Nada como uma mobilização de populares que sem outra alternativa senão partir para os extremos na reivindicação que bloqueou a rodovia no Furo das Marinhas, para despertar comentários acirrados nas postagens eletrônicas de jornais, como o Diário do Pará, em que muitos, partindo direto para ataques em uma linha temática preconceituosa mesmo, demonstrando uma imbecilidade rara, fruto de mentes obtusas refugiadas em eras recuadas no tempo e incapazes, até, de entender o primeiro artigo da Constituição Brasileira, ou a simples locução ‘pluralidade cultural’. Não dá para sentir aborrecimento em relação a essas ‘pessoas’, tão-somente pena, pois precisarão viver uma experiência de décadas de vida futura, ou uma experiência científica de rejuvenecimento talvez, para que percebam o mundo tornando-se mais igualitário. A essa postura se dá o nome de reacionarismo. Um dia, espero, perceberão que tipo de criaturas se tornaram.
Algumas pessoas, no entanto, e não foram tão poucas, postaram comentários muito pertinentes e conscientes a respeito da situação de precariedade por que passa a Ilha de Mosqueiro. E posso afirmar que em todos os setores o ilhéu, e os visitantes da Bucólica, sofrem com a falta de tudo. É difícil listar. Mas tentarei: o turismo, que para muitos deveria ser o ponto crucial a ser desenvolvido no balneário, pelo bem da geração de emprego e renda, na prática, não mais existe; ou melhor, é coisa minguada e rara, apesar de muito alardeado pelos órgãos municipais e pela agência distrital, mas é tratado como coisa de amadores. Onde está o turismo receptivo? Não há curso para guias turísticos, as trilhas ecológicas (se é que ainda existem!) não são mais utilizadas, só o velho e surrado turismo praieiro. A rede hoteleira, é daquele jeito... Pratica preços de 1ª e serviços de terceira. As praias estão sujas; as águas, poluídas; as ruas, mal iluminadas; as praças, maltratadas, sem programação cultural, sem esporte, sem lazer. O desemprego, aliado ao subemprego, impera nestas plagas.
É, Mosqueiro, linda, bucólica, exótica... e caótica também. Péssima rima. Caótico o transporte, caótico o atendimento de saúde, insuficiente o serviço de coleta de lixo domiciliar e limpeza urbana de logradouros; por isso, o mau cheiro é coisa cotidiana para o ilhéu e para o visitante. Escolas? Para construir uma sala de aula, anos a fio de espera. As reformas são verdadeiros remendos, isso quando o prédio já ameaça ruir, como aconteceu com a Escola Municipal Remígio Fernandez, que teve as atividades de aulas paralisadas por dois meses, para os fazerem os ditos remendos.
Na segurança pública (que é da alçada do executivo estadual), o mesmo caos já referido. É comum dizerem, por aqui, que Mosqueiro, além de ser "Terra do Já-Teve", também é "Terra Sem-Lei": os bandidos andam soltos, presos estão os cidadãos de bem, já que a inépcia preside este tipo de serviço por aqui. O rei de todos nesse item é o agente distrital, este da alçada municipal, muito labioso e pouquíssimo operoso, nada faz que justifique seu cargo, já que é apenas o testa-de-ferro que leva a culpa pelo descaso em relação à Ilha da parte do prefeito Duciomar Costa, que o nomeou.
No dia de hoje (08/06/2010) constatou-se que as forças truculentas da administração pública municipal e estadual se consorciaram para uma espécie de prestação de desserviço à população. Porém, há matizes de diferenciação nessa truculência. A primeira, praticada pelo assecla de Duciomar, Pimentel, sendo capaz de agir como coveiro da saúde no distrito de Mosqueiro, suprimiu há semanas atrás os serviços de urgência e emergência de duas unidades de saúde, desrespeitando direitos essenciais da população, isto sem receber nenhum tipo de punição por parte da Justiça ― esta mais uma força contrária aos interesses da população. Toda essa humilhação obtida por meio do poder, como rolo compressor, associado a interesses escusos, claro.
A outra truculência veio da alçada estadual via PATAM, digo, ROTAM. Por que será que as confundi? Será por que a primeira foi extinta por causa das arbitrariedades e violência praticadas contra os inocentes? Pois é, sem a habilidade necessária a cidadãos civilizados que ocupam cargos públicos, o capitão responsável pela operação de desobstrução da PA-391 (Rodovia Belém-Mosqueiro, ou Augusto Meira Filho), agiu de forma precipitada, talvez devido a certa inexperiência, percebida pelo fato de ele não encarar as pessoas nos olhos, talvez devido a uma educação tipicamente militar que manda falar as armas, não as palavras e acordos. Uma educação “tipo assim” espartana, sabe? São muitas as possíveis hipóteses, porém o que os olhos dos manifestantes perceberam apenas os creditam a interpretar que é costume, que é de praxe a esses soldadinhos de chumbo meterem o chumbo e sapecarem a porrada mesmo, por terem sido amestrados para tal ‘solução final’, como chamaram os nazistas ao holocausto judeu nas câmaras de gás.
A decisão de fazer a desobstrução na marra levou-os aos excessos do uso de bombas de efeito moral e de atirar com balas de borracha, ditas não letais, mas que em várias ocasiões ocasionaram óbitos, ao atingirem áreas do corpo humano sensíveis, como olhos, genitália, cabeça e peito. O traumatismo craniano e a parada cardíaca, na verdade, são a maior preocupação. Mas nada disso preocupou o pessoal da PATAM/ROTAM: atiraram à queima-roupa em manifestantes, causa das graves incisões nas vítimas, entre elas, o Rubens (o Rubito), meu irmão, e o Nazareno (o Naca). Levados ao Hospital Geral de Mosqueiro, lá, em vez de tratados como vítimas, “tornaram-se” agressores e bandidos pegos em flagrante, formadores de quadrilha, em uma visível tentativa de a PATAM/ROTAM inverter sua situação de agressora a vítima, pelo fato de um dos policiais ter sofrido cortes no braço, causados por garrafas arremessadas por pessoas de dentro de um bar, depois de estas terem recebidos tiros dos pit-policiais. O pior de tudo é que os dois (Rubens e Nazareno), se não fosse a cirurgia a que foram submetidos, seriam levados presos, como chegaram a tentar fazer com o Nazareno, mas a hemorragia da bala ainda não extraída fez que o trouxessem da seccional de polícia, lá do Chapéu-Virado, de volta ao hospital da Praia Grande. Uma vez extraída a bala, ficaria algemado à cama. Isso era o que queriam os pit-policiais. Ainda bem que isso não foi feito.
Como sempre acontece entre aqueles que se voltam para interesses coletivos, o companheirismo fala mais alto. Acionados profissionais do jurídico do PT, esse quadro nefasto está se revertendo. Os mocinhos da história não são os agressores, os rotanenses, portanto, pelo contrário. E pagarão caro, na justiça, por sua arbitrariedade e ferocidade (Rima perfeita!). Como lição, fica a antiga máxima de Lúcio Flávio Vilar Lírio, famigerado bandido dos anos de 1970, de que “polícia é polícia, bandido é bandido”, infelizmente hoje obsoleta. “Que país é este! Que país é este!”
A luta, companheiros, sempre continua! Parafraseando Brecht, peço que pensem em mim com indulgência, porque não estive lá, ao lado de vocês. É imperdoável! Escrever este texto não pode me redimir, jamais...
2 comentários:
vamos atrás de resposta do partido, caso contrario devemos criar uma maior forma de mobilização da sociedade e divulgação deste crime contra os movimentos socias ! não podemos ficar calados.
kd as fotos e videos , precisamos divulgar aquelas imagens para todos
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