Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

179 anos da Cabanagem

 

Há 179 anos, o primeiro ataque dos Cabanos aconteceu ainda na noite dia 6 de janeiro de 1835. O povo de Belém festejava ao luar o Dia de Reis. Autoridades portuguesas e famílias poderosas brindavam na noite de gala do Teatro da Providência, que se localizava na Praça das Mercês, diante da Igreja. À saída do teatro, o presidente da província, Bernardo Lobo de Souza, foi para a casa da amante. Demorou a perceber o caos na cidade. Esgueirando-se pelos quintais, de casa em casa, conseguiu ficar escondido até o início do outro dia. Quando saiu à rua, foi morto à bala por um índio tapuio.

A Revolta dos Cabanos ou Cabanagem ocorreu na Província do Grão-Pará, que compreendia o Amazonas e o Pará, entre 1835 e 1840. Cabano era o nome dado aos que habitavam as casas miseráveis às margens dos rios da região. Formavam uma massa de marginalizados que deu à Cabanagem o caráter mais popular de todas as rebeliões nas províncias brasileiras no período regencial (1831-1840). A diversidade étnica dos revoltosos era tamanha que surpreendeu os soldados aliados à Regência: indígenas, negros escravos e libertos, mamelucos, cafuzos, mulatos e mestiços estavam unidos a comerciantes, fazendeiros e intelectuais excluídos das decisões na província.

Parecia a Queda da Bastilha, marco da Revolução Francesa, em 1789.

Desde 1822, as agitações em torno da Independência atingiam a região, que mantinha poucos vínculos com o Rio de Janeiro e era muito influenciada por Lisboa. Tanto que o Pará só aderiu à Independência com um ano de atraso, em agosto de 1823, e ainda assim após a interferência do poder imperial com o envio de tropas comandadas pelo inglês Grenfell. Desde então, o governo central enfrentava oposição radical da população local, que contestava e desafiava as autoridades provinciais nomeadas.

Os conflitos tinham se agravado com a instabilidade política gerada pela abdicação de D. Pedro I e a instalação da Regência, até estourar o movimento armado, em 1835, a princípio controlado por seus líderes, entre os quais Eduardo Angelim, Clemente Malcher, o cônego Batista de Campos e os irmãos Manuel e Francisco Vinagre.

Os cabanos dominaram Belém durante dez meses. Ao todo, três líderes rebeldes presidiram o Pará. Já na primeira gestão, uma moeda antiga passou a ser reutilizada e só valia na província. Mas o movimento se perdeu em meio a desavenças internas e desorientação política.Cabanos se apropriaram de casas de famílias portuguesas ou ligadas ao antigo regime. O porte de armas entre eles foi legalizado.

Intrigas e traições entre os líderes do movimento causaram tanto prejuízo quanto as tropas inimigas. O primeiro presidente indicado,Félix Malcher, simpático ao Império, foi chamado de traidor e assassinado em meio à disputa de poder com o comandante de armas, Antônio Vinagre.

A situação de Belém foi se tornando insustentável. Destruída pelos combates, grassavam epidemias de varíola, cólera e beribéri. A população passava fome. O poder central enviou reforços militares e navais, com apoio inglês. Logo no primeiro contra-ataque do governo provocou, os cabanos tiveram que fugir. A ofensiva teve a ajuda do presidente Francisco Vinagre. Os cabanos debandaram e mantiveram resistência no interior, numa tática guerrilheira, mas foram massacrados. Povoados inteiros foram esmagados e sua população exterminada. Ao final, 40% da população da província havia sido morta. A tragédia em números: 40 mil mortos em três anos de combates numa província com uma população de cerca de 100 mil habitantes.

O último presidente cabano, Eduardo Angelim, foi derrotado pela esquadra do brigadeiro Francisco José Soares de Andrea. A caça aos cabanos continuou até 1840. A tortura era comum. No fim da revolta, Belém só tinha, praticamente, mulheres, crianças e idosos. Muitas mulheres foram violentadas, do lado cabano e das famílias ligadas à Regência.

Em 1840 a província foi considerada "pacificada".

7 de janeiro de 1835 é a data que marca a tomada de Belém pelos cabanos. Já em 13 de maio de 1836 as tropas legalistas fizeram sua festa, comemoravam o começo do fim da Cabanagem. Até o primeiro grande jornal regular do Pará não por acaso foi nomeado Treze de Maio, era o jornal da legalidade. E em 1888 - antes da Lei Áurea - foi criada a Liga Redentora, que propunha que a abolição da escravidão em Belém fosse marcada para o dia 13 de maio. Essa data segundo a autora significava a alforria dos “honrados” cidadãos paraenses sobre os “amotinados” e “desordeiros” homens de 1835 e seus precursores.

Domingos Antônio Raiol e Antônio Ladislau Monteiro Baena foram pioneiros e hoje são clássicos da historiografia cabana. Para Raiol, os fatos que ocorreram no Pará configuram-se como “motins políticos”. Por isso 7 de setembro seria um dia fúnebre e não de comemoração. O autor reconstruía a história paraense desse período como motins desencadeados pelo Rio de Janeiro e que só seriam compreendidos no contexto da abdicação e da Regência. Em 1923 veio uma reinterpretação, e o 7 de janeiro voltou à tona.

Segundo Caio Prado Jr., a Cabanagem foi "o mais notável movimento popular do Brasil (...) o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem o poder de toda uma província com certa estabilidade".

Fonte: http://uruatapera.blogspot.com.br/2014/01/179-anos-da-cabanagem.html

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