O delegado da PF Raul Alexandre Souza, responsável pela Operação Vega, fala à Comissão de Ética do Senado nesta 3ª feira e pode complicar ainda mais a situação do casal Gurgel, respectivamente o procurador-geral da República, Roberto Gurgel e a esposa, subprocuradora Claudia Sampaio. Ontem, a Polícia Federal emitiu nota em que desmente declarações recentes da subprocuradora Claudia. Ela afirmara à imprensa, na última sexta-feira, que o delegado Raul, responsável pela Operação Vega --investigação que em 2009 já oferecia provas da ação criminosa de Demóstenes Torres e da quadrilha Cachoeira--, teria pedido que a PGR não abrisse inquérito sobre o caso, para não atrapalhar as investigações. O desmentido da PF reitera que houve três encontros entre o delegado e a subprocuradora; em nenhum deles Raul teria sugerido o "arquivamento ou o não envio da Operação Vegas ao STF", diz o texto. Fica claro agora, não se trata mais de uma "acusação dos mensaleiros", como deu a entender o Procurador Geral em recente entrevista. O engavetamento, de acordo com a PF, foi uma decisão deliberada e unilateral. Ao atribuí-la a um pedido do delegado a subprocuradora implicitamente admite que não haveria outra justificativa para o que ocorreu. E o ocorrido adiou por três anos o indiciamento e a prisão de um grupo político-criminoso diretamente implicado nos acontecimentos que deram origem às denúncias do chamado processo do 'mensalão'. O caso envolveu o governo do PT, ex-ministros e lideranças do partido, que agora serão acusados justamente pelo procurador-geral, Roberto Gurgel. Quando uma sombra paira sobre a isenção não basta emitir bordões sob medida para o desfrute da mídia conservadora. O casal Gurgel deve explicações. Não a supostos mensaleiros, à sociedade.
(Carta Maior; 3ª feira/15/05/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário