Sempre combativo contra
toda forma de desigualdade,
ele não silenciará jamais,
porque sua voz ecoa
―em metáforas desconcertantes ―
pelas páginas por nós lidas,
suas obras dialogam
com o mundo e denunciam
com sarcasmo peculiar
as contradições
que tanto ainda nos atormentarão
nas trilhas abertas por suas linhas,
e ainda mais por suas entrelinhas,
a levar a luz ao fundo da caverna,
permitindo a mim,
entre muitas coisas,
fugir,
sutilmente como um elefante
viajante,
da ilha desconhecida
onde
―sem nenhuma intermitência―,
pode me aguardar,
com a lucidez de uma cegueira branca,
a minha própria morte,
como a de um Cristo Sem Evangelho!
―sem sequer direito de pensar em ressurreição―
Como um Ricardo Reis no ano de sua morte,
sempre sabendo o que fazer
com estes seus livros,
estes muito mais que quase objectos,
possíveis mapas,
para em Lisboa fugir
do histórico cerco junto com Fernando Pessoa
e chegar a visitar memoravelmente,
e rápido escapulir,
do convento,
anônimo, ou por todos os nomes
possíveis chamado,
inclusive o de Caim,
irônico rebelde
e gritar
―Saramago, Saramago!
por tudo o que fizeste,
disseste
e
escreveste,
obrigado, muito obrigado,
José Saramago!
Uma homenagem quase anacrônica, mas só pude postá-la hoje, graças a eficiência da Claro! Alcir postou.
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