Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Thatcher-Reagan e o neoliberalismo: a contrarrevolução travestida de reforma e modernização

12/04/2013

 

A virada de período histórico operada pelo fim da URSS, pela passagem à hegemonia unipolar dos EUA e pela hegemonia do modelo neoliberal, representou um duro golpe para a esquerda. Mais além da desaparição do sistema soviético – que, antes mesmo de se avaliar sua natureza, representava um contrapeso ao bloco imperialista –, a derrota da esquerda foi de dimensões muito maiores.
Em primeiro lugar porque a crise soviética não desembocou numa solução de esquerda – como esperavam os trotskistas e poderiam supor os social-democratas –, mas numa alternativa plenamente capitalista, de direita.
Em segundo lugar, porque trouxe com ela a desmoralização do socialismo, do Estado, da economia planificada, da política, dos partidos, das soluções coletivas, junto com a desqualificação da esquerda, do movimento sindical, do mundo do trabalho.
Alterou-se não apenas o cenário político, mas também o ideológico. Com a desaparição de alternativas, o liberalismo se impôs, carimbando seu sistema político como “a democracia”, a economia capitalista como “a economia”.
Mas a principal vitória ideológica do liberalismo renascido foi a desqualificação, como superado, de todo o ideário da esquerda, que até esse momento aparecia como a superação histórica do capitalismo. A desaparição da URSS era considerada como a negação de uma evolução histórica que levaria do capitalismo ao socialismo; surgia a teorização do fim da história, com a vitória do capitalismo e da democracia liberal.
Completou-se o quadro com a ruptura da aliança, na Europa, entre socialistas e comunistas, com aqueles aderindo ao neoliberalismo e estes ficando isolados e sem base importante de apoio popular. Na América Latina o fenômeno similar foi a adesão dos nacionalismos (mexicano, argentino) e da social-democracia (chilena, venezuelana, brasileira) ao neoliberalismo.
No plano ideológico, a direita revigorou-se, assumindo a bandeira das reformas e da modernização, agora identificadas com o mercado e contra o Estado. A esquerda ficou na defensiva, como se tivesse deixado de representar o futuro da humanidade, para representar o passado. O capitalismo assumiu ares de dinamismo, de eficácia, de modernização, enquanto o socialismo e o Estado foram projetados como arcaicos, estagnantes, antidemocráticos.
O auge do modelo neoliberal passou relativamente logo, a crise capitalista iniciada em 2008 se encarregou de terminar com o consenso das políticas econômicas neoliberais. Mas a ideologia que o acompanhou segue vigente: mercado, consumismo, soluções individuais, desqualificação da política – e, com ela, dos partidos, dos Estados e governos, dos parlamentos.
Ideologicamente, a esquerda segue na defensiva, porque não construiu uma interpretação contemporânea para disputar com a narrativa neoliberal. Mesmo os sucessos de governos latino-americanos não foram codificados em um modelo pós-neoliberal, para difundi-los. O prestígio do Lula por todo o mundo revela o potencial de uma proposta dessa ordem, mas ela não foi formulada, ainda que verbalizada pelo Lula e pela Dilma.
Vivemos um período de transição, entre um modelo velho que teima em sobreviver – e conta com o monopólio mundial dos meios de comunicação para isso – e um mundo novo, com avanços reais, mas ainda sem capacidade de formulação e menos ainda de sua difusão.

Repostado do blog do Emir Sader

Nenhum comentário: