Médicos e entidades médicas se insurgem contra o programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde. Não querem conversar sobre isso com o Governo Federal, querem pura e simplesmente impedir o programa.
O Mais Médicos vai atender, nessa sua primeira edição, 3.511 municípios, e é importante explicar: não foi o Governo Federal que definiu os municípios atendidos, as próprias prefeituras inscreveram-se no programa, definindo quantos médicos precisavam e em quais especialidades.
O programa oferecerá ao médico que a ele se candidatar uma bolsa de 10 mil reais por mês. Os municípios arcarão com moradia e alimentação dos médicos. A candidatura, por óbvio, é totalmente voluntária: o médico que quiser continuar no conforto de seu consultório nas capitais e cidades grandes, fique à vontade pra continuar por lá, ou onde bem entender.
Aliás, existem vagas no programa em capitais e grandes cidades. Belo Horizonte, por exemplo, pediu 120 médicos ao programa, e as duas maiores cidades do país (São Paulo e Rio de Janeiro) também estão inscritas. Até Salvador (BA) e Manaus (AM), capitais governadas pelos oposicionistas DEM e PSDB, respectivamente, pediram médicos ao programa. Tem ainda vagas para Angra dos Reis (RJ), Blumenau (SC), Campinas (SP), Itabuna (BA), Maringá (PR)...
É conhecida a fuga dos médicos dos interiores. Com a escassez de médicos no país e a concentração populacional alta nas capitais e respectivas regiões metropolitanas, vai pro interior (ou mesmo para as periferias) só quem tem altruísmo mesmo. Cidades que oferecem infraestrutura médica excelente, como Carlos Barbosa (RS), pagam bem a médicos e mesmo assim não encontram profissionais dispostos a trabalhar por lá.
As entidades médicas argumentam que é preciso primeiro oferecer melhores condições de trabalho e mais recursos técnicos antes de oferecer mais médicos. Pura balela: se assim fosse não faltariam médicos em hospitais do interior e de periferias que tem boas instalações. E mesmo sem maquinário de ponta, a simples presença do médico já previne e resolve muito problema sério. Apostar apenas em recursos é um discurso perigoso para os próprios médicos, que assim assumem ter desaprendido a fazer uma anamnese ou diagnóstico clínico. Sobre isso, com muito mais conhecimento e propriedade do que eu, veja aqui nesta reportagem o que tem a dizer um PhD em medicina.
Também argumentam que o programa não garante direitos trabalhistas, como 13º, FGTS e INSS. Ora, um médico autônomo também não conta com isso, no seu confortável consultório particular. Mas sabe se planejar pra ter sua aposentadoria e seu seguro, e nem por isso deixa de trabalhar sem esses direitos. O argumento não convence, portanto.
Então, se não estão sendo obrigados a ir pro interior e para as periferias, e se seus argumentos não são impeditivos, por que os médicos se insurgem contra o programa Mais Médicos? Por que fazem greves, paralisações e manifestações contra o programa? Por que tentaram brecá-lo (sem sucesso) na Justiça?
Tem receio que o programa seja um sucesso e prove que eles estão e estiveram errados o tempo inteiro? Tem medo que os médicos estrangeiros provem que em alguns lugares considerados ruins e mesmo sem infraestrutura ideal dá pra salvar vidas e curar pessoas? Ou não querem que o Brasil descubra o que é verdadeiramente medicina a serviço da sociedade, e que dá pra ser médico e enriquecer sem que o povo seja sacrificado na outra ponta?
Fonte: http://blogosfera2.blogspot.com.br/2013/07/o-que-querem-os-medicos-afinal.html
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