Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dia 1º de maio em Mosqueiro: trabalhadores e estudantes vão a rua!

O Movimento Estudantil de Mosqueiro (MEM) convida todos os trabalhadores e estudantes de Mosqueiro para manifestarem sua indóle revolucionária e seus anseios de cidadania.

Mosqueiro: um paraíso preservado ou uma periferia abandonada?

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Trabalhadores e estudantes de Mosqueiro, não podemos ficar de braços cruzados vendo tanto descaso por nossa ilha!

Vamos a rua no dia 1º de maio exigir do governo estadual e da Prefeitura Municipal de Belém: políticas de emprego e renda, melhores condições de saneamento, transporte digno, saúde e educação de qualidade, valorização da nossa cultura, além de esporte e lazer para nossa juventude! Cobrar direito faz parte da nossa cidadania!

Dia 1º de maio é dia de trabalhador e estudante na rua!

Concentração: terceira rua (Vila), em frente à “biblioteca pública” de Mosqueiro.

Horário: a partir das 9:00 horas.

Encerramento: na barraca Empata’s com apresentação de banda de rock e grupo de chorinho.

Sonha e serás livre de espírito... Luta e serás livre na vida.

Che Guevara

2014: ONDE O BICHO PEGA

 

Entre 2009 e 2011, o patrimônio líquido  de 7% das famílias mais ricas dos EUA cresceu 28%; o dos restantes 93% encolheu em 4%. Em plena desordem neoliberal, as 8 milhões de famílias mais ricas dos EUA viram sua riqueza média saltar de US$2,5 milhões para US$ 3,5 milhões. As  restantes  111 milhões  tiveram queda de patrimônio: de US$140 mil para US$ 134 mil. No Brasil na última década, a renda dos 10% mais pobres cresceu 91%. A  dos 10% mais ricos aumentou 16%. Acúmulo de patrimônio não é o mesmo que fluxo de renda, mas um interfere no outro. Uma das pontes é a taxa de juro real. O juro real no país hoje, mesmo com o recente aumento da Selic, é de 2,3%. Ainda um dos maiores do mundo. Mas está precisamente 10 vezes abaixo dos 23% que atingiu em meados de 2002. É aí que o bicho pega. Daí deriva o jogral dos vigilantes do tomate. E o coral dos que prometem 'fazer mais', com menos intervencionismo. O Brasil  tem um dos jornalismos de economia mais prolíficos do mundo; ao mesmo tempo, um dos menos dotados de discernimento histórico em relação ao seu objeto. Aqui os desafios do desenvolvimento são tratados como crimes contra o mercado. Aliás, o Brasil, em si, é um crime contra o mercado.  Ampliar o  poder de compra da população, gerar empregos, expandir o investimento público alinham-se entre os  ‘ingredientes da crise', segundo a pauta dominante. Solução é subir juro. Os exemplos se sucedem como folhas de um manual suicida. A cantilena diuturna contra o investimento público e o descrédito na agenda de obras públicas enquadram-se nesse adestramento da sociedade contra ela mesma. (LEIA MAIS AQUI)*

(Carta Maior;5ª feira,25/04/2013)

Após novo embate, representantes do Legislativo e do Judiciário trocam críticas

Ministro do Supremo, presidente da Câmara e procurador-geral da República apresentam divergências sobre PEC que submete decisões do Supremo ao Congresso e liminar que suspende discussão sobre novos partidos no Senado

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 25/04/2013, 17:50

Após novo embate, representantes do Legislativo e do Judiciário trocam críticas

Duas novas propostas legislativas reavivaram os desentendimentos entre STF e Congresso (Foto: André Borges/Arquivo Folhapress)

Rio de Janeiro – Com posições diversas, representantes do Judiciário e do Legislativo comentaram hoje (25) os recentes episódios que voltaram a colocar em lados opostos o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, criticou a Câmara pela aprovação ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Proposta de Emenda à Constituição 33, de 2011, de autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), que determina que súmulas vinculantes propostas pelo STF só passarão a ter efeito vinculante após ratificação pelo Congresso Nacional.

Já o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), criticou a liminar, concedida também ontem pelo ministro Gilmar Mendes, que suspendeu a discussão no Senado do Projeto de Lei 4.470, de 2012, já aprovado na Câmara, que inibe a criação de novos partidos ao limitar seu tempo de tevê e acesso ao fundo partidário.

A PEC aprovada na Câmara propõe que as decisões do Supremo relativas à inconstitucionalidade de lei ou do ato normativo do poder público, hoje tomadas por maioria absoluta, passarão a precisar dos votos de quatro quintos dos ministros ou dos membros do respectivo órgão especial. A PEC estabelece também que somente pelo voto de quatro quintos dos ministros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou do ato normativo do poder público.

Apesar de as duas medidas terem voltado a alimentar a tensão entre Judiciário e Legislativo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirma que não vê “clima de embate por enquanto”. Para Gurgel, até o momento, os dois poderes estão “atuando no âmbito de suas competências”.

Gurgel disse ainda que a liminar de Gilmar Mendes não foi uma retaliação à proposta que interfere na atividade do Supremo. Ele diz que a tomada de decisões que desagradam ao outro poder são comuns em ambos lados: “Já houve decisões que causaram certo estrépito do Supremo em relação à atividade parlamentar. Não é a primeira vez”.

A PEC aprovada na CCJ da Câmara recebeu críticas do procurador-geral: “O que é importante é que a proposta não seja aprovada. Se ela for aprovada, realmente, o Brasil fica, sem qualquer exagero, menor. E fica menor perante a sociedade brasileira”, disse.

Já o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse “estranhar” a liminar concedida por Gilmar Mendes: “Estranhamos muito a decisão do STF, porque [a aprovação do projeto] foi uma decisão soberana desta Casa, de forma democrática, transparente, com cumprimento de todos os preceitos regimentais”, disse, acrescentando que pedirá ao STF que o mérito da matéria seja analisado rapidamente.

Mas nem mesmo dentro do Congresso há consenso. O deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), autor do projeto de lei sobre os partidos, disse que a decisão o surpreendeu. “A Câmara respeitou o regimento. O Poder Legislativo está cumprindo seu papel.”

O deputado Domingos Dutra (PT-MA), por outro lado, apoiou a decisão de Gilmar Mendes. “Não considero intromissão do Judiciário no Legislativo, porque não foi decisão de ofício. O STF sempre age quando é provocado, e quem mais tem provocado são deputados e senadores. É o próprio Legislativo que busca o Judiciário para reparar atos considerados ilegais. Quem está judicializando a política são os políticos”, disse Domingos Dutra.

O ministro do STF, José Antônio Dias Toffoli, por sua vez, lembrou que o Supremo só reage quando provocado: “O Congresso tem todo direito de deliberar e o Supremo atua dentro dos parâmetros da Constituição. O Supremo não age sem haver uma ação judicial que lhe peça para agir. Quando for provocado a agir, o Supremo deliberará. É da democracia. Vivemos uma democracia efervescente”, disse.

“O ruim seria se o Congresso e o Judiciário não estivessem atuando. Por isso, disse que não há crise. O que há são os Poderes funcionando. E que bom que estejam funcionando. Isso é melhor para a democracia”, ressaltou o ministro.

Com agências

Taxa de desemprego segue estável e tem menor índice da série para março

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Publicado em 25/04/2013, 09:10

 

Taxa de desemprego segue estável e tem menor índice da série para março

A população desocupada totalizou 1,4 milhão de pessoas no mês passado. Comparada a março do ano passado (6,2%), o índice é 0,5 ponto percentual menor (Marcello Casal Jr/ABr)

São Paulo – A taxa média de desemprego calculada pelo IBGE em seis regiões metropolitanas manteve-se estável em março e ficou em 5,7%, ante 5,6% no mês anterior e 6,2% em março do ano passado. Segundo o instituto, é a menor taxa para o mês desde o início da série, em 2002. Também foram as menores para março em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

O total de desempregados foi estimado em 1,373 milhão, praticamente estável na comparação com fevereiro e com queda de 8,5% em 12 meses, o correspondente a 127 mil pessoas a menos nessa condição. O número de ocupados (22,922 milhões) não se alterou no mês e cresceu 1,2% ante março de 2012 – acréscimo de 276 mil. O emprego formal manteve trajetória de alta: em 12 meses, aumentou 2,8% (309 mil vagas a mais), atingindo 11,442 milhões de trabalhadores com carteira no setor privado – eles representam 49,9% dos ocupados nas seis regiões.

O rendimento médio dos ocupados, estimado em R$ 1.855,40, ficou estável no mês e subiu 0,6% em relação a março do ano passado. A massa de rendimentos (R$ 42,8 bilhões) recuou 0,6% no mês e cresceu 1,6% em 12 meses.

Entre os setores, a indústria teve queda de 1,7% no emprego em relação a março de 2012, com 65 mil ocupados a menos. O IBGE estima o número de trabalhadores em 3,662 milhões, 16% do total. A construção civil caiu 2,7% em igual período (-49 mil), concentrando 1,737 milhão de pessoas, 7,6% do universo de ocupados. O comércio, que ficou estável, tem 4,290 milhões (18,7%). Educação, saúde e administração pública cresceu 5,9%, com 215 mil pessoas a mais, atingindo 3,838 milhões (16,7%).

Os serviços prestados a empresas também subiu, 3%, 110 mil a mais, para 3,739 milhões (16,3%), enquanto os serviços domésticos (1,420 milhão) recuaram 5,5% (82 mil a menos) – esse setor concentra 6,2% dos ocupados nas seis regiões pesquisadas. O setor 'outros serviços' subiu 2,4% (acréscimo de 96 mil), para 4,124 milhões (18% do total).

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Produção de sentido

por Frei Betto*

tirinha Produção de sentido

Muitos pais se queixam do desinteresse dos filhos por causas altruístas, solidárias, sustentáveis. Guardam a impressão de que parcela considerável da juventude busca apenas riqueza, beleza e poder. Já não se espelha em líderes voltados às causas sociais, ao ideal de um mundo melhor, como Gandhi, Luther King, Che Guevara e Mandela.

O que falta à nova geração? Faltam instituições produtoras de sentido. Há que imprimir sentido à vida. Minha geração, a que fez 20 anos de idade na década de 1960, tinha como produtores de sentido Igrejas, movimentos sociais e organizações políticas.

A Igreja Católica, renovada pelo Concílio Vaticano II, suscitava militantes, imbuídos de fé e idealismo, por meio da Ação Católica e da Pastoral de Juventude. Queríamos ser homens e mulheres novos. E criar uma nova sociedade, fundada na ética pessoal e na justiça social.

Os movimentos sociais, como a alfabetização pelo método Paulo Freire, nos desacomodavam, impeliam-nos ao encontro das camadas mais pobres da população, educavam a nossa sensibilidade para a dor alheia causada por estruturas injustas.

As organizações políticas, quase todas clandestinas sob a ditadura, incutiam-nos consciência crítica, e certo espírito heroico que nos destemia frente aos riscos de combater o regime militar e a ingerência do imperialismo usamericano na América Latina.

Quais são, hoje, as instituições produtoras de sentido? Onde adquirir uma visão de mundo que destoe dessa mundividência neoliberal centrada no monoteísmo do mercado? Por que a arte é encarada como mera mercadoria, seja na produção ou no consumo, e não como criação capaz de suscitar em nossa subjetividade valores éticos, perspectiva crítica e apetite estético?

As novas tecnologias de comunicação provocam a explosão de redes sociais que, de fato, são virtuais. E esgarçam as redes verdadeiramente sociais, como sindicatos, grêmios, associações, grupos políticos, que aproximavam as pessoas fisicamente, incutiam cumplicidade e as congregavam em diferentes modalidades de militância.

Agora, a troca de informações e opiniões supera o intercâmbio de formação e as propostas de mobilização. Os megarrelatos estão em crise, e há pouco interesse pelas fontes de pensamento crítico, como o marxismo e a teologia da libertação.

No entanto, como se dizia outrora, nunca as condições objetivas foram tão favoráveis para operar mudanças estruturais. O capitalismo está em crise, a desigualdade social no mundo é alarmante, os povos árabes se rebelam, a Europa se defronta com 25 milhões de desempregados, enquanto na América Latina cresce o número de governos progressistas, emancipados das garras do Tio Sam e suficientemente independentes, a ponto de eleger Cuba para presidir a Celac (Comunidade do Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Vigora atualmente um descompasso entre o que se vê e o que se quer. Há uma multidão de jovens que deseja apenas um lugar ao sol sem, contudo, se dar conta das espessas sombras que lhes fecham o horizonte.

Quando não se quer mudar o mundo, privatiza-se o sonho modificando o cabelo, a roupa, a aparência. Quando não se ousa pichar muros, faz-se tatuagem para marcar no corpo sua escala de valores. Quando não se injeta utopia na veia, corre-se o risco de injetar drogas.

Não fomos criados para ser carneiros em um imenso rebanho retido no curral do mercado. Fomos criados para ser protagonistas, inventores, criadores e revolucionários.

Quando Hércules haverá de arrebentar as correntes de Prometeu e evitar que o consumismo prossiga lhe comendo o fígado? “Prometeu fez com que esperanças cegas vivam nos corações dos homens”, escreveu Ésquilo. De onde beber esperanças lúcidas se as fontes de sentido parecem ressecadas?

Parecem, mas não desaparecem. As fontes estão aí, a olhos vistos: a espiritualidade, os movimentos sociais, a luta pela preservação ambiental, a defesa dos direitos humanos, a busca de outros mundos possíveis.

* Frei Betto é escritor, autor de Alfabetto – Autobiografia Escolar (Ática), entre outros – http://www.freibetto.org – twitter:@freibetto.

** Publicado originalmente no site Adital.

(Adital)

Marcha da Educação mostra força dos educadores paraenses

 

24 de abril de 2013

 

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Em continuidade as atividades da Greve Nacional, iniciada ontem (23), os trabalhadores (as) em educação se concentraram no início da manhã de hoje (24) no CAN (Centro Arquitetônico de Nazaré) para realizar a grande Marcha pela Educação. Mais de 2.000 mil pessoas participaram da caminhada, entre profissionais da educação e estudantes. Para a Coordenação Estadual do Sintepp, que organizou o ato em parceria com entidades estudantis, o momento mostrou que os trabalhadores da educação não recuam na luta por condições dignas de trabalho e pela valorização do ensino no Estado do Pará. “No Estado e nos municípios temos uma série de problemas que vão desde a falta de uma estrutura adequada em algumas escolas até a lentidão do governo em responder a nossa demanda de lotação por jornada com a regulamentação da hora atividade. Sem contar as cidades que nem avançaram na formulação dos PCCR’s ou que já tem mas os prefeitos ameaçam de forma arbitraria modificá-los”, comenta Mateus Ferreira, coordenador geral do Sintepp.

Além das escolas de Belém, as cidades de Abaetetuba, Castanhal, Benevides e Marituba se somaram ao movimento. “Vimos para a Marcha da Educação para dizer aos governos que nós somos a favor de uma escola que apresente condições dignas de trabalho e que dê aos estudantes um ambiente escolar que favoreça o aprendizado. Infelizmente não é isso que temos no momento, quando o Governo Jatene não resolve nossa lotação por jornada com hora atividade, uma de nossas pautas mais antigas”, comenta Alacid Silva, coordenador estadual do Sintepp e membro da Subsede de Castanhal.

A caminhada seguiu pela Av. Gov. José Malcher, fez uma parada na Semec para protocolar uma representação sobre problemas com a direção da Escola Avertano Rocha (Icoaraci) e seguiu rumo à Semad, onde a audiência marcada com os representantes do governo municipal para discutir a pauta social dos educadores foi desmarcada em cima da hora. Será que os assessores de Zenaldo se intimidaram com o número de trabalhadores na rua por não terem respostas para nossa categoria?

O fim da passeata foi em frente do Centro Integrado de Governo (CIG) e como já era esperado, o Governador Simão Jatene não apareceu, pois vem protelando a resposta sobre as pautas principais da campanha deste ano.

O Sintepp segue alerta e em mobilização. Amanhã (25), a partir das 14h, ocorre o Seminário sobre Jornada de Trabalho com Hora Atividade, na Alepa. As demais subsedes seguem com mobilizações locais.

Junte-se à nós, venha o Sintepp

Não há conquista sem luta!

Agenda de luta: dia 25/04/2013 - Assembléia da rede municipal (SEMEC), a partir das 9:00 horas, no Centro Social de Nazaré

Financiamento privado: a melhor democracia que se pode comprar

 

Como é uma democracia em que os candidatos concorrem de forma absolutamente desigual? Em que uns conseguem ocupar incontáveis espaços de propaganda, enquanto outros não conseguem sequer informar que são candidatos?
O Congresso deveria ser o espelho da sociedade. Enquanto os governos refletem as maiorias, os parlamentos deveriam representar todos os setores a sociedade, na sua devida medida.
Não é o que acontece e isso corrompe a democracia. Os lobbies povoam o Congresso, na medida dos recursos milionários com que fizeram suas campanhas. Basta mencionar que o agronegócio tem uma imensa bancada, enquanto há apenas dois representantes dos trabalhadores rurais no Congresso. Olhemos para a estrutura rural para ver quantos são os trabalhadores e quantos os proprietários rurais, para nos darmos conta do falseamento da representação parlamentar.
Entre a sociedade realmente existente e sua representação no Congresso se interpõe o poder do dinheiro, com toda a desigualdade econômica da nossa sociedade, que se reflete na imensa diferença entre a capacidade dos ricos e dos pobres de se representar ali.
Se a isso somamos o monopólio privado da mídia – ele também reflexo da desigualdade econômica –, completamos um quadro de concorrência absolutamente desleal e desigual nas eleições que escolhem os que deveriam ser os representantes fiéis da sociedade.
O Congresso representa, assim, uma minoria, porque uma parte importante dos seus parlamentares se elege e reelege baseada no poder do dinheiro, na riqueza das campanhas, na propriedade e na presença nos meios privados de comunicação.
O princípio mais geral da democracia é “uma pessoa, um voto”. Mas esse princípio é desvirtuado pelo poder, totalmente desproporcional, de influência que o dinheiro permite a uns sobre os outros. Basta constatar que a renda média dos parlamentares é incomensuravelmente maior do que a da média dos brasileiros.
Um Congresso que não representa os brasileiros, povoado de lobbies, facilita o trabalho dos que estão sempre empenhados em desmoralizar a política, os partidos, os governos, o Estado, em favor da centralidade do mercado. Assim, o financiamento privado sabota a democracia, a enfraquece, contribui para sua desmoralização.
Os que estão a favor da continuidade do financiamento privado privilegiam o poder do dinheiro, o domínio da riqueza sobre a democracia, sobre a concorrência livre entre cidadãos. Democratizar é desmercantilizar, é debilitar o poder do dinheiro sobre o sistema político.
O financiamento público de campanha não basta para garantir o bloqueio do poder do dinheiro, mas ele é condição para que se regulamente essa forma de sabotar a democracia. O financiamento privado é uma forma segura de impor o poder do dinheiro sobre as campanhas e sobre as representações parlamentares.

Repostado do blog do Emir Sader

terça-feira, 23 de abril de 2013



"É só sertanejo, pagode. O Brasil emburreceu devido à monocultura", diz Guilherme Arantes

Tiago Dias
Do UOL, em São Paulo
  • Pedro Mattalo/Divulgação
    Guilherme Arantes lança "Condição Humana (Sobre o Tempo)", novo disco de inéditas após sete anos
    Guilherme Arantes lança "Condição Humana (Sobre o Tempo)", novo disco de inéditas após sete anos
Um sentimento de estranhamento com o mundo. Essa foi a mola propulsora para "Condição Humana (Sobre o Tempo)", álbum que marca a volta de Guilherme Arantes após sete anos sem um disco de inéditas. O cantor que imortalizou temas ecológicos ("Planeta Água") e baladas românticas ("Cheia de Charme") afirmou ao UOL que o Brasil vive hoje uma nociva "monocultura".
"Existe esse cenário de balada em um país infantilizado como Brasil, um país que perdeu a profundidade. Agora é uma coisa rasa, é só festa. É só sertanejo, pagode. É só cana, laranja e boi. O Brasil emburreceu devido à monocultura", disse.
O raciocínio do compositor se alongou em mais de uma hora de conversa, em que ele teorizou que a monotonia invadiu não só as paradas de sucesso, mas todo o país. Na parte cultural, no entanto, algo começou a mudar quando um grupo de "excluídos", que antes consumiam o que "a TV aristocrata produzia", passou a determinar o dial da rádio e o tema das novelas.
Pedro Mattalo/Divulgação
"Trinta anos depois, eu dou o troco. O rock masculino ficou para trás, hoje são um bando de homem chato e machista. A transgressão mais forte foi a feminina"
"Foi uma inserção no mercado de uma massa de excluídos. São goianos, são sertanejos, é o mundo da agromúsica. Houve essa inclusão das festas populares. Você tem a ascensão de uma classe média negra, que é quando surge o pagode; da classe média baiana, que dá no axé; de Goiânia com o sertanejo, e agora com o Pará", explicou.
Mas, segundo ele, a inserção é natural. "O Brasil canta música brasileira, antes de mais nada. O que é criticável é o pragmatismo desse mundo globalizado. Nós temos regiões do país onde ninguém sabe quem é Milton Nascimento".
Para escapar do desânimo que o assolou, Guilherme construiu --da concepção até a instalação dos cabos elétricos-- o Coaxo do Sapo. Metade estúdio, metade pousada, é na Bahia onde Guilherme se retirou para "oxigenar ouvindo outras coisas". "Mais do que minha carreira, estou estrategiando a música. Isso deu um gás pra fazer esse disco".
Embora "Condição Humana" seja um disco para cima, com canções de amor e uma produção que resgata o pós-progressivo dos anos 1970, Guilherme se permite fazer uma análise social: "Faz-de-conta que eu não sei / Que o mundo está na mão / Da quadrilha de gravata / Que me assalta todo mês", canta na nova "Moldura do Quadro Roubado".
"Eu resolvi fazer um disco para colocar para fora essa visão de um mundo que me preocupa. Você liga a TV e só tem religião. Você vira canal e só tem igreja. O que é isso? Nosso dial é uma vergonha. Nossa televisão está alugada para pastor".
"Sobre o Tempo"
Com o segundo título do disco, "Sobre o Tempo", Guilherme revela um lado mais positivo e colaborativo nesse novo e estranho mundo. Venerado por artistas alternativos da dita nova MPB, o compositor abriu as portas para conversar com seus contemporâneos, e foi direto no convite: "Estava decidindo os coros para as músicas e pensei: podia juntar todo esse pessoal que diz gostar de mim".
Deu certo. Mariana Aydar, Adriano Cintra, Kassin, Curumin, Bruna Caram, Thiago Petit, Tiê e Tulipa Ruiz, entre outros, cantam em "Onde Estava Você" e "O Que Se Leva". Com Marcelo Jeneci, que também toca acordeão nesta última, Guilherme guarda um carinho especial: "A gente tem uma ligação que é um algo mais. Tem algo que me liga profundamente com ele."
"Existe esse cenário de balada em um país infantilizado como Brasil, um país que perdeu a profundidade. Agora é uma coisa rasa, é só festa"
Com o frescor desses contatos, o compositor disse que enxerga uma esperança. "Esses jovens trazem de volta o piano, que é um instrumento aristocrático, é uma galera que está procurando uma música mais densa. É uma geração que está trazendo de volta a harmonia".
Guilherme também se sentiu desafiado. "Todo mundo fala que o Jeneci é meu sucessor, que o Silva é minha extensão. Isso me deu a gana de dizer: 'opa, não estou morto, não'. E isso é bom. Pela primeira vez, tenho concorrentes", disse aos risos.
O cantor e compositor renega a ideia de que agora está sendo redescoberto --"estou sendo redescoberto há anos" --, e reafirma que sua verve melódica e romântica finalmente venceu uma batalha iniciada nos anos 1980, com o que ele chama de "música feita para homens".
"Minha música surgiu, agradou do ponto de vista da mulher e desagradou aqueles homens de coturno, aquela coisa que parecia a juventude 'hitlerista'. Trinta anos depois, eu dou o troco. O rock masculino ficou para trás, hoje são um bando de homem chato e machista. A transgressão mais forte foi a feminina", comemorou com uma promessa para quem ainda tem restrições ao seu estilo: "Hoje até os roqueiros com uma pegada mais forte vão ouvir (o novo álbum) e achar um discaço."

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Brasileiros descobrem peixe transparente na Amazônia

22/4/2013 - 10h35

por Redação CicloVivo

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O pequeno peixe de apenas dois centímetros tem o corpo parcialmente transparente, com somente o estômago azul. Foto: Ralf Britz

Pesquisadores brasileiros anunciaram a descoberta de uma nova espécie de peixe de pequeno porte na região amazônica. A expedição que culminou na descoberta foi realizada em 2011 e o peixe transparente foi batizado de Cyanogaster noctivaga.

A equipe de cientistas, formada por três brasileiros e um alemão, Ralf Britz – do Museu de História Natural de Londres, trabalhou durante 15 dias no município de Santa Isabel (AM), analisando as espécies aquáticas presentes no Rio Negro.

Em meio à busca, o grupo se deparou com um peixe de hábitos singulares e que nunca havia sido registrado cientificamente. Conforme informado pela bióloga Manoela Marinho, em declaração ao G1, a espécie só foi encontrada durante as expedições noturnas uma das justificativas para o seu nome, noctivaga.

Além disso, o pequeno animal de apenas dois centímetros tem o corpo parcialmente transparente, com somente o estômago azul, outra referência utilizada no nome, já que Cyanogaster significa estômago azul.

Em entrevista ao G1, os pesquisadores falaram sobre as dificuldades em registrar as amostras da espécie devido à sua fragilidade. Mas, após algumas tentativas, a equipe conseguiu preparar descrições detalhadas sobre o novo peixe, que servirão de base para outros cientistas.

Lúcia Helena Rapp PyDaniel, coordenadora do Departamento de Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, exaltou a importância deste trabalho de pesquisa para que seja possível conhecer melhor a biodiversidade Amazônia. Ela também explicou que o peixe transparente é uma espécie nova e que, certamente, exerce um papel ainda não totalmente identificado no ambiente em que vive.

* Com informações do G1.

** Publicado originalmente no site CicloVivo.

Petrobras no olho do furacão

Ex-presidente da empresa, o geólogo José Eduardo Dutra acredita que a companhia atravessará a tormenta produzida por “interesses oportunistas” e chegará a 2017 produzindo 2,7 milhões de barris por dia

Por: Marilu Cabañas

Publicado em 20/04/2013

A Petrobras no olho do furacão

Plataforma P51, totalmente construída no Brasil, no estaleiro de Angra dos Reis (Foto: Petrobras/Divulgação)

No dia 31 de dezembro de 2002, a Petrobras tinha um valor de mercado de US$ 15 bilhões, e na época era a 15ª empresa de petróleo do mundo; em 20 de março deste ano – mesmo depois de ter sofrido uma desvalorização de US$ 70 bilhões –, estava valendo US$ 132 bilhões, e é a sétima do ranking mundial. Em 2002, os investimentos feitos pela companhia consumiram R$ 8 bilhões; em 2012, alcançaram R$ 83 bilhões. A empresa produzia 1,5 milhão de barris em 2002; em 2012, foram 2 milhões. Os números são listados pelo geólogo e diretor corporativo da Petrobras, José Eduardo Dutra. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Dutra, que presidiu a empresa de 2003 a 2005, considera apenas essa breve comparação suficiente para desmoralizar o que chama de “falácia” com que integrantes do PSDB tentam desqualificar a companhia.

Dutra reconhece a recente desvalorização sofrida pela empresa e a atribui a “questões circunstanciais” a que toda companhia do setor de petróleo está sujeita. O que surpreende, segundo ele, é o discurso “desmoralizante” da oposição ao governo federal, para quem é conveniente comparar os resultados da empresa com os dos dois anos anteriores, e não com 2002, quando a gestão da Petrobras estava sob a responsabilidade do governo Fernando Henrique Cardoso. Na entrevista, o diretor abordou diversos aspectos a respeito da situação da empresa e demonstrou indignação com a “luta política” travada em torno do prestígio da companhia. A seguir, os principais trechos (a íntegra pode ser ouvida no site – o atalho é http://bit.ly/rba_dutra).

Interesses envolvidos

“O Congresso Nacional aprovou, entre 2009 e 2010, nas áreas do pré-sal, a substituição do modelo de concessão (para as empresas de exploração) pelo modelo de partilha de produção. O que é isso? Vai ganhar o direito de explorar a área quem oferecer um percentual maior de petróleo à União. Ou seja, a empresa exploradora descobre o petróleo e uma parte significativa, em torno de 50%, vai para a União. Ficou também estabelecida a obrigatoriedade de a Petrobras ter uma participação mínima de 30% sobre os campos do pré-sal. Agora, alegam que a Petrobras não tem capacidade de operar e desenvolver a produção do pré-sal. O que é um absurdo, porque é uma das empresas mais competentes em termos de desenvolvimento e tecnologia em águas profundas. Então, o que temos aí é uma mistura de oportunismo político com interesses inconfessáveis de grandes grupos econômicos que não concordam com o novo modelo, aprovado pelo Congresso.”

Influência no mercado acionário

josé

“A empresa tem capital aberto e ações negociadas nas bolsas de São Paulo e de Nova York. Esse é um tipo de mercado em que há acionistas que atuam com interesses imediatos e outros investidores que não se assustam com as oscilações do mercado porque acreditam na Petrobras do ponto de vista estratégico. E é claro que tem acionistas com uma visão imediatista, interessados no retorno imediato das ações, que preferem que uma empresa invista menos e aumente mais o lucro e, portanto, os dividendos pagos. Mas é importante registrar que, mesmo nessa situação – em que a Petrobras aumentou muito os investimentos –, o valor de mercado da empresa hoje é quase dez vezes maior que em 2002.”

Índice de produtividade e qualidade humana

“O índice exploratório da Petrobras em 2012 foi de 64%, o que quer dizer que em cada dez postos perfurados foram encontrados petróleo em quase sete. Sabe qual é a média de sucesso da primeira empresa do mundo? Trinta por cento. E, na área do pré-sal, o risco de não achar petróleo é muito menor – o índice de sucesso foi de 82%. Isso demostra a capacidade do corpo técnico da companhia. E nos revolta ver pessoas tentando desqualificar a competência da empresa. No ano passado a Petrobras produziu nos campos do pré-sal 300 mil barris de óleo. Para ser ter uma ideia, no golfo do México demorou 17 anos entre a descoberta e a produção de 300 mil barris por dia. No Mar do Norte, demorou nove anos. No pré-sal brasileiro chegou-se a uma produção de 300 mil barris por dia em sete anos. É uma façanha. A Petrobras tem um corpo de empregados, técnicos, geólogos, engenheiros com capacidade reconhecida. É uma referência internacional, e, por interesses oportunistas e eleitorais, acabou no olho do furacão. Mas vamos atravessar essa tormenta e chegar a 2017 produzindo 2,7 milhões de barris por dia.” 

Conteúdo nacional

“O Lula dizia o seguinte: 'Até dez anos atrás, este estaleiro (de Angra dos Reis) tinha milhares de pessoas trabalhando, e hoje está às moscas, porque a indústria naval brasileira, que tinha chegado a ser a segunda mais importante do mundo na década de 1970 e 1980, foi totalmente dizimada por falta de política e investimento'. Pois bem, a partir da nossa gestão, introduzimos o conceito de conteúdo nacional mínimo nas encomendas da Petrobras. Isso significa a companhia ter um papel de indutor do desenvolvimento industrial do país. Exatamente em função das encomendas da Petrobras, das plataformas, das sondas, que passaram a exigir um conteúdo nacional, mas não um conteúdo nacional que não possa ser atendido, hoje, em média, 65% das encomendas da Petrobras são construídas no Brasil. A partir do momento em que você aumenta as encomendas no Brasil, os empresários podem investir mais, podem treinar melhor os engenheiros e os técnicos capacitados, e isso aumenta a produtividade. Esse é um papel que nós consideramos fundamental.”

Saída da estagnação

“Há anos o parque de refino brasileiro ficou estagnado. Em 2003, a última refinaria construída no Brasil era a de Henrique Lage, em São José dos Campos, inaugurada em 1982. Hoje, após investimentos, está sendo construída a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, e houve aumento da capacidade das refinarias já existentes. O refino em 2003 era em torno de 1,7 milhão de barris por dia; hoje é de 2,2 milhões de barris. Muita coisa precisou ser feita nesse período, daí os grandes investimentos. Teve atraso? Teve atraso, sim. Como a Petrobras ficou mais de 20 anos sem construir uma refinaria, teve de reaprender na prática. Isso fez com que tivéssemos atrasos na Refinaria Abreu Lima, na região metropolitana de Recife, mas ela vai começar a produzir em 2014, e vai reduzir esse déficit em relação à oferta de combustível do Brasil.”

domingo, 21 de abril de 2013

Taxa real de juros é a menor da história, mas mercado ainda pressiona por alta

Por: Paulo Donizetti de Souza, Rede Brasil Atual

Publicado em 18/04/2013, 16:10

Com a elevação da taxa Selic em 0,25 ponto percentual na reunião de ontem (17) do Comitê de Política Monetária (Copom) – de 7,25% para 7,5% ao ano –, a diferença entre a taxa oficial de juros e a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-IBGE) ainda está em seu menor patamar.

O IPCA fechou março em 0,47%, alcançando 6,59% nos últimos 12 meses (abril/2012 a março/2013), o que significa que a taxa de juro real está em 0,91 ponto. Mesmo levando-se em conta o IPCA “cheio” de 2012 (janeiro a dezembro), de 5,84%, a taxa real ainda seria inferior a dois pontos percentuais, também um feito histórico.

Juros reais - abril 2013

A Selic é a referência de remuneração paga pelo governo aos investidores que financiam o Tesouro Nacional com aplicações em títulos da dívida pública. Quanto maior a taxa real de juros, mais vantajosa é a aplicação financeira nesses títulos e menor o interesse dos detentores de grande volume de capital em fazer investimentos em infraestrutura produtiva – e maior a despesa do governo com juros pagos aos investidores.

Além disso, o custo maior do dinheiro inibe o crédito e o consumo, razão pela qual alguns economistas argumentam que a elevação da Selic é a melhor forma de conter a inflação.

Por isso, é também comum se ouvir “especialistas” defenderem que o governo precisa “cortar gastos”, pois ao reduzir despesas de seu orçamento sobra mais dinheiro para pagar as despesas com a dívida – essa sobra para pagar dívidas é o que chamam de superávit primário.

Nos últimos anos, o governo vem tentando diminuir a importância dessa fórmula – juros altos e superávit primário elevado – na condução da política econômica. A ideia é dispor de mais recursos para realizar investimentos, sobretudo em infraestrutura, e estimular o crescimento da economia.

Com a manutenção de baixas taxas de desemprego, a capacidade de consumo das famílias tem assegurado um desempenho razoável dos indicadores econômicos. Entretanto, alguns economistas defendem também que o governo promova menos a defesa do mercado consumidor interno e permita que o desemprego cresça um pouco mais, argumentando que assim se combate a inflação.

Quando há mais emprego e poder de compra dos salários, a gestão da economia promove melhor distribuição de renda, já que há mais capital remunerando o trabalho. Quando há menos empregos e o capital é estimulado não a produzir, mas a aplicar na ciranda financeira, ocorre o inverso: aumentam a concentração de renda e a desigualdade social.

Esse embate de ideias, porém, não costuma aparecer para o grande público. O que se via ontem nos telejornais eram “especialistas” afirmando que 0,25 ponto de aumento da Selic veio tarde e ainda é pouco.

A culpa é do Angelim! Viva a República do Pará!

 

Pensei, pensei e concluí que a culpa de todos os problemas do estado do Pará é daquele leso do Eduardo Angelim.
Sim, porque se Angelim tivesse aceitado a oferta da Inglaterra*, caro leitor, o Pará teria virado uma Nação independente.
Independente em termos, é claro.
Na verdade, seríamos, disfarçadamente, uma colônia inglesa.
Mas você há de convir que toda a impressionante corrupção que grassa por aqui, teria, ao menos, algum charme.
Afinal, seria tudo em inglês: de “corrupto-ladrão-vigarista-filho-da-mãe-parasita-vagabundo”, ao dinheiro desviado.
Nem precisaríamos do Marques de Pombal para acabar com o nosso nheengatu: o inglês seduziria a todos nós, os de nariz furado.
Seria money and beer pra cá, money and beer pra lá…
E você já imaginou a inveja dos brasileiros?
Enquanto eles estariam às voltas com esse Congresso Nacional vagabundo, nós teríamos uma Câmara dos Lordes!
Tudo bandido, é verdade.
Mas, ainda assim, lordes...
Teríamos até chá das cinco com tapioquinha, invenção tão esplêndida que os ingleses estariam a exportar.
Sem falar que o Mário Couto, em vez de senador e de acabar com o futebol paraense, seria o presidente da Tapioca’s Company of Pará. Apenas.
E até poderia ter orgulho de ficar conhecido como “Mário Tapiocouto”...
Seríamos maiores que o Suriname, as ilhas Cayman, quem sabe até, a Suíça das Américas!
Afinal, como nação independente, poderíamos assumir o contrabando, o tráfico de drogas, de armas, de pessoas, a lavagem de dinheiro escancarada e todas as patifarias que existem por aqui, em profusão tal que nenhum país do mundo seria páreo para nós!
Como nação independente, também poderíamos organizar a nossa bandidagem.
Primeiro, mandaríamos para Jacareacanga todas as pessoas que se recusassem a saborear a tapioca.
Isso evitaria que os nossos meritíssimos tivessem de recorrer à censura, ou até às perseguições judiciais, contra os jornalistas.
Ou que tivessem de anular as sentenças de magistrados “metidos a honestos”.
Ou que vivessem levando puxões de orelha desse tal de CNJ.
A Solução Jacareacanga evitaria até mesmo que o nosso Ministério Público andasse às voltas com disputas intestinas.
Porque a gente pegaria esse pessoal tipo Nelson Medrado e mandaria tudo pra lá.
Assim, também não teríamos assassinatos de advogados, extrativistas, freiras e tantas outras lideranças.
Todos estariam felizes da vida, lá em Jacareacanga, ajudando a proteger a natureza e a criar um mundo melhor...
O passo seguinte seria estabelecer limites territoriais para a nossa criminalidade.
A escancarada lavagem de dinheiro, por exemplo, ficaria restrita a Belém e ao Nordeste do Pará.
Afinal, se até um sobrinho do governador lava dinheiro abertamente nessas duas regiões, é porque elas possuem uma vocação natural para tão relevante serviço.
E aí as nossas enorrrmes lavanderias poderiam funcionar a pleno vapor – já pensou quanto é que isso nos renderia em euros ou libras esterlinas? – sem qualquer preocupação com essas tais de Receita e Polícia Federal (que, a bem da verdade, nem funcionam mesmo no estado do Pará...).
Isso nos permitiria internalizar riqueza: além de não precisarem mais disfarçar lavagem de dinheiro com futebol ou com empreendimentos imobiliários, os nossos bandidos não precisariam viajar para outro paraíso fiscal.
Também não precisariam mais pagar por diplomas, medalhas e homenagens, ou se sentirem constrangidos quando acusados de corrupção: todos seriam apontados, com orgulho, como exemplos de corruptos bem sucedidos. E levariam diplomas e medalhas de cara.
Passaríamos à História como os autores do primeiro Zoneamento Bandido-Ecológico do mundo (ZBE).
Um magistral experimento de velhacaria!...
O mais importante, porém, caro leitor, é que se o Pará fosse uma Nação independente não teríamos essa tola esperança de que, um dia, esse país tão distante chamado Brasil olhará para nós.
Não viveríamos na expectativa de uma intervenção para estabelecer a República e nos livrar de toda essa corrupção e banditismo.
E nem seríamos mais essa “coisa” anedótica, exótica, distante, da qual o Brasil só se lembra na hora de afanar riquezas e construir hidrelétricas, para grandes mineradoras e grandes cidades brasileiras, mesmo que à custa de mais e mais miséria e destruição da natureza, para o povo do estado do Pará.
Agora mesmo fala-se em mais duas hidrelétricas, às proximidades da nossa Santarém.
Agora mesmo, quando ainda estamos às voltas com os graves problemas sociais causados na região de Belo Monte, como o crescimento dramático da violência, inclusive, contra as nossas crianças e adolescentes.
Iremos protestar, fechar estradas, destruir ensecadeiras; o MPF entrará com uma tonelada de ações judiciais, mas, eles passarão...
E o que ficará para nós, novamente, serão milhares de desempregados, legiões de miseráveis sem casa, saúde ou educação; estupro e prostituição das nossas mulheres e crianças.
Porque ao Brasil pouco importa se os nossos rios virarem rios de sangue.
Desde que a Vale e São Paulo tenham energia para os seus empreendimentos, para o Brasil, ficará tudo muitíssimo bem...
Dificilmente deixaremos de ser cidadãos de segunda para aquela grande Nação.
E é por isso que temos é de acabar com essa história de homenagens ao leso do Angelim.
E fazer, enfim, aquilo que ele não teve coragem de fazer.
Viva a República do Pará!
Viva o Pará independente!

..........................

Pra vocês, o hino de outra grande Nação, de sina muito semelhante à nossa:

*Mais recentemente, documentos teriam demonstrado que a Inglaterra não ofereceu ajuda a Angelim, para que ele proclamasse a República do Pará. Tudo não passaria do já tão conhecido ufanismo paraense.

Postado por Ana Célia Pinheiro às 19:26

Barbosa vai a palanque de Aécio em MG e aumenta rumores sobre 'mosca azul'

Publicado em 21/04/2013

Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

Barbosa vai a palanque de Aécio em MG e aumenta rumores sobre 'mosca azul'

Aécio, Barbosa e Anastasia, em Ouro Preto: presidente do STF marca presença em evento que o bom senso indicaria evitar (Marcelo Prates/Folhapress)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, participou hoje (21) de uma cerimônia oficial pelo feriado de Tiradentes, organizada pelo governo de Minas Gerais, em Ouro Preto. Convidado como orador do evento, Barbosa recebeu o Grande Colar, homenagem máxima oferecida a personalidades que, segundo o governo estadual, ajudaram no desenvolvimento de Minas e do Brasil, além de acompanhar e ser acompanhado o tempo todo pelo senador Aécio Neves, candidato do PSDB às eleições presidenciais do ano que vem.

Mas, se oficialmente o presidente da instância máxima do Judiciário do país honrou com sua presença um evento institucional, por outro lado é evidente que aquilo é também um palanque político (todo mundo sabe disso), e o espectro da exploração política do julgamento do mensalão recomendaria que Barbosa mantivesse distância de tal cerimônia.

A delicadeza da situação é constatada pela ausência em Ouro Preto de outro senador mineiro, o aecista Clésio Andrade, réu no processo do mensalão tucano em Minas, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, e vice-governador de Aécio Neves entre 2003 e 2006. Também não deu as caras outro ex-governador, o deputado Eduardo Azeredo (PSDB), um dos pivôs do esquema que o STF ainda não se dispôs a julgar.

Ganhou a esperteza política de Aécio, que marca território entre os eleitores que acreditam que Barbosa seja um arauto do combate à corrupção. Mas em se tratando do próprio Barbosa, que frequentemente tem sido protagonista de sucessivos episódios de conflitos entre outras instâncias do Judiciário e com veículos da velha mídia, que apesar de tudo ainda o apóia, o desgaste pode ser grande e uma nova saraivada de críticas pode estar a caminho.

Sabe-se lá se é a famosa picada da mosca azul, que leva pessoas a desejarem mais e mais poder, ou se é a esperteza dos tucanos mineiros que plantam notinhas pela imprensa espalhada pelo país, para depois checar os resultados junto à opinião pública, mas depois desse ato, corre a notícia de que Barbosa seria vice de Aécio. Melhor não duvidar.

Com blog Amigos do Presidente Lula

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Economista na UFF enumera mentiras de 'O Globo' sobre Venezuela

 

O economista Victor Leonardo de Araújo, professor da Universidade Federal Fluminense, enviou carta ao jornal 'O Globo' enumerando os dados errados recorrentemente usados pelo jornal para criticar a economia da Venezuela. Entre eles, números sobre déficit público, inflação e produção industrial. Leia a íntegra do texto.

Victor Leonardo de Araujo

"Prezada Senhora Sandra Cohen, editora de Mundo de O Globo


Já é sabido que o jornal O Globo não nutre qualquer simpatia pelo governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, e tem se esforçado a formar entre os seus leitores opinião contrária ao chavismo – por exemplo, entrevistando o candidato Henrique Caprilles sem oferecer ao leitor entrevista com o candidato Nicolás Maduro em igual espaço. Isto por si já é algo temerário, mas como eu não tenho a capacidade de modificar a linha editorial do jornal, resigno-me.
O problema é que o jornal tem utilizado sistematicamente dados um tanto quanto estranhos na sua tarefa de formar a opinião do leitor. Sou professor de Economia da Universidade Federal Fluminense e, embora não seja “especialista” em América Latina, conheço alguns dados sobre a Venezuela e não poderia deixar de alertá-la quanto aos erros que têm sido sistematicamente cometidos.
Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou a economia “em frangalhos”, o jornalista José Casado, em matéria publicada em 15/04/2013 (“Economia em frangalhos no caminho do vencedor”) informa que o déficit público em 2012 foi de 15% do PIB.
Infelizmente, as fontes desta informação não aparecem na reportagem (apenas uma genérica referência a “dados oficiais e entidades privadas”!!!), uma falha primária que nem meus alunos não cometem mais em seus trabalhos.
Segundo estimativas apresentadas para o ano de 2012 no “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e Caribe”, da conceituada Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o déficit foi de 3,8% do PIB, ligeiramente menor do que no ano anterior, mas muito inferior ao apresentado pelo jornal.
Caso o jornalista queira construir a série histórica para os resultados fiscais para a Venezuela (e qualquer outro país do continente), pode consultar também as várias edições do “Estudio Económico” também da Cepal.
Para poupar o seu trabalho: a Venezuela registrou superávit primário de 2002 a 2008: 2002: 1% do PIB; 2003: 0,3; 2004: 1,8; 2005: 4,6; 2006: 2,1; 2007: 4,5; 2008: 0,1; e déficit nos anos seguintes: 2009: -3,7% do PIB; 2010: -2,1; 2011: -1,8; 2012: -1,3.
O déficit é decrescente, mas bem distante dos 15% do PIB publicados na matéria.
Afirmar que o déficit público na Venezuela corresponde a 15% do PIB tem sido um erro recorrente, e também aparece na matéria intitulada “Onipresente Chávez”, publicada na véspera, também no caderno “Mundo” do jornal 'O Globo' em 13/04/2013.
A este propósito, tenho uma péssima informação a lhe dar: diante de um quadro fiscal tão saudével, o presidente Nicolás Maduro não precisará realizar ajuste fiscal recessivo, e terá condições de seguir com as políticas de seu antecessor.
A matéria do dia 15/04/2013 possui ainda outros erros graves. O primeiro é afirmar que existe hiperinflação na Venezuela, e crescente. Não há como negar que a inflação é um problema grave na Venezuela, mas 'O Globo' não tem dispensado o tratamento adequado para informar os seus leitores.
A inflação na Venezuela tem desacelerado: foi de 20% em 2012, contra 32% em 2008 (novamente utilizo os dados da Cepal). Tudo indica que o jornalista não possui conhecimento em Economia, pois a Venezuela não se enquadra em qualquer definição existente para hiperinflação – a mais comumente utilizada é de 50% ao mês; outras, mais qualitativas, definem hiperinflação a partir da perda da função de meio de troca da moeda doméstica, situações bem distantes do que ocorre na Venezuela.
Outro equívoco é afirmar que “não há divisas suficientes para pagar pelas importações”. A Venezuela acumula superávits comerciais e em transações correntes (recomendo que procure os dados – os encontrará facilmente na página da Cepal).
Esta condição é algo estrutural, e a Venezuela é a única economia latino-americana que pode dar-se ao luxo de não precisar atrair fluxos de capitais na conta financeira para financiar suas importações de bens e serviços. Isto decorre exatamente das exportações de petróleo.
O problema, Senhora Sandra Cohen, é que os erros cometidos ao expor a situação econômica venezuelana não se limitam à edição do dia 15/04, mas tem sido sistemáticos e corriqueiros.
Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou uma “herança pesada”, a jornalista Janaína Figueiredo divulgou no dia 14/04 (“Chavismo joga seu futuro”) que em 1998 a indústria respondia por 63% da economia venezuelana, e caiu para 35% em 2012.
Infelizmente, a reportagem comete o erro primário que o seu colega José Casado cometeu: não cita suas fontes.
Em primeiro lugar, a informação dada pelo jornal é que a Venezuela era a economia mais industrializada do globo terrestre no ano de 1998. Veja bem: uma economia em que a indústria representa 63% do PIB é super-hiper-mega-industrializada, algo que sequer nos países desenvolvidos foi observado naquele ano, nem em qualquer outro. E a magnitude da queda seria digna de algo realmente patológico.
Como trata-se de um caso de desindustrialização bastante severo, procurei satisfazer a minha curiosidade, fazendo algo bastante corriqueiro e básico em minha profissão (e, ao que tudo indica, o jornalista não fez): consultei os dados.
Na página do Banco Central da Venezuela encontrei a desagregação do PIB por setor econômico e lá os dados eram diferentes: a indústria respondia por 17,3% do PIB em 1998, e passa a representar 14% em 2012. Uma queda importante, sem dúvida, mas algo muito distante da queda relatada por sua jornalista.
Caso a senhora, por qualquer juízo de valor que faça dos dados oficiais venezuelanos, quiser procurar em outras fontes, sugiro novamente a Cepal, (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
As proporções mudam um pouco (21% em 1998 contra 18% em 2007 – os dados por lá estão desatualizados), mas sem adquirir a mesma conotação trágica que a reportagem exibe. Em suma: os dados publicados na matéria estão totalmente errados.
O erro cometido é gravíssimo, mas não é o único.
A reportagem ainda sugere que a Venezuela é fortemente dependente do petróleo, respondendo por 45% do PIB. Novamente, a jornalista não cita suas fontes.
Na que eu consultei (o Banco Central da Venezuela), o setor petróleo respondia por 19% do PIB em 1998, contra pouco mais de 10% em 2012.
Como a Senhora pode perceber, a economia venezuelana se diversificou. Não foi rumo à indústria, pois, como eu mesmo lhe mostrei no parágrafo acima, a participação desta última no PIB caiu. Mas, insisto, a dependência do petróleo DIMINUIU, e não aumentou como o jornal tem sistematicamente afirmado.
A edição de 13/04/2012, traz outros erros graves. Eu já falei anteriormente sobre os dados sobre déficit público apresentados pela matéria assinada pelo jornalista José Casado (“Onipresente Chávez”).
A mesma matéria afirma que a participação do Estado venezuelano representa 44,3% do PIB.
O conceito de “participação do Estado na economia” é algo bastante vago, e por isso era importante o jornalista utilizar alguma definição e citar a fonte – mas isto é algo, ao que tudo indica, O Globo não faz.
Algumas aproximações para “participação do Estado na economia” podem ser utilizadas, e as mais usuais apresentam números distantes daqueles exibidos pelo jornalista: os gastos do governo equivaliam a 17,4% do PIB em 2010 (contra 13,5% em 1997) e a carga tributária em 2011 era de 23% (contra 21% em 2000), nada absurdamente fora dos padrões latino-americanos.
Enfim, no afã de mostrar uma economia em frangalhos, O Globo exibe números simplesmente não correspondem à realidade da economia venezuelana. Veja bem: eu nem estou falando de interpretação dos dados, mas sim de dados que equivocados!
Seria importante oferecer ao leitor de O Globo uma correção dessas informações – mas não na forma de errata ao pé de página, mas em uma reportagem que apresente ao leitor a economia venezuelana como ela é, e não o caos que O Globo gostaria que fosse.
E, por favor, nos próximos infográficos, exibam suas fontes.


Atenciosamente,

Victor Leonardo de Araújo
Professor de Economia da Universidade Federal Fluminense"

Nenhum dia mais é dia do índio

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Huka-huka disputado no I Festival de Culturas Xinguanas, em 2011, durante comemoração dos 50 anos do Parque Indígena do Xingu, na aldeia Kamaiurá da lagoa Ipavu, no Alto Xingu, Mato Grosso. Foto: Ana Lucia Gonçalves-ISA

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Nenhum dia mais é dia do índio


por Márcio Santilli*

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IBGE: Brasil tem 896 mil indígenas, distribuídos em 305 etnias

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 19/04/2013, 14:24

São Paulo – Levantamento divulgado pelo IBGE hoje (19), Dia do Índio, aponta 896 mil pessoas que se declararam ou se consideraram indígenas, distribuídas em 305 etnias e falando 274 línguas diferentes. Os dados têm como base o Censo 2010. Segundo o documento, feito em parceria com a Funai, 63,8% viviam em áreas rurais e 36,2%, nas cidades. Dos que habitavam em área rural, 517 mil estavam em terras oficialmente conhecidas como indígenas.

A população indígena cresceu 11,4% em relação a 2000, o correspondente a um acréscimo de 84 mil pessoas. A alta é bem menos intensa em relação ao período 1991/2000: 150%, com 440 mil a mais. O percentual de municípios em que residia pelo menos um indígena subiu de 34,5% em 1991 para 63,5% em 2000 e 80,5% em 2010.

Dos que habitavam em área rural em 2010, 517 mil estavam em terras oficialmente conhecidas como indígenas. E dos 315 mil em áreas urbanas, pouco mais de um terço (33,7%) se concentrava na região Nordeste.

Da população indígena com cinco anos ou mais de idade, 17,5% não falavam português. Entre aqueles com pelo menos 15 anos, 32,3% são analfabetos.

Entre as unidades da federação, a maior população autodeclarada indígena estava na Amazonas: 168.700. É a única com quantidade superior a 100 mil. Segundo o IBGE, na maioria dos casos a população fica na faixa de 15 mil a 60 mil. A maior participação relativa é de Roraima (11%).

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A terça-feira que abortou o golpe na Venezuela

 

18 DE ABRIL DE 2013PUBLICADO EM: INTERNACIONAL, NOTÍCIAS

Badernas com bombas

Com a prisão de oficiais comprometidos com Capriles e serenidade ante as provocações, o plano da CIA gorou por hora

Por Pedro Porfírio

A Venezuela viveu na terça-feira, dia 16, o dia mais tenso de sua vida constitucional desde o frustrado golpe de abril de 2002. Até as 4 da tarde, estava em marcha um plano golpista que foi temporariamente abortado pela maturidade política da militância chavista e pela firme demonstração de autoridade do presidente Nicolas Maduro, com o apoio dos vários escalões das Forças Armadas Nacionais Bolivarianos.

Desde segunda-feira, quando o chefe oposicionista de direita Henrique Capriles Radonski, derrotado nas eleições presidenciais de domingo, ordenou protestos violentos contra a proclamação de Maduro como vencedor das eleições, com o apoio de mercenários paramilitares em pelo menos 15 estados do país, sua expectativa era de criar uma situação semelhante à de 13 anos atrás, que redundou na deposição por dois dias do presidente Hugo Chavez.

A agitação de rua levaria a uma sedição militar sob a liderança de dois generais e nove oficiais da Guarda Nacional, que operariam a partir do Comando de Apoio Aéreo de La Carlota. No entanto, uma rápida ação da Direção de Inteligência Militar deteve os potenciais sublevados ainda na noite de domingo, dia 14, no mesmo momento em que Capriles Radonski declarava que não reconhecia o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral e ordenava as ações violentas de segunda-feira.

No plano internacional, o golpe teve o apoio ostensivo do governo norte-americano, que ainda não formalizou o reconhecimento da vitória de Maduro, e da Espanha, que lançou suspeitas sobre o pleito. Na manhã de terça-feira, dia 16, enquanto a militância orgânica do Partido Socialista Unido da Venezuela se preparava para o contra-ataque sob o comando de Jorge Rodrigues, Maduro deu um ultimato ao governo espanhol e este reconsiderou sua postura.

Durante toda a segunda-feira, as agitações de rua ficaram por conta dos grupos ligados a Capriles, que apostava num confronto de grandes proporções com centenas de mortes. Com a ajuda de paramilitares armados, esses grupos atacaram repartições públicas, tentaram tomar a estação estatal de tevê e forçar uma paralisação das empresas por ordens dos patrões.

Maduro avisou que poderia radicalizar com a tomada das empresas por seus trabalhadores. “Fábrica parada será fábrica ocupada”, advertiu a deputada chavista Blanca Eekhout, em emocionante pronunciamento na Assembleia Nacional. Mas as organizações sociais chavistas surpreenderam e não reagiram à violência espalhada, apesar das sete mortes registradas, 62 feridos e de mais de mil pessoas atendidas nos hospitais das cidades onde os grupos de direita incendiavam objetos nas ruas e atacavam até mesmo sete Centros de Diagnóstico Integral, onde trabalham médicos e enfermeiros cubanos dentro de um convênio que já produziu grandes mudanças positivas nos índices de saúde dos venezuelanos.

Esses ataques, que tiveram requintes de violência e destruição, foram registrados nos estados de Táchira, Miranda, Anzoátegui, Carabobo e Zulia. O pretexto usado era de que havia propaganda de Maduro nesses centros médicos.

Os sete mortos foram atacados em pontos diferentes do país quando ainda celebravam a vitória de Maduro. Alguns foram atingidos por balas disparadas pelos paramilitares contratados pelo “Comando Simon Bolívar”, o comitê eleitoral do candidato da direita. O relato documentado dos crimes, com os nomes das vítimas e as condições em que foram executadas, foi apresentado no final da tarde de terça-feira, dia 16, pelos ministros do Exterior, Elias Jaua, e Comunicação e Informação, Ernesto Villegas.

Cabello contra CaprilesA resposta firme contra a tentativa de golpe

Na Assembleia Nacional, seu presidente, deputado Diosdado Cabello, responsabilizou Capriles Radonski pela violência desencadeada. Coronel da reserva e parceiro de Hugo Chavez desde a insurreição militar de 1992, Cabello escreveu em sua conta no twitter:“Capriles fascista, eu vou pessoalmente cuidar para que você pague por todos os danos que está causando ao nosso país e ao nosso povo.”

Na sessão da tarde de terça-feira, a deputada Blanca Eekhout, segunda-vice presidente da Assembléia, depois de emocionado discurso, leu uma resolução aprovada pelos colegas apoiando as investigações do Ministério Público e acusando formalmente Capriles pela onda de violência de segunda-feira.DEPUTADA BLANCA  Eekhout

Com o passar do dia, o líder direitista foi se vendo isolado, apesar do apoio reiterado do governo norte-americano. Ele contava com uma grande marcha hoje à sede do Conselho Nacional Eleitoral, onde fica a memória de todo o processo eleitoral, numa movimentação que poderia degenerar na invasão de suas instalações e destruição dos seus documentos.

Depois de reunir-se com o comando das Forças Armadas, o presidente Nicolas Maduro anunciou, ao meio dia, a proibição dessa marcha que teria consequências incontroláveis.

O recuo dos golpistas isolados

Até as 4 da tarde, Capriles e seu staff se mostravam dispostos a desafiar a proibição. Mas a repercussão negativa das ações violentas de segunda-feira, as dúvidas sobre qual atitude tomaria a militância chavista organizada e a detenção dos 11 oficiais que puxariam o golpe militar o deixaram confuso.

Às 5 da tarde, convocou uma entrevista coletiva, com a presença de jornalistas estrangeiros, e anunciou seu recuo, alegando que fora informado por amigos da inteligência militar que os chavistas infiltrariam provocadores dentro da marcha. Não era bem isso: ele queria transformar o centro de Caracas numa praça de guerra, mas já começava a ver-se ameaçado até de perder o cargo de governador do Estado de Miranda, diante de acusações documentadas de incitação a sublevações.

Ao final da coletiva, mudou totalmente seu discurso inicial, conclamando seus partidários com ênfase a não saírem de casa hoje: “Quero dizer aos venezuelanos e ao governo que todos nós aqui estamos prontos para abrir um diálogo para que esta crise possa ser resolvida nas próximas horas”.

Informado que a recontagem prevista de 54% das urnas havia sido encerrada sem registrar um único erro, tentou se explicar: “Não se trata de reconhecer ou não os resultados eleitorais de domingo. Estou simplesmente pedindo a recontagem de todos os votos”. Acusado pelo Ministério Público de não haver apresentado nenhum documento que justificasse a incitação à desordem, ele disse que hoje fará chegar ao CNE petição neste sentido.

A ameaça golpista ainda persiste

Apesar do anúncio do próprio presidente Nicolas Maduro de que todos os focos de violência haviam sido neutralizados, com a prisão de mais de 150 pessoas envolvidas diretamente nos ataques de rua, ainda acho cedo para dizer que a intentona golpista foi totalmente debelada.

Esta foi a maior operação já comandada pela CIA, através de algumas ONGs financiadas pelos Estados Unidos, e teve relativo êxito: primeiro, com a morte do líder Hugo Chavez, à semelhança do que aconteceu com o líder palestino Yasser Arafat. Depois com a votação do oposicionista, que derramou muito dinheiro na compra de votos em redutos chavistas, enquanto prometia manter todos os programas sociais do governo.

Neste caso, houve um deslocamento de 1 milhão de votos dados em outubro a Chavez para Capriles, o personagem sob medida para o golpe: 41 anos, bilionário, audacioso, carismático, celibatário (foi da TFP da Venezuela) é um fanático da direita bem treinado: já no golpe de 2002, quando era deputado, teve atuação de destaque, inclusive na invasão à Embaixada de Cuba.

Na liderança dos países exportadores de petróleo, a Venezuela tem hoje a maior reserva do mundo e adota um programa de diversificação econômica que tem sido muito interessante para empresas brasileiras e argentinas. Ao contrário do que imaginava a direita e seus monitores da CIA, Maduro, um ex-motorista de ônibus, demonstrou nessas últimas 48 horas que vai ser um osso duro de roer, com a mesma têmpera do coronel Hugo Chavez e uma militância orgânica maior.

Na sexta-feira, dia 19, estará prestando juramento como novo presidente da República Bolivariana da Venezuela. E isso ainda não foi engolido pelos que conceberam o sofisticado golpe “tecnológico” que tirou a vida do Comandante Chavez aos 58 anos e quase trouxe a direita de volta ao poder em Caracas.

Blog do Porfírio

O fim da guerra é apenas o começo

 

    As negociações em curso em Havana, entre o governo da Colômbia e as Farc, podem resultar em um acordo que ponha fim a uma guerra que dura mais de quarenta anos. Mas há vários obstáculos. O primeiro deles é a postura das forças encabeçadas pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que não estão interessadas no fim do conflito.

    A guerra “justifica” a presença militar dos EUA na América Latina, significa negócios e também cobertura para a repressão sistemática à esquerda política e social: o maior número de mortos nos anos recentes é de civis, especialmente sindicalistas.
    Outro obstáculo é a tentativa de obter na mesa de negociação aquilo que não se conseguiu através da guerra. O governo não destruiu as Farc, que operam de fato desde 1964, nem a guerrilha atingiu seus objetivos estratégicos.
    Isso não quer dizer que as negociações ocorram em um ambiente de equilíbrio. Nos últimos anos, o governo impôs duros golpes à guerrilha. Esses golpes, e as mudanças no cenário político-social colombiano, indicam que a guerrilha pode continuar existindo por décadas, mas ao menos no horizonte visível deixou de ser uma ameaça estratégica para a oligarquia colombiana.
    Ao contrário, a existência da guerra tornou-se funcional para um setor importante da direita, que utiliza o medo, a repressão, o apoio financeiro e militar dos EUA para evitar que a esquerda colombiana tenha chance de fazer aquilo que fez a esquerda em outros países da região: chegar ao governo.

    Um terceiro obstáculo é o tempo. O ambiente mundial e o calendário da política regional e colombiana indicam que o momento para o “melhor acordo possível” é agora. Mais tempo de negociação não vai resultar em mais concessões da parte do governo, em favor das demandas da guerrilha.
    Os acontecimentos na Coreia do Norte e na Síria são indicadores do ambiente internacional em que estão ocorrendo as negociações. E o quadro regional é de equilíbrio relativo, com dificuldades para o bloco de esquerda e progressista. Portanto, o “melhor acordo possível” pode ser conseguido agora, não depois.

    Um quarto obstáculo é a memória do que ocorreu nos anos 1980, quando a União Patriótica colombiana, surgida durante outro processo de paz entre governo e Farc, foi vítima de um extermínio planificado e executado pelo conluio entre setores do Estado, Forças Armadas e grupos paramilitares de direita.
    Fala-se de até 4 mil assassinados(as), inclusive dois candidatos à Presidência da República. Em termos relativos, as maiores baixas das Farc ocorreram naquele momento. Por isso, sem garantias, não haverá paz.
    É preciso entender que a paz é uma bandeira tática para um setor da direita colombiana. Este reúne parcelas do empresariado e das elites políticas que, de maneira simplificada, consideram ter, neste momento, mais a ganhar mantendo um pé em cada canoa: na integração sul-americana e na área de influência dos EUA, por exemplo, o chamado Arco do Pacífico.
    Evidentemente, a paz desejada por eles é aquela que não altera as bases do modelo econômico e das políticas neoliberais, que seguem hegemônicas na Colômbia.
    Nesse sentido, é importante não confundir o apoio à paz com apoio ao governo e à reeleição de Juan Manuel Santos. Algo que não é fácil de fazer, seja porque Santos é politicamente audacioso, como demonstrou em sua participação na Marcha pela Paz do dia 9 de abril, seja porque um setor da esquerda considera a paz tão estratégica que, de fato, pode “baixar a guarda” frente ao governo Santos.

    Um exemplo disso é a proposta de prorrogar seu mandato e adiar as eleições, para que o processo eleitoral não perturbe as negociações.
    Essa proposta baseia-se em duas premissas: mais tempo de negociação vai gerar mais concessões do governo às demandas político-sociais da guerrilha; o processo eleitoral é um jogo de cartas marcadas, portanto o adiamento não seria tão prejudicial e poderia ser até vantajoso, caso se modifiquem para melhor o ambiente e as regras eleitorais.
    É fato que a centro-esquerda colombiana, em suas variadas correntes (progressistas, Polo Democrático Alternativo, Marcha Patriótica etc.), enfrenta dificuldades eleitorais.
    Mas mudar as regras do jogo (ou adiar o jogo) quando estamos perdendo abre as portas para o oposto. Por outro lado, o argumento segundo o qual o calendário eleitoral atrapalha as negociações de paz esquece que o grande ativo eleitoral de Santos é a paz.
    Esse ativo pode ser apresentado sob duas formas: a paz assinada ou a paz condicionada à reeleição. Ou seja, a pressão do calendário eleitoral ajuda no engajamento de Santos no processo de paz. Eliminar esse acicate seria prejudicial ao processo de paz, sem falar que faria de Uribe o defensor da normalidade constitucional.

    Resta o seguinte argumento: nas eleições, será muito difícil para a(s) candidatura(s) de centro-esquerda disputar simultaneamente contra Santos e contra quem o grupo de Uribe apresente. Mas esse problema político não se resolve adiando as eleições, pois não se trata de um tema estritamente eleitoral.
    O mesmo problema estará posto para as forças progressistas e de centro-esquerda fora da Colômbia. “Razões de Estado” podem levar setores a defender o apoio “de fato” a Santos, o que não seria um comportamento novo na história da esquerda mundial. De toda forma, cabe à esquerda colombiana achar o caminho adequado.

    Em qualquer caso, é muito importante firmar que:
    a) a paz é uma bandeira simultaneamente tática e estratégica para a esquerda. Neste momento histórico, só em condições de paz, em condições “normais” de luta política e social, a esquerda colombiana terá chance de se converter em alternativa de governo e alternativa de poder;
    b) o fim da guerra é apenas o começo. Muito terá de ser feito para, através das “armas da política”, derrotar as forças neoliberais e oligárquicas colombianas, Uribe e Santos incluídos.
    Valter Pomar é membro do Diretório Nacional do PT e secretário executivo do Foro de São Paulo