Em rota de colisão com partidos aliados contrariados, Dilma Rousseff tenta reforçar relações com movimentos sociais. Num mesmo dia, participa do encerramento de marcha anual de mulheres do campo e concede primeira audiência exclusiva à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Presidenta repete estratégia de Lula de se apoiar nos movimentos sociais em tempos difíceis. Ela aconselhou-se com antecessor na semana passada.
André Barrocal
BRASÍLIA – Em meio a conflitos com partidos aliados, a presidenta Dilma Rousseff terá nesta quarta-feira (17/08) uma agenda dedicada à aproximação dos movimentos sociais, ponto de apoio do ex-presidente Lula na crise do suposto “mensalão”. Dilma vai participar do encerramento da Marcha das Margaridas, que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) organiza todo ano para defender camponesas. E receberá a Central Única dos Trabalhadores (CUT), aliada histórica do PT, para a primeira reunião exclusiva com a entidade desde que tomou posse.
A ida à Marcha, segundo Carta Maior apurou, é uma decisão política que contraria recomendação da segurança presidencial (o evento ocorre em um parque de Brasília) e é comemorada em setores do Palácio do Planalto que acham que Dilma precisa manter canal direto e permanente com os movimentos sociais, como Lula fazia. O ex-presidente, aliás, participou só uma vez da Marcha, em 2007. No primeiro ano de mandato, limitou-se a receber um grupo de manifestantes no gabinete.
Antes de ir à Marcha, Dilma sentará com a direção nacional da CUT, na primeira audiência da entidade a sós com ela. Desde o início do ano, a presidenta tinha encontrado os dirigentes apenas em ocasiões em que também estavam outras centrais sindicais.
A CUT, tradicionalmente ligada ao PT, vinha reclamando de pouca atenção dispensada pela presidente e pelos ministros em geral, à exceção do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O ápice da contrariedade foi o boicote da central e suas congêneres ao lançamento do pacote de medidas pró-indústria, que consideram ter sido negociado apenas com o empresariado.
“Queremos discutir uma demanda estruturante nossa, que são as contrapartidas sociais quando há concessão aos empresários”, disse à Carta Maior o secretário-geral da CUT, Quintino Severo. “Também vamos mostrar que a CUT, historicamente, sempre defendeu um determinado projeto de desenvolvimento do país. É importante que a presidenta ouça isso da gente.”
Antes de ir à Marcha e de receber a CUT, a presidenta terá ainda uma audiência com a secretaria-geral da maior central sindical do planeta, Sharan Burrow, da CSI.
Estratégia Lula
A presidenta tem sido aconselhada, especialmente pelo ministro Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula por oito anos, a manter-se próxima dos movimentos sociais, importante base de sustentação do governo.
Uma aproximação mais forte foi estratégia usada pelo ex-presidente em 2005, quando estourou a crise do suposto “mensalão”. Lula decidiu intensificar as viagens pelo país, para ter mais contato direto com a população, e a relação com os movimentos sociais, como centrais sindicais, UNE e MST. Nessa época, a CUT aderiu ao governo, com a indicação do seu então presidente, Luiz Marinho, para o ministério do Trabalho.
Na semana passada, Dilma teve uma longa conversa com Lula sobre como lidar com as dificuldades políticas que alguns partidos aliados tentam impor a ela, em resposta ao jogo duro presidencial – o governo segurou a liberação de emendas parlamentares e demitiu pessoas denunciadas em reportagens da imprensa, por exemplo, além de ter conversado pouco frente a frente.
Nessa terça-feira (16/08), depois de um evento no Planalto. Dilma deu uma declaração que sugere uma tentativa de se libertar um pouco da postura que ela mesmo e alguns auxiliares alimentaram, de que a agenda da moralidade seria a primeira da lista de prioridades.
Questionada por jornalistas sobre o combate à corrupção, respondeu: “Meu desafio não é isso, meu desafio nesse país é desenvolver e distribuir renda. Esse é meu grande desafio. O resto a gente tem que fazer por ossos do ofício.”
Depois, perguntada se todos ministros denunciados têm apoio dela, respondeu: “Todos.”
A “faxina” da presidenta no ministérios dos Transportes rendeu 52% de aprovação entre os brasileiros, mas custou 47 votos automaticamente a favor do governo no Congresso, com a decisão do PR de deixar a base aliada de Dilma e ser independente. Para consegui-los, a presidenta terá de negociar a cada votação.
Leia Mais:
Maior central sindical do planeta vai a Dilma defender taxa Tobin
A ida à Marcha, segundo Carta Maior apurou, é uma decisão política que contraria recomendação da segurança presidencial (o evento ocorre em um parque de Brasília) e é comemorada em setores do Palácio do Planalto que acham que Dilma precisa manter canal direto e permanente com os movimentos sociais, como Lula fazia. O ex-presidente, aliás, participou só uma vez da Marcha, em 2007. No primeiro ano de mandato, limitou-se a receber um grupo de manifestantes no gabinete.
Antes de ir à Marcha, Dilma sentará com a direção nacional da CUT, na primeira audiência da entidade a sós com ela. Desde o início do ano, a presidenta tinha encontrado os dirigentes apenas em ocasiões em que também estavam outras centrais sindicais.
A CUT, tradicionalmente ligada ao PT, vinha reclamando de pouca atenção dispensada pela presidente e pelos ministros em geral, à exceção do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O ápice da contrariedade foi o boicote da central e suas congêneres ao lançamento do pacote de medidas pró-indústria, que consideram ter sido negociado apenas com o empresariado.
“Queremos discutir uma demanda estruturante nossa, que são as contrapartidas sociais quando há concessão aos empresários”, disse à Carta Maior o secretário-geral da CUT, Quintino Severo. “Também vamos mostrar que a CUT, historicamente, sempre defendeu um determinado projeto de desenvolvimento do país. É importante que a presidenta ouça isso da gente.”
Antes de ir à Marcha e de receber a CUT, a presidenta terá ainda uma audiência com a secretaria-geral da maior central sindical do planeta, Sharan Burrow, da CSI.
Estratégia Lula
A presidenta tem sido aconselhada, especialmente pelo ministro Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula por oito anos, a manter-se próxima dos movimentos sociais, importante base de sustentação do governo.
Uma aproximação mais forte foi estratégia usada pelo ex-presidente em 2005, quando estourou a crise do suposto “mensalão”. Lula decidiu intensificar as viagens pelo país, para ter mais contato direto com a população, e a relação com os movimentos sociais, como centrais sindicais, UNE e MST. Nessa época, a CUT aderiu ao governo, com a indicação do seu então presidente, Luiz Marinho, para o ministério do Trabalho.
Na semana passada, Dilma teve uma longa conversa com Lula sobre como lidar com as dificuldades políticas que alguns partidos aliados tentam impor a ela, em resposta ao jogo duro presidencial – o governo segurou a liberação de emendas parlamentares e demitiu pessoas denunciadas em reportagens da imprensa, por exemplo, além de ter conversado pouco frente a frente.
Nessa terça-feira (16/08), depois de um evento no Planalto. Dilma deu uma declaração que sugere uma tentativa de se libertar um pouco da postura que ela mesmo e alguns auxiliares alimentaram, de que a agenda da moralidade seria a primeira da lista de prioridades.
Questionada por jornalistas sobre o combate à corrupção, respondeu: “Meu desafio não é isso, meu desafio nesse país é desenvolver e distribuir renda. Esse é meu grande desafio. O resto a gente tem que fazer por ossos do ofício.”
Depois, perguntada se todos ministros denunciados têm apoio dela, respondeu: “Todos.”
A “faxina” da presidenta no ministérios dos Transportes rendeu 52% de aprovação entre os brasileiros, mas custou 47 votos automaticamente a favor do governo no Congresso, com a decisão do PR de deixar a base aliada de Dilma e ser independente. Para consegui-los, a presidenta terá de negociar a cada votação.
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