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segunda-feira, 4 de março de 2013

Ipea: 'O pibinho não chegou ao bolso do trabalhador brasileiro'

Estudo elaborado pelo instituto revela criação de 484 mil postos de trabalho no Brasil em 2012, em contraste com índices de crescimento econômico

Por: Maurício Thuswohl, da Rede Brasil Atual

Publicado em 04/03/2013, 15:10

 

Ipea: 'O pibinho não chegou ao bolso do trabalhador brasileiro'

Presidente do Ipea ressalta a importância do mercado de trabalho para a redução da desigualdade no país (Foto: Antonio Cruz / ABr)

Rio de Janeiro – “O pibinho não chegou ao bolso do trabalhador ou ao bolso do aposentado. Os brasileiros estão melhor do que o Brasil”. A definição, dada pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Néri, resume os resultados do boletim de conjuntura "Análise do Mercado de Trabalho", elaborado pelo instituto e apresentado hoje (4) no Rio de Janeiro.

O estudo do Ipea, que abrange também o mês de janeiro de 2013, conclui que “o mercado de trabalho se comportou de maneira positiva em 2012”, mantendo uma tendência de crescimento iniciada nos últimos anos. A conclusão se apóia nos números positivos registrados em itens como as taxas de atividade e desocupação, a média dos níveis de ocupação e informalidade e o aumento da massa salarial e do rendimento médio real habitual do trabalhador brasileiro.

“O mercado de trabalho está surpreendendo há alguns anos, e talvez 2012 seja o ápice dessa surpresa” avalia Néri. O presidente do Ipea ressalta que o ano passado confirmou a tendência de crescimento do mercado de trabalho brasileiro, apesar dos resultados não tão bons obtidos em termos de crescimento da economia registrado pelo PIB, que cresceu 0,9% no ano passado. “A cada ano o desemprego vai caindo e a taxa de atividade vai crescendo no país. A formalidade continuou a aumentar. O salário, em particular, aumentou. É como se o Brasil estivesse crescendo sua massa per capita a 5,3% enquanto a economia registrada pelo PIB é zero”, diz.

Néri afirma ainda que a permanente entrada de novas pessoas no mercado de trabalho tem sido um fator preponderante para a redução das desigualdades sociais no Brasil. “O mercado de trabalho brasileiro continua o movimento de redução da desigualdade que beneficia aqueles com menor educação, que moram nas regiões mais pobres ou na periferia, os negros, as mulheres. Segmentos tradicionalmente excluídos têm tido um desempenho melhor”, diz.

Distribuição de renda

O estudo do Ipea mostra que o mercado de trabalho para as classes com maior poder aquisitivo também cresce no Brasil, mas em uma velocidade menor, fator que explica em parte o bom desempenho dos setores menos favorecidos da sociedade: “Todos estão crescendo, mas quem está crescendo menos são os grupos tradicionalmente incluídos: pessoas de alta educação, brancos, homens, moradores das capitais do Sudeste. Nos últimos anos, ambos estão crescendo, mas os pobres estão crescendo a uma taxa maior, com diversas características positivas que incluem salário, ocupação, atividade, e formalidade”, avalia Néri.

O nível de ocupação no mercado de trabalho brasileiro, segundo o estudo do Ipea, aumentou em setores como administração pública, comércio, construção civil, setor financeiro e outros serviços. Apenas a indústria e os serviços domésticos registraram desaceleração em 2012.

Segundo Néri, determinados setores deverão continuar a funcionar como alavancas para o bom momento do mercado de trabalho em geral: “Os setores de construção civil e os serviços prestados por setores da administração pública – como educação, saúde e assistência social – registraram um crescimento forte. Isso está alinhado com os grandes eventos que o país receberá e com as necessidades de infra-estrutura. Esse movimento pode continuar ao longo de 2013.”

484 mil novos postos

De acordo com o estudo elaborado pelo Ipea, a taxa de atividade do trabalhador brasileiro em 2012 oscilou em torno de 57,3%, resultado ligeiramente superior à média de 2011 (57,1%). A taxa de desocupação, por sua vez, segue caindo, e obteve no ano passado a menor média anual (4,6%) desde 2002, com uma redução de 0,9% em relação a 2011. Já a média anual do nível de ocupação do trabalhador brasileiro teve em 2012 crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior. Isso, segundo o Ipea, significa que o governo criou 484 mil novos postos de trabalho em 2012.

Entre os setores do mercado de trabalho, os maiores índices de crescimento foram da construção civil (4,6%) e da administração pública (4,1%). Registraram queda em relação a 2011 os setores de serviços domésticos (-2,03%) e indústria (-0,22%). Já o nível médio de informalidade registrado no Brasil no ano passado foi de 34%, o que significa uma redução de 1,1 ponto percentual em relação a 2011.

A média para o rendimento médio habitualmente recebido pelo trabalhador brasileiro em 2012, segundo o Ipea, foi de R$ 1.794,90. O maior valor no ano foi registrado no mês de novembro, quando o rendimento médio chegou a R$ 1.822,20. O diferencial de rendimentos entre empregados com e sem carteira assinada foi em média de 27,1% em 2012, superior aos 22,26% registrados em 2011. Já a massa salarial do país, segundo o estudo, foi de 6,3% entre 2011 e 2012.

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