Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

sábado, 28 de setembro de 2013

Crise, perspectivas e ações necessárias

 

A crise no cerne do capitalismo atingiu todos os países emergentes, desacelerando o crescimento econômico que vinham ostentando. Antes da crise, no período 2004/2008 a média anual de crescimento desses países foi de 7,5% e caiu para 5,4% no período 2009/2012, com perda de 2,1 pontos ou 29%. O Brasil sentiu o golpe e o impacto da crise nesses períodos fez com que o crescimento passasse de 4,8% para 2,7%, com perda de 2,1 pontos ou 44%, portanto acima dos países emergentes e da própria média mundial. Por Amir Khair.

Amir Khair (*)

 

A crise internacional pôs a nu a fragilidade financeira, monetária e fiscal dos países desenvolvidos, que estão sendo obrigados, para estimular o consumo, a operar com taxas de juros reais (excluída a inflação) negativas e desvalorizar suas moedas para crescer as exportações uma vez que o mercado interno anda de lado.
O socorro do Estado ao sistema financeiro para evitar o colapso por ele engendrado ampliou déficits fiscais e endividamentos públicos sem precedentes e, mantém posição problemática nas principais macrovariáveis desses países.
Impactos da crise - Por outro lado, a crise no cerne do capitalismo atingiu todos os países emergentes, desacelerando o crescimento econômico que vinham ostentando. Antes da crise, no período 2004/2008 a média anual de crescimento desses países foi de 7,5% e caiu para 5,4% no período 2009/2012, com perda de 2,1 pontos ou 29%.
A situação dos países desenvolvidos nesses mesmos períodos foi a seguinte: antes da crise o crescimento foi de 2,3% e caiu para 0,5%, com perda de 1,8 pontos ou 77%. Essas quedas atingiram de forma diferente esses países. Nos Estados Unidos e na Alemanha a queda foi de 53%, na Área do Euro 147% e no mundo a queda foi de 37%.
O Brasil sentiu o golpe e o impacto da crise nesses períodos fez com que o crescimento passasse de 4,8% para 2,7%, com perda de 2,1 pontos ou 44%, portanto acima dos países emergentes e da própria média mundial.
Medidas e perspectivas - Há que recuperar a perda ocorrida e para isso o governo vem tentando um coquetel amplo de medidas: desonerou setores e produtos, priorizou as empresas locais nas compras governamentais, ampliou a oferta de crédito e reduziu as taxas de juros nos bancos oficiais (BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), autorizou estados e municípios a ampliar o endividamento para investimentos, lançou os programas de concessões nos modais de transporte rodoviário, ferroviário, portuário e aeroviário, ampliou programas de renda e voltados à base da pirâmide social, com destaque para o Bolsa Família, Brasil sem Miséria, Minha Casa Minha Vida, Minha Casa Melhor (compras de móveis e eletrodomésticos) e vários outros estímulos.
Os resultados podem começar a ocorrer de forma mais visível a partir de 2014, uma vez que para este ano a previsões ficam abaixo da média registrada de 2009/2012 de 2,7%.
Mas, será que a expectativa do governo vai se viabilizar? Caso ocorra há grande probabilidade de novo mandato para Dilma Rousseff e, com o crescente impacto desse extenso programa de estímulos pode ser que ocorra cenário macroeconômico mais favorável no segundo mandato. Nesse caso a perspectiva de continuação do objetivo político da crescer com inclusão, como marca dos governos Lula/Dilma se consolide, afastando os riscos de volta a políticas econômicas mal sucedidas.
Resta, no entanto, responder aos clamores das manifestações de massa, colocando o Estado ao serviço da sociedade e não do poder econômico e do corporativismo que só visa se servir do Estado e não de servir à sociedade. O programa Mais Médicos é o primeiro teste de enfrentamento desse corporativismo. Tem tudo para dar certo e conta com decisivo apoio popular. Caso emplaque, abre a porta de avanços significativos na área de maior impacto na vida das pessoas que é a saúde.
Resta, também, avançar na área estratégica da educação. Os últimos anos registraram significativa melhora, especialmente com o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (FUNDEB), Prouni e escolas profissionalizantes. A formação da mão de obra tem muito a avançar e conta com recursos carimbados de vulto ao objetivo que o País necessita. A valorização do magistério caminha lado a lado com essa evolução e tem garantia legal de recursos para sua continuidade.
A recente decisão de destinar 75% dos royalties do pré-sal para educação e 25% para a saúde, pode garantir a sustentação financeira para o deslanche dessas importantes áreas sociais.
Falta - Mas tudo isso poderá ser ampliado e acelerado em seus resultados caso o governo ataque de forma firme o obstáculo do atraso do sistema financeiro e de setores que ocupam posições de monopólio e oligopólio e práticas de cartel, elevando preços e subtraindo recursos dos setores que competem e dos consumidores.
Há que derrubar, de fato, e não tão pouco como ocorrido, as taxas de juros do País, trazendo-as para o nível internacional. O governo tem as armas para isso independentemente do Congresso e teria o apoio da sociedade se atuasse firme nessa direção.
Quanto aos esquemas produtivos que impõem preços na economia e que ainda se encontram demasiadamente protegidos por tarifas e outras vantagens alfandegárias, o governo pode alterar isso removendo o excesso protecionista. Com isso poderá impedir a contaminação das cadeias produtivas, reduzir custos e preços da economia e derrubar a inflação. Quanto ao Copom, que só serve ao atraso e à farsa do controle inflacionário, o melhor para o País é fechá-lo, pois até agora só serviu ao rentismo dominante.
Vale acompanhar.
(*) Mestre em Finanças Públicas pela FGV e consultor

Nenhum comentário: