Era 12 de janeiro de 1976. Meu pai me pegou pela mão e me levou até a praça do Chapéu-Virado, lá onde ainda existe, encravada na pracinha ―que os mais antigos ainda chamam de largo―, aquela igrejinha bastante elegante, construída em 1909, a Capela do Sagrado Coração de Jesus.
Havia ali, naquele momento, uma multidão; na verdade, um amontoado de pessoas se acotovelando. E eu não sabia por que ou para quê. Foi aí que meu pai me botou nos ombros dele. Aí pude, enfim, ver destacadamente, entre outras pessoas, um senhor muito bem vestido, protegido por dezenas de soldados e seguranças. Parecia ser ele o motivo de toda a balbúrdia. Inauguração da Ponte. Fonte: MEIRA FILHO, Augusto. Mosqueiro: ilhas e vilas.Belém:Falangola,1978.
Vi que ele lentamente levantou um pano que cobria uma estátua (sei hoje que o nome correto daquilo é busto, e que o pano era a bandeira do Pará), e todo mundo aplaudiu o que ele fez. Mais tarde, pude entender com mais clareza tudo aquilo que ocorreu naquele já longínquo dia.
Fonte:fotosdemosqueiro.blogspot.com.br
Aquele senhor, conforme me explicou papai, era o general Ernesto Geisel, o penúltimo dos presidentes militares. Ele veio ao Mosqueiro inaugurar a Ponte Belém-Mosqueiro, cujo nome oficial é Ponte Sebastião R. de Oliveira. Então, aproveitando a ocasião, na mesma manhã, ele também inaugurou o busto na pracinha ao redor da igrejinha.
Contam que ele, o Presidente, perguntou a alguém da comitiva do governo local (o estadual) qual seria a função daquela ponte. Ela teria por função “escoar” que produto? Iria movimentar a economia local?
“Não”, responderam. A ponte era para o lazer do belenense. Dizem que ficou decepcionado com o que lhe disseram. Não poderia perceber, naquela época, que o turismo é um produto rentável, e sustentável, pois não se esgota nunca.
Só sei que, décadas depois, ainda guardo na memória aquela manhã, aqueles acontecimentos que muito marcaram minha infância.
Um comentário:
Um belo momento de lembrança, não somente de mosqueiro, mas da história do distrito de moqueiro. Aquele momento marcou a emancipação da Ilha, o primeiro instante de liberdade, quando então unimos nossos laços com a capital, deixando de caminhar apenas por mar (através de navio), mas, também, por estrada (através de ônibus e veículo particular). Graças a`quele homem temos, um legado para as próximas gerações.
José Carlos da S Oliveira
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