Pressão dá resultado na ilha

Amazônia Jornal

Edição de 22/05/2010

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Moradores de Mosqueiro esperam acordo depois de protesto contra o fim do serviço de urgência e emergência

YÁSKARA CAVALCANTE

Da Redação

Exibindo faixas, cartazes, um caixão e até um boneco em tamanho real do ex-secretário municipal de saúde Antônio Vinagre, moradores da ilha de Mosqueiro fizeram ontem mais uma manifestação contra o fim do atendimento de urgência e emergência na Unidade Municipal de Saúde (UMS) Maracajá, que fica no segundo bairro mais populoso do distrito, com cerca de 7 mil habitantes. Os moradores reivindicam a volta imediata do serviço, que, segundo o atual secretário municipal de saúde, Sérgio Pimentel, foi interrompido porque a unidade fica a 400 metros do Hospital Municipal da ilha. Na verdade, a distância é de 2 km.

A unidade de saúde do Maracajá, que tem 78 funcionários, não está funcionando desde a última terça-feira, depois que o secretário municipal de saúde determinou que o serviço só funcionaria no Hospital Geral do Mosqueiro e na Unidade Municipal de Carananduba. A população reclama da distância do hospital e defende a reativação da urgência e, portanto, do atendimento 24h, já que a unidade do Maracajá só está funcionando das 8h às 17h.

Ontem, depois de ameaçar interditar a ponte que dá acesso a Mosqueiro, os manifestantes se concentraram desde as primeiras horas da manhã em frente à unidade do Maracajá, que teve os portões trancados, como forma de impedir a entrada de funcionários, que também aderiram à manifestação. Os funcionários alegam que têm sofrido assédio moral, já que além de alguns terem sido transferidos para outras unidades, tiveram as gratificações cortadas do salário.

No meio da manhã, os manifestantes, acompanhados de representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindsaúde), saíram de frente da unidade e seguiram em caminhada rumo à Agência Distrital de Mosqueiro, onde depois de quase duas horas gritando palavras de ordem, ameaçaram invadir a agência.

O administrador afirmou que a ideia do secretário é tornar o Hospital Geral de Mosqueiro uma referência para todo o município. "Não tem como ter urgência e emergência. Além do custo elevado, faltam equipamentos, como o desfibrilador, e outros requisitos", observou Ivan Bezerra.

Sérgio Pimentel, titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), disse que pretende transformar Mosqueiro num modelo de prestação de serviço de saúde pública, o que irritou ainda mais os manifestantes. "É muito estranho que ele (Pimentel) queira começar a organizar a saúde do município por Mosqueiro. Só queríamos saber porque Mosqueiro e não pela própria capital, já que não é novidade para ninguém que os dois prontos-socorros estão agonizando", disparou o professor Leirson Azevedo.

Sobre as manifestações da ilha, Sérgio Pimentel diz que já se reuniu com sindicalistas e esclareceu a situação da unidade de saúde, que funcionará normalmente e contará com total apoio médico do Hospital Geral de Mosqueiro.

MP -

Ao final da manhã, após tentativa de invasão da Agência Distrital de Mosqueiro, os manifestantes foram recebidos pelo promotor público Arnaldo Célio da Costa Azevedo, que já está analisando a suspensão do atendimento de urgência e emergência na ilha e, a pedido da comissão de moradores, se comprometeu em intermediar um acordo com o secretário municipal de saúde, Sérgio Pimentel.

Arnaldo da Costa Azevedo se mostrou favorável ao funcionamento 24h da unidade do Maracajá, mas disse que ainda está apurando os fatos. Na próxima segunda-feira (24), ele se reunirá com Sérgio Pimentel para buscar uma solução para o impasse.