Ex-presidente afirma que intensificará atividade política em 2013 e responde a ataques. 'Vagabundo que ficar na sala com ar-condicionado falando mal de mim vai perder', desafia
Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Publicado em 19/12/2012, 13:45
Lula, durante a posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, anunciou novas caravanas pelo país (Andris Bovo/ABCD Maior)
São Bernardo do Campo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (19) que não se preocupa com os ataques dos quais tem sido alvo nas últimas semanas. “O que mais machuca meus adversários é o meu sucesso”, ironizou, referindo-se, sem fazer citações, a setores da imprensa e da oposição ao governo Dilma Rousseff, que têm usado declarações do empresário Marcos Valério visando a atingir o principal líder petista.
Em um discurso de aproximadamente 40 minutos, durante ato político de posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgcos do ABC, Rafael Marques, Lula falou muito sobre futebol e histórias da entidade à qual se filiou em setembro de 1968 (matrícula 25.986) e que presidiu de 1975 a 1981 – e reservou a parte mais contundente para o final, ao anunciar a intensificação de sua atividade política na agenda para 2013. “No ano que vem, para alegria de muitos e tristeza de poucos, voltarei a andar por este país. Vou andar pelo Brasil porque temos ainda muita coisa para fazer, temos de ajudar a presidenta Dilma e trabalhar com os setores progressistas da sociedade”, declarou o ex-presidente.
"Às vezes eu compreendo a mágoa deles (adversários), que governaram este país desde Cabral", ironizou. "Só existe uma possibilidade de me derrotarem: é trabalhar mais do que eu. Porque se ficar um vagabundo numa sala com ar-condicionado, falando mal de mim, vai perder."
Rafael Marques assumiu o comando da entidade em lugar de Sérgio Nobre, que se dedicará exclusivamente à secretaria-geral da CUT. Durante o ato, o presidente da central, Vagner Freitas, disse que a “elite quer jogar no tapetão” e acusou setores do Judiciário e da mídia de “querer decidir” em nome do povo. “Se querem colocar a democracia em jogo, vamos às ruas para defendê-la”, afirmou. "A elite brasileira não digeriu ainda o fato de o companheiro Lula ter feito o melhor governo da historia deste país. Há uma perseguição contra a democracia."
Já o novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos falou em sentimentos de "mesquinhez, avareza e raiva" em relação a Lula, a quem chamou de "patrimônio da classe operária e da sociedade brasileira e internacional".
Integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro defendeu, para 2013, "lutas e ações de massa que coloquem em pauta" temas como a democratização dos meios de comunicação e a criminalização da política. E criticou o Poder Judiciário, que "parece ser intocável".
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, também fez críticas ao papel da oposição. "Tentam tirar a luta do plano politico para o plano jurídico. Tentam criminar a politica e os movimentos sociais. Mas não vão conseguir", afirmou.
No que foi também um desagravo a Lula, participaram da posse o prefeito reeleito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, o prefeito de Diadema, Mário Reali, que perdeu a disputa pela reeleição, e o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, que fez o sucessor. Além dele, esteve no ato o prefeito eleito de Santo André, Carlos Grana. Todos são do PT, representado ainda pelo presidente estadual em São Paulo, Edinho Silva.
Crise
Lula também comentou a crise e disse que é preciso "pensar da forma mais positiva possível". Para ele, tanto Dilma como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, têm "clareza" sobre o que deve ser feito. "A crise pode ter maior ou menor incidência no Brasil, dependendo das políticas", afirmou, lembrando de quando, ainda presidente, foi à televisão pedir às pessoas que não parassem de consumir. Se dependesse dos jornais, comentou, ninguém iria às compras. "E as classes C, D e E consumiram mais do que as classes A e B."
O ex-presidente reservou uma ironia para seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. "Teve um período em que achei que o Fernando Henrique preferia minha vitória à do Serra." O raciocínio era de que Lula faria um governo fraco e permitiria a volta do próprio FHC, evitando ainda que o ex-candidato José Serra, vitorioso, pudesse "encher o saco durante oito anos".
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