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Uma boa conversa fiada igual a aquelas que acontecem para matar o tempo, num começo de noite, mesmo que num cenário burocrático da redação de um jornal. Oi, Bonner! Oi, Fátima, ia passando, resolvi dar um alô. Serra, que alegria! Sente aí, vamos prosear um pouco. Quer um cafezinho? Não é um diálogo impossível, parecia exatamente isso a ida de Serra ao JN. Façamos portanto justiça a fidalguia do William Bonner e da Fátima Bernardes: foram impecáveis, quando demonstraram que não é todo candidato à presidência da República que tem seu dia de Serra na Rede Globo de Televisão. Mas apenas, e somente, o ex-governador de São Paulo. Claro que no início foi feito aquele preâmbulo todo de que era a terceira entrevista com um presidenciável, ocasião em que os candidatos são questionados sobre assuntos espinhosos relacionados à experiência de governo e outros blá, blá, blá. Pura ilusão de ótica ou de retórica, se preferirem.
Embora as perguntas fossem feitas, o que assistíamos era Serra tangenciar o assunto sem dar respostas. Com o agravante de que o casal WB & FB, afora o caso do pedágio paulista, não apresentou nenhuma pergunta sobre questões críticas do governo tucano em São Paulo, que a dupla reconhece que já dura 18 anos. E, nesse assunto em específico, ao contrário do que aconteceria com o (as) outro (as) candidato (as), permitiram que o entrevistado nada respondesse sobre o problema, apesar de duas investidas, de modo que permitiram a Serra apenas instrumentalizar a pergunta para críticas às estradas federais. Dos pedágios paulistas, reconhecidos como caríssimos, com glichês além da conta e da funcionalidade necessária para o escoamento célere do tráfego, ficou dito por não dito.
Para os donos, empregados e patrocinadores do JN, Serra deve ser algum notório saber que não deve satisfação a ninguém; um caso de amplo sucesso de público e de crítica. Trata-se contudo de um falseamento da realidade. Naquela mesa os entrevistadores fingiam que perguntavam e o entrevistado dava entender que respondia. Os âncoras do JN demonstraram que não estavam interessados em perguntar ao ex-governador de São Paulo sobre os problemas gravíssimos ocorridos nos governos tucanos paulistas, como aconteceu com o desabamento das obras do metrô; do mal-cheiro que exala dos esgotos licitatórios e de investigações policiais; da violência, da impunidade policial e do desrespeito de direito humanos; da explosão descontrolada da dengue no Estado; do mensalão dos aliados Demo (tirado de foco com um golpe de prestidigitação com a introdução de um PTB como boi de piranha); das bandalheiras noticiadas que quase levaram a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, ao impeachment; ou a progressiva deterioração das suas relações com o governador de Minas Gerais e com o atual presidente do PSDB, obrigado no Nordeste a autorizar que os prefeitos de sua base fizessem campanha para Dilma, porque senão o próprio arrisca não ser eleito deputado federal.
Outro besteirol foi aquele de construir uma teoria do tempo dos governos como relacionado ao momentos históricos estanques e improfícuos, apenas com o objetivo de negar a conexão entre o que o governo Lula tem alcançado e o prosseguimento e ampliação dessas políticas públicas no governo de Dilma Roussef. Se tivesse lido Padre Antonio Vieira, Serra compreenderia que o presente nada mais é do que atualização do passado e o passado do futuro, máxima que por certo milhões de eleitores há muito tempo já compreenderam por intuição, quando foram retirados da miséria indigente.
Um outro aspecto pouco explorado na entrevista foi a teimosia de Serra buscar construir uma imagem de que a Saúde Pública brasileira estava um caos no governo atual. Não está, mas persistem os mesmos problemas estruturais que tinha na época em que Serra esteve a frente do Ministério da Saúde. Como bom administrador que diz ser, o candidato tucano deveria ter a honradez de reconhecer o quanto é complexo resolver problemas estruturais de sistemas universais com administração descentralizada como é o SUS, com seus três níveis de gestão com competências e autonomias próprias. Dos avanços que houve ele não quis saber, ignorou olimpicamente, embora fosse visto entre os primeiros a pedir ambulância para o Samu e buscar a captação de recursos para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que fazem parte da Política Nacional de Atenção às Urgências, implantadas no governo Lula. Ainda nessa linha, o ex-ministro da saúde de FHC trombeteia que administra não com a cessão política de cargos, mas com a competência. É uma meia verdade. Quando foi ministro da saúde é verdade que Serra teve uma assessoria de alto nível de técnicos e intelectuais da saúde ligados ou filiados ao Partido dos Trabalhadores. Mas todos na maioria em condição de assessores, sem qualquer poder decisório e contratados por organismos internacionais. A maioria dos secretários, diretores e coordenadores nacionais do Ministério da Saúde, nomeados em DAS, eram do PSDB e aliados.
Mas, a maior sujeira que Serra poderia praticar no ar não foi o hábito contumaz de tirar bustela do nariz, como testemunham registros fotográficos na blogosfera, mas aquela afirmação mal dissimulada de que seu candidato a vice não estava com ele só pela possibilidade de ele, Serra, caso eleito, não vir a concluir o mandato presidencial. Não foi fortuita a decisão de tangenciar o problema de saúde sofrido pela ex-ministra Dilma Roussef no ano passado. Sei de fonte segura que o PSDB e o DEM estudam um modo de usar o fato como arma para tirar votos da candidata petista. Só não o fazem agora porque ainda receiam os efeitos que possam daí derivar. Mas, estejam certos, Serra fez um teste na noite de hoje e à vista dos olhos complacentes de William Bonner, que não fez qualquer admoestação ao entrevistado por introduzir assunto por completo à margem da pergunta. Tomem nota disto.
Postado por Itajaí de Albuquerque às 20:42
Um comentário:
Sesma terá que explicar suspensão de atendimento.
MPE pediu que a Sesma prove que não há demanda para as unidades da Vila da Barca e de Mosqueiro.
A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) tem 15 dias para apresentar documentos que comprovem a falta de demanda nas unidades de urgência e emergência da Baía do Sol e Maracajá, no distrito de Mosqueiro, e na Vila da Barca.
A promotoria de direitos constitucionais e patrimônio público do Ministério Público do Estado (MPE) convocou, ontem, o secretário municipal de saúde, Sérgio Pimentel, para prestar esclarecimentos sobre o assunto e solicitou os dados estatísticos do estudo. A diretoria do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) também esteve presente na reunião.
Segundo o promotor responsável pelo caso e que está fazendo uma série de reuniões para tentar diminuir os problemas na área da saúde, José Maria Lima Júnior, o MPE convocou o titular da Sesma para que ele ofereça explicações e justificativas técnicas para a suspensão dos atendimentos. Caso não seja comprovada a real necessidade da ação, o MPE vai tomar as medidas cabíveis, que vão desde Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) até a impetração de uma Ação Civil Pública.
DECISÃO
Sérgio Pimentel confirmou a suspensão nas três unidades e explicou que o procedimento foi decidido com base em estudos técnicos realizados pelo Departamento de Urgência e Emergência da Sesma e aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. O problema seria a falta de demanda e de equipamentos, além de questões relacionadas à segurança, no caso da Vila da Barca.
Nos próximos meses, outras unidades podem ser fechadas, segundo Pimentel.
“Precisamos corrigir todo um sistema, por isso vamos implantar, dentro de sete ou oito meses, duas Unidades de Pronto Atendimento, sendo uma na Augusto Montenegro e outra no Guamá ou Jurunas, assim, os setores de urgência e emergência serão suspensos nas unidades próximas a esses centros”. Ele ressalta, ainda, que a atenção básica continua funcionando nas unidades de Mosqueiro e Vila da Barca.
Hoje, o MPE vai se reunir com um representante da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) para discutir a implantação de uma central de regulação estadual, para normatizar a vinda de pacientes do interior para a capital. “Os pacientes vêm sem ter um direcionamento e acabam perdendo tempo até encontrarem um hospital para serem atendidos. Queremos normatizar isso, que é uma determinação do próprio Ministério da Saúde”, afirmou o promotor. (Diário do Pará)
Ricardo Brito
Agente de Desenvolvimento Local
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