JANELAS DO TEMPO:
PIRATAS DA ILHA
A história da Universidade de Samba Piratas da Ilha, fundada em 07 de janeiro de 1975, confunde-se com a trajetória carnavalesca de Agostinho Pereira, o inesquecível Macarrão, fundador da escola que se tornou famoso como folião, sambista irreverente (caracterizado como personagem feminina), compositor e intérprete de sambas memoráveis, entre os quais se destacam “À Tardinha” (primeiro samba dos Piratas da Ilha, em 1971), “Férias do Passado”, “Exaltação à Bahia” e “Belezas e Lendas do Marajó” (o samba do Pererê).
As origens da escola remontam aos tempos de bloco carnavalesco e sua multiplicidade de nomes. Criado em 1968 com o nome de “Piratas da Titia”, cujos principais integrantes pertenciam ao time de futebol Mato Grosso, o bloco saía, invariavelmente, da casa da Tia Águida, na 6ª Rua. Depois, ganhou outros nomes: “Os Tesourados” (1969), “Conosco Ninguém Podemos” (1970) e, finalmente, “Piratas da Ilha” (1971), nas cores amarelo e preto, inspirado na figura do pirata do Ron Montilla (bebida muito apreciada pela juventude da época), tornando-se um bloco de arrastão já tradicional na ilha do Mosqueiro.
Esses momentos iniciais partilhados com Diógenes Godinho (compositor), Quincas, Carlinho Mathias (primeiro passista da escola), Chico Tripa, Tote, Cabeça, Lito, Didi do Tiduca e Emanoel Braga, entre outros, foram decisivos para a transformação do bloco em escola de samba no ano de 1975, concretizando a ideia defendida euforicamente por Macarrão – Presidente de 1975 a 1988.
A partir daí, ostentando as cores vermelho e branco e desenvolvendo enredos de exaltação, político-sociais, históricos ou baseados no folclore, a escola, que recebera o nome de Universidade de Samba Piratas da Ilha, conquistou inúmeros títulos e a simpatia do público por seus desfiles empolgantes. Nem mesmo a cisão na Diretoria em 1976, que paralisou a entidade substituindo-a pelo bloco “A Patada”, empanou o sucesso de sua jornada.
Em 1988, a escola, que já existia de fato, ganhou personalidade jurídica com seu primeiro Estatuto Social, na reorganização promovida pelo Presidente Orlando de Andrade Rabelo (1988 a 1995). Começa, então, uma nova era em que pontificam os nomes de Raimunda Cruz da Silva (madrinha da escola), Jorge do Cavaco (compositor), Paulo Batucada (intérprete), Paulo Munhoz e Geraldão (mestres da bateria); Claudionor Wanzeller (autor e redator de enredos); Mário d’Ávila e Rosivan Pereira (carnavalescos); Alice Lameira (coordenadora de desfile); Dico Medalha, Dico Caldeira, Jorge Botelho e Curiba (coordenadores de alegorias e adereços); Almir Corrêa Cabral (coordenador da Comissão de Frente); Gabriel Ângelo Silva Cordeiro (administrador); Lila Caldeira (estilista); Albertina Carvalho (coordenadora da ala das baianas) e Miguel Ferreira da Silva Júnior (Presidente de 1995 a 1998).
A partir do Carnaval do ano 2000, a Prefeitura Municipal de Belém deixou de realizar os concursos de escolas de samba da ilha do Mosqueiro. Sem o necessário apoio cultural do Governo e de empresas privadas, sem espaço delimitado e organizado para seus desfiles, a escola, como suas congêneres, transformou-se em bloco de abadá, sem a expressividade e o brilhantismo do passado. Seu barracão de alegorias, inclusive, foi ocupado pela Agência Distrital do Mosqueiro. Foram tempos difíceis vivenciados nas administrações dos Presidentes Célio Soares Almeida (1998 a 2005), Carmem Bastos (primeira mulher a ocupar o cargo de 2005 a 2007) e Walter de Sousa Castro (de 2007 a 2009).
Nos últimos meses de 2009 e no início de 2010, a escola foi administrada por uma JUNTA GOVERNATIVA, que promoveu a reforma estatutária, um processo de reorganização e o pleito para a escolha da nova Diretoria. Essa Junta foi constituída pelos senhores Miguel Ferreira da Silva Júnior (Presidente), Antônio de Vasconcelos Alvarez Rodrigues (Tesoureiro) e Arnaldo Trindade de Azevedo Filho (Secretário). A eleição, realizada por meio de votação secreta, apontou como Presidente da Assembleia Geral o Sr. Orlando de Andrade Rabelo e como Presidente da Diretoria Executiva o Sr. Miguel Ferreira da Silva Júnior.
Hoje, sem concursos e sem títulos, sem barracão ou sede, sem local definido para a saída dos seus arrastões, a escola sobrevive pela tradição e pelo carinho dos seus aficcionados, recordando com saudade, o brilho do passado.
No Carnaval de 2011, os Piratas da Ilha continuam a animar as tardes de domingo com o seu tradicional bloco de arrastão, o qual sempre acontece a partir do primeiro dia do ano e vai alegrar milhares de foliões com a interpretação contagiante dos sambas-enredo que marcaram época. Neste Carnaval, a Universidade de Samba Piratas da Ilha, na voz do intérprete Carlinhos, canta o samba-enredo “Mosqueiro: Sua História e Suas Gentes”, uma composição de Jorge do Cavaco, que sintetiza os fatos marcantes desde os primeiros tempos de ocupação da ilha até as mazelas advindas do progresso atual.
REGISTRO FOTOGRÁFICO DOS VELHOS TEMPOS:
FOTOS: Baú dos Piratas – org. Jorge Botelho, o famoso Mucurinha.
3 comentários:
Excelente matéria e preciosíssimo contributo à memória ilhoa! Parabéns ao Blog PT de Mosqueiro e ao autor do texto, ambas iniciativas que marcam um diferencial de postura ante a História do cotidiano, pela iniciativa de recuperação de traços da especificidade que nos dá identidade cultural, história factual e crítica, não personalista.Alcir.
Adorei a matéria e as fotos. Lembro desses carnavais que eram melhores doq os de hoje. Saudades do carnaval no Pedreira que era muito legal.
Estou aqui com lagrimas nos olhos,relembrando os carnavais de minha infancia no Mosqueiro.Mas, que bom que esta escola de samba ainda persiste firme,forte e valente.Hoje moro em Campinas(SP),mas não esqueço um só dia o nosso Mosqueiro.Adorei as fotos!Saudades...
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