A Cultura, o marqueteiro, Maria Antonieta e o cu do mundo.
Paulo Chaves, o "Pavão misterioso"
Há coisas que só acontecem mesmo no Pará.
Aqui foi o único lugar do mundo onde, ao que se diz, faliu uma fábrica da Coca-Cola.
Aqui o Sistema de Segurança Pública financia abertamente uma quadrilha da mais alta periculosidade, a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, e o MP acha o “mó barato, 100% natural”.
E aqui, também, marqueteiro é “otoridade” - e “otoridade” com poderes monárquicos: persegue quem se opõe à sua rapacidade, emprega toda a parentada na máquina pública e até emplaca secretários de Estado.
Honduras? Não, não é Honduras, mano. Isso daqui, na verdade, é o cu do mundo; o verdadeiro quinto dos infernos!
Veja-se o caso de dois dos piores secretários de Estado que este Pará já teve: Fernando Dourado, da Saúde, e Paulo Chaves, da Cultura.
Ambos têm em comum o fato de serem ou terem sido parentes do marqueteiro-mor do PSDB, Orly Bezerra.
O mesmíssimo dono da Griffo, a empresa que ganha todas as milionárias licitações de propaganda dos governos que Orly ajuda a eleger ( e o MPE? “Mó barato! 100% natural!”).
Fernando Dourado (aquele mesmo da PrevSaúde) foi casado com a irmã da ex-mulher de Orly.
Já Paulo Chaves foi casado com a irmã da atual mulher de Orly.
E pode-se até especular que o marqueteiro não traz lá muita sorte aos casamentos dos cunhados.
Mas que eles bamburram em outras areazitas, ah, isso bamburram!...
Fernando Dourado, por exemplo, fez o maior sucesso com a sua PrevSaúde.
E até hoje não parece ter sido nem incomodado pelo MPE (“mó barato! 100% natural!”), devido aos negócios que a Prev mantinha com o Governo do Estado, na mesmíssima época em que Douradinho era secretário de Saúde.
O sucesso foi tamanho que Douradinho até se elegeu vereador por Belém – em campanha assinada, of course, pela Griffo de Orly Bezerra...
E mesmo depois de deixar de ser vereador, Douradinho não ficou na chuva: até o mês passado, era assessor do Gabinete do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho – cuja campanha eleitoral, of course, também foi comandada por Orly.
Já o caso de Paulo Chaves é ainda pior.
Chavinho comanda a Cultura paraense há quase duas décadas.
É um insuportável; daqueles himtelequituais que só porque leu três Tios Patinhas se considera o “créme de la créme”.
É cuspido e escarrado as zelites da Borracha: arrogante, autoritário, imperial.
E puxa-saco.
Vixe Maria, como é puxa-saco!...
Dolorosamente, sebosamente, puxa-saco.
Em verdade, é bem possível que até a mãe de Chavinho tenha olhado pra ele e pensado: “Mas que diabo é isso que eu pari?...”
No entanto, há quase 20 anos Chavinho comanda a Cultura do Pará.
E tome-lhe ópera com dinheiro público, num estado onde 70% dos eleitores mal sabem ler e escrever; têm, quando muito, o primeiro grau.
E tome-lhe ópera num estado de tradições culturais populares riquíssimas, essas, sim, capazes de encantar o mundo.
Nos festivais de ópera de Chavinho (como numa espécie de supra-realidade) há dinheiro até para contratar (com dispensa de licitação, of course) a confecção de figurinos por uma estilista de São Paulo!
E, segundo li no blog do Parsifal, há dinheiro até para servir Dom Pérignon no intermezzo do espetáculo: http://pjpontes.blogspot.com.br/2013/07/dom-perignon-e-cachaca-do-engenho.html.
(Alô, alô, moçada: intervalo pro Chavinho é roubada, assim como “bolinho”, pra cup cake...)
( E o MPE? “Mó Barato! 100% natural!”)
E tudo isso em um estado miserável, que, até na capital, deve ter uns 20% de saneamento básico.
Num estado onde crianças morrem às dezenas, em consequência da pobreza, mesmo dentro de UTI.
Parece até o célebre “que comam brioche”, da Maria Antonieta, né não?
A situação chegou a tal ponto que até o Ney Messias, secretário de Comunicação (aparentemente tocado pelo Requiem de Mozart), resolveu organizar um tar de Terruá Pará.
Que ninguém sabe direito o que significa, nem os misteriosíssimos critérios de participação.
Daí a chiadeira dos artistas locais, com o seu movimento do “Basta!”
É que foram quase todos, com raríssimas exceções, reduzidos, nestes quase 20 anos, à condição de pedintes: esmolam um dinheiro aqui e acolá, em alguma praça ou teatro – e isso quando não incomodam a algum apaniguado do Chavinho.
Do contrário, nem esmolar conseguem.
E a gente que pensava que essa condição terrível dos artistas havia acabado com as revoluções burguesas, né mesmo?
Mas não: isto persiste neste cu de mundo, neste quinto dos infernos, que é o estado do Pará.
Aqui, artista que não vira puxa-saco do puxa-saco não prospera.
Aqui, não basta a arte, o valor, a “meritocracia”: se não virar lambaio, não presta.
E isso porque o Chavinho resolveu se tornar imortal à custa do dinheiro público.
Ademais, tem “santo” forte: o marqueteiro Orly, que é amigo assim, ó, de pescaria e de ócio do governador Simão Jatene.
Dá uma crônica infernal, né não?
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