17/10/2012 - 10h24
por Redação da The Economist
Espinha dorsal da produção global de metal, minério de ferro é deixado de lado. Foto: Reprodução
A commodity mais importante depois do petróleo merece mais atenção.
O desenvolvimento de um processo que transforma um metal bruto em aço merece um lugar elevado na lista das conquistas mais engenhosas da humanidade. O metal fornece a espinha dorsal de arranha-céus, pontes e autoestradas, e a carapaça de componentes internos de carros, geladeiras e máquinas de lavar. Dada a onipresença do aço – responsável por 95% da produção global de metal – o minério de ferro (sua matéria prima) atrai uma atenção estranhamente pequena.
O comércio exterior do minério de ferro faz com que este seja o segundo maior mercado do mundo em termos de valor. Cerca de 2 bilhões de toneladas do material serão extraídas em 2012. As oscilações de preço dos últimos meses dizem muito sobre a economia mundial, assim como sobre o estado febril dos mercados de commodities globais. Entre junho e setembro, os preços spot do minério de ferro caíram de cerca de US$ 140 a tonelada para aproximadamente US$ 85, o preço mais baixo em três anos e bem distante do recorde de US$ 190 por tonelada estabelecido em fevereiro de 2011. Os preços se recuperaram um pouco desde então, se estabilizando em torno de US$ 100 por tonelada. Caso o mesmo tivesse acontecido com petróleo, discussões intermináveis estariam acontecendo.
O minério de ferro não tem a influência do petróleo por diversas razões. O mercado é menor e vale menos que um décimo dos U$$ 3 trilhões movimentados pelo comércio de petróleo cru no ano passado. Diferentemente do petróleo, o ferro é abundante – o minério compõe 5% da crosta terrestre. A dificuldade é encontrá-lo em concentrações suficientemente altas e prospectar por entre milhões de toneladas de terra. O mercado do minério de ferro também é em grande medida um mercado físico; a habilidade de fazer grandes apostas especulativas em petróleo gera muito mais interesse sobre a direção dos preços.
No longo prazo, a demanda agregada por minério de ferro crescerá conforme avançar a marcha chinesa rumo à urbanização. A demanda no mundo rico pode estar caindo, mas a Wood Mackenzie, uma consultoria, afirma que o consumo não atingirá o máximo na China até 2026.
Os custos dispararam: a oferta de homens e máquinas é escassa, e as reservas mais abundantes estão ficando mais difíceis de serem exploradas. As melhores partes do oeste australiano já estão sendo exploradas. A África se torna cada vez mais acolhedora, mas tem muitas armadilhas. O Brasil é complicado para forasteiros – novas minas anglo-americanas no país estão sendo imobilizadas pela burocracia. Pesadelos logísticos em locais pouco acolhedores tiraram a Índia da lista. Então se até a margem está sendo demandada, pode ser que não haja um excesso de oferta. Uma era de preços voláteis pode ser esperada.
* Publicado originalmente na The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.
(Opinião e Notícia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário