Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Brasil é 7ª maior economia, e China deve passar EUA logo, diz Banco Mundial

Do UOL, em São Paulo

30/04/201416h36

O Banco Mundial classificou o Brasil como a sétima maior economia do mundo em um relatório divulgado nesta terça-feira (29). Pelos dados divulgados, também é possível prever que a China deve ultrapassar os Estados Unidos como maior economia do mundo ainda em 2014.

Maiores economias do mundo

  • 1. Estados Unidos

  • 2. China

  • 3. Índia

  • 4. Japão

  • 5. Alemanha

  • 6. Rússia

  • 7. Brasil

  • 8. França

  • 9. Reino Unido

  • 10. Indonésia

Fonte: Banco Mundial

O estudo considera o critério de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês). O cálculo é considerado a melhor maneira de comparar o tamanho de diferentes economias, por refletir melhor o custo de vida.

Em 2005, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro equivalia a 12% do PIB norte-americano, segundo o relatório. Este número passou para 18% em 2011, considerando novos critérios (explicados abaixo). Com isso, o Brasil assumiu a sétima posição entre as maiores economias mundiais.

Também entre 2005 e 2011, o PIB da China passou de 43,1% para 86,9% do PIB dos EUA. Os EUA continuam sendo a maior economia do mundo, seguidos pela China, mas o crescimento acelerado chinês aponta para a possibilidade de a economia chinesa superar a norte-americana ainda neste ano, aponta o Banco Mundial.

Índia desbanca Japão e assume 3º lugar

Outro destaque do relatório foi o crescimento da Índia, que passou de 10ª economia do mundo para o terceiro lugar, desbancando o Japão, que agora aparece na quarta posição.

Em seguida, aparece a Alemanha e, logo atrás, a Rússia, seguida pelo Brasil. França, Reino Unido e Indonésia fecham o ranking das dez maiores economias, nesta ordem.

Nova metodologia do estudo

O último relatório do BM tinha sido baseado em dados de 2005; o atual leva em conta informações sobre os países em 2011.

Neste ano, pela primeira vez, o Banco Mundial adotou o critério de "Paridade do Poder de Compra" para comparar as economias dos países. 

Essa metodologia se aproxima mais de uma medida do custo de vida real, por comparar a possibilidade de aquisição de um bem em diferentes economias.

O Banco Mundial ressalta, no entanto, que os resultados destes dois relatórios não são "diretamente comparáveis", por causa da mudança de metodologia.

Em distribuição de renda, Brasil fica em 80º lugar

Em um ranking baseado no PIB per capita, que também usa o critério de Paridade do Poder de Compra, a situação é bastante diferente. O PIB per capita é um critério mais confiável para medir a distribuição de renda.

Por este parâmetro, o Brasil ocuparia apenas a 80ª posição em um ranking mundial. Os Estados Unidos aparecem em 12º lugar e a China, em 99º.

Ampliar

Em quanto tempo o PIB per capita do Brasil se igualaria ao de países ricos11 fotos

Reino Unido: 47 anos. A economia britânica tem um PIB per capita de US$ 36.941 - maior, portanto, que o da francesa. Mas hoje esse indicador cresce a uma taxa menor, de 1,98% ao ano, de modo que alcançaríamos primeiro o Reino Unido, depois a FrançaLeia mais Lefteris Pitarakis/AP

Brasil tem um milhão de abortos induzidos por ano

19/04/2014

 

O abortamento clandestino constitui a quinta causa da morte materna no país e uma em cada cinco mulheres já adotou essa prática.


Dermi Avezedo

Eric Drooker

O Brasil registra anualmente um milhão de abortos induzidos e uma em cada cinco mulheres já adotou essa prática. O abortamento clandestino constitui a quinta causa da morte materna no país.
Esses dados, resultantes de pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde e por organizações de mulheres serão analisados em Recife/PE, 2 a 4 de maio próximo, no primeiro Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, que é uma frente de entidades feministas, constituída há três anos para lutar pelos direitos da mulher e por uma sociedade sem injustiças e sem explorações.


Tema Tabu


O tema do aborto como tabu ou como direito da mulher, é um dos temas mais polêmicos sempre presentes não só em eventos feministas, mas também em debates religiosos. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), órgão máximo da igreja Católica Apostólica Romana do país, é totalmente contra qualquer mudança legal que abra a possibilidade da descriminalização do aborto.
Em 1982, em Petrópolis RJ, as entidades da sociedade civil reunidas para a fundação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) foram advertidas pela CNBB que não deveriam colocar em pauta o tema do aborto. A ponderação foi aceita pela direção do Movimento.


Abortos Clandestinos


Em razão da ilegalidade do aborto, é crescente o número de mortes provocadas no Brasil por causa de abortos clandestinos em condições insalubres. Em 2001, no Brasil, foram registradas 9,4 mortes de mulheres por abortamento para cada 100 mil nascidos vivos. O sistema Único de Saúde (SUS) internou no ano passado 243 mil mulheres para fazerem curetagem pós-abortamento.


Descriminalização


As entidades ligadas ao Movimento Olga Benário são favoráveis à descriminalização do aborto e alegam que essa medida constitui e representa não um atentado à vida (como argumenta a Igreja Católica), mas a redução de mortes clandestinas de mulheres no país.

Repostado do portal Carta Maior

Mídia e oposição continuam tentando torturar Dirceu

30 de abril de 2014 | 01:52 Autor: Miguel do Rosário

O Rack - banco da tortura

Nem sei o que acrescentar a esse post da Cynara. É simplesmente inacreditável o nível de degradação a que chegou a oposição no Brasil. Não consegue ganhar no voto, então apela para o jogo mais sujo que se possa imaginar. Destaco o depoimento de Jean Wyllys:

“Na minha opinião, infelizmente a Mara e o Jordy resolveram partidarizar a questão. A Mara foi enfática ao dizer aos jornalistas que a cela de Dirceu é ‘ampla e iluminada’, sendo que nem pôde entrar no local, porque a cadeira de rodas não permitia a passagem”, disse Wyllys. “Respeito muito a Mara, mas ela não visitou a cela. Acho estranho afirmar categoricamente uma coisa sem ter entrado. Ficou na porta.” Segundo Wyllys, a cela de Dirceu está cheia de infiltrações e é compartilhada com outros presos, que não estavam presentes porque, ao contrário dele, receberam o benefício de sair para trabalhar. “Não tem privilégio algum, aquilo lá é um horror. O próprio Ministério Público apontou isso, é um absurdo dizer o contrário. Eu não tenho relação alguma com Zé Dirceu, meu partido faz oposição ao PT e posso afirmar o que vi com meus próprios olhos: não existem regalias.”

*

PPS e PSDB partidarizam visita à Papuda

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena

Os cinco deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias que vistoriaram hoje as condições em que se encontra preso o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu não encontraram nada que pudesse ser considerado regalia em relação aos outros detentos da Penitenciária da Papuda, em Brasília.

Dirceu está numa cela comum, possui inclusive menos objetos que outros presos –apenas uma televisão pequena e livros– e faz os mesmos trabalhos que os demais presos, como lavar o pátio do presídio. No entanto, na saída da penitenciária, diante das câmeras de TV, a deputada tucana Mara Gabrilli afirmou o contrário: que a cela de Dirceu é maior que as dos demais e que ele dispõe de várias regalias. O mesmo fez o deputado do PPS, Arnaldo Jordy. Os repórteres, à espera dos parlamentares na saída da Papuda, nem sequer deram a devida atenção aos demais deputados, Jean Wyllys (PSOL), Luiza Erundina (PSB) e Nilmário Miranda (PT), como se só quisessem ouvir o que lhes interessava ouvir.

“Na minha opinião, infelizmente a Mara e o Jordy resolveram partidarizar a questão. A Mara foi enfática ao dizer aos jornalistas que a cela de Dirceu é ‘ampla e iluminada’, sendo que nem pôde entrar no local, porque a cadeira de rodas não permitia a passagem”, disse Wyllys. “Respeito muito a Mara, mas ela não visitou a cela. Acho estranho afirmar categoricamente uma coisa sem ter entrado. Ficou na porta.”

Segundo Wyllys, a cela de Dirceu está cheia de infiltrações e é compartilhada com outros presos, que não estavam presentes porque, ao contrário dele, receberam o benefício de sair para trabalhar. “Não tem privilégio algum, aquilo lá é um horror. O próprio Ministério Público apontou isso, é um absurdo dizer o contrário. Eu não tenho relação alguma com Zé Dirceu, meu partido faz oposição ao PT e posso afirmar o que vi com meus próprios olhos: não existem regalias.”

Os deputados puderam checar a veracidade da história divulgada pela imprensa de que José Dirceu teria comido feijoada, o que seria uma “regalia”. Na verdade, Dirceu comprou uma lata de feijoada na cantina do presídio, o que é possível a qualquer detento. Durante as visitas, os presos podem receber dos familiares até 125 reais em dinheiro para gastar dentro da Papuda. Absolutamente todos podem fazer isso, de acordo com a direção da penitenciária, que também explicou aos deputados que as diferenças entre as celas são estabelecidas de acordo com a periculosidade do detento. Por exemplo: se a direção considerar que determinado preso pode queimar um colega, não recebe autorização para possuir um forno em sua cela. “É este o critério”, disse Wyllys. Dirceu está magro, porém com postura “digna”, nas palavras do parlamentar.

No último dia 14, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer favorável a que Dirceu, preso desde novembro do ano passado, saia para trabalhar durante o dia –direito que possui qualquer condenado ao regime semiaberto, como ele, mas que lhe tem sido negado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, em razão das supostas “regalias” apontadas pela imprensa. O ex-ministro pediu para trabalhar como auxiliar em um escritório de advocacia em Brasília. Resta saber como ficará sua situação agora, com três deputados dizendo que o ex-ministro não possui regalias e dois outros, da oposição, dizendo que sim. Barbosa liberará Dirceu para trabalhar ou atenderá à mídia e à oposição e o manterá encarcerado, ao arrepio da lei?

Repostado do blog Tijolaço

domingo, 27 de abril de 2014

Os escândalos que assombram a canonização de João Paulo II

 

Arquivo

Vítimas, que vítimas? – perguntou o cardeal Velasio de Paolis. E acrescentou: “Não são apenas estas vítimas”. Depois houve um silêncio de corpo e alma e o olhar um tanto perdido do superior geral dos Legionários de Cristo, nomeado em 2010 para esse cargo pelo então papa Joseph Ratzinger. À pergunta de de Paolis se seguiu uma resposta: as vítimas não eram só os milhares de menores que sofreram com os apetites sexuais das batinas hipócritas, mas também o próprio Vaticano. As vítimas não eram unicamente os menores ou adultos abusados e violentados pelo padre Marcial Maciel, o fundador dessa indústria dos atentados sexuais que foi, durante seu mandato, o grupo dos Legionários de Cristo. A vítima era a Santa Sé, que foi “enganada”.

João Paulo II, o papa que, entre outros horrores, promoveu e encobriu pedófilos e violadores da Igreja, recebeu, ao mesmo tempo em que João XXIII, a canonização. Para além do espetáculo obsceno montado para esta ocasião, dos milhares de fieis na Praça de São Pedro, dos três satélites suplementares para transmitir o ato, para além da fé de muita gente, a canonização do papa polonês é uma aberração e um ultraje para qualquer cristão do planeta. Declarar santo a Karol Wojtyla é se esquecer do escandaloso catálogo de pecados terrestres que pesam sobre este papa: amparo dos pedófilos, pactos e acordos com ditaduras assassinas, corrupção, suicídios jamais esclarecidos, associações com a máfia, montagem de um sistema bancário paralelo para financiar as obsessões políticas de João Paulo II – a luta contra o comunismo -, perseguição implacável das correntes progressistas da Igreja, em especial a da América Latina, ou seja, a frondosa e renovadora Teologia da Libertação.
O “vítimas, que vítimas?” pronunciado em Roma pelo cardeal Velasio de Paolis encobre toda a impunidade e a continuidade ainda arraigada no seio da Igreja. Jurista e especialista em Direito Canônico, De Paolis fazia parte da Congregação para a Doutrina da Fé na época em que – anos 80 – se acumulavam as denúncias contra Marcial Maciel. No entanto, foi ele quem firmou a segunda absolvição do sacerdote mexicano. O ex-padre mexicano Alberto Athié contou à Carta Maior como Maciel sabia distribuir dinheiro e favores para comprar o silêncio das hierarquias. Athié renunciou em 2000 ao sacerdócio e se dedicou à investigação e denúncia dos abusos sexuais cometidos por clérigos e organizações.
O destino de Maciel foi selado por Bento XVI a partir de 2005. Em 2004, antes da morte de Karol Wojtyla, Maciel foi honrado no Vaticano. Neste mesmo ano, Ratzinger reabriu as investigações contra os Legionários. O dossiê Maciel havia sido bloqueado em 1999 por João Paulo II e mantido invisível por outra das figuras mais soturnas da cúria romana, Angelo Sodano, o ex-secretário de Estado de Giovanni Paolo. Sodano é uma pérola digna de figurar em um curso de manobras sujas. Decano do Colégio de Cardeais, ele tinha negócios com os Legionários de Cristo. Um sobrinho dele foi um dos assessores nomeados por Maciel para construir a universidade que os legionários de Cristo têm em Roma, a Universidade Pontífica Regina Apostolorum.
Sodano, que foi o número dois de Juan Paulo II durante quase 15 anos, tinha um inimigo interno, Joseph Ratzinger, um clube de simpatias exteriores cujos dois membros mais eminentes eram o ditador Augusto Pinochet e o violador Marcial Maciel. Sodano e Ratzinger travaram uma batalha sem tréguas: o primeiro para proteger os pedófilos, o segundo para condená-los. Em 2004, Ratzinger obrigou Maciel a se demitir e a se retirar da vida pública. Dois anos depois, já como Bento XVI, o papa o suspendeu “a divinis”. As investigações reabertas por Ratzinger demonstraram que Maciel era um pederasta, tinha duas mulheres, três filhos, várias identidades diferentes e manejava fundos milionários.
As denúncias prévias nunca haviam passado o paredão levantado por Sodano e o hoje Santo João Paulo. A carreira de Sodano é uma síntese do Papado de Karol Wojtyla, onde se mesclam os interesses políticos, as visões ideológicas ultraconservadoras, a corrupção e as manipulações. Angelo Sodano foi Núncio no Chile durante a ditadura de Pinochet. Manteve uma relação amistosa com o ditador e isso permitiu que organizasse a visita que João Paulo II fez ao Chile em 1987. Seu irmão Alessandro foi condenado por corrupção após a operação Mãos Limpas. Seu sobrinho Andrea teve a mesma sorte nos Estados Unidos. O FBI descobriu que Andrea e um sócio se dedicavam a comprar – mediante informação privilegiada – por um punhado de dólares as propriedades imobiliárias das dioceses dos Estados Unidos que estavam em bancarrota devido aos escândalos de pedofilia.
Mas o mundo sucumbiu ao grito de “santo súbito” que reclamava a canonização de um homem que presidiu os destinos da Igreja em seu momento mais infame e corrupto. O papa “viajante”, o papa “amável”, o papa “dos jovens”, era um impostor ortodoxo que deixou desprotegidas as vítimas dos abusos sexuais e os próprios pastores da Igreja quando estes estiveram com suas vidas ameaçadas.
Sua visão e suas necessidades estratégicas sempre se opuseram às humanas. Na trama desta história também há muito sangue, e não só de banqueiros mafiosos como Roberto Calvi ou Michele Sindona, com quem João Paulo II se associou para alimentar com fundos secretos os cofres do IOR (Banco do Vaticano), fundos que serviram para financiar a luta contra o comunismo no leste europeu e contra a Teologia da Libertação na América Latina.
João Paulo II deixou desprotegidos os padres que encarnavam, na América Latina, a opção pelos pobres frente às ditaduras criminosas e seus aliados das burguesias nacionais. Em 2011, cinquenta destacados teólogos da Alemanha assinaram uma carta contra a beatificação de João Paulo II por não ter apoiado o arcebispo salvadorenho Óscar Arnulfo Romero, assassinado em 24 de março de 1980 por um comando paramilitar da extrema-direita salvadorenha, enquanto celebrava uma missa. Romero sim que é e será um santo. O arcebispo enfrentou os militares para pedir-lhes que não assassinassem seu povo, percorreu bairros, zonas castigadas pela repressão e pela violência, defendeu os direitos humanos e os pobres. Em resumo, não esperou que Bergoglio chegasse a Roma para falar de “uma Igreja pobre para os pobres”. Não. Ele a encarnou em sua figura e pagou com sua vida, como tantos outros padres aos quais o Vaticano taxava de marxistas ou comunistas só porque se envolviam em causas sociais.
João Paulo II é um santo impostor que traiu a América Latina e aqueles que, a partir de uma igreja modesta, ousaram dizer não aos assassinos de seus povos. Se, no leste europeu, João Paulo II contribuiu para a queda do bloco comunista, na América Latina favoreceu a queda da democracia e a permanência nefasta de ditaduras e sua ideologia apocalíptica. Um detalhe atroz se soma à já incontável dívida que o Vaticano tem com a justiça e a verdade: o expediente de beatificação de Óscar Romero segue bloqueado nos meandros políticos da Santa Sé. João Paulo II beatificou Josemaría Escrivá, o polêmico fundador da Opus Dei e um de seus protegidos. Mas deixou Romero de fora, inclusive quando estava com sua vida ameaçada. “Cada vez mais sou um pastor de um país de cadáveres”, costumava dizer Romero.
João Paulo II foi eleito em 1978. No ano seguinte, Monsenhor Romero entregou a ele um informe sobre a espantosa violação dos Direitos Humanos em El Salvador. O papa ignorou o informe e recomendou a Romero que trabalhasse “mais estreitamente com o governo”. Como lembrou à Carta Maior Giacomo Galeazzi, vaticanista de La Stampa e autor de uma magistral investigação, “Wojtyla Secreto”, em “seus 25 anos de pontificado nenhum bispo latinoamericanao ligado à ação social ou à Teologia da Libertação foi nomeado cardeal por João Paulo II”. A resposta está em uma frase de outro dos mais dignos representantes da “Igreja dos Pobres”, o falecido arcebispo brasileiro Hélder Câmara. “Quando alimentei os pobres me chamaram de santo; mas quando perguntei por que há gente pobre me chamaram de comunista”.
O show universal da canonização já foi lançado. A imprensa branca da Europa tem a memória muito curta e sua cultura do outro é estreita como um corredor de hospital. Todos celebram o grande papa. Ela promoveu à categoria de santo um homem que tem as mãos sujas, que cometeu a infâmia de encobrir violadores de crianças, de beijar ditadores e legitimar com isso o rastro de mortos que deixavam pelo caminho, de negociar benefícios para a máfia, que sacrificou em nome dos interesses de uma parte da Europa a misericórdia e a justiça de outros, entre eles os da América Latina. Estão canonizando um trapaceiro. O cúmulo da esperteza, do erro imemorial.
Em que altar se ajoelharão as vítimas dos abusadores sexuais e das ditaduras? Podemos levantar todos juntos um lugar aprazível e justo na memória com as imagens do padre Múgica ou do Monsenhor Romero para nos reencontrarmos com a beatitude o sentido de quem, por um ideal de justiça e igualdade, enfrentou a morte sem pensar nunca em si mesmo, ou em baixas vantagens humanas.
(Eduardo Febbro/via Carta Maior- Tradução: Marco Aurélio Weissheimer)

sábado, 26 de abril de 2014

A copa, senhoras e senhores, não é do PT. É do Brasil. Pode torcer a vontade.

A copa é do Brasil não do PT

Talvez o problema seja de origem. É que se por um lado FHC trazia o FMI, por outro Lula trouxe a Copa. E são os comunistas do PCdoB que estão à frente do Ministério dos Esportes faz mais de uma década. A antipatia com ambos estimulou e desenvolveu o pensamento conservador brasileiro a ir aos poucos contestando a Copa, coisa que era desejo de décadas do povo brasileiro. Chegam até ao absurdo de dizer que João Figueiredo, o último ditador militar, se negou a sediar a copa para priorizar a saúde e a educação. Como se vê, ele revolucionou as duas áreas...

Aí então parece que o Brasil sediar a copa passou a ser a origem de todos os problemas do país. "Porque a educação brasileira não é perfeita?", ora porque botaram a grana toda na Copa. Sem resposta, esse pensamento simplista e absolutamente equivocado foi se consolidando. Gerou vigorosas manifestações no ano passado. Hoje não adianta mostrar que o orçamento da educação por ano é 4 vezes maior que o custo da Copa (http://goo.gl/qsK2aJ), qualquer carteira quebrada numa escola é culpa do evento. Dizer que na saúde se gasta 5 vezes mais do que a Copa POR ANO (http://goo.gl/i0XgEU) não entra na cabeça daquele que torce para que a copa seja um fiasco.

Muito disso está na campanha midiática de gerar escândalos a qualquer custo. Mas está também na absoluta incompetência comunicativa do atual governo, o pior de todos os tempos nessa área (viu Reinaldo Azevedo, em alguma coisa a gente concorda). Há, além disso, a absoluta arrogância da FIFA e muita confusão de prefeituras na hora de executar seus projetos e obras locais, inclusive no caso das remoções que deixaram 25 mil famílias insatisfeitas (antes que nos batam, 250 mil remoções, 10% não curtiram e DEVEM buscar reparação judicial). Prefeitos e governadores aproveitaram a Copa pra incluir trocentas obras de mobilidade como obras do evento - justas - mas que as vezes nada tem a ver com o evento. Tem até hospital na Matriz da Copa.

Fora isso tudo, a copa é um INVESTIMENTO que se faz e que dá LUCRO ao país, além do lucro dado aos que exploram comercialmente o evento em todas as suas áreas. Os gastos com estádios, por exemplo, já foram pagos só com o que entrou no estado brasileiro com a Copa das Confederações (http://goo.gl/evGXbm).

Outra loucura é achar que o Brasil não vai ter capacidade de organizar a Copa. Se já fizemos uma em 1950, imagine agora...

Mas acima de tudo o que se fez de pior foi partidarizar o evento. Os que não gostam do governo, encontraram na Copa a antipatia necessária para atacá-lo. Não entendem que a dimensão do Mundial 2014 ultrapassa em muito o papel do governo federal, que entrou nas obras de mobilidade e como coordenador das ações envolvidas. Os estádios ou são estaduais, ou são de clubes, ou são de consórcios que vão explorar seus lucros. Alguns deles belíssimos, como a Arena Pernambuco, construída pelo neo oposicionista Eduardo Campos. Ou o fantástico Mineirão, feito pelo governo mineiro. O estádio do Corinthians, onde vai ter abertura da Copa, conta com apoio público, do Governo de São Paulo, de Geraldo Alckmin. A comercialização do evento é praticamente toda privada, o governo só taxa os impostos. A Globo vai ganhar uma pequena fortuna gerando imagens para o mundo todo. Os hotéis que vão abrigar mais de 600 mil turistas, que gastam entre 300 e 600 dólares por dia, são todos privados. As companhias aéreas contam com a copa para suspirar, pois seus gastos com investimentos diante do aumento dos voos são sufocantes (não é à toa que TAM e GOL tem prejuízos todos os anos, apesar de ter quadruplicado a venda de passagens. Precisam pagar pelos aviões comprados). Os 250 milhões que serão gastos com churrasquinho e souvenirs não tem nada a ver com o governo, que nem vai ver imposto disso.

Definitivamente, não matem a alegria de um povo que ama e venera o futebol. Isso é pura tolice. A experiência mostra que o resultado da Copa não influenciará as eleições. A seleção pode ser campeã e Dilma perder, como aconteceu com a vitória de Lula em 2002 no governo FHC. O Brasil pode ser derrotado e Dilma ganhar, como aconteceu nas últimas copas. Dilma, Aécio e Eduardo e todos os candidatos vão torcer pela seleção brasileira. Sabem que o evento vai botar mais de 120 bilhões no caixa do governo para poderem investir em seus projetos para o país. Fora o que botam no caixa de governos estaduais.

Torcer pelo sucesso da copa não é governismo, é patriotismo. Além dos bilhões, a copa vai gerar visibilidade positiva ao país, vai enaltecer nossas belezas e nosso povo para o mundo inteiro. Quem pode ser contra isso?

A copa, senhoras e senhores, não é do PT. É do Brasil. Pode torcer a vontade.

Talvez o problema seja de origem. É que se por um lado FHC trazia o FMI, por outro Lula trouxe a Copa. E são os comunistas do PCdoB que estão à frente do Ministério dos Esportes faz mais de uma década. A antipatia com ambos estimulou e desenvolveu o pensamento conservador brasileiro a ir aos poucos contestando a Copa, coisa que era desejo de décadas do povo brasileiro. Chegam até ao absurdo de dizer que João Figueiredo, o último ditador militar, se negou a sediar a copa para priorizar a saúde e a educação. Como se vê, ele revolucionou as duas áreas...

Aí então parece que o Brasil sediar a copa passou a ser a origem de todos os problemas do país. "Porque a educação brasileira não é perfeita?", ora porque botaram a grana toda na Copa. Sem resposta, esse pensamento simplista e absolutamente equivocado foi se consolidando. Gerou vigorosas manifestações no ano passado. Hoje não adianta mostrar que o orçamento da educação por ano é 4 vezes maior que o custo da Copa (http://goo.gl/qsK2aJ), qualquer carteira quebrada numa escola é culpa do evento. Dizer que na saúde se gasta 5 vezes mais do que a Copa POR ANO (http://goo.gl/i0XgEU) não entra na cabeça daquele que torce para que a copa seja um fiasco.

Muito disso está na campanha midiática de gerar escândalos a qualquer custo. Mas está também na absoluta incompetência comunicativa do atual governo, o pior de todos os tempos nessa área (viu Reinaldo Azevedo, em alguma coisa a gente concorda). Há, além disso, a absoluta arrogância da FIFA e muita confusão de prefeituras na hora de executar seus projetos e obras locais, inclusive no caso das remoções que deixaram 25 mil famílias insatisfeitas (antes que nos batam, 250 mil remoções, 10% não curtiram e DEVEM buscar reparação judicial). Prefeitos e governadores aproveitaram a Copa pra incluir trocentas obras de mobilidade como obras do evento - justas - mas que as vezes nada tem a ver com o evento. Tem até hospital na Matriz da Copa.

Fora isso tudo, a copa é um INVESTIMENTO que se faz e que dá LUCRO ao país, além do lucro dado aos que exploram comercialmente o evento em todas as suas áreas. Os gastos com estádios, por exemplo, já foram pagos só com o que entrou no estado brasileiro com a Copa das Confederações (http://goo.gl/evGXbm).

Outra loucura é achar que o Brasil não vai ter capacidade de organizar a Copa. Se já fizemos uma em 1950, imagine agora...

Mas acima de tudo o que se fez de pior foi partidarizar o evento. Os que não gostam do governo, encontraram na Copa a antipatia necessária para atacá-lo. Não entendem que a dimensão do Mundial 2014 ultrapassa em muito o papel do governo federal, que entrou nas obras de mobilidade e como coordenador das ações envolvidas. Os estádios ou são estaduais, ou são de clubes, ou são de consórcios que vão explorar seus lucros. Alguns deles belíssimos, como a Arena Pernambuco, construída pelo neo oposicionista Eduardo Campos. Ou o fantástico Mineirão, feito pelo governo mineiro. O estádio do Corinthians, onde vai ter abertura da Copa, conta com apoio público, do Governo de São Paulo, de Geraldo Alckmin. A comercialização do evento é praticamente toda privada, o governo só taxa os impostos. A Globo vai ganhar uma pequena fortuna gerando imagens para o mundo todo. Os hotéis que vão abrigar mais de 600 mil turistas, que gastam entre 300 e 600 dólares por dia, são todos privados. As companhias aéreas contam com a copa para suspirar, pois seus gastos com investimentos diante do aumento dos voos são sufocantes (não é à toa que TAM e GOL tem prejuízos todos os anos, apesar de ter quadruplicado a venda de passagens. Precisam pagar pelos aviões comprados). Os 250 milhões que serão gastos com churrasquinho e souvenirs não tem nada a ver com o governo, que nem vai ver imposto disso.

Definitivamente, não matem a alegria de um povo que ama e venera o futebol. Isso é pura tolice. A experiência mostra que o resultado da Copa não influenciará as eleições. A seleção pode ser campeã e Dilma perder, como aconteceu com a vitória de Lula em 2002 no governo FHC. O Brasil pode ser derrotado e Dilma ganhar, como aconteceu nas últimas copas. Dilma, Aécio e Eduardo e todos os candidatos vão torcer pela seleção brasileira. Sabem que o evento vai botar mais de 120 bilhões no caixa do governo para poderem investir em seus projetos para o país. Fora o que botam no caixa de governos estaduais.

Torcer pelo sucesso da copa não é governismo, é patriotismo. Além dos bilhões, a copa vai gerar visibilidade positiva ao país, vai enaltecer nossas belezas e nosso povo para o mundo inteiro. Quem pode ser contra isso?

A copa, senhoras e senhores, não é do PT. É do Brasil. Pode torcer a vontade.

Repostado do portal Política no Face

A democracia e a crise na África do Sul, 20 anos pós-apartheid

ÁFRICA

A democracia e a crise na África do Sul, 20 anos pós-apartheid

O momento do fim do apartheid, em 1994, coincidiu com o clima do Consenso de Washington. Esses acordos entregaram aos negros o controle da política; mas o controle da economia ainda é dos brancos

por Emir Sader, da Cartamaior publicado 26/04/2014 16:22

HALDEN KROG/EFE/EPA

Africa do Sul

O fim do regime de segregação racial não bastou para romper com a economia de segregação social

Ao mesmo tempo em que comemora os 20 anos da eleição de Nelson Mandela como presidente e o fim do apartheid (24/4/1994), a África do Sul se prepara para sua quinta eleição presidencial, dia 7 de maio. O contraste não poderia ser maior entre a gestão final do regime de apartheid – simbolizado pela figura do Mandela, mais engrandecida ainda com as cerimônias da sua morte – e o descontentamento e o desânimo com as novas eleições presidenciais.

O contraste é claro entre o consenso obtido pelo fim do apartheid e a sociedade que é a Africa do Sul hoje. A falta de interesse pela quinta eleição presidencial é um reflexo do que é hoje a sociedade sul-africana, convivendo com a miséria, a injustiça e a desigualdade.

Os governos da ANC (Congresso Nacional Africano) aumentaram substancialmernte os investimentos sociais, o Estado pós apartheid criou mecanismos de participação popular.

No entanto, a promessa de que o fim do apartheid significaria “uma vida melhor para todos”, está longe de acontecer. Há uma diferença enorme entre a transformação política do fim do regime de apartheid e a manutenção das condições sociais herdadas do antigo regime.

É possível compreender esse paradoxo a partir do próprio pacto político de transição para a África do Sul pós apartheid. As negociações de paz foram possíveis pela luta do povo sul-africano e pela solidariedade internacional, mas não foram suficientes para simplesmente derrubar o regime de apartheid, que contava com superioridade militar e com o apoio dos Estados Unidos. Os acordos representaram o fim do regime de apartheid, mas não trouxeram ao país a transformação democrática de suas estrututras econômicas.

Não significa que tudo seguiu igual. Os governos da ANC incrementaram os gastos em políticas sociais, se ampliou uma classe média negra e, sobretudo, aluns setores negros foram anexados à elite do pais. Mas a grande massa da população continua vivendo em condições miseráveis, com um desemprego que chegou já a superar os 20%, com índices que dobram essa cifra para a população negra.

Desde o começo do fim do apartheid, os governos sulafricanos fizeram acordos com o FMI, com todas as consequências que conhecemos. O momento do fim do apartheid coincidiu também com o fim da União Soviética e o clima do Consenso de Washington. O certo é que esses acordos entregaram aos negros – através de seu partido, o Congresso Nacional Africano – o controle da política, mas deixaram o controle da economia nas mãos dos brancos.

Os controles sobre a circulação de capitais foram afrouxados, empresas estatais foram privatizadas, não houve prioridade nas políticas sociais. A economia cresceu até a crise internacional iniciada em 2008, frente à qual a África do Sul não apresentou mecanismos de defesa, desarticulados por políticas econômicas neoliberais.

Como resultado do clima de desânimo e de desinteresse, Zuma deve se reeleger em maio para um segundo mandato, mas com muitos setores populares votando por pequenos partidos, alguns pelo DA – o principal partido opositor, liberal, com predomínio dos brancos – e com setores descontentes da própria ANC fazendo campanha por “Não votar”.

Depois do fim do apartheid a África do Sul teve um governo de Nelson Mandela, dois de Thabo Mbeki e um de Jacobo Zuma. Este pode pode ser o último da ANC, caso setores da oposição – liberais por um lado, agrupações  menores da esquerda por outro – consigam capitalizar o enorme descontentamento no país, a 20 anos  do regime pós-apartheid.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Dez perguntas e respostas para entender a compra de Pasadena

home

Blog Fatos e Dados

24.Abr.2014

1 – Qual foi o objetivo da compra da refinaria de Pasadena?

O propósito da Petrobras era capturar as altas margens do petróleo processado nos Estados Unidos na época. Como o petróleo proveniente do campo de Marlim era pesado e valia menos, era necessário processá-lo em uma refinaria mais complexa. Assim, após o refino tradicional, seria possível transformar os derivados pesados em produtos mais leves e mais valorizados.

Foi realizado um mapeamento de oportunidades nos Estados Unidos e duas consultorias de renome apontaram efetivas oportunidades de operação no Golfo do México. Essas informações indicavam a viabilidade da compra da refinaria de Pasadena. Logo em seguida, a planta deveria ser modernizada e ampliada para processar o petróleo de Marlim.

2 – Quanto a Petrobras pagou pela refinaria?

Foram desembolsados US$ 554 milhões com a compra de 100% das ações da PRSI-Refinaria e US$ 341 milhões por 100% das quotas da companhia de trading (comercializadora de petróleo e derivados), totalizando US$ 895 milhões.

Adicionalmente, houve o gasto de US$ 354 milhões com juros, empréstimos e garantias, despesas legais e complemento do acordo com a Astra. Desta forma, o total desembolsado com o negócio Pasadena foi de US$ 1,249 bilhão.

3 – Qual foi o preço pago pela Astra pela refinaria?

A Comissão de Apuração Interna, instaurada em março pela companhia, apurou que a Astra não desembolsou apenas US$ 42,5 milhões pela compra da refinaria. Este suposto valor, a propósito, nunca foi apresentado pela Petrobras.

Até o momento, análises da Petrobras indicam que a Astra desembolsou pelo conjunto de Pasadena aproximadamente US$ 360 milhões. Deste valor, US$ 248 milhões foram pagos à proprietária anterior (Crown) e US$ 112 milhões correspondem a investimentos realizados antes da venda à Petrobras.

Cabe destacar que a operação não envolvia apenas a compra da refinaria, mas sim um negócio bem mais amplo e diversificado. A unidade industrial de refino era parte menor de um complexo empreendimento que envolvia, também, um grande parque de armazenamento, estoques nos tanques, contratos de comercialização com clientes e contratos com a infraestrutura de acessos e escoamento. Envolvia, ainda, conhecimentos sobre o mercado e demais competências para operar no mercado norte-americano, em uma das zonas mais atrativas dos Estados Unidos.

4 - Afinal, a compra foi um bom ou um mau negócio?

Na época da compra, o negócio era muito vantajoso para a Petrobras, considerando as altas margens de refino vigentes e a oportunidade de processar o petróleo pesado do campo de Marlim no exterior e transformá-lo em derivados (produtos de maior valor agregado) para venda no mercado americano.

Posteriormente, houve diversas alterações no cenário econômico e do mercado de petróleo, tanto brasileiro quanto mundial. A crise econômica de 2008 levou à redução do consumo de derivados e, consequentemente, à queda das margens de refino. Além disso, houve a descoberta do pré-sal, anunciada em 2007. Assim, o negócio originalmente concebido transformou-se em um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido.

5 – Como a compra da refinaria foi aprovada?

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou em 2006 a compra de 50% de participação em Pasadena, pelo valor de US$ 359 milhões. A operação estava alinhada ao planejamento estratégico vigente, que determinava a expansão internacional da Petrobras, contribuindo para o aumento da comercialização de petróleo e derivados produzidos pela companhia.

6 – As cláusulas “Put Option” e “Marlim” estavam no resumo executivo?

O resumo executivo originado pelo Diretor da Área Internacional e apresentado ao Conselho de Administração sobre a compra da refinaria de Pasadena não citava as cláusulas de “Marlim” e “Put Option”, nem suas condições e preço de exercício.

7 – Por que a Petrobras comprou os outros 50% da refinaria?

A partir de 2007, houve desentendimentos entre a Petrobras e a Astra em relação à gestão e ao projeto de expansão da refinaria. Em dezembro daquele ano, a Astra enviou à Diretoria Internacional da Petrobras uma carta de intenções para a venda dos outros 50%. Em março de 2008, a Diretoria da Petrobras apreciou e submeteu a proposta de compra ao Conselho de Administração, que não a autorizou. A Astra exerceu sua opção de venda (“Put Option”) e a Petrobras assumiu o controle da integralidade da refinaria ainda em 2008, após disputa judicial. Em 2012, tomando por base laudo arbitral confirmado judicialmente, houve uma negociação final entre as partes, considerada completa e definitiva.

8 – Qual foi a razão do desentendimento entre Astra e Petrobras?

A Astra não concordou em fazer investimentos na ampliação e modernização do parque de refino. A intenção era ampliar a capacidade de Pasadena para 200 mil barris por dia, que era a solução desejada pela Petrobras e que se mostrava mais interessante para processar o petróleo de Marlim.

9 – Qual é a situação atual da refinaria?

A refinaria, que tem capacidade de refino de 100 mil barris por dia, está em plena atividade, opera com segurança e vem dando resultado positivo este ano. A unidade tem localização privilegiada, num dos principais centros de petróleo e derivados dos Estados Unidos. Opera com petróleo leve, disponível nos Estados Unidos a partir do crescimento da produção local de óleo não-convencional (tight oil).

A Petrobras já recebeu propostas pela compra de Pasadena, mas decidiu manter a refinaria fora do pacote de desinvestimentos até que sejam concluídas as investigações em curso. Só então decidirá o que fazer, considerando as condições do mercado.

10 – Como o caso está sendo apurado na Petrobras?

No dia 24 de março, foi instaurada uma Comissão Interna de Apuração na Petrobras sobre a aquisição da refinaria de Pasadena para esclarecer todas as questões que vêm sendo discutidas na sociedade. Além disso, a companhia é fiscalizada e colabora com os órgãos de controle como o TCU, a CGU e o Ministério Público. Desde novembro de 2012, foram respondidas 16 solicitações do TCU e cinco da CGU sobre Pasadena.

Postado em: [Atividades, Esclarecimentos, Institucional]

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Medir o êxito de um país pelo PIB ainda faz sentido?

Atualizado em  20 de abril, 2014 - 08:44 (Brasília) 11:44 GMT

Reuters

Rápido crescimento econômico não significa, necessariamente, mais qualidade de vida

Principal indicador econômico há quase um século, seria o PIB (Produto Interno Bruto) a melhor forma de medir o êxito de um país?

Uma conhecida crítica ao PIB diz que ele "mede tudo, exceto aquilo que faz a vida valer a pena". A frase ficou famosa com a declaração de um integrante de um dos principais clãs políticos americanos, o ex-senador Bobby Kennedy, em 1968.

Notícias relacionadas

Tópicos relacionados

Em outras palavras, o PIB - que nasceu nos anos da Grande Depressão (anos 1930) e da Segunda Guerra (1939-1945) para mensurar o tamanho e a riqueza de uma economia - está irremediavelmente viciado como uma medida do bem-estar humano. E cada vez mais ele é questionado.

A ONG Social Progress Imperative, liderada pelo economista Michael Porter, da Universidade de Harvard, sugere uma revisão do índice. Não se trata de enterrar de vez o PIB, mas de complementá-lo com um índice que mede tudo, menos o rendimento econômico.

"Se você eliminar os indicadores econômicos", diz Michael Green, diretor executivo do grupo, é possível "ver a relação entre o progresso econômico e social e entendê-lo muito melhor".

Medindo o progresso social

Green, que por muitos anos estudou o desenvolvimento internacional, propôs no Fórum Econômico Mundial um novo índice, juntamente como o diretor do escritório americano da revista britânica The Economist, Matthew Bishop.

O mecanismo em questão é o Índice de Progresso Social (SPI, na sigla em inglês), que começou colhendo informações de 54 diferentes indicadores de bem-estar, tais como o acesso às escolas, cuidados de saúde, um meio ambiente limpo, saneamento e nutrição.

Em termos gerais, todos giram em torno de três perguntas:

1. O país pode prover as necessidades mais básicas de seus habitantes?

2. Foram dadas as bases de sustentação para que pessoas e comunidades consigam melhorar seu bem-estar de forma sustentável?

3. Existem oportunidades para que todos os indivíduos consigam alcançar seu máximo potencial?

SPI

Quanto mais escuro um país no mapa, maior seu progresso social

Não há muita surpresa no topo da lista que engloba 132 países. As primeiras dez posições são ocupadas por todos os países nórdicos, além de democracias liberais, como Nova Zelândia, Austrália e Canadá.

Em seguida, no segundo nível da tabela, estão cinco membros do G7: Alemanha, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e França.

O ponto forte do Japão, por exemplo, está no fato de o país conseguir prover as necessidades básicas de seus cidadãos. O país, no entanto, fica abaixo da média de bem-estar e oportunidades e tem baixa pontuação no quesito tolerância e inclusão.

Já os Estados Unidos ocupam a posição 23 na categoria de provimento de necessidades básicas, más é o quinto país quando se fala em oferecer oportunidades. Apesar de ser o país que mais gasta com atenção médica no mundo, os Estados Unidos também não se saíram bem na categoria esperança de vida.

O Brasil, por sua vez, está na posição 46 entre os 132 países. Quando comparado a outros países de renda per capita semelhante (como Irã, África do Sul, Sérvia, Venezuela, Argentina, Tailândia, entre outros), o país se sai melhor em quesitos como liberdade de expressão, tolerância e acesso à saúde básica, mas vai pior nos rankings de violência, saneamento e acesso ao esnino universitário.

Getty Images

A violência elevada no Brasil reduz o progresso social do país, aponta o novo índice

Primavera árabe

Ainda que boa parte da informação coletada ainda precise ser processada para que se extraiam conclusões mais significativas, o índice já nos dá algumas lições interessantes sobre a distinção entre estruturas econômicas e sociais.

"Tomemos como exemplo a primavera árabe", diz Green. "Há um grupo de países que estavam indo muito bem economicamente e, de repente, ocorre um colapso social", argumenta.

"Claramente uma política baseada apenas no crescimento econômico não funcionou, a ponto de gerar uma anomia social", diz.

Mas é só passar o olho no índice SPI para ver que esse descontentamento poderia ter sido previsto.

"Todos os países da África do Norte tem um desempenho muito ruim na categoria oportunidades", avalia Green.

"Não se travam precisamente de necessidades materiais, mas sim a oportunidade de avançar na vida: direitos, liberdades, opções, tolerância e inclusão", dzi.

"Liberdade", disse uma vez o líder trabalhista inglês Nye Bevan, "é o subproduto do excedente econômico". O índice SPI, no entanto, contradiz parcialmente essa teoria.

AFP

Apesar do crescimento econômico, falta liberdade em países como o Egito

Ainda que SPI mostre que a pobreza extrema e o desempenho social deficiente caminhem de mãos dadas, a correlação perde o sentido quando os países alcançam um determinado nível de prosperidade.

A parte de baixo da tabela está dominada por economias em aperto, mas países ricos em petróleo como Rússia e Arábia Saudita também tem desempenho muito precário em termos de desenvolvimento social.

Nova Zelândia e Itália, que estão próximas em termos de PIB, estão separadas por 29 posições na tabela do SPI.

'Destino'

Em outras palavras, para Green "o PIB não é o destino". Já houve várias tentativas de complementar ou substituir o PIB. A ONU, por exemplo, desenvolveu o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano.

Recentemente, um ex-alto-funcionário britânico, Gus O'Donnell, publicou um relatório sobre bem-estar e política, investigando os principais motores econômicos, sociais e pessoais da felicidade.

O ponto forte do SPI, segundo Green, é a diversidade de indicadores que leva em consideração e o fato de que todos eles, da tolerância religiosa ao abastecimento elétrico, podem ser comparados com o crescimento do PIB.

Analisar dentro do SPI os indicadores que têm relação com o aumento da felicidade poderia dar pistas sobre o desenvolvimento das nações.

Paraguai

Mas nem todos estão de acordo com a ideia de que o PIB não mede o bem-estar. Nick Oulton, da London School of Economics, argumenta que o crescimento econômico pode ser uma boa medida de bem-estar de um país.

"Não vai resolver todos os problemas, mas o aumento da riqueza pode levar à queda na mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida e a que as pessoas sejam mais saudáveis porque podem comer mais", diz.

Oulton vai além e diz que há o risco de o grupo dos anti-PIB de "incitar políticas intrusivas". É como se estivessem dizendo: "Você acha que sabe o que é o melhor para você, mas nós sabemos mais".

Em última instância, o êxito do SPI será medido por sua influência na tomada de decisões políticas.

Algum países já estão tomando nota. Em julho do ano passado o Paraguai se tornou o primeiro país a usar oficialmente o SPI para fundamentar a tomada de decisões políticas.

Mas a real utilidade do SPI vai se dar quando se puder compará-lo com outros dados. Comparar o SPI e os gastos públicos, por exemplo, pode ajudar a resolver o debate sobre o Estado mínimo ou o Estado grande.

Outra prova da utilidade seria a medição da desiguladade da renda em comparação ao progresso social para comprovar a "hipótese da desiguladade": Mais igualdade de renda significa mais saúde e felicidade?

Adote-se o SPI ou não, uma coisa e certa: já é um avanço o fato de o SIP estar disponível e ser possível fazer experiências com as informações

Repostado do portal da BBC

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O capitalismo global está destruindo a raça humana

 

Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. Ele levou a ganância a um patamar de força determinante da história.


Paul Craig Roberts (*)

Arquivo

A teoria econômica ensina que os movimentos financeiros a preços e lucros livres garantem que o capitalismo produz o maior bem-estar para o maior número de pessoas. Perdas indicam atividade econômica em que os custos excedem o valor da produção, de modo que investimentos nestas áreas devem ser restritos. Lucros indicam atividades em que o valor de produção excede o custo, que fazem o investimento crescer. Os preços indicam a escassez relativa e o valor das entradas e saídas, servindo assim para organizar a produção mais eficientemente.
Essa teoria nao é o que funciona quando o governo dos EUA socializa custos e privatiza lucros, como vem sendo feito com o apoio do Banco Central aos bancos “grandes demais para quebrarem” e quando um punhado de instituições financeiras concentram tamanha atividade econômica. Bancos “privados” subsidiados não são diferentes das outrora publicamente subsidiadas indústrias da Grã Bretanha, França, Itália e dos países então países comunistas. Os bancos impuseram os custos de sua incompetência, ganância e corrupção sobre os contribuintes.
Na verdade, as empresas socializadas na Inglaterra e na França eram dirigidas mais eficientemente, e nunca ameaçavam as economias nacionais, menos ainda o mundo inteiro de ruína, como os bancos privados dos EUA, os “grande demais para quebrar” o fazem.  Os ingleses, franceses e os comunistas nunca tiveram 1 bilhão de dólares anuais, para salvar um punhado de empresas financeiras corruptas e incompetentes.
Isso só ocorre no “capitalismo de livre mercado”, em que capitalsitas, com a aprovação da corrupta Suprema Corte dos EUA, pode comprar o governo, que os representa, e não o eleitorado. Assim, a tributação e o poder de criação de dinheiro do governo são usados para bancar poucas instituições financeiras às custas do resto do país. É isso o que significa “mercados autorregulados”.
Há muitos anos, Ralhp Gomery alertou que os danos para os trabalhadores estadunidenses dos empregos no exterior seria superado pela robótica. Gomery me disse que a propriedade de patentes tecnológicas é altamente concentrada e que as inovações tornaram os robôs cada vez mais humanos em suas capacidades. Consequentemente, a perspectiva para o emprego humano é sombria.
As palavras de Gomory reverberam em mim quando leio o informe da RT, de 15 de fevereiro último, com especialistas de Harvard que construíram máquinas móveis programadas com com termos lógicos de auto-organização e capazes de executarem tarefas complexas sem direção central ou controle remoto.
A RT não entende as implicações. Em vez de levantar uma bandeira vermelha, a RT se entusiasma: “as possibilidades são vastas. As máquinas podem ser feitas para construir qualquer estrutura tri-dimensional por si sós, e com mínima instrução. Mas o que é realmente impressionante é a sua capacidade de adaptação ao seu ambiente de trabalho e a cada um deles; para calcular perdas, reorganizar esforços e fazer ajustes. Já está claro que o desenvolvimento fará maravilhas para a humanidade no espaço, e em lugares de difícil acesso e em outras situações difíceis”.
Do modo como o mundo está organizado, sob poucos e imensamente poderosos e gananciosos interesses privados, a tecnologia nada fará pela humanidade. A tecnologia significa que os humanos não serão mais requeridos na força de trabalho e que os exércitos de robôs sem emoção tomarão o lugar dos exércitos humanos e não há qualquer remorso quanto a destruir os humanos que os desenvolveram. O quadro que emerge é mais ameaçador que as previsões de Alex Jones. Diante da pequena demanda por trabalho humano, muito poucos pensadores preveem que os ricos pretendem aniquilar a raça humana e viver num ambiente dentre poucos, servidos por seus robôs. Se essa história ainda não foi escrita como ficção científica, alguém deveria se dedicar a fazê-lo, antes que se torne algo comum da realidade.
Os cientistas de Harvard estão orgulhosos de sua conquista, assim como sem dúvida estavam os participantes do Projeto Manhattan, em relação à conquista por terem produzido uma arma nuclear. Mas o sucesso dos cientistas do Projeto Manhattan não foi muito bom para os residentes de Hiroshima e Nagasaki, e a perspectiva de uma guerra nuclear continua a lançar uma nuvem negra sobre o mundo.
A tecnologia de Harvard provará que é inimiga da raça humana. Esse resultado não é necessário, mas os ideólogos do livre mercado pensam que qualquer planejamento ou antecipação é uma interferência no mercado, que sempre sabe melhor (daí a atual crise financeira e econômica). A ideologia do livre mercado alia-se ao controle social e serve a interesses de curto prazo de gananciosos grupos privados. Em vez de ser usada para a humanidade, a tecnologia será usada para o lucro de um punhado.
Essa é a intenção, mas qual é a realidade? Como pode haver uma economia de consumo se não há emprego? Não pode, que é o que estamos aprendendo gradativamente com a exportação de empregos pelas corporações globais, para o exterior. Por um período limitado uma economia pode continuar a funcionar na base de empregos de meio turno, rebaixamento de salários, cartões de benefícios sociais – de segurança alimentar e auxílio-desemprego.
Quando a poupança cai, no entanto, quando os políticos sem coração que demonizam os pobres cortam esses benefícios, a economia deixa de produzir mercado para consumir os bens importados que as corporações trazem para vender.
Aqui vemos o fracasso total da mão invisível de Adam Smith. Cada corporação em busca de vantagens gerenciais maiores, determinadas pelos lucros obtidos em parte pela produção da destruição do mercado consumidor dos EUA e da miséria maior de todos.
A economia smithiana aplica-se a economias nas quais os capitalistas têm algum sentido de vida comum com outros cidadãos do país, como o tinha Henry Ford.
Algum tipo de pertencimento a um país ou a uma cidade. A globalização destrói esse sentido. O capitalismo evoluiu ao ponto em que os interesses econômicos mais poderosos, os interesses que controlam o próprio governo, não têm sentido de obrigação com o país nos quais seus negócios estão registrados. Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já teve diante de si.
O capitalismo internacional levou a ganância a um patamar de força determinante da história. O capitalismo desregulado e dirigido pela ganância está destruindo as perspectivas de emprego no mundo desenvolvido e no mundo em desenvolvimento, cujas agriculturas se tornaram monoculturas para exportação a serviço dos capitalistas globais, para alimentarem a si mesmos. Quando vier a quebradeira, os capitalistas deixarão “a outra” humanidade à míngua.
Enquanto isso, os capitalistas declaram, em seus encontros de cúpula, “que há muita gente no mundo”.
(*) Diretor do Institute for Political Economy. Versão original do artigo aqui.
(**) Tradução: Louise Antônia León

Repostado da Carta Capital

terça-feira, 22 de abril de 2014

Pará: o paradoxo da riqueza sem progresso

 

22 DE ABRIL DE 2014

valedoriodoceru7

Pelo porto de São Luiz, escorre riqueza mineral do Estado. Cofres da Vale enchem-se; população empobrece e sofre com serviços públicos degradados

Por Lúcio Flávio Pinto, em A Vale que vale

Um número cada vez maior de paraenses, sobretudo aqueles que têm a oportunidade de confrontar o que acontece na sua terra com outras realidades, dentro e fora do Brasil, se inquietam diante de uma realidade que se impõe: embora o Pará cresça, não acompanha a evolução dos Estados que já estavam no topo do ranking nacional ou que a ele se agregam em função do seu melhor desempenho recente. Como isso acontece, se o Pará é tão rico em recursos naturais?

A resposta poderia começar a ser buscada trocando-se o sinal interrogativo pelo afirmativo: isso acontece porque o Pará é rico em recursos naturais. Um território tão bem dotado de minérios, água, florestas, solos e espaço parte com vantagens comparativas (ou competitivas) invejáveis. Não significa que alcançará primeiro o ponto de chegada. Pode dar-se exatamente o contrário: confiando na abundância de seus bens naturais, que constituem um invejável capital físico, subestima ou desdenha sua capacidade de utilizar esse potencial. Não investe na qualificação humana o suficiente para saber o que fazer (e como fazer) para tirar o maior proveito possível desses atributos geográficos.

O Pará, que tem o segundo mais extenso território da federação brasileira e sua nona maior população, cai vertiginosamente de posição quando a mensuração considera os fatores sociais. A esmagadora maioria da sua população vive mal, com serviços de saúde e de alimentação precários e insatisfatórios, e uma educação que se situa dentre as piores do país, no rabo da fila de uma rede pública que se degrada, com honrosas exceções. Os demais serviços também não acompanham a demanda, obrigando o cidadão comum (incapaz de pagar para atingir o limbo das exceções) a perder tempo e energia, que lhe farão falta na sua progressão pessoal, com as conhecidas consequências nocivas para a coletividade.

Para exemplificar esse despreparo não é necessário nem analisar os casos mais graves de dilapidação, como a destruição da floresta, a degradação dos solos ou a poluição dos cursos d’água. Examinemos o caso mais emergente num contexto de urgências numerosas desencadeadas pela péssima abordagem da natureza na “fronteira” paraense: os minérios. Eles constituem 85% da nossa pauta de exportações, que respondem por nossa principal importância para o Brasil: somos o quinto Estado exportador (na média dos últimos anos) e o terceiro que mais gerou divisas (em 2009). Nenhuma outra contribuição paraense é mais expressiva à riqueza nacional (somos o 21º em PIB per capita, o melhor índice para medir o resultado interno do aproveitamento econômico).

Qualquer um haverá de dar a receita para acabar com essa anomalia de extrair sempre mais minérios sem se desenvolver: deixar de vender matérias primas e passar a produzir bens manufaturados. É o esquema de muitas décadas e séculos. Foi assim que os Estados Unidos, país equiparável ao nosso (e tentação fácil em muitos estudos de história comparada), deixaram de ser colônia inglesa para desbancar a matriz da sua dominação imperial. Também os americanos são bem dotados de recursos naturais. Só que não se deitaram em berço esplêndido: se desenvolveram tecnologicamente à base de educação de primeira e ciência prioritária.

Não podemos seguir a mesma fórmula porque o mundo mudou. Sua principal mudança foi ter-se tornado plano, como argumenta o jornalista Thomas Friedman em seu livro perspicaz sobre a globalização. Não vou considerar os efeitos nocivos desse processo. Apenas me deterei no que se tornou inquestionável: a universalização, como jamais houve antes e nunca imaginamos que viesse a acontecer. Antes se falava em internacionalização, com um sentido negativo e tenso tão caro à geopolítica aplicada na Amazônia. A Amazônia passou a fazer parte do mundo antes de se integrar ao próprio país, seguindo um curso mais inconstante e traumático na etapa da nacionalização do que na da internacionalização, que a precedeu.

Tornamo-nos – e continuamos a ser – brasileiros, mas por dentro das nossas veias geográficas e culturais também fluem fluxos derivados de uma matriz (ou de várias delas) externa. Hoje, mais do que nunca, é impossível entender a Amazônia sem situá-la no contexto mundial. Tanto para manter a forma espoliativa da utilização dos seus recursos (naturais e humanos) como para mudá-la. Sem considerar sua realidade física específica, toda análise sobre a região se torna conservadora, mantenedora do status quo, incapaz de formular um modo novo de relação do homem com a natureza e com os outros homens. Mas o regionalismo estrito e o nacionalismo são bitolas a impedir a visualização da realidade e da verdade concreta.

Quando via as imagens insólitas da prova de Fórmula 1 realizada noturnamente em Xangai, a mais ocidental das metrópoles chinesas, me veio uma curiosidade típica dessa planetarização: quanto de minério de Carajás havia naqueles enormes prédios de aço que emergiam no horizonte como pano de fundo ainda mais insólito para a corrida de automóveis? Minério do melhor, como não há outro nas entranhas da Terra. Logo também me veio uma ruminação: não aconteceu exatamente assim quando o ouro das Minas Gerais, depois do transbordo em Portugal, foi insuflar o embelezamento e enriquecimento da City de Londres?

Nas cidades históricas mineiras ficaram testemunhos impressionantes de contrafação a essa brutal extração mineral, que até hoje – e cada vez mais – nos encantam e causam admiração. Mas quanto essa riqueza retida representa da que atravessou o oceano? Uma minúscula parte, como a que nos fica de Carajás, de onde sai o maior trem de carga do mundo para, em nove viagens diárias até um dos maiores terminais marítimos do planeta, em São Luiz do Maranhão, colocar nos navios transoceânicos 30 milhões de dólares a cada dia. Volume que aumenta com a incorporação de outros bens minerais, como manganês, agora cobre e, daqui a pouco, níquel.

Só que a mera verticalização da produção pode não se traduzir por maior retenção de valor, mesmo quando viável economicamente. Hoje é mais vantajoso produzir alumina, o insumo, do que alumínio, o bem transformado (que só é classificado como semielaborado porque o classificador despreza o componente de energia nele embutido). Não só pelo preço, atiçado pela demanda chinesa (carente de alumina, mas não de metal), como pelo custo da energia para a fundição. Foi por isso que, em 2010, a antiga Companhia Vale do Rio Doce decidiu se desfazer da Valesul, a fábrica de alumínio que começou a operar no Rio de Janeiro três anos antes da Albrás em Barcarena, sustentada numa perna falsa, a da energia barata e abundante. A Vale vendeu a fábrica por metade do seu valor para se livrar do prejuízo e da insolvência operacional.

A definição do que e como produzir envolve componentes muito mais sofisticados e abrangentes do que antes. A definição pode ser conjuntural, acompanhando a flutuação do mercado, mas tem que combinar essa circunstância com uma visão de longo prazo. Para isso, existe régua e compasso. Mas não as informações, o enchimento que dá validade às fórmulas científicas. É preciso ir atrás delas, desentocá-las, dar-lhes significado e transformá-las em ferramentas operacionais.

Com elas podemos chegar à conclusão de que poderia até ser melhor continuar a minerar se fosse rompida a dependência da China a que nos impôs a busca obsessiva da Vale por faturamento e lucro, num raciocínio imediatista correto apenas da perspectiva financeira, que hoje a caracteriza. Outros tantos ajustes, corretivos e inovações se impõem para que não continuemos a assistir impotentes a essa hemorragia mineral, que se tornou até mais volumosa do que a sangria vegetal, dois dos males que tornam o organismo territorial do Pará incapaz de suprir as necessidades da sua população, dentre as quais está a esperança por um futuro melhor. Esse futuro se apresenta no horizonte como miragem, que não nos chega nem nós a ele conseguimos chegar.

Portal Outras Palavras

CPT lançará o relatório Conflitos no Campo Brasil 2013

22 de abril de 2014


Da Página da CPT


No dia 28 de abril, próxima segunda-feira, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançará sua publicação anual, Conflitos no Campo Brasil 2013. É a 29ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos os indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais.

O lançamento se realizará na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, a partir das 14h00.
Estarão presentes ao lançamento o presidente da CPT, Dom Enemésio Lazzaris, os membros da coordenação executiva nacional da CPT, o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, representantes da CNBB e o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves.

Dona Raimunda, posseira da Gleba Tauá, em Campos Lindos (TO), ameaçada de morte por fazendeiros e empresários que se dizem donos das terras, também irá participar do evento.

A ofensiva contra os indígenas

O relatório destaca o número de assassinatos em conflitos no campo, 34, dois a menos que no ano anterior, quando foi registrado o assassinato de 36 pessoas. O que chama a atenção em 2013 é que 15 dos 34 assassinatos registrados são de indígenas.

São também indígenas 10 das 15 vítimas de tentativas de assassinato, e 33 das 241 pessoas ameaçadas de morte. Em nenhum outro período desta publicação se tem registro semelhante.
Outro destaque de 2013 é o crescimento expressivo do número de conflitos pela água. 32% a mais que em 2012.
Amazônia: principal palco dos conflitos
A Amazônia continua o principal local em que ocorrem conflitos. Nela se concentram 20 dos 34 assassina­tos, 174 das 241 pessoas ameaçadas de morte, 63 dos 143 presos, e 129 dos 243 agredidos.

Das Po­pulações Tradicionais que, em 2013 foram vítimas de algum tipo de violência, 55% se localizavam na região.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Pesquisa aponta Dilma com 43,7%, Aécio com 17% e Campos com 9,9%

18/02/2014 10h46

Instituto MDA fez levantamento a pedido da Confederação do Transporte.
Pesquisa ouviu 2.002 eleitores em 137 cidades; margem de erro é de 2,2%.

Mariana Oliveira Do G1, em Brasília

Pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada nesta terça-feira (18) mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) manteve o patamar de intenções de voto para as eleições presidenciais de 2014, com 43,7% das intenções de voto. Na pesquisa anterior, de novembro, ela aparecia com 43,5%. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o segundo, com 17% (19,3% em novembro), e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o terceiro, com 9,9% (9,5% na pesquisa anterior).

Na pesquisa atual, dos ouvidos, 20,4% não votariam em nenhum ou optariam por votar em branco ou nulo. Não souberam responder 9% dos entrevistados.

A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuias. O MDA ouviu 2.002 eleitores entre os dias 9 e 14 de fevereiro em 137 municípios de 24 unidades da federação. Por ser ano eleitoral, a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como determina a regra do processo eleitoral, sob o número 00012/2014.

Em um cenário no qual Marina Silva (PSB) é a candidata no lugar de Eduardo Campos, Dilma tem 40,7% e Marina aparece em segundo, com 20,6%. Aécio Neves registra a terceira colocação, com 15,1%, e Levy Fidelix, do PRTB, aparece com 0,4%. Votariam branco ou nulo 14,9%. Não souberam ou não responderam 8,3%.

No cenário atual, os dados indicam que, se a eleição fosse hoje, Dilma poderia ser reeleita no primeiro turno tanto em cenário com Marina Silva como candidata quanto no cenário com Eduardo Campos.

No levantamento divulgado em novembro, a situação dos pré-candidatos era semelhante, mas Dilma venceria no primeiro turno somente em cenário com Marina. Para vencer no primeiro turno, é necessário obter 50% dos votos válidos (sem brancos e nulos), ou seja, mais da metade dos votos destinados a todos os candidatos. Dilma tinha 40,6% contra 22,6% da ex-ministra do Meio Ambiente. Aécio registrava 16,5%.

A pesquisa divulgada nesta terça foi a segunda realizada pelo instituto desde que Campos anunciou aliança com Marina Silva, que se filiou ao PSB após ter o registro de seu partido, o Rede Sustentabilidade, negado pela Justiça Eleitoral.

Segundo turno
Em eventual segundo turno, tanto com Aécio quanto com Marina, a presidente Dilma Rousseff seria reeleita, conforme a pesquisa.

Contra Aécio, Dilma ficaria com 46,6% e o tucano, com 23,4%. Contra Marina, Dilma teria 44,6%, e a ex-ministra, 26,6%. Caso o segundo turno fosse entre Dilma e Eduardo Campos, a presidente teria 48,6% contra 18% do governador de Pernambuco.

Na disputa de segundo turno entre Marina Silva e Aécio, a ex-senadora do PSB ganharia com 35,6% contra 24% de Aécio. Aécio venceria em segundo turno contra Eduardo Campos. Teria 31,6% contra 16,9% do governador pernambucano.

Pesquisa espontânea
Na pesquisa espontânea, na qual o eleitor apenas responde em quem vai votar sem que seja apresentado a ele nenhum nome, Dilma registrou 21,3%. Em segundo lugar, aparece o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem 5,6%, empatado com Aécio Neves, que também registra 5,6%.

Marina Silva vem na sequência com 3,5% e Eduardo Campos ficou com 1,6%. José Serra (PSDB) obteve 0,5% e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ficou com 0,4%.

Voto nulo, conquistado pela mídia tradicional, virou o fenômeno da eleição

Atual situação não beneficia nenhum candidato em especifico. Esvazia significativamente as intenções de votos na presidenta, mas o mesmo ocorre com a oposição, mantendo o favoritismo de Dilma

por helena sthephanowitz publicado 18/04/2014 11:18

ARQUIVO ABR

dilma

Favoritismo continua com a presidenta, mesmo com ela caindo três pontos em relação à pesquisa anterior do Ibope

A pesquisa Ibope divulgada na noite desta quinta-feira (17) confirma que o fenômeno destas eleições estão sendo os votos brancos e nulos. Em primeiro lugar na pesquisa apareceu a presidenta Dilma Rousseff (PT) com 37% das intenções de votos. Em "segundo lugar" vêm os votos brancos e nulos, com 24%, bem acima dos candidatos de oposição. Em terceiro, aparece o senador Aécio Neves (PSDB) com 14%. Em quarto, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), com 6%. A soma dos demais candidatos, dos partidos chamados nanicos, é 5%. O quadro permanece praticamente o mesmo quando Campos é trocado por Marina Silva, mudando pouca coisa, dentro da margem de erro.

Observe que votos brancos/nulos não incluem os indecisos, que respondem "ainda não sei em quem votar". Estes somam 13%, à parte dos que respondem com convicção que anularão seu voto.

Até mesmo na pesquisa espontânea, onde o pesquisado não é induzido por uma lista de nomes, os votos em branco/nulos somam 19%, novamente ocupando o segundo lugar atrás apenas de Dilma Rousseff, que tem 23%. Os candidatos de oposição aparecem bem atrás. Aécio com 7%, Marina com 4% e Campos com 2%.

Para se ter uma ideia, nas eleições de 2010, no mês de abril, o Datafolha registrava apenas 7% de intenções de votos brancos/nulos. No primeiro turno estes votos cravaram 8,6% ao apurar as urnas.

O atual fenômeno não beneficia nenhum candidato especificamente. Esvazia significativamente as intenções de votos na presidenta Dilma, mas o mesmo ocorre com a oposição, mantendo o favoritismo da presidenta. Todos os candidatos oposicionistas juntos somam 25% de intenções de votos, bem menos do que os 37% da presidenta, o que ainda lhe garantiria a vitória no primeiro turno com 60% dos votos úteis.

O que levaria um em cada quatro eleitores que comparecem às urnas a anular seu voto?

Certamente um dos motivos é o crescimento do desencanto com a classe política como um todo. A oposição, tanto partidária como midiática, abandonou o confronto de ideias e a disputa por reformas, passando a dedicar-se a criminalizar a política, sobretudo no noticiário. Não se deu conta de que atinge indistintamente quem está no governo e todos os que estão no sistema político, mesmo que esteja na oposição, no momento.

Todos são rebaixados no conceito do eleitor quando o noticiário político só noticia escândalos, alguns até forjados, outros ganhando dimensão maior do que tem de fato, outros que seriam até rotina como ocorre em todas as corporações. Ao mesmo tempo, as emissoras de TV, principalmente, ao manter fora de pauta censuram o debate sobre políticas públicas e reformas que, inclusive, moralizariam a política. Preferem manter o status quo do estado atual das coisas, obstruindo as mudanças pedidas pelo povo com uma pauta de crises forjadas.

Quando as campanhas eleitorais passam a ser dominadas por baixarias e acusações pesadas, como tem ocorrido sistematicamente desde as eleições de 2006, por escolha da oposição, boa parte do eleitorado se desencanta com a política como instrumento de transformação e passa a anular o voto com o correr do tempo.

A oposição consegue até retirar um pouco de votos de quem está no governo, mas não consegue trazer esse eleitor para seu lado, porque o cidadão desencantado acha que seria trocar seis por meia dúzia.

Pelo teor do noticiário e do estado de ânimo da campanha pré-eleitoral da oposição que já está em curso, o fenômeno do voto nulo irá se confirmar em outubro. Se os votos válidos de fato encolherem tanto, quem for eleito sobrevive se mostrar serviço no governo. Mas os partidos que ficarem na oposição sairão menor do que entraram.

O favoritismo continua com a presidenta, mesmo com ela caindo três pontos em relação à pesquisa anterior do Ibope. Isso porque suas intenções de votos têm resistido acima do esperado a um teste de estresse diante de um intenso noticiário negativo, enquanto seus principais adversários tiveram exposição positiva, inclusive com horário partidário na TV, e não subiram. Mesmo se o fundo do poço ainda não tiver chegado, hoje ela ainda tem em torno de 60% de votos úteis, portanto ainda tem até gordura para queimar e ainda vencer no primeiro turno, em tese. E ainda há margem para crescer no decorrer da campanha quando ela terá oportunidade de mostrar sua agenda positiva.

Mas se há tormentas de difícil travessia para oposição até outubro, também há para a presidenta. Mais preocupante do que a queda de três pontos nas intenções de votos é a avaliação de seu governo. Do fim do ano passado para cá a avaliação de ótimo e bom caiu nove pontos de 43% para 34%, enquanto ruim e péssimo subiu dez pontos, de 20% para 30%.

Não aconteceu nenhum fato realmente impactante neste período que justifique esta mudança de quadro, a não ser o intenso bombardeio do noticiário negativo. A principal oposição ao governo Dilma está nos telejornais e neste noticiário negativo replicado nas redes sociais da internet, já que jornais em papel e revistas sozinhos não têm tamanho poder de fogo para derrubar a popularidade em 10%. Não há nenhuma surpresa de que a imprensa oposicionista agiria assim pelo retrospecto de eleições passadas. O desafio governista é mudar essa percepção de parte da população sobre seu governo. O desafio da oposição é não perder para o voto nulo.

Repostado do portal Rede Brasil Atual

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Crucificaram a “mãe da humanidade”!

 

África: natureza e história

Nenhum continente tem tanta história, nenhum foi e segue sendo tão essencial à instauração e à reprodução do capitalismo quanto a África.

por Emir Sader em 17/04/2014 às 08:26


Emir Sader

Um continente vítima do colonialismo, do neo-colonialismo e da escravidão não pode deixar de ter essas feridas expostas em toda a sua extensão. Fornecedora de matérias primas e de mão de obra escrava, a África foi esquartejada pelas potenciais coloniais e sugada em tocas as suas riquezas – materiais e humanas.
Em 1890 as potências coloniais europeias se reuniam em Berlim para completar entre elas a divisão da África. De tal forma primou a prepotência e a arbitrariedade, que fronteiras do norte da África foram feitas com régua na divisão entre os colonizadores, não importando se dividiam povos, rios, montanhas, cidades.
Quando as formas coloniais de exploração e dominação não foram mais possíveis, elas ganharam formas novas, com independências politicas, que logo passaram a aparecer como sistemas neo-coloniais, que reproduzem as velhas formas de dominação, sob formas novas.
Os líderes que não se ajustavam a isso foram derrubados – como Ben Bella, na Argelia – ou assassinados – como Lumumba, no Congo. Trataram e tratam de expropriar a história da Africa, tentando reduzir o continente a um mundo de natureza, em que os conflitos seriam tribais, a miséria um efeito do atraso econômico, a cultura reduzida ao folclore.
Quando fizeram 20 anos do maior massacre das ultimas décadas na Africa, em Ruanda, entre hutus e toutsis, o governo atual não convidou a França, responsabilizando-se diretamente pelos acontecimentos, quando na época se anunciava que se tratava de um conflito  entre tribos locais.
No entanto nenhum continente tem tanta história, nenhum foi e segue sendo tão essencial à instauração e à reprodução do capitalismo quanto a Africa. Fornecedora de matérias primas e de mão de obra barata, ela segue condenada pelo sistema imperial a essas funções essenciais ao capitalismo.
Hoje somente interessam às grandes potencias os países que possuem recursos estratégicos. Os outros permanecem condenados ao abandono, enquanto esses veem dilapidados seus recursos, sem nenhum retorno que melhore as condições de vida do povo desses países. EUA, China, França, Inglaterra, entre outros, apenas exploram os recursos naturais onde lhes interessam, sem nenhum outro tipo de intercambio que possa fazer reverter essa exploração em beneficio das condições miseráveis de boa parte da população africana.
A história africana reflete a trajetória das civilizações mais antigas da humanidade, com toda sua riqueza, sua cultura, suas contradições, seus conflitos. Uma história sobre a qual se impuseram as potencias coloniais, com a mais brutal exploração seus recursos naturais e da sua gente, submetida ao pior crime contra a humanidade – a escravidão.
Hoje a África segue sendo marginalizada politicamente, explorada economicamente, discriminada ideologicamente. É objeto dos interesses das grandes corporações multinacionais, apoiada pelos governos desses países. Raros governos e institucionais internacionais tem uma atitude de solidariedade com os países africanos.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

VOX POPULI: DILMA VENCERIA NO 1º TURNO, COM 40%

16 DE ABRIL DE 2014 ÀS 18:24

Acaba de sair pesquisa Vox Populi. Dilma tem 40%, Aécio 16, Eduardo 8. Quadro mostra estabilidadec e vitória no primeiro turno, mesmo com toda a campanha midiática contra a Petrobras.

 

Acaba de sair pesquisa Vox Populi. Dilma tem 40%, Aécio 16, Eduardo 8. Quadro mostra estabilidadec e vitória no primeiro turno, mesmo com toda a campanha midiática contra a Petrobras.<br /><br />http://goo.gl/qFE2aK

Pesquisa Vox Populi divulgada nesta tarde aponta a presidente Dilma Rousseff liderando a disputa pelo Palácio do Planalto, com 40% das intenções de voto do eleitorado; adversários do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos, ficaram estacionados, com 16% e 8%, respectivamente; candidata do PT oscilou um ponto negativo em relação à última pesquisa, feita em fevereiro, mas ainda venceria eleições no primeiro turno

Levantamento realizado pelo Instituto Vox Populi e divulgado pela revista CartaCapital na tarde desta quarta-feira 16 aponta, mais uma vez, a vitória da presidente Dilma Rousseff já em primeiro turno, com 40% das intenções de voto.

Em relação à pesquisa Vox Populi divulgada em fevereiro, Dilma caiu 1 ponto percentual, o que demonstra estabilidade. Os dois adversários praticamente não avançaram sobre os índices da presidente. Aécio Neves, do PSDB, registrou 16%, e Eduardo Campos, do PSB, 8%.

Juntos, os opositores têm 14 pontos a menos do que a presidente, a menos de três meses do início da campanha. O senador Aécio Neves também oscilou um ponto para baixo, comparado com a mostra de dois meses atrás.

Já Eduardo Campos, que nesta semana lançou oficialmente sua pré-candidatura com a vice Marina Silva na chapa, ganhou dois pontos. O candidato do PSC, Pastor Everaldo Pereira, foi lembrado por 2% dos eleitores. 

Os pré-candidatos Levy Fidelix (PRTB), Randolfe Rodrigues (PSOL), Eymael (PSDC) e Mauro Iasi (PCB) não registraram nenhum ponto. Votos brancos ou nulos representam 15% dos entrevistados e percentual que não sabe em quem votar ou não respondeu é de 18%.

O instituto ouviu 2.200 eleitores em 161 municípios para realizar a pesquisa, entre os dias 6 e 8 de abril. Os detalhes da mostra serão divulgados nesta quinta-feira 17.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Por que estamos vivendo uma segunda 'Belle Époque'

 

Nós não só voltamos aos níveis de desigualdade de renda do século XIX, como também estamos em um caminho de volta para o capitalismo patrimonial.


Paul Krugman - New York Review of Books

Arquivo

Thomas Piketty , professor da Escola de Economia de Paris, não é um nome familia, mas isso pode mudar com a publicação em língua inglesa de sua magnífica e arrebatadora reflexão sobre a desigualdade , “O Capital no Século XXI” . No entanto, sua influência é mais profunda. Tornou-se um lugar-comum dizer que estamos vivendo uma segunda Idade de Ouro, ou, como Piketty gosta de dizer, uma segunda Belle Époque definida pela incrível ascensão do "um por cento" da população. Mas isso só se tornou um lugar-comum graças ao trabalho de Piketty.
Em particular, ele e alguns colegas (especialmente Anthony Atkinson em Oxford e Emmanuel Saez , em Berkeley ) foram pioneiros de técnicas estatísticas que tornam possível rastrear a concentração de renda e riqueza em profundidade em direção ao passado, chegando ao início do século XX nos Estados Unidos e na  Grã-Bretanha, e refazendo todo o caminho até o final do século XVIII, no caso da França.
O resultado tem sido uma revolução na nossa compreensão das tendências de longo prazo na formação da desigualdade.  Antes dessa revolução, a maioria das discussões sobre a disparidade econômica mais ou menos ignorava os muito ricos.
Alguns economistas (para não mencionar os políticos ), tentaram calar qualquer menção ao papel da desigualdade. "Das tendências que são prejudiciais para a economia me parece que  o mais sedutor, e na minha opinião o mais venenoso , é se concentrar em questões de distribuição (de renda)", declarou Robert Lucas Jr. , da Universidade de Chicago, o macroeconomista mais influente de sua geração, em 2004. Mas, mesmo aqueles que estão dispostos a discutir a desigualdade, geralmente focam na lacuna entre os pobres ou a classe operária e os meramente bem de vida, não os verdadeiramente ricos (dedicam-se ao estudo comparativo dos ganhos de salário dos que tiveram acesso à universidade, em comparação aos trabalhadores menos instruídos, ou à riqueza de um quinto da população, em relação aos outros quatro quintos, mas não levam em consideração, o vertiginoso aumento dos rendimentos de executivos e banqueiros).
Foi como uma revelação quando Piketty e seus colegas mostraram que os rendimentos do agora famoso "um por cento ", e até mesmo de grupos mais restritos , são na verdade a grande história de aumento da desigualdade. E esta descoberta veio acompanhada de uma segunda revelação: o que poderia ser uma hipérbole, ao se falar de uma segunda Era Dourada, não o era absolutamente. Nos Estados Unidos, em particular, a parcela da renda nacional que vai para o topo do “um por cento” mais rico tem seguido um grande arco em forma de U. Antes da Primeira Guerra Mundial, o “um por cento” recebeu cerca de um quinto do total da renda na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Por volta de 1950, essa participação foi cortada pela metade. Mas, desde 1980, o um por cento tem visto sua parcela de renda aumentar de novo e, nos Estados Unidos,  está de volta ao que era há um século.
Ainda assim, a elite econômica de hoje é muito diferente daquela do século XIX, não é? Naquela época, uma grande riqueza tendia a ser resultado de herança; as pessoas da elite econômica de hoje não conquistaram a sua posição? Bem, Piketty nos diz que isso não é tão verdadeiro como se pensa e que, em qualquer caso, este estado de coisas pode não ser mais duradouro do que a sociedade de classe média , que floresceu por uma geração após a Segunda Guerra Mundial. A grande ideia de “Capital no Século XXI” é que nós não apenas voltamos aos níveis de desigualdade de renda do século XIX, como também estamos em um caminho de volta para o "capitalismo patrimonial", onde os altos comandos da economia são controlados não por indivíduos talentosos, mas por dinastias familiares.
É uma notável afirmação e precisamente por ser tão notável , precisa ser examinada com cuidado e de forma crítica. Antes de entrar nesse debate ,porém, quero dizer desde logo que Piketty escreveu um livro verdadeiramente soberbo . É um trabalho que mescla grande varredura histórica - quando foi a última vez que você ouviu um economista invocar Jane Austen e Balzac ? - com análise de dados meticulosa. E mesmo que Piketty zombe da profissão de economista por sua "paixão infantil para a matemática", subjacente a sua discussão há um tour de force de modelagem econômica, uma abordagem que integra a análise do crescimento econômico com o da distribuição de renda e riqueza. Este é um livro que vai mudar muito a maneira como pensamos a sociedade e o modo como fazemos economia.

Tradução: Louise Antonia Leo

O politicídio contra o PT

 

O escritor e jornalista Bernardo Kucinski, autor do premiado 'K', enxerga uma mobilização em marcha para erradicar o PT da sociedade brasileira.

por: Saul Leblon

Arquivo

A ideia de que só existe uma coisa a fazer em termos de política econômica– ‘a coisa certa’—é um daqueles  mantras com os quais o conservadorismo  elide as escolhas e conflitos inerentes à luta pelo desenvolvimento.
O ardil para desautorizar  a discussão do que importa –desenvolvimento para quem, desenvolvimento para o quê e desenvolvimento como?-- passa pela desqualificação moral do adversário.
A criminalização do agente contamina  sua agenda.
O escritor e jornalista Bernardo Kucinski –autor do premiado ‘K’, romance apontado como uma das grandes vozes do ciclo ditatorial brasileiro-- resgata o termo ‘politicídio’ para expressar o espanto com o que se passa no país.
Politicídio, grosso modo, é o extermínio de uma comunidade política.
Kucinski enxerga uma mobilização  em marcha  para exterminar o PT da sociedade brasileira, a começar pela sua presença no imaginário da população.
A aspiração  não é nova nas fileiras conservadoras. Em  2005, já se preconizava livrar  o país ‘ dessa raça pelos próximos trinta anos’.
Jorge Bornhausen, autor da frase, reúne credenciais  e determinação para  levar adiante seu intento. Hoje ele os exercita na articulação da campanha de Eduardo Campos e Marina Silva.
A verdadeira novidade  é a forma passiva como  um pedaço da própria intelectualidade progressista passou a reagir diante  dessa renovada determinação de exterminar o PT da vida política nacional.
Doze anos de presença do partido no aparelho de Estado, sem maioria no Congresso, por conta do estilhaçamento  intrínseco ao sistema político , explicam um pedaço do desencanto.
O ex-ministro Franklin Martins, em entrevista nesta página, resumiu  em uma frase  a raiz da desilusão: ‘o PT elege o presidente da República há três eleições e não elege 20% dos deputados federais (...) Se não se resolver isso, teremos uma crise permanente e o discurso de que o Brasil não tem mesmo jeito só se fortalecerá’.
Coube a Maria Inês Nassif, em coluna também  nesta página (leia: ‘Como um parlamentar adquire poder de chantagem?) debulhar o mecanismo através do qual o sistema de financiamento de campanha alimenta a chantagem do Congresso contra o Executivo e delega a  “pessoas com tão pouco senso público  credenciais para nomear ministros ou diretores de estatais”.
O politicídio contra o PT  faz o resto ao  descarregar nos erros do partido  –que não são poucos--  a tragédia da democracia brasileira.
Uma  inestimável contribuição à chacina foi providenciada pelas togas do STF ao sancionarem uma  leitura rasa, indigente, das distorções  implícitas à  construção de maiorias parlamentares na esfera federal.
Espetar  no coração do ex-ministro José Dirceu a indevida paternidade  --‘chefe de quadrilha’--  pela teia que  restringe a soberania do voto  é o ponto alto da asfixia do esclarecimento pelo  politicídio contra o PT.
O passo seguinte do roteiro conservador é estender a desqualificação do partido aos resultados do governo Dilma na economia.
A transfusão é indispensável  para emprestar  aromas de pertinência –‘fazer a coisa certa’--  ao lacto purga que o PSDB  tem para oferecer  às urnas de outubro: retomar aquilo que iniciou nos anos 90, o desmonte completo do Estado brasileiro.
A prostração de uma parte da intelectualidade progressista diante dessa manobra subtrai da sociedade uma de suas importantes sirenes de alerta quando a tempestade  congestiona o horizonte.
Por trás das ideias,  melhor dizendo, à frente delas, caminham os interesses.
Cortar a  ‘gastança’, por exemplo, é a marca-fantasia  que reveste a intenção de destroçar o pouco da capacidade de fazer política pública restaurada na última década.
Subjacente à panacéia  do contracionismo-expansionista (destruir o Estado para a abrir espaço ao crescimento privado) existe um peculato histórico.
É justamente ele que está na origem de boa parte dos impasses enfrentados pelo desenvolvimento brasileiro nos dias que correm.
O principal déficit do país  não é propriamente de natureza  fiscal, como querem os contracionistas, mas um  déficit de capacidade de coordenação do Estado sobre os mercados.
As empresas estatais, cujos projetos e orçamentos, permitiram durante décadas manter a taxa de investimento nacional acima dos 22%, em media, contra algo em torno de 18% atualmente, perderam o papel que desempenharam  até a crise da dívida externa nos anos 80, como ferramenta indutora da economia.
Nos anos 90, o governo do PSDB promoveu sua liquidação.
Sem elas não há política keynesiana capaz de tanger  o mercado a sair da morbidez rentista  para o campo aberto do investimento produtivo.
Sobretudo, não há estabilidade de horizonte econômico que garanta a continuidade dos investimentos  de longo prazo, aqueles que atravessam e modulam os picos de bonança e os ciclos de baixa.
O  que sobra são espasmos  e apelos bem intencionados, fornidos de concessões de crédito e renúncias fiscais, frequentemente respondidos de forma decepcionante por uma classe dominante que se comporta, toda ela, como capital estrangeiro dissociado do  país.
Não há contradição em se ter equilíbrio em gastos correntes e uma carteira pesada de investimentos públicos, como  faz a Petrobrás, que deve investir quase US$ 237 bilhões até 2017.
A cota de contribuição da estatal para mitigar as pressões inflacionárias decorrentes de choques externos  --vender gasolina e diesel 20% abaixo do preço importado—não a  impediu de fechar 2013 como a petroleira que mais investe no mundo: mais de US$ 40 bilhões/ano, o dobro da média mundial do setor, o que a tornou  campeã mundial no decisivo quesito da prospecção de novas reservas.
O conjunto explica o interesse conservador em destruir esse  incomodo paradigma de eficiência estatal, antes que ele faça do pré-sal uma alavanca industrializante  demolidora  das teses dos livres mercados.
À falta de novas Petrobras –elas não nascem em gabinetes, mas nas ruas--   a coerência macroeconômica do desenvolvimento  terá que ser buscada em um aprofundamento da democracia participativa no país.
A chegada do PT ao governo em plena era da supremacia das finanças desreguladas, deixou ao partido a tarefa de fazer da justiça social a nova fronteira da soberania no século XXI.
Essa compreensão renovada da âncora do desenvolvimento  orientou prioridades,  destinou crédito, criou demandas, gerou  aspirações e alimenta as expectativas de uma fatia da população que  compõe  53%  do mercado de consumo do país.
Ficou muito difícil  governar o Brasil em confronto com esse novo protagonista.
Daí o empenho em desqualificar seu criador.
E em desacreditar suas políticas e lideranças diante da criatura.
É o politicídio em marcha.
Se a construção de uma democracia  social for entendida pelo PT  –e pelos intelectuais progressistas que ora se dissociam de sua sorte--  como a derradeira chance de renovar o desenvolvimento  e a sociedade, ficará muito difícil para o  conservadorismo  levar a cabo o politicídio.
A menos que queira transformá-lo em um democídio: um governo contra toda a nação.

Repostado do portal Carta Maior