Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Não aguento mais a agenda da imprensa!

 

 

Você leitor(a) vai me desculpar o desabafo e o uso da primeira pessoa no texto, mas não aguento mais a agenda de notícias da imprensa brasileira. É impressionante a mesmice, o viés e a alienação da pauta diária de jornais, emissoras de rádio, telejornais e até as páginas noticiosas na Web. Todos giram em torno dos mesmos temas, os telejornais se repetem em horários diferentes e nas principais notícias fica estampado o viés político-partidário que orienta toda a produção de textos e imagens.
Somos obrigados a conhecer detalhes mínimos da situação coronária do deputado José Genoino, somos informados da troca do juiz responsável pelo cumprimento das penas impostas aos mensaleiros, mas não se esclarece o porquê da relevância atribuída a esses temas. Se a noticia é tão importante assim para merecer manchetes e preciosos minutos na TV, o elementar seria explicar a causa da troca de magistrados e da preocupação com o estado de saúde do ex-presidente do PT. Na falta de esclarecimentos, sobram suspeitas sobre o viés da notícia.
O caso do mensalão é exemplar. Uma cobertura avassaladora digna de um grande desastre natural mostrando que a vingança política superou a lógica do marketing político. O lógico, segundo os manuais, seria minimizar o episódio após a condenação para evitar que a população acabe tendo pena dos detidos. Mas a imprensa, movida pelo desejo cego de tirar o PT do poder, esqueceu de tudo o que é obvio em matéria de cobertura política voltada para o interesse publico.
Enquanto isso a velha bomba relógio do sistema prisional continua no limbo informativo. O caso mensalão teria sido uma oportunidade ótima para que a imprensa resolvesse investigar e mobilizar a opinião pública para a busca de soluções para um problema que é de todos. Mas o que os jornais, revistas e telejornais mais fazem é buscar o escandaloso, distribuir culpas e quase sempre deslocar a questão para envolvimentos político-partidários. Trata-se de um desprezo olímpico pelo que a população sente e deseja.
O caso da saúde pública é outro item que mostra o distanciamento entre o mundo das redações e a realidade das ruas, bairros e favelas. O internamento de uma personalidade recebe tratamento VIP, mas as filas, corredores empilhados de doentes e instalações precárias viraram pé de página.
O caso dos médicos estrangeiros é emblemático. Foi dado mais destaque na imprensa ao corporativismo das associações de classe do que à busca de soluções para o problema das comunidades sem médicos. Agora que as previsões apocalípticas não se concretizaram, o assunto sumiu da pauta quando seria urgente e essencial saber se está funcionando e, em caso positivo, como a torná-lo permanente. Se a medida não funcionou, precisamos saber por quê.
Todo mundo acabou suspeitando que no problema dos médicos estivessem embutidos interesses eleitorais de ambos os lados, mas a imprensa nunca tratou o tema abertamente. Ela poderia ter assumido a posição do público para buscar soluções duradouras e efetivas, por meio de um esforço sistemático e prolongado de produção de informações sem viés partidário ou empresarial.
O trânsito nas grandes capitais é outra questão onde a espetacularização dos congestionamentos já se tornou maçante, por conta da repetição. É um problema nacional, mas só saem reportagens sobre São Paulo, onde o caso é mais grave, mas nem de longe o único. A imprensa está cansada de saber que não adianta só cobrar das autoridades e já deveria ter verificado que ela tem que “meter a mão na massa”, ou seja, partir para a busca de soluções junto com a população, em vez de promover desfiles de especialistas nas páginas e no vídeo.
A sensação de cansaço em relação à agenda da imprensa é causada tanto pela escolha de temas como pela forma de abordá-los por meio da batida técnica do “fulano disse, sicrano disse” (ver “A praga do jornalismo declaratório”). As notícias acabam se transformando numa inócua sucessão de declarações pouco esclarecedoras, algumas flagrantemente falsas mas não contestadas pelo repórter e no geral seguindo um roteiro onde a famosa regra de ouvir os dois lados serve apenas para tentar conferir credibilidade à reportagem , texto ou sonora.
Já deixei de assinar jornais, passo os olhos sobre as páginas noticiosas na Web e assisto aos telejornais mais por rotina do que por interesse. Tento não me irritar com o tipo de noticiário que nos é oferecido, mas nem sempre consigo me conter. Casos como, por exemplo, a repetição de notícias em telejornais, nas edições matutinas, ao meio-dia, no fim da tarde e no início da madrugada. O ritmo industrial de produção de notícias nas principais redes de televisão atropela a necessidade de buscar enfoques diferenciados – e aí caímos na mesmice rotineira.
Poderia continuar desfiando aqui as mazelas do noticiário quotidiano, mas acabaria também me tornando repetitivo e monocórdio. Há dezenas de outros problemas sociais implorando uma ação mais comprometida da imprensa. O mesmo empenho dedicado ao projeto Criança Esperança poderia ser aplicado em questões bem mais complexas como saúde, segurança pública, aposentadorias e mobilidade urbana. É só a imprensa trocar o pedestal político pela sola de sapato, tão decantada nos manuais de redação.
(Carlos Castilho/Observatório da Imprensa)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

LEONARDO BOFF: POR QUE TENTAM FERIR LETALMENTE O PT?

Para o debate...

LEONARDO BOFF*: POR QUE TENTAM FERIR LETALMENTE O PT?**<br />Manter viva a causa do PT: para além do Mensalão<br /><br />De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares.<br />Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco, mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “mensalão”. Você bate nos acusados, mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.<br /><br />De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.<br /><br />Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.<br /><br />A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soía repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14), elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.<br /><br />A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.<br /><br />Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.<br /><br />*Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e dr.h.causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.<br /><br />** Título original : "Para além do Mensalão"

LEONARDO BOFF*: POR QUE TENTAM FERIR LETALMENTE O PT?**
Manter viva a causa do PT: para além do Mensalão
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares.
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco, mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “mensalão”. Você bate nos acusados, mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soía repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14), elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
*Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e dr.h.causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.
** Título original : "Para além do Mensalão"

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

CARTA ABERTA AO POVO BRASILEIRO .

O julgamento da AP 470 caminha para o fim como começou: inovando – e violando – garantias individuais asseguradas pela Constituição e pela Convenção Americana dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.
A Suprema Corte do meu país mandou fatiar o cumprimento das penas. O julgamento começou sob o signo da exceção e assim permanece. No início, não desmembraram o processo para a primeira instância, violando o direito ao duplo grau de jurisdição, garantia expressa no artigo 8 do Pacto de San Jose. Ficamos nós, os réus, com um suposto foro privilegiado, direito que eu não tinha, o que fez do caso um julgamento de exceção e político.
Como sempre, vou cumprir o que manda a Constituição e a lei, mas não sem protestar e denunciar o caráter injusto da condenação que recebi. A pior das injustiças é aquela cometida pela própria Justiça.
É público e consta dos autos que fui condenado sem provas. Sou inocente e fui apenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha – contra a qual ainda cabe recurso – com base na teoria do domínio do fato, aplicada erroneamente pelo STF.
Fui condenado sem ato de oficio ou provas, num julgamento transmitido dia e noite pela TV, sob pressão da grande imprensa, que durante esses oito anos me submeteu a um pré-julgamento e linchamento.
Ignoraram-se provas categóricas de que não houve qualquer desvio de dinheiro público. Provas que ratificavam que os pagamentos realizados pela Visanet, via Banco do Brasil, tiveram a devida contrapartida em serviços prestados por agência de publicidade contratada.
Chancelou-se a acusação de que votos foram comprados em votações parlamentares sem quaisquer evidências concretas, estabelecendo essa interpretação para atos que guardam relação apenas com o pagamento de despesas ou acordos eleitorais.
Durante o julgamento inédito que paralisou a Suprema Corte por mais de um ano, a cobertura da imprensa foi estimulada e estimulou votos e condenações, acobertou violações dos direitos e garantais individuais, do direito de defesa e das prerrogativas dos advogados – violadas mais uma vez na sessão de quarta-feira, quando lhes foi negado o contraditório ao pedido da Procuradoria-Geral da República.
Não me condenaram pelos meus atos nos quase 50 anos de vida política dedicada integralmente ao Brasil, à democracia e ao povo brasileiro. Nunca  fui sequer investigado em minha vida pública, como deputado, como militante social e dirigente político, como profissional e cidadão, como ministro de Estado do governo Lula. Minha condenação foi e é uma tentativa de julgar nossa luta e nossa história, da esquerda e do PT, nossos governos e nosso projeto político.
Esta é a segunda vez em minha vida que pagarei com a prisão por cumprir meu papel no combate por uma sociedade mais justa e fraterna. Fui preso político durante a ditadura militar. Serei preso político de uma democracia sob pressão das elites.
Mesmo nas piores circunstâncias, minha geração sempre demonstrou que não se verga e não se quebra. Peço aos amigos e companheiros que mantenham a serenidade e a firmeza. O povo brasileiro segue apoiando as mudanças iniciadas pelo presidente Lula e incrementadas pela presidente Dilma.
Ainda que preso, permanecerei lutando para provar minha inocência e anular esta sentença espúria, através da revisão criminal e do apelo às cortes internacionais. Não importa que me tenham roubado a liberdade: continuarei a defender por todos os meios ao meu alcance as grandes causas da nossa gente, ao lado do povo brasileiro, combatendo por sua emancipação e soberania.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Dilma, a “coveira dos sonhos” dos emancipacionista de Mosqueiro

 

A Presidente Dilma ao vetar o projeto de criação de novos municípios está ajudando a Previdência Social (INSS) no Brasil a ter possibilidade de aumentar sua arrecadação, pois assim, obrigará um número grande de "encostados políticos" a terque trabalhar para sobreviver.

Em Mosqueiro o veto da Dilma acabou com o sonho dos "quase Revolucionários da Cabanagem Mosqueirense". Valeu Dilma! O INSS agradece!

Vale lembrar de dois lemas da exploração capitalista: “o trabalho enobrece” ou “quem cedo madruga deus ajuda”. A verdade é que trabalhar um pouco faz bem ao ser humano (homem e mulher)

Obs. Se bem que a maioria dos emancipacionistas de Mosqueiro não são muito ávidos a trabalhar (trabalhar de fato) para sobreviver, já que se acostumaram ao empreguismo politiqueiro.

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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Que caminhos seguir nesta crise planetária?

Ambiente
04/11/2013 - 10h12

 

por Washington Novaes*

shutterstock planeta 300x225 Que caminhos seguir nesta crise planetária?

Foto: http://www.shutterstock.com/

É um susto ler a notícia (BBC News, 22/10) de que a experiente, cautelosa secretária executiva da Convenção do Clima (ONU), Christiana Figueres, ao ser entrevistada pela rede de televisão BBC, perdeu o controle e desabou em pranto incontido após afirmar que a falta de acordo global para conter emissões que contribuem para mudanças climáticas “está condenando as futuras gerações antes mesmo que elas nasçam”. Isso, a seu ver, “é absolutamente injusto e imoral”. Se nem uma diplomata no mais alto nível consegue ocultar a emoção e cai no choro, que pensarão os cidadãos no mundo todo – ainda que ela diga não perder a esperança num acordo global (em Paris, 2015) para conter emissões, porque estamos “nos movendo lentamente, mas na direção certa”?

A entrevista ocorreu poucos dias depois de 800 mil pessoas haverem sido retiradas de suas casas no Estado indiano de Odisha, ameaçadas por um ciclone (The New York Times, 13/10). E de esse mesmo jornal haver publicado (Estado, 15/10) que um quarto dos seres humanos (mais de 1,5 bilhão de pessoas) está “em risco”, principalmente a população de países “à beira do Golfo de Bengala” (incluindo Índia, Bangladesh, Sri Lanka, Mianmar, Tailândia, Malásia e Sumatra), por causa dos chamados “eventos climáticos”.

Mas, como disse Christiana Figueres, as negociações caminham – quando caminham – muito lentamente. No ano passado, segundo a Agência Internacional de Energia, o financiamento de projetos que reduzam emissões não passaram de 60% do que a Convenção do Clima considera o mínimo necessário para conter o aumento da temperatura do planeta em 2 graus Celsius. Até 2020 seriam indispensáveis US$ 5 trilhões. E ao longo de mais tempo só o setor de energia precisará investir US$ 19 trilhões.

E nós, por aqui? Diz o cientista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos mais informados sobre clima – foi um dos autores do Quinto Relatório de Avaliação do Painel do Clima (IPCC) -, que nos últimos cinco anos o Brasil assumiu “um padrão de poluidor de Primeiro Mundo” (O Eco, 10/10). O desmatamento caiu e a causa maior das emissões está na queima de combustíveis fósseis, em especial por veículos. Mas a agricultura, a indústria e as termoelétricas, principalmente, também contribuem. E o Grupo de Trabalho sobre Clima do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais, em ofício ao Senado, alerta que o processo de revisão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, coordenado pela Casa Civil da Presidência, se encontra “completamente prejudicado e fadado a um grande insucesso”. A boa notícia é que o cientista Carlos Nobre, também do Inpe e do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi convidado a integrar o Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global, que assessora o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (FP, 17/10). Quem sabe de lá não conseguirá influenciar nossos padrões governamentais na área do clima?

Não é só nessa área que se sucedem notícias preocupantes em âmbito mundial. Estudo do Crédit Suisse (Ethos, 24/10), um dos maiores grupos financeiros internacionais, diz que o nível de concentração de renda é espantoso, já que 0,7% da população global (menos de 50 milhões de pessoas) detém 41% da riqueza mundial total, que é de US$ 241 trilhões (ficam com US$ 98,7 trilhões). Se a riqueza mundial fosse dividida igualmente, seriam US$ 51,6 mil para cada pessoa. Mas o Brasil está no grupo de países com renda média entre US$ 5 mil e US$ 25 mil. A Austrália é o país com riqueza mais bem distribuída (US$ 219 mil per capita). E os EUA, com o maior produto interno bruto, “têm um dos maiores índices de pobreza e desigualdade do mundo”.

O quadro é ainda mais forte quando se foca a questão dos alimentos. Mark Bittman, do jornal The New York Times (Estado, 22/10), depois de relembrar que quase 1 bilhão de pessoas passa fome, acentua que produzimos calorias suficientes para todas (2,7 mil diárias para cada uma), mas um terço serve para alimentar animais, 5% são usados na produção de biocombustíveis e “um terço é desperdiçado ao longo da cadeia alimentar”.

Se aproximarmos os olhos da África veremos que só no Congo (antigo Zaire), “em quase duas décadas, os confrontos no leste do país deixaram cerca de 6 milhões mortos” (equivalentes a mais de metade da população da cidade de São Paulo), no “mais sangrento confronto” desde a 2.ª Guerra Mundial (Estado, 20/10). Principalmente entre etnias como tutsis e hutus, que, deslocadas pelos antigos colonizadores (que buscavam minérios), hoje se matam na disputa por áreas mais favoráveis em termos de recursos naturais, principalmente água e terra para plantar.

Mas não adianta só ficarmos inconformados. É preciso propor e obrigar legisladores, em todos os níveis, a aprovar regras, padrões adequados para tudo. E criar ônus financeiros para quem os desrespeitar. Nos licenciamentos urbanos, por exemplo, de forma a evitar “ilhas de calor”, adensamentos do tráfego, aumento da poluição do ar e de seus custos na vida das pessoas e na área de saúde. Na imposição de critérios rígidos para evitar a poluição do ar, detectar donos de veículos infratores na inspeção veicular obrigatória, puni-los. Impedir a remoção de biomas e fragmentos de vegetação que levem a aumentos de temperatura, mudanças do clima. Coibir formatos e dimensões inadequados na agropecuária. Também nas emissões de poluentes industriais. Obrigar governos, empreendedores, geradores e distribuidores de energia e cidadãos a seguir um modelo de eficiência energética e redução acentuada de poluentes. Impedir a deposição de esgotos sem tratamento nos recursos hídricos. Eliminar lixões. Etc., etc.

Não há tempo a perder. Já temos problemas até com lixo espacial. E vamos começar a buscar recursos em outros corpos celestes.

* Washington Novaes é jornalista.

** Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.

(O Estado de S. Paulo)

O IPTU de São Paulo e a opção da mídia pela desigualdade

TRIBUTAÇÃO

por Helena Sthephanowitz publicado 04/11/2013 15:17, última modificação 04/11/2013 15:49

CC / WIKIPEDIA

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Favela entre prédios classe média em SP: desigualdades

Mesmo quando chega a fazer justiça tributária, em que os mais ricos pagam taxas maiores quanto maior seja sua capacidade contributiva, aumento de impostos quase sempre leva a desgaste político, resultado da forte campanha contrária dos que se negam a pagar mais.

E são eles as vozes influentes que pautam os meios de comunicação de massa. Até os mais pobres – que são os grandes beneficiários de maior taxação sobre para os que estão no topo da pirâmide social – e as parcelas da classe média que terão redução no imposto ou não serão atingidas pelo aumento, têm dificuldade para compreender o que é o aumento escalonado do IPTU em São Paulo.

Tamanha é por conta da desinformação que recebem em campanhas maciças que a maioria desconhece, por exemplo que os aposentados, mesmo que residam em imóveis que se valorizaram muito, terão desconto no IPTU conforme a faixa de renda.

O fato é que em uma metrópole como a capital paulista, esse aumento, da maneira como está sendo feito,  é necessário –  para equilibrar um pouco a desigualdade social entre os bairros mais nobres, com uma infraestrutura urbana invejável, e regiões da periferia, carentes até de rede de esgoto, vítimas históricas do descaso dos administradores da cidade.

Economicamente há razões técnicas mais do que suficientes para justificar o aumento na grande maioria dos casos. Muitos imóveis de alto padrão valorizaram muito nos últimos anos, mas ainda pagam um IPTU baixo diante da realidade imposta pelo mercado. Seguros residenciais, por exemplo, acompanham o valor do bem segurado.

Mas tão marcante quanto as razões técnicas e mercadológicas a justificar o reajuste, é a a decisão política pelo enfrentamento do problema como uma das formas para se corrigir as injustiças sociais que resultam da má distribuição das riquezas públicas e da infraestrutura da cidade.

A própria tabela de reajustes do IPTU, que indica o aumento médico conforme o distrito da capital, mostra que o escalonamento guarda coerência com o projeto Arco do Futuro,  proposto por Fernando Haddad em sua campanha eleitoral para descentralizar atividades econômicas e fazer os empregos rumarem a regiões periféricas.

Se o IPTU subirá mais em regiões nobres consolidadas, diminuirá nas regiões carentes de investimentos, incentivando o desenvolvimento destas localidades, melhorando o equilíbrio da metrópole e corrigindo desigualdades regionais.

Se Haddad souber usar bem as verbas da arrecadação – e para isto é preciso que a cidade se organize para fiscalizar a aplicação dos recursos – e atacar com firmeza parte dos problemas gerados pelo secular abandono de áreas degradadas e segregadas da periferia, superará com folga todo o desgaste inicial decorrente da resistência da parte mais privilegiada da população, extremamente apegada ao egoísmo. Por enquanto.

A escolha da Haddad aponta para uma cidade pensada para todos, ao invés de uma metrópole em que a sobrevivência se torne inviável, por estar eternamente dividida entre ilhas de civilização cercadas pela barbárie de regiões abandonadas à própria sorte.

Repostado do Portal Rede Brasil Atual