Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Jovem cientista do Pará recebe prêmio no Planalto

 

17 DE DEZEMBRO, 2013 - 07H28 - PARÁ

Divan foi enaltecido pela presidenta, que elogiou os resultados da pesquisa do jovem paraense


Por: por Rafael Querrer, da Sucursal Brasília / Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

O estudante paraense Edivan Nascimento recebeu ontem das mãos da presidenta da República, Dilma Rousseff, um computador portátil por ter sido o vencedor da 17ª edição do Prêmio Jovem Cientista na categoria “Estudante do Ensino Médio”. A solenidade ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. Todos os ganhadores dessa edição, nas demais categorias, também foram agraciados pelos projetos elaborados. Receberam as premiações, também, do  ministro da ciência e tecnologia e inovação, Antonio Raupp, do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, do representante da Fundação Roberto Marinho, Paulo Marinho, da vice-presidente do Instituto Gerdau, Beatriz Gerdau Johannpeter e do presidente da GE Brasil, Gilberto Peralta.

Edivan foi enaltecido pela presidenta, que elogiou os resultados da pesquisa do jovem paraense e o parabenizou pelo objetivo social do projeto. “Um País que pretende competir em nível internacional precisa aplicar as descobertas tecnológicas da ciência para, também, evoluir socialmente. Esse tipo de estudo, desenvolvido pelo Edivan, é essencial para o desenvolvimento do Brasil, principalmente pela problemática da região para a qual foi pensado”, afirmou Dilma.

O projeto de Edivan vem chamando a atenção de empresas e universidades, interessadas em investir na iniciativa. Em quase um mês o estudante já recebeu diversos convites para desenvolver seu projeto e recebeu propostas de incentivos para continuar pesquisando e estudando. “Mas, o meu foco continua o mesmo, ajudar a minha cidade. Não mudei meus objetivos iniciais. Quero utilizar essas oportunidades todas para auxiliar no desenvolvimento do meu município e beneficiar a vida de pessoas de onde eu nasci”, disse.

Edivan é de Moju, no Nordeste do Estado do Pará. Segundo ele, os bairros da periferia e das regiões ribeirinhas da cidade não possuem tratamento de água adequado, fazendo com que o consumo do líquido seja feito diretamente nas torneiras, sem filtro. Para resolver esse problema, pelo menos parcialmente, o estudante desenvolveu um método que aproveita o caroço do açaí de forma sustentável. Com a larga escala produtiva de açaí, na região, muitos caroços da fruta são despejados na rua provocando mal cheiro, acumulo de insetos e doenças. Edivan conseguiu, a partir dessa situação, pensar em uma forma de transformar esse “lixo” em uma solução para garantir a purificação da água. A ideia poderá beneficiar, direta e indiretamente, a saúde dos cidadãos mojuenses.

O caroço do açaí é um material orgânico rico em carbono, portanto, apropriado para a produção de carvão, que pode servir para o tratamento da água. Edivan descobriu isso depois de uma série de pesquisas realizadas na biblioteca da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A partir das leituras construiu um modelo para produzir o carvão com o caroço desperdiçado. Edivan utilizou hidróxido de sódio (NaOH) como agente químico ativante. Depois de ficar mergulhado em uma solução de NaOH por 24 horas, o caroço do açaí secou em estufa a 50°C por 6 horas para, posteriormente, passar pelo processo de pirólise, que consiste na decomposição da matéria em altas temperatura.

O caroço foi, então, exposto a uma temperatura de aproximadamente 400°C por 3 horas,na ausência de oxigênio, para evitar a queima total do carvão ativado. Após a pirólise, o carvão ativo foi resfriado, lavado várias vezes em água corrente para a retirada do excesso do agente químico ativante e, novamente, passou pelo processo de secagem. A etapa final foi a pulverização feita em um liquidificador. No experimento, Edivan preencheu as velas de um filtro simples com o material a fim de testar sua eficiência. O resultado foi surpreendente: depois de tratada, a água apresentou os índices indicados pelas normas de potabilidade estabelecidas pelo Ministério da Saúde e se mostrou mais eficiente que o carvão ativado industrializado.

Desse modo, o produto final, resultante do resgate de um material orgânico até então descartado, poderá contribuir para a prevenção de inúmeras doenças e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida da população local. Além disso, o caroço do açaí representa uma nova alternativa de matéria-prima na fabricação de carvões ativados, movimentando a economia da região e promovendo também a sustentabilidade na produção de açaí. Segundo o jovem pesquisador, a premiação é um grande incentivo para seguir com os estudos. “Mesmo morando em uma região afastada, estou tendo a oportunidade de realizar um sonho e de mudar a vida da minha comunidade”, disse.

Para concluir o projeto, Edivan chegou a vender coxinhas. O estudante precisava juntar R$ 247 para tocar a pesquisa. O esforço e a vitória do jovem pesquisador é reconhecido por todos.  “Pra mim é um orgulho estar vendo meu esposo alcançar esse prêmio. Isso serve como incentivo pra ele e como um presente para nós, que no primeiro ano de casados já temos uma vitória como essa. Isso vai abrir portas para que ele cumpra o objetivo dele, de ajudar a nossa cidade, e também para que ele projete um futuro melhor para si. O Edivan vai longe por ser esforçado e preocupado com o próximo. A minha torcida é para que ele alcance tudo e seja muito feliz”, disse a esposa de Edivan, Marília Valente. “Pra mim é muito importante porque o Edivan está abrindo portas para ele e para outros estudantes do nosso município. Esse prêmio representa uma vitória para o ensino público do nosso município, do nosso Estado e, claro, do nosso País. Tenho certeza de que muitos outros alunos estão estimulados a desenvolver pesquisas para ajudar a nossa sociedade, depois do exemplo do Edivan”, comentou, em seguida, o professor orientador de Edivan, Valdemar Rodrigues.

O trabalho do paraense foi desenvolvido no Clube de Ciências Professora Rosa Maria Correia Martins, que funciona dentro da Escola Ernestino Pereira Maia, onde estuda Edivan. A pesquisa foi conduzida com a orientação de Valdemar e também da professora Raimunda Costa, que não pode comparecer à solenidade no Palácio do Planalto por estar doente.

Apesar da parceria com a instituição de ensino, o Clube de Ciências funciona com a vontade e o bolso dos professores e coordenadores envolvidos. “Nós trabalhamos há 22 anos na Escola. Muitos projetos já conseguiram ganhar vida além das paredes da sala de aula que ocupamos. Mas, esse do Edivan foi o primeiro a chegar tão longe e ganhar tanta visibilidade. O Edivan está provando que vale a pena apostar nos meninos e meninas que estão se esforçando para desenvolver seus projetos. Talvez isso abra os olhos de pessoas que possam nos ajudar, porque nós não recebemos nenhum auxílio para investir nesses estudantes. É difícil. Temos que contar, totalmente, com o esforço deles (alunos), explicou Rachel Siqueira, uma das coordenadoras do Clube de Ciências.

Para Edivan está mudando tudo, mas um dos pontos principais são as novas possibilidades para os colegas. “Está mudando muito.  Muita gente interessada no meu projeto. Laboratórios super avançados, com equipamentos qualificados. Eu vou poder ajudar meu município. Isso há de servir como incentivo para meus colegas. O que é uma das melhores conquistas”, disse o jovem cientista. “Eu estou muito feliz com as palavras da presidenta. Ela disse que sou um grande inovador na ciência e comentou sobre a possibilidade de o governo federal analisar o meu projeto para aplicação dele em outros municípios. Não tenho como estar mais feliz. Espero que dê tudo certo”, explicou Edivan.

“O Prêmio Jovem Cientista é destinado àqueles que têm coragem de enfrentar desafios, que se inquietam, que saem em busca de soluções. Todos vocês são motivo de orgulho para nós e para o país. Todos os cientistas premiados hoje dedicaram seu tempo para desenvolver projetos sobre um tema muito importante. Um país que se quer competitivo precisa aplicar esses achados, essas descobertas, para melhorar a vida das pessoas, por isso é muito bom ver as novas gerações produzindo soluções”, disse Dilma, apontando a necessidade da produção científica para o desenvolvimento do Brasil com inclusão social.

Também foram premiados o professor doutor Eugênio Foresti, na categoria Mérito Científico; a Escola Técnica Estadual de Monte Mor (SP), na categoria Mérito Institucional Ensino Médio, e a Universidade de São Paulo, na categoria Mérito Institucional Ensino Superior. Nas categorias ensino superior, ensino médio e mestre e doutor, além do primeiro lugar, foram agraciados os vencedores da segunda e da terceira colocação. No total, foram concedidos R$ 700 mil em prêmios. O concurso recebeu 3.226 trabalhos, a maioria deles oriundos do ensino médio.

O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Fundação Roberto Marinho, a Gerdau e a GE. Quatro categorias são premiadas: Mestre e Doutor, Estudante do Ensino Superio, Estudante do Ensino Médio e Mérito Institucional. Há ainda um prêmio de Mérito Científico para um pesquisador doutor que, em sua trajetória, tenha se destacado na área relacionada ao tema da edição.

Criado em 1981, o Prêmio tem o claro objetivo de incentivar a pesquisa e a inovação tecnológica no País e é considerado um dos mais importantes reconhecimentos aos cientistas brasileiros. Os temas de cada edição buscam soluções viáveis e acessíveis para os desafios da sociedade brasileira. Entre os assuntos abordados em edições anteriores estão “Saúde a população e controle de endemias”, “Oceanos: fonte de alimentos”, Cidades Sustentáveis e “Inovação Tecnológica nos Esportes”.

A presidenta destacou que o tema desta edição do prêmio, “Água, Desafios da Sociedade”, é muito caro para o Brasil, que detém a maior reserva de água doce do mundo, mas vê esse bem ser desigualmente distribuído pelo território nacional.

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