por Helena Sthephanowitz publicado 24/09/2013 15:11
Joaquim Barbosa, presidente do STF: se erros foram cometidos, momento de aparecerem é agora
Se uma mentira é repetida mil vezes vira verdade (segundo Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler), o que aconteceria se continuasse sendo repetida duas mil vezes? É possível que quem havia se convencido de que era verdade, acabe por desconfiar da insistência e reavalie a questão e se convença de que era mentira mesmo.
Talvez por isso a velha mídia queria tanto encerrar o julgamento do chamado mensalão antes do fim, ou seja, antes dos embargos infringentes . Desde de 2005 a velha mídia conta e reconta incessantemente uma história que interessa à visão da oposição tucana, ignorando boa parte dos fatos, circunstâncias, outros personagens e até provas que desconstroem muitas das versões em que se basearam algumas das condenações. A reavaliação de parte do processo, através dos embargos, pode levar muitos a perceberem que boa parte da história é outra e, pior, foi mal contada pela mídia.
A própria discussão sobre admissão de embargos infringentes na velha mídia chegou a ser de má fé. Foi algo como confundir a existência de habeas corpus com impunidade, porque casos como o do médico Roger Abdelmassih e do ex-banqueiro Salvatore Cacciola levaram às respectivas fugas. Óbvio que pode-se criticar a decisão pontual de um juiz ao conceder algum habeas corpus polêmico, mas confundir isso com sua eliminação é retornar à ditadura. Afinal foi durante a vigência do AI-5 que esta garantia legal foi suprimida.
Mas aos poucos, até conservadores que estavam em silêncio, começam a "sair do armário", apontando erros no chamado "mensalão". Um deles foi o jurista Ives Gandra Martins, que recentemente disse que não encontrou provas contra José Dirceu no acórdão da Ação Penal 470, e discordou da aplicação da teoria do domínio do fato, pois exigiria prova, e se houvesse, a teoria seria dispensável.
O advogado, professor e ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, também conservador, escreveu o artigo "O mensalão e a democracia" com críticas e lições a tirar. A execração pública a que foram submetidos os réus o levou a comparar as sessões do nosso STF aos tribunais medievais. Elogiou o ministro Ricardo Lewandowski, entre os que "bravamente aplicaram a lei de forma impessoal", e concluiu sobre o magistrado: "Soube suportar posições de confronto com altivez e respeito ao Direito".
Lembo também criticou os meios de comunicação: "nem sempre foram imparciais no acompanhamento do importante episódio. (...) Alguns veículos aproveitaram a oportunidade para expor as suas idiossincrasias com agressividade. (...) Seria oportuno um maior equilíbrio na informação", disse, apenas para citar algumas passagens de seu artigo.
Aliás, o ministro Celso de Mello, cinco dias após dar uma verdadeira aula magna sobre os embargos infringentes com seu voto, falou ao jornal Integração de Tatuí, sua cidade natal. Lá, relatou que foi vítima de pressão midiática, via editoriais e artigos publicados por diversos veículos de comunicação.
À medida em que o chamamento à razão vai substituindo o uso propagandístico político do julgamento, estamos vendo que a previsão mais do que anunciada de que haveria o julgamento do julgamento do "mensalão" começa a se realizar. E, como vemos, no banco dos réus da história está também a velha mídia.
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