Expectativa de manutenção dos juros baixos nos EUA, a ser sancionada na reunião do FED desta quarta-feira, provocou desvalorização mundial do dólar ontem, com recordes de baixa no Brasil, Austrália, África do Sul e Noruega. Juro baixo nos EUA e liquidez ilimitada explicam a perda de competitividade das exportações industriais de países em desenvolvimento --o que é péssimo. Explicam também a voragem dos capitais especulativos que tomam de assalto os derivativos de commodities, elevando os preços dos alimentos para disseminar fome e inflação em todo o planeta. O antídoto oferecido pela ortodoxia equivale a apagar incendio com o lança-chamas: um devastador 'choque de juros' para conter uma alta de preços que independe em certa medida da demanda interna. Ontem, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Dilma, Mantega e outros (leia reportagem nesta pág) deram um chega para lá no jogral mercadista sonorizado pela mídia demotucana. A exemplo do salazarismo dominante em Portugal entre 1932 e 1968, o que se pretende é embalsamar o Brasil em um formol de inflação baixa, com desemprego alto e juros explosivos. Em resumo, a velha e nostálgica paz dos cemitérios rentistas. O funeral foi descartado de maneira lapidar pela Presidenta da República quando disse: "...sempre é melhor enfrentar os problemas do crescimento do que os problemas do desemprego, da falta de renda, da falta de investimento e da depressão econômica".
(Carta Maior; 4º feira, 27/04/2011)
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