Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Câmara aprova expropriação de terras em caso de trabalho escravo e isola setor ruralista

 

Em entrevista, presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Trabalho, deputado Domingos Dutra (PT-MA), destaca a importância da aprovação da PEC 438, relata a negociação com a bancada ruralista e a atuação de sua ala mais atrasada: "os profetas do atraso, como o deputado Nelson Marquezelli [PTB-SP] e o deputado Abelardo Lupion [DEM-PR] apostaram no caos e acabaram isolados; nesta votação deixaram de ser bancada e viraram tamburete".

Vinicius Mansur

Brasília - A Proposta de Emenda Constitucional 438, a PEC do Trabalho Escravo, que determina a expropriação de propriedades em que for flagrado trabalho escravo, foi aprovada em segundo turno na Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira (22). 360 deputados votaram a favor, 29 contra e 25 se abstiveram. Todos os partidos orientaram suas bancadas a votar favoravelmente à proposta. Até mesmo o PTB, que inicialmente orientou voto contrário, inverteu sua posição durante a votação, temendo ser associado, isoladamente, ao escravagismo.
Apesar da orientação unânime, a bancada ruralista chegou a tentar esvaziar o plenário para evitar o quórum necessário, mas não conseguiu. Agora, a matéria vai para o Senado.
Nos bastidores e no plenário, os ruralistas tentaram até o último momento condicionar a aprovação da PEC à mudança do artigo 149 do Código Penal que define escravidão contemporânea. A ideia passa por excluir “condições degradantes de trabalho” e “jornada excessiva de trabalho” do texto do Código. Mas, conforme explica o presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Trabalho, deputado Domingos Dutra (PT-MA), em entrevista à Carta Maior, não houve acordo.
Segundo o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), segue de pé a proposta de criação de uma comissão de deputados e senadores para estudar eventuais melhorias no combate ao trabalho escravo. Entretanto, a comissão deve se limitar a regulamentar o texto aprovado e não incluir mudanças no conceito atual de trabalho escravo.
Confira a entrevista com Domingos Dutra.
Qual o significado da aprovação desta PEC?
Primeiro, a Câmara mostra que está harmonizada com o sentimento da sociedade e ajuda a melhorar sua credibilidade. Segundo, sinaliza para o mundo que nós não toleramos o trabalho escravo e o Brasil, na quinta e sexta, vai estar na reunião periódica sobre os tratados da Comissão dos Direitos Humanos da ONU, na Suíça. Em terceiro, a Câmara mostra que quer estar sintonizada com os demais poderes em busca da justiça social nesse país. O Supremo tem tomado decisões importantes como a Lei da Ficha Limpa, a Lei Maria da Penha, garantiu o Prouni, o sistema de cotas, devolveu as terras aos Pataxós depois de 28 anos. O poder executivo anuncia uma série de programas para combater a pobreza e a Câmara estava aqui patinando, há anos com essa PEC aqui.
Como foi a negociação com a bancada ruralista?
Nós do PT tínhamos recuado, aceitando a ponderação deles de que a perda da propriedade só ocorreria quando transitasse em julgado a sentença condenatória. Essa mudança aconteceria via outro projeto de lei, de comum acordo entre Senado e Câmara, para aprovar de forma rápida. Mas a bancada ruralista ficou até o último momento querendo mudar o artigo 149 do Código Penal, querendo tirar jornada exaustiva e condições degradantes. Nós não aceitamos e dissemos que não teria acordo nenhum mais e que vamos querer que o Senado vote a PEC do jeito que saiu da Câmara. E assim foi votado, eles apostaram na falta de quórum e agora tem que arcar com isso.
Foi uma derrota para os ruralistas?
Primeiro quero acreditar que foi uma vitória do parlamento. Segundo, nós isolamos o setor da bancada ruralista mais atrasado. Pelos dados das inspeções, de 1995 até 2012, menos de 2% dos estabelecimentos rurais foram flagrados com trabalho escravo, são 42 mil pessoas resgatadas destas condições diante de um universo de milhões de trabalhadores e empresas. Então, é uma minoria que pratica o trabalho escravo. E rejeitar a PEC ou não votá-la é se confundir com essa minoria. Além do mais, a PEC é voltada para o setor produtivo que é limpo, o trabalho escravo é concorrência desleal com os que trabalham legalmente. Agora, havia os profetas do atraso, como o [deputado Nelson] Marquezelli [PTB-SP], o [deputado Abelardo] Lupion [DEM-PR] que apostaram no caos, o que os levou ao isolamento porque a bancada ruralista se resumiu a 29 votos, nesta votação deixaram de ser bancada e viraram tamburete.
E agora qual será o trâmite da matéria?
Agora volta para o Senado, que vai apreciar a parte incluída pela Câmara, que foi o trabalho urbano. Esperamos que o Senado, que é uma casa menor e mais rápida, vote imediatamente porque o Brasil, que é a 6º economia do mundo, avança em vários cantos, mas nessa matéria é um retrocesso. A princesa Isabel em 10 dias aprovou a Lei Áurea no Império e o congresso em pleno século XXI passa 17 anos.

Repostado do portal Carta Capital

Nenhum comentário: