Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Revoltados com abandono da saúde em Mosqueiro, moradores ameaçam fechar acesso à ilha no próximo sábado

 

Moradores de Mosqueiro reclamam da dificuldade de encontrar um posto municipal de saúde que ofereça atendimento médico de urgência ou mesmo consultas, curativos e medicamentos. A maior queixa é que quando há um desses serviços o outro não está disponível, o que leva os pacientes a peregrinarem por várias unidades da ilha para conseguir um tratamento mais completo. O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde) agendou uma reunião na Agência Distrital de Mosqueiro para segunda-feira, 1, para tratar do problema. No sábado, dia 6, a categoria, com o apoio da comunidade, pretende fechar a ponte de acesso ao distrito e paralisar as atividades nas Unidades Municipais de Saúde caso a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) não responda às reivindicações.

A cozinheira Vanda Costa, 36, trabalha ao lado da Unidade Municipal de Saúde de Carananduba e se preocupa com o marido hipertenso, que está sem medicação há cinco dias. "Ele já foi em dois postos e não foi atendido, não recebeu o remédio e nem foi encaminhado para se consultar em outro local", lamenta. A agonia do sapateiro Antônio Rocha de Oliveira, 71, já dura quase quatro anos e nem um diagnóstico preciso ele obteve para as dores que sente no ouvido. "Desde que começou um chiado no ouvido esquerdo eu já fui a três hospitais, incluindo o Bettina Ferro, mas não consegui fazer nenhum exame e só receitam xaropes que não adiantam nada", conta. A presidente da associação dos moradores da comunidade Brasil Novo, Fátima Alves, afirma que as equipes médicas são reforçadas somente nos períodos de férias e feriadões por causa dos turistas. "Quando termina tudo e chega agosto, os médicos somem e nós, que vivemos aqui, ficamos na mesma situação", acrescenta.

O gerente da UMS de Carananduba, Max Jardim, reconhece que a falta de medicamentos nos postos é um problema geral, mas que os estoques serão renovados na terça-feira, 2. "Normalmente funcionamos com um quadro de 18 médicos, que atendem 24 horas, mas com o aumento da demanda em julho receberemos mais quatro profissionais", garantiu. Com cerca de 1.500 atendimentos mensais, essa quantidade deve dobrar nas férias. Os profissionais da unidade não fazem curativos, pois, segundo ele, essa é uma tarefa das Unidades Saúde da Família (USF). No entanto, o gerente disse que deseja implantar o serviço, uma vez que o posto possui estrutura física para tal. Uma das reclamações do Sindsaúde em relação à UMS foi a falta de água causada pela tubulação entupida. Jardim garantiu que o encanamento do prédio funciona normalmente.

A Sesma informou que as unidades de Mosqueiro já estão recebendo todos os materiais para curativos, assim como medicamentos, além de frisar que o atendimento nos postos foi reforçado para as férias de julho.

Grávida encontra unidade 24h fechada

As péssimas condições da UMS da Baía do Sol são a principal queixa dos pacientes, que encontram na unidade aparelhos de ar-condicionado quebrados, goteiras e até cupim nas instalações. Apesar de o funcionamento ser 24 horas, a estudante Cleiciane Bentes, 19, que está grávida de sete meses, não conseguiu ser atendida durante a madrugada. "Estava com muita dor e vim às 4h, mas as portas estavam fechadas, tive que voltar pra casa e esperar a médica do plantão de meio-dia chegar", disse. A gerente da unidade, Kátia Pardauil, disse que há dez plantonistas trabalhando de dia e de noite desde o mês passado, quando a equipe recebeu mais três médicos e ainda aguarda a chegada de um ginegologista e um pediatra.

"Recebemos um grande número de pessoas de outras comunidades que vem aqui em busca de remédio, vacina ou curativo, o que gera um quantitativo maior do que o esperado e esgota mais rapidamente os materiais e medicamentos", justificou. Para amenizar os problemas do posto, ela está implantando um sistema que usa a internet para agilizar a marcação de consultas e exames.

Em Sucurijuquara não há médicos; enfermeiros fazem atendimento

A Unidade de Saúde da Família de Sucurijuquara já foi alvo de diversos protestos de moradores, que neste semestre interditaram duas vezes a estrada da Baía do Sol para exigir médicos no posto. O último profissional deixou o cargo em 2011 e desde então a população é atendida apenas por técnicos de enfermagem e uma enfermeira. O aposentado Deusdete Dantas, 68, deixou o posto com as guias de uma consulta e um exame marcados para a esposa, que sofre de dor nas articulações e tem problemas renais. "Só consegui consulta para semana que vem e o exame só será feito depois disso, no Hospital das Clínicas, mas muitas vezes vim aqui atrás de remédios simples, como pomada para ferimentos e não tinha nada".

Os médicos que os moradores pediram durante todo esse tempo chegaram apenas na semana passada. Agora a USF conta com duas profissionais, além dos técnicos em enfermagem para atender uma média de 25 pessoas por dia. A coordenadora da unidade, Ana Santos, admite que o material para curativos não supre a demanda mensal, mas ressalta que os pacientes não deixam de receber o serviço. "Muitas pessoas vem à unidade procurar remédios para hipertensão e diabetes que podem ser retirados gratuitamente também nas farmácias, basta apenas se cadastrar no programa do governo", lembra. Ainda segundo ela, com a troca da gestão municipal muitos medicamentos fornecidos estão sendo substituídos e a burocracia do processo licitatório pode atrasar um pouco a entrega. Uma nova remessa de material e remédios está prevista para chegar ao posto no começo da semana que vem

 

Fonte: Amazônia Jornal edição de 01/07/2013

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