Nos últimos dois anos o que temos visto, infelizmente, a confirmação da previsão de que o PSDB e Jatene iriam mergulhar o Pará no maior retrocesso de sua história e que, tal qual profetizava ojingle da campanha de Ana Júlia, que afirmara que o Pará estava nos trilhos e o momento era de acelerar, o que se vê hoje é que o estado pode estar perdendo o chamado “Bonde da História”.
Faço abaixo um relato da trágica situação em que se encontram alguns setores do estado, traçando um pequeno comparativo que demonstra o quanto estamos regredindo.
SAÚDE
Enquanto a atual Santa Casa funciona em condições precárias, o governo Jatene vai prolongando o sofrimento das pessoas com o interminável alongamento do cronograma de execução das obras da Nova Santa Casa. Alheio a esse sofrimento, Jatene optou por atrasar a entrega do hospital para aproximá-lo do calendário eleitoral e também para que todos esqueçam que foi a ex governadora Ana Júlia quem se empenhou e conseguiu a verba junto ao governo federal, iniciando as obras, que foram abandonadas pelo Jatene nesses dois primeiros anos de seu governo.
Construção da Nova Santa Casa iniciada no governo de Ana Júlia
SEGURANÇA
Depois de criticar o governo do PT por ter tomado a decisão de locar as viaturas da polícia, quando assumiu, Jatene não manteve e renovou o contrato como o ampliou. E pior, num determinado momento do ano de 2011, o governo tinha dois contratos em vigência, o antigo e o novo, uma prática fraudulenta que o MP fez vista grossa;
O governo Jatene acabou com a experiência da Polícia Comunitária, que o governo do PT havia negociado com Ministério da Justiça e cuja sua implantação seguia o modelo do PRANASCI;
O governo Jatene passou dois anos e três meses mentindo para a população sobre o não funcionamento por 24 horas das delegacias de polícias, o que permitiu todo esse tempo que o governo manipulasse os indicadores de segurança pública do estado;
Descoberta a farsa do mentiroso que acreditou em sua própria mentira, o governo não se preparou para atender adequadamente a população e não realizou o concurso público para a Polícia Civil e agora, visa “tapar o sol com a peneira”, deslocando soldados da PM das ruas para os trabalhos burocráticos das delegacias.
TURISMO
Quando assumiu o governo em 2007, a ex governadora Ana Júlia recebeu do seu antecessor, o próprio Jatene, uma obra recém inaugurada, porém inacabada, era o Hangar Centro de Convenções da Amazônia. De maneira extremamente responsável a ex governadora investiu os recursos que faltavam para a conclusão da obra, cerca de R$ 20 milhões, garantindo, a partir de então, a entrega definitiva do equipamento ao estado. Isso gerou grande polemica no campo político já que Ana Júlia concluiu o que Jatene dizia ter deixado pronto.
Polemica à parte, o Hangar foi muito bem recebido e utilizado como instrumento de potencialização do turismo e capitação de eventos para a cidade. Contudo, nesse novo governo a taxa de ocupação do Hangar Centro de Convenções tem sido baixíssima e na maior parte do tempo o espaço fica “às moscas”, ultimamente vem sendo usado basicamente para a realização de eventos do próprio governo e como casa de shows em eventos promovidos pela empresa do grupo Maiorana. Os maiores eventos realizados nessa gestão foram captados ainda na gestão passada, como por exemplo, o Congresso Brasileiro dos Contadores.
Ou seja, nessa gestão não existe capacidade de atração de eventos para o estado, e olha que agora além da Paratur o governador Jatene ainda criou uma secretaria de turismo para alavancar a atividade no estado, pelo que se vê, ambas, inoperante.
O desastre é tanto, que até um novíssimo hotel nas redondezas do Hangar desistiu de funcionar e, segundo o jornalista Mauro Bonna, vai ser transformado para abrigar a nova sede da prefeitura de Belém.
ECONOMIA
A atividade industrial vem recuando e a cada dia novos negócios vão deixando de ser instalados no Pará. Ainda segundo o Mauro Bonna, em sua coluna no Jornal Diário do Pará, uma empresa mineradora teria desistido de instalar planta portuária em Barcarena por conta da ineficiência da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA, por sinal, a mesma que cancelou o licenciamento do Pedral do Lourenço, que é uma das etapas da viabilização da hidrovia Araguaia-Tocantins;
A Vale recuou na implantação da ALPA em Marabá e por conta disso, todo polo econômico previsto para se implantar ali está em compasso de espera. Por inércia do governo Jatene, toda construção da Etapa 3 do Distrito Industrial em Marabá está paralisada;
Durante esse governo de Jatene, nenhuma grande empresa foi atraída a se instalar no Pará, a não ser aquelas que já estavam com planos de implantação e/ou ampliação por razões eminentemente locacionais
e não por estímulo governamental;
Até mesmo a construção do tal Porto de Inhangapi, que o governo propagandeou e disse que algumas empresas de logística já teriam demonstrado interesse em se instalar por lá, não passa de bravata, pois, segundo nota do jornal Liberal deste último domingo, o deputado Raimundo Santos teria ido à Brasília solicitar o tal porto fosse incluído como obra do PAC e portanto, passando a ser mais uma obra do governo federal.
Início das obras da ALPA em Marabá
Ciência & Tecnologia
O Navega Pará, que implantou mais de 170 infocentros e 40 Cidades Digitais, foi o maior programa de inclusão digital do Brasil no período e que serviu de modelo para o Plano Nacional de Banda Larga do governo Federal, foi completamente abandonado, com a maioria dos seus infocentros desativados ou funcionando em situação precárias;
A implantação prevista de três Parques de Ciência & Tecnologia nas três principais macros regiões do Pará foram paralisadas. O Parque de C&T do Guamá, que teve sua primeira fase implantada pela ex governadora Ana Júlia, ficou do mesmo jeito que foi inaugurado até hoje. Já os demais parques previstos, do Tapajós em Santarém e do Tocantins em Marabá, não foram levados a frente, mesmo que esses dois parques já estivessem com recursos solicitados junto ao BNDES;
Prédio do CEAMAZON no Parque de C&T do Guamá
Com uma visão de futuro definida, no governo passado, do PT, houve a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará e a recriação do Novo IDESP. O Pará se credenciou a atrair grandes centros de excelência em pesquisa e com isso o estado “ganhou” instituições de pesquisa como INPE e IPEA por exemplo, além da implantação de alguns centros especializados de pesquisa como o Centro de Excelência e Eficiência Energética da Amazônia – Ceamazon e o Instituto Tecnológico da Vale – ITV;
Aliais, diga-se de passagem, que somente o ITV previa investimentos de aproximadamente R$ 230 milhões na construção de sua sede no Parque de C&T do Guamá, que traria ao Pará um projeto de arquitetura ganhador de premio por um dos mais conceituados institutos de arquitetura moderna do mundo. Entretanto, com Jatene, de novo, o projeto foi abandonado Vale, que optou por não construir o projeto premiado e a previsão de investimentos no ITV foi reduzida a cerca de 1/3 do valor inicialmente previsto.
Maquete do ITV da Vale. Projeto premiado internacionalmente
INFRAESTRUTURA
O programa Ação Metrópole, foi uma das maiores intervenções de infraestrutura que a Região Metropolitana de Belém – RMB recebeu nos últimos anos. O Ação Metrópole era um programa antigo que foi resgatado, revisado e posto em prática, tendo sua primeira etapa totalmente concluída pela ex governadora Ana Júlia. Cabia a Jatene dar continuidade ao programa, mas por conta de uma visão tacanha e oportunista, a exemplo do que fez com a Nova Santa Casa, o governador Jatene optou por paralisar as obras de implantação do programa, jogando seu reinício para 2013.
Entretanto, a paralisação do Ação Metrópole trouxe prejuízos incalculáveis para o estado e para Belém, pois, além de atrasar a resolução de um dos maiores problemas que afligem a RMB, permitiu que o ex prefeito de Belém Duciomar Costa realizasse, as pressas, uma intervenção não projetada e que agora não só está causando o caos no trânsito da RMB como também vai atrasar ainda mais o cronograma do Ação Metrópole, que já foi esticado para 2016;
Programa Ação Metrópole
Não obstante, o governador Jatene simplesmente decidiu abandonar uma obra que estava pronta, no caso o Terminal Hidroviário do Tapanã, que custou cerca de R$ 9 milhões, onde o equipamento estava pronto para entrar em operação mais foi radicalmente desconsiderado, com o governo optando pela construção de um novo terminal que custará cerca de R$ 15 milhões e está previsto para o ano que vem, enquanto isso já vão mais de 2 anos com o povo sofrendo no improviso;
Terminal Hidroviário de Belém
Ainda no que se refere à infraestrutura, enquanto a ex governadora conseguiu articular junto ao governo federal a maior e mais importante obra da história da Ilha do Marajó, o Linhão Tucuruí/Breves, Jatene, novamente, se viu envolvido com as mazelas da privatização da CELPA.
(Blog do Vicente Cidade)
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