Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dilma terá cerca de R$ 9 bilhões a mais para educação e desafio de melhorar ensino público no Brasil

País ainda tem crianças fora da escola e poucas vagas em universidades

Amanda Polato, do R7

Hélvio Romero - 19.08.2010/Agência Estado

clip_image001

Acesso a escolas aumentou nas últimas décadas, mas há crianças
que estão matriculadas e não aprendem a ler e escrever

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) vai ter muito trabalho pela frente no que se refere à educação. O Brasil conquistou avanços importantes nas últimas décadas na área, como a inclusão de mais de 90% das crianças e jovens nas escolas. Mas o país ainda patina em muitas questões, em especial no quesito qualidade do ensino. No primeiro ano de seu governo, Dilma já terá uma vantagem significativa: há a estimativa de mais de R$ 9 bilhões a mais no caixa no MEC (Ministério da Educação).

Em 2009, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi aprovada uma medida que era reivindicação antiga da área: o fim da DRU (Desvinculação das Receitas da União). O mecanismo permitia o bloqueio de 20% das verbas destinadas à educação para que o governo pudesse usá-las em outras áreas. O desbloqueio tem sido gradual e, a partir de 2011, será total. 

Os esforços do MEC no próximo governo devem ser direcionados para o que ocorre nas salas de aula, apontam os especialistas. A diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, explica que, com a redemocratização, na década de 1980, o país conseguiu aumentar o acesso às escolas, mas ainda temos o desafio de “universalizar a educação de qualidade”.

1. Qualidade de ensino

Uma das formas de medir a qualidade é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que aponta nota nacional média 4, na segunda etapa do ensino fundamental, em uma escala que vai de 0 a 10. Recentemente, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou um ranking de desenvolvimento humano que coloca o Brasil no mesmo patamar do Zimbábue e do Quênia quando se considera anos de estudo da população. O Brasil está atrás de cinco países da América Latina no ranking de educação.

Priscila Cruz diz que a preocupação com a aprendizagem e com a qualidade das escolas deveria ser prioritária para Dilma Rousseff, a presidente eleita.

- Precisamos assegurar a aprendizagem, que é um direito determinado pela Constituição. Temos carência de um bom diagnóstico, mas realmente muitas crianças chegam aos oito anos sem saber ler e escrever.

Segundo ela, existem muitas formas de fazer isso. Mas é difícil pensar em melhorias sem aumentar investimentos na formação dos professores. Priscila defende que o papel do governo federal seja, principalmente, impulsionar o ensino superior, para que a formação inicial dos docentes seja voltada para a sala de aula, para a aprendizagem.

Professor de políticas educacionais da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Juca Gil diz que uma forma de promover impactos na qualidade do ensino é dar bolsas a universitários de cursos de licenciatura, para que estudem em período integral. Ele também defende salários melhores para professores, principalmente, os iniciais, porque este é um dos principais incentivos para atrair profissionais qualificados para a docência.

2. Acesso à escola

Um problema que parecia ser das décadas de 1980 e 1990 ainda persiste, embora em menor proporção. Mais de 90% das crianças e jovens entre 4 e 17 anos já estão na escola. Mas, de acordo com estudo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), ainda há 680 mil, entre 7 e 14 anos, longe dos estudos. Além disso, apenas 17% dos pequenos com até três anos têm acesso a creches. Maria de Salete Silva, coordenadora de programas educacionais do Unicef, explica que, na média, a situação do Brasil é boa, mas ainda há muita desigualdade.

- Justamente quem mais precisa de educação não tem acesso a ela. Regiões mais pobres, zonas rurais, áreas indígenas, por exemplo, deveriam ser prioritárias nas políticas.

Para a coordenadora, no caso das creches, é preciso considerar as áreas onde há mais demanda por elas, já que o nível de ensino não é obrigatório.

Juca Gil avalia que é fundamental construir mais creches, mas isso deve ser feito considerando as características de cada cidade.

- O ProInfância [programa do governo federal] criou um modelo de creche, único, que as prefeituras aceitam ou não. Se o município não tem o terreno no tamanho que o governo federal determinou, não vai poder ter a creche. Esse é um papel que o governo não pode continuar tendo.

Ele lembra que o déficit de prédios é muito grande.

- É importante saber que nenhum presidente vai dar conta do déficit em apenas quatro anos.

3. Analfabetismo

Outro problema antigo que ronda os brasileiros é o analfabetismo. A Síntese de Indicadores Sociais, divulgada em setembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que existem 14 milhões de analfabetos no país. Juca Gil conta que mais de 80 anos de campanhas educacionais ainda não foram capazes de resolver a questão.

Segundo ele, faltam políticas para áreas “precaríssimas”, onde a pobreza e a dificuldade de acesso impedem a frequência escolar. O ideal, diz o especialista, é que os professores cheguem aos estudantes, mesmo que sejam poucos ou até mesmo um único. Gil defende ainda a integração de projetos de alfabetização ou outros sociais e de impacto econômico, como geração de renda.
Maria de Salete lembra que o combate ao analfabetismo é importante para a educação básica, já que, hoje em dia, muitos pais enfrentam dificuldades para acompanhar a vida escolar dos filhos.

Priscila Cruz defende uma intensificação de esforços para a alfabetização de crianças até os oito anos de idade, para que o país acabe com o analfabetismo funcional. Ela lembra que o fato de uma criança não saber ler e escrever a impede de aprender outras disciplinas, como matemática, história, geografia, entre outras.

Cerca de 20% da população com 15 anos ou mais enfrenta problemas com o analfabetismo funcional, segundo o IBGE. Eles têm menos de quatro anos de estudo completos e conseguem cumprir tarefas simples, como assinar o próprio nome, mas não são capazes de ler e escrever livremente.

4. Investimentos em educação

Atualmente, o país investe, aproximadamente, 4% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação. Especialistas divergem quanto ao valor a ser investido na área. O Movimento Todos pela Educação, por exemplo, defende investimento mínimo de 5%.

Juca Gil diz que o Brasil precisa de um investimento de fôlego, como 10% do PIB, para superar desigualdades, já que ainda há escolas sem banheiros, água, luz, bibliotecas e sem condições para o aprendizado.

A especialista do Unicef, Maria Salete, diz que “não adianta apenas aumentar os recursos".

- Em educação, nenhuma medida é capaz de melhorar sozinha a situação. Deve haver um conjunto articulado de ações, com foco no aprendizado das crianças.

5. Ensino técnico e superior

Temas muito citados durante a campanha eleitoral, os níveis técnico e superior são desafios importantes, apesar de melhoras consideráveis nos últimos anos. Mas a prioridade deve ser mesmo a da educação básica, defende a diretora do Todos pela Educação. Isso porque, sem melhorias nesta etapa, será muito difícil melhorar as outras.

Priscila Cruz diz que não é possível saber, ao certo, qual é a demanda do país por ensino técnico, mas existe a sensação geral de que faz falta. No ensino superior, é mais fácil ver a deficiência. Segundo o IBGE, apenas 48% dos jovens de 18 a 24 anos frequentavam universidades em 2009. No entanto, é possível ver uma evolução (boa parte dela durante o governo Lula): dez anos antes, em 1999, menos de um quarto deste grupo populacional (22,1%) estava matriculado em um curso superior. Apenas 15,2% da população ativa têm mais de 11 anos de estudo (ensino superior incompleto ou cursando).

Nenhum comentário: