas e econômicas de toda ordem às infindáveis agressões e obstáculos criados pelas potências dominantes.

O livro mostra como a mobilização popular no país move cubanos de todos os estratos sociais a participar livremente das discussões em torno do projeto de aperfeiçoamento do socialismo no país, por vezes com grande acuidade crítica. Essa efervescência, contam os autores, se reflete em conversas particulares, em assembleias, em obras artísticas, em publicações acadêmicas especializadas ou na mídia local.

“Cuba Sem Bloqueio” frisam Haddad e Saito, não fala sobre um paraíso terrestre. Mas levanta em alto e bom som a questão: “Quantos países capitalistas exibem uma sociedade razoavelmente harmônica, sem concentração de riqueza, sem miséria, sem fome, sem analfabetismo, sem violência social e sem crianças abandonadas”, como a de Cuba?

Uma possível resposta está em sua introdução, quando cita Noam Chomsky: “O que é intolerável para essa mídia (‘o verdadeiro crime de Cuba’) são os êxitos cubanos, que podem servir de exemplo para povos de países subdesenvolvidos”.

Dilma fica em 3º em lista de mulheres mais poderosas da Forbes

Por: Lily Kuo, da Reuters

Publicado em 22/08/2012,

Dilma fica em 3º em lista de mulheres mais poderosas da Forbes

Dilma repete a terceira colocação de 2011, assim como a alemã Angela Merkel, líder do ranking (Foto: Roberto Stuckert Filho. Presidência)

Nova York – A revista Forbes colocou a presidenta Dilma Rousseff em 3o lugar, pelo segundo ano consecutivo, em seu ranking anual das mulheres mais poderosa do mundo, que tem novamente a chanceler alemã, Angela Merkel, na liderança da lista dominada por políticas, empresárias e personalidades da mídia. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, ficou em 2o lugar, numa repetição das três primeiras colocadas do ano passado.

A lista elencou mulheres envolvidas na política, entretenimento, tecnologia e organizações sem fins lucrativos, entre outros campos. Elas foram classificadas de acordo com influência, quantidade de dinheiro que controla ou ganha, e presença na mídia. "Essas mulheres de poder exercem influência de formas muito diferentes e para fins muito diferentes, e todas com impactos muito diferentes sobre a comunidade global", disse a presidenta e editora da ForbesWoman, Moira Forbes.

A revista mencionou Dilma por sua liderança à frente do governo brasileiro e pelos índices de aprovação dentro do país. A chanceler alemã (primeira-ministra) Merkel foi citada pela Forbes por sua firmeza em preservar a União Europeia e sua influência sobre a crise da dívida da zona do euro. Hillary foi aplaudida pela forma como lidou com crises, como a divulgação de uma série de telegramas diplomáticos secretos dos Estados Unido pelo site WikiLeaks.

A média de idade das 100 mulheres mais poderosas do mundo segundo a revista, que são de 28 países, foi de 55 anos. Somadas, elas tinham 90 milhões de seguidores no Twitter, disse a Forbes. Também estão entre os cinco primeiros lugares Melinda Gates, co-presidente da Fundação Bill & Melinda Gates e esposa de Bill Gates, cofundador da Microsoft, e Jill Abramson, editora-executiva do New York Times.

Sonia Gandhi, presidente do Congresso Nacional Indiano, ficou em 6o lugar. A primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, que liderou a lista em 2010, ficou em 7o A lista contou com recém-chegadas como a atriz e cantora Jennifer Lopez e Laurene Powell Jobs, viúva do fundador da Apple, Steve Jobs. Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, ficou em 8o. A ex-ministra francesa está na lista desde sua primeira edição, em 2004.

© 2012 THOMSON REUTERS. ALL RIGHTS RESERVED.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

'Salgueiraço': uma lembrança nada agradável para a torcida do Paysandu

17/08/2012

Torcedores do Papão relembram momentos de um dos episódios mais emblemáticos da tentativa do clube em voltar para a Série B

Por Gustavo Pêna Belém

São muitas as definições para a palavra Salgueiro. Pode ser uma escola de samba tradicional do Rio de Janeiro, uma árvore ribeirinha ou, simplesmente, um município de Pernambuco. Mas para o torcedor do Paysandu, Salgueiro pode ter o significado de tragédia. Sim, porque no dia 17 de outubro de 2010 o Papão perdeu para o clube homônimo, de virada, por 3 a 2, no Estádio da Curuzu lotado com mais de 15 mil expectadores, dando adeus a, talvez, uma das maiores oportunidades de voltar a disputar a Série B. Aquela tarde nebulosa de domingo ficou conhecida como “Salgueiraço”.

Salgueiro, do atacante paraense Beá (com a camisa vermelha", comemora a vitória na Curuzu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)Salgueiro, do atacante paraense Beá (com a camisa vermelha), comemora a vitória na Curuzu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)

Esse foi um dos episódios mais marcantes desde que o Paysandu iniciou a disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, em 2007. E os bicolores reencontram o mesmo adversário no próximo domingo, a partir das 16h, no Estádio Cornélio de Barros. Por isso, o GLOBOESPORTE.COM falou com alguns torcedores que guardam lembranças nada agradáveis daquele dia, riscado do calendário alviazul.

Torcedor observa, atônito, a desclassificação do Paysandu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)Torcedor observa, atônito, a desclassificação
do Paysandu (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)

O Paysandu só precisava de duas partidas para voltar à Segundona. No primeiro encontro entre paraenses e pernambucanos, empate em 1 a 1, também no Estádio Cornélio de Barros. Para o confronto de volta, bastava uma vitória simples no Estádio da Curuzu. A festa estava armada. Exatas 15.115 pessoas estiveram presentes naquela partida, e viram o atacante bicolor Bruno Rangel abrir o placar, com apenas 11 minutos de bola rolando.

- Depois de muito tempo a Curuzu voltava a ter o forte tom azul celeste. Estava lotada, não tinha mais como entrar torcedor. Tinham pessoas tentando pular o muro do estádio. Foi uma confusão para passar nas catracas. Sacrifício digno de uma final de campeonato – lembra o auxiliar de escritório Marcos Aurélio, de 32 anos.

Porém, não demorou muito e Fagner empatou, aos 19 minutos. Decisão igual no primeiro tempo. Caso persistisse o resultado, o jogo iria para os pênaltis. O Paysandu voltou totalmente desequilibrado dos vestiários e levou a virada com 14 minutos da segunda metade do embate, com gol de Júnior Ferrim. Para acabar com o sonho bicolor de sair da Terceirona, o meia Edu Chiquita, hoje no Remo, deu o “tiro de misericórdia”, aos 21 minutos. O zagueiro Paulão ainda diminuiu para os donos da casa logo em seguida, mas não tinha mais tempo para a reação.

"Foi tudo tão rápido e inacreditável, ao mesmo tempo em que os torcedores não tinham nem reação. Até hoje ninguém sabe direito o que aconteceu"

André Silva, torcedor

- Eu nunca esqueço daquele dia, pois era meu aniversário. O presente não poderia ter sido pior. Quando o Salgueiro fez 3 a 1, a gente não sabia se chorava, se vaiava, se xingava... Foi tudo tão rápido e inacreditável, ao mesmo tempo em que os torcedores não tinham nem reação. Ninguém sabia o que fazer. O mais ruim era que a gente sabia que o Paysandu poderia ter vencido aquele jogo. Até hoje ninguém sabe direito o que aconteceu – lembra, o técnico em eletrônica André Silva, de 29 anos.

Começava, ali, a busca por culpados pelo vexame. A polêmica se instalou. O presidente Luiz Omar Pinheiro reclamou que alguns jogadores teriam cobrado uma premiação maior do que a diretoria podia pagar pela vitória diante do Carcará. Teria acontecido um “corpo mole” por parte dos jogadores? Nada nunca foi provado, apenas especulações. O volante Sandro Goiano, que teria intermediado o valor do prêmio, nunca quis falar com a imprensa sobre o que realmente aconteceu naquele dia 17 de outubro de 2010.

Meia Vaninho chora a derrota do Paysandu por 3 a 2 (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)Meia Vaninho chora a derrota do Paysandu
por 3 a 2 (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)

O Paysandu foi derrotado com Alexandre Fávaro; Bosco, Paulão, Da Silva e Aldivan; Tácio, Sandro (Vaninho), Fabrício (Lúcio) e Tiago Potiguar; Fernandão (Marquinho) e Bruno Rangel. O técnico da época era Charles Guerreiro. Já o Salgueiro jogou com Marcelo; Rogério Rios (Rogério Serra), Eridon, Ney Carioca e Serginho; Rodolfo Potiguar, Pio, Edu Chiquita e Clébson (Lismar); Júnior Ferrim (Wendel) e Fagner. Técnico: Cícero Monteiro.

Daquele time, o meia Thiago Potiguar é o remanescente do “Salgueiraço”, enquanto que o Carcará ainda conta com Rodolfo, Clébson, Pio e Junior Ferrim. Resta saber como será o novo confronto dos bicolores diante do algoz de dois anos atrás. Aliás, para Potiguar, “Quem vive de passado é museu, eu vivo de presente”.

Comentário do Blog: Esse foi o “maior feito do Salgueiro em sua história”: “Salgar” o ‘Pai’sandu no “Lapupunheira” (Várzea da Curuzu). Domingo (19/08/2012) vai ter em Pernambuco outra “passada de sal” do salgueiro no ‘Pai’sandu. A Fenômeno Azul, maior torcida do Norte do Brasil, agradece aos pernambucanos. Vai de retro… Papinha da Curuzu!

CTBel determina aumento da frota que faz trajeto Belém-Mosqueiro

 

Serão disponibilizados 18 veículos a mais para fazer o trecho.
Primeira viagem está marcada para às 4h da manhã de segunda-feira (20).

Do G1 PA

A Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), determinou, em reunião com os empresários de transporte da cidade, realizada nesta sexta-feira (17), em Belém, que partir da próxima segunda-feira (20), 18 ônibus serão disponibilizados para fazer o trajeto Belém-Mosqueiro. Antes da reunião, 11 ônibus faziam a linha metropolitana da capital paraense para a Ilha de Mosqueiro.

saiba mais

A primeira viagem com a nova frota está marcada para às 4h da manhã da segunda (20). Até às 6h, os ônibus devem sair de 15 em 15 minutos. Após esse horário, os veículos de transporte coletivo passam a fazer viagem de meia em meia hora.

Entenda o caso
A reunião foi motivada por manifestações da população, que realizou dois protestos na região metropolitana de Belém em agosto. Na manhã desta quinta-feira (16), moradores do município de Mosqueiro protestaram na entrada do distrito, interditando a pista e causando um grande engarrafamento. A primeira manifestação foi realizada no dia 1º de agosto, em frente ao Terminal Rodoviário de Belém. Os dois protestos de moradores e usuários do transporte coletivo foi para reclamar da frota de ônibus que atende o distrito.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O estado da democracia no Brasil

15/08/2012

Quando se pergunta a esses economistas de plantão como está o Brasil, eles imediata auscultam a Bolsa de Valores nos seus Ipads, como um médico faz um exame cardiológico. O vai e vem da Bolsa seria o tique- taque da saúde da economia e do próprio país, para a mentalidade mercantil que orienta esses economistas.
Se a Bolsa de Valores faz parte do país – mesmo se de forma um tanto contraditória, na medida em que atrai capitais especulativos -, a situação do país real tem que ser auscultada em outro lado e com outros métodos.
Os avanços mais significativos do Brasil na ultima década se deram no plano da sua democratização social. Uma política econômica que articula estreitamente desenvolvimento econômico com extensão do mercado interno de consumo popular, que prioriza a expansão dos direitos econômicos e sociais e não os ajustes fiscais, tem permitido ao país mais desigual do continente mais desigual, apresentar uma imagem social menos desigual, menos injusta, com menos pobreza e menos miséria do que marcou tradicionalmente a nossa sociedade.
Esses avanços se chocam com estruturas políticas que mantem suas características tradicionais de instrumentos de poder das velhas elites políticas, que aparecem como freios para que a democratização social se expresse em estruturas políticas – tanto parlamentares, como jurídicas e do aparato-estatal – concordes com esses avanços.
Se alguém conseguisse fazer o exercício mirabolante de imaginação e fizesse abstração dos enormes avanços nos direitos sociais dos milhões de brasileiros que estão tendo seus direitos sociais atendidos, parece que seguimos vivendo em governos anteriores – os do Sarney ou do FHC, por exemplo. Governos em que as heranças da ditadura se faziam sentir de forma direta, seja no pessoal político, nas estruturas jurídicas, nas formas de funcionamento do Estado, nas representações parlamentares.
Até onde essas estruturas são compatíveis com a democratização do Brasil? O Congresso é impermeável, pela sua representação eleita pelo financiamento privado de campanhas, que produzem fortes lobbies corporativos, a projetos de democratização das arcaicas e monopolizadas estruturas do campo brasileiro e, ao contrário, ameaça consolidá-las com a aprovação de um Código Rural que aponta para retrocessos maiores ainda.
É impermeável à aprovação de um Marco Regulatório dos meios de comunicação, que permita romper com o monopólio privado de algumas famílias que pretendem formar a opinião pública nacional e partir dos seus próprios interesses e opiniões. E, como diz o Lula, não haverá democracia no Brasil, enquanto os políticos tiverem medo da imprensa.
O Congresso, eleito com os privilégios das campanhas privadas, que traduzem as desigualdades econômicas e sociais para as campanhas eleitorais e para o Congresso, tampouco procederá à reforma democrática do sistema eleitoral, que supõe, em primeiro lugar, o financiamento público das campanhas.
O Judiciário tem se mostrado insensível e incapaz de promover a justiça no Brasil, burocrático, passível de corrupção, inadequado para a promoção da justiça e a extensão dos direitos para a grande maioria da população, que o país urgentemente precisa.
O aparato de Estado foi feito para reproduzir as relações dominantes, marcadas pela exclusão social, pelo monopólio das elites tradicionais, que sempre se apropriaram desse aparato para promover seus interesses e reproduz a sociedade desigual e fragmentada que temos.
O governo Lula avançou pelas beiradas, pelas brechas, com o instinto do ensaio e erro do ex-presidente, valendo-se das imensas precariedades herdadas – recessão econômica, exclusão social, concentração de renda, desarticulação do Estado. Retomou-se a expansão econômica, estreitamente articulada com a expansão do mercado interno de consumo popular e a extensão dos direitos sociais. Pela primeira vez a situação social da grande maioria pobre da nossa sociedade melhora. Porém, mesmo para obter esses resultados e dar-lhes continuidade, o governo enfrenta grandes obstáculos, que tantas vezes inviabilizam, mudam a natureza dos projetos ou tiram toda sua eficácia, porque se trata de um Estado – em todas suas estruturas, administrativas, financeiras, jurídicas – que não está feito para promover políticas de inclusão da grande maioria da população.
Nesse marco, a imensa democratização social levada a cabo pelos governos Lula e Dilma não encontra correspondência em processos de democratização política que, por exemplo, permitissem renovar radicalmente as representações politicas no Congresso, que tiveram mudanças menores, sem refletir as transformações sociais no Brasil contemporâneo. O bloqueio do financiamento público de campanha, feito exatamente pelos partidos que se beneficiam dos recursos privados, que os elegem e reelegem, falseando a representação popular, condena o Parlamento à desmoralização atual e ao bloqueio das iniciativas mais progressistas que necessitamos – no plano dos meios de comunicação, do meio ambiente, da política agrária, na reforma do Estado, na democratização do Judiciário, na transparência do funcionamento de todas as instituições públicas, na conquista de direitos ligados à mulher, entre tantas outras.
Sem democratização do Estado, do sistema de representação política, de formação de opinião pública, das relações econômicas e sociais no campo, haverá limites fundamentais para que o Brasil siga, nesta década, a trajetória que vinha trilhando na década passada. Inclusive no poder que o Estado necessita para impulsionar o crescimento econômico que o pais urgentemente precisa, mais além dos interesses corporativos e de busca especulativa de lucros – sem produzir nem bens, nem empregos – do grande capital privado.
Os maiores avanços democráticos que o Brasil teve nestes anos vieram de iniciativas especificas. A Comissão da Verdade, a aprovação do direito ao casamento dos homossexuais e o reconhecimento jurídico e político das políticas de cotas nas universidades. São iniciativas muito importantes, mas que precisam de reformas democráticas do Estado e do sistema político, para fazer do Brasil um país socialmente justo, democraticamente forte e economicamente soberano.

Repostado do Blog do Emir Sader