Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Mapa de Mosqueiro-Belém-Pará

Bem-vindo ao blog do PT de Mosqueiro, aqui nós discutimos a organização e atuação do Partido dos Trabalhadores nas relações sociopolíticas e econômicas do Brasil e do Pará. Também debatemos temas gerais sobre política, economia, sociedade, cultura, meio ambiente, bem como temas irreverentes que ocorrem no Mundo, no Brasil, no Pará, mas em especial na "Moca". Obrigado por sua visita e volte sempre!

sábado, 30 de junho de 2012

Tá chegando o dia do “Santo Phoderoso” de Mosqueiro

No dia 1º de julho se encerrá o período “mastro’anino” da ilha de mosqueiro.

image

 Desde o mês de maio quando ocorreu a comemoração do mastro do Divino Espírito Santo, passando pelo mês de junho com a celebração dos mastros de Santo Antônio (12/13), São João (23/24), São Duelo (26) e São Pedro (28/29) vários mastros de Santos fizeram a a festa religiosa e profana de um número considerável de (fiés/infiés) da ilha.

O encerramento ou fechamento desse período “mastresco” acontecerá no dia 01/07/2012, na barraca “Empatas Phoda”, na praia do Bispo, com a festa profana do mastro do São Caralho…..! A divindade que reincarna Priapos (Deus grego).

O Santo Phoderoso da praia do Bispo caracteriza-se por ser a divindade mais evocada no cotidiano da população mosqueirense, principalmente da classe trabalhadora, mas também, por muitas pessoas abastadas da ilha. Essa evocação nasce quando o devoto dá aquela topada numa das muitas ruas esburacadas da ‘Moca’ e solta aquele “ai! Caralh…!”; ou quando o seu time de futebol marca um gol, “pega Caralh…!”; ou então, quando o rapaz conta para seu colega que está namorando uma “menina que é do Caralh…!”. Também, quando um amigo conta para o compadre: “compadre tua mulher tá te botando chifre, deixa de ser ‘corno’, Caralh….!”. E quando o devoto (marido), na segunda feira, acorda e reclama para a a ‘patroa’ que está com uma ressaca e uma diarréia do Caralh…! E no jogo de bola á tarde, na praia do trapiche, quando o jogador perna-de-pau cruza mal a bola para a entrada da área, os colegas de times reclamam: “cruza direito a bola Caralh…!”. E na cozinha a mãe diz para a filha (…) K….!; e no colégio o aluno responde para o professor(...) K…!. E na igeja, na fila para receber a ostia consagrada o padre diz para o ‘fiel’, toma essa ostia que tá do K….! Para finalizar tanta evocação, vamos relatar um causo no próprio santuário da Divindade Phoderosa,(…)  “na barracha ‘Empatas Phoda’, um cliente/freguês (mais freguês do que cliente, vale ressaltar) muito enjoado diz para o bar-men, cozinheiro, proprietário do estabelecimento, cujo pseudônimo é Rato, traz uma “perna-manca do Caralho” que eu quero amanhâ acordar com aquela dor de cabeça e me vazando…Caralho….!"

Então, tá feito o convite, participe dessa manifestação altamente profana e sacana que ja virou traição, ou melhor, tradição da cultura popular mosqueirense. A festividade do São Caralh….! Iniciará por volta das 13:00 horas e vai entrar pela noite, até o último devoto desmaiar de tanta devoção alcólica. A manifestação profana  é democrática e areligiosa; o devoto(a) pode ir com qualquer roupa, bermuda, saia, sunga, biquini (se for mulher bonita) pode ir de fio dental; pode ir de banho tomado ou sujo, já que ultimamente na pinga água nas torneiras do SAAEB. Na festa de São Caralh…! Não tem ladainha (só picuinha), os devotos não precisam rezar. E permitido aos devotos falarem mal uns dos outros, chamar palavrão, principalmente o nome do Santo. Até torcedor do ‘bicolor’ é bem vindo, pois o Santo Phoderoso, é desprovido de preconceituosos sexuais, religiosos, de cor, social, por isso, daí são bem vindos a sacagem da praia do Bispo, e podem pegar no “mastro”, boiolas, mulheres feias, velhas, biriteiros, papudinhos, torcedores do ‘Pay’sandu, do Vasco, do Corinthians etc.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Para contribuir na compreensão da origem da divindade ‘falesca’ (Priapos - divindade grega) e ‘praiesca’ (são Caralho - praia do Bispo, Mosqueiro), o blog Pt de Mosqueiro posta um trabalho de pesquisa minucioso, produzido pelo professor Alcir Rodrigues (devoto fervoroso do Santo Phoderoso)  que relata com precisão a origem no tempo e no espaço do São Karalho.

Considerações em torno do Mastro de S. Cara...

Pode-se supor que os fatos aqui narrados (possivelmente fosse melhor dizer ‘ressaltados’, ‘mencionados’) se dão em uma comunidade pré-cristã, em tempos imemoriais quase, em uma região qualquer dali daquelas terras que, por motivo apenas de banalíssima exemplificação estão sendo mencionadas, ficariam mais tarde conhecidas como as Gálias e/ou talvez a Bretanha, em atual território francês. É quase final do verão: clima ameno, colheitas feitas (finalizadas), os animais de cria se reproduzindo e prontos alguns para o abate. A fartura de tudo emoldurando um clima de alegria em todo o lugar. É época de se festejar a Fecundidade, a da terra e a do ventre de muitas mulheres, grávidas naquele período, ou que já haviam dado à luz e que já estavam à espera de outra ‘fecundação’, juntamente com outras, mais moças, e que engravidariam, logo então, e pela primeira vez. Ter filhos (muitos, às dezenas, talvez) significava braços fortes para o trabalho e para guerrear ou defender o povoamento de invasores/saqueadores; ter filhas, neste caso, para procriar, gerar os tais braços fortes, tão importantes e almejados.

Em homenagem à deusa da Fecundidade, rituais diversos em festejos que poderiam durar vários dias acabavam de acontecer. Esses festejos, vários séculos depois, porque pagãos, seriam combatidos intensa e sistematicamente pela Igreja Católica, que desejava extingui-los. Como não pôde eliminar aquelas práticas religiosas ditas “primitivistas”, vistas como “Coisa do Diabo!”, iniciou-se um contínuo e longo processo de assimilação cultural, de adaptações católicas que impuseram o superstrato teogônico cristão-católico sobre tais práticas. Daí surgirem, por isso, as festas juninas em homenagem a santos, mera superposição religiosa que não logrou total êxito em ocultar os vestígios dos rituais que exaltavam a Deusa da Fecundidade. Daí advém o sincretismo observado entre o sacro e o profano: o mastro e a romaria de S. Pedro na Baía-do-Sol e no Areão (na antiga Colônia de Pescadores), por exemplo. A romaria (ipsis litteris ― ao pé da letra ― peregrinação rumo à cidade sagrada (?!) de Roma) logicamente sabe-se de sua óbvia origem. Mas, e quanto ao mastro?

Aqui precisamos retornar aos festejos em honra à Deusa da Fecundidade. Como esses festejos ‘varavam’ do dia para a noite, diversas fogueiras eram armadas e incendiadas ao redor do campo onde iriam se realizar tais homenagens. Comidas e bebidas fartas é o que não poderia faltar. Muito provavelmente o ser humano ali daquele período e daquele lugar já descobrira o processo de fermentação que originaria bebidas alcoólicas, além das feitas de ervas alucinógenas. Muito provavelmente era lua cheia. Consideremos fosse possível viajar no tempo e gravar em cópia audiovisual tudo o que aconteceria num ritual deste tipo e depois reproduzíssemos tudo em um telão com toda a fidedignidade que um documentário requer, o que exatamente veríamos ali?

Com certeza, haveria um altar com comida e bebida fartas (como oferendas), sob o abrigo da sombra de uma grande árvore. Talvez até mesmo seu largo tronco e algumas raízes expostas fossem usados como altar. E quanto à imagem da deusa, como seria sua aparência? Há uma enorme riqueza de vestígios arqueológicos que nos mostram uma figura feminina, às vezes desprovida de cabeça e membros inferiores, ostentando uma óbvia opulência física: os seios fartos, o ventre, a região glútea, tudo propositadamente exagerado, remetem-nos à idéia de fartura, tanto de alimentos quanto fartura na própria prole das mulheres dali daquele clã.

Muitas fogueiras podem ser vistas, que serão incendiadas mais tarde, com múltipla funcionalidade, certamente: aquecer, iluminar noturnamente o local, assar alimentos, espantar maus espíritos, intermediar rituais ao seu redor. Como se viu, muitas funções. Há euforia em tudo ali. Pessoas comendo, bebendo, rindo, divertindo-se. Sempre falando alto. Crianças participando de brincadeiras várias. Por todo lugar podem-se ver frutas penduradas, verdes e maduras. Flores, muitas e multicoloridas, alegrando a vista.

Só falta agora o claquete para anunciar a entrada do mastro. E o que falta para isso? É que o mastro precisa antes ser adornado com frutas, flores, postas de carne assada, recipientes com bebidas, etc., para, só depois de toda essa preparação, ser conduzido ao local onde ficará erigido (daqui a pouco se saberá por que talvez fosse melhor dizer ‘ficará ereto’). Mas, enquanto se filma tudo e este texto é escrito, eis que, surpreendentemente, mais ao alto da tela, à direita, surge um aglomerado multiforme de gente e mais gente ao redor de um objeto longo, largo, pesado e grosso, uma tora de uma imensa árvore, completamente adornada com frutas nela amarradas com cipós, carregadas por homens e mulheres do clã. O homem da câmera quase perde esta extasiante entrada, e que já é quase o ensaio de um gran finale, contudo se recupera e registra o evento, para nossa sorte, e deste texto. E para a fidedignidade das informações aqui prestadas.

Relevante é o fato de que o ‘mastro’ é caule reto, sem curvas e sem rebarbas de galhos aparados, isto é, é liso, lisinho. Por que será? Já-já saberemos. Quase tão relevante é ressaltar que as pessoas conduzindo o ‘mastro’ estão inebriadas de fervoroso sentido ritualístico, imbuídas de tocante sentido místico e quase que narcotizadas pela ingestão de certos líquidos fermentados. A multidão ziguezagueia por toda a área no traslado do mastro, cantando e dançando euforicamente, até que pára num local próximo ao altar, previamente escolhido, onde já fora escavado um buraco para a fixação do mastro, que começa a ser levantado. Uma, duas tentativas falhas. Na terceira, já está ereto o mastro, resguardado, diria até, preso, estreitado confortavelmente pela terra, a mesma terra fecunda que gerou tanta fartura, e que agora acomoda tão macia e seguramente o imenso caule. Todos festejam, gritam de alegria, bebem e dançam. É só o começo de um festejo que pode durar até o outro dia.

Eis a simbologia de tudo isso: o mastro nada mais é que um símbolo fálico ― penetra a Mãe-Terra, para fecundá-la. Temos aqui o elemento masculino e o feminino juntos (a deusa em seu singelo altar). Nasce agora um questionamento na mente de nosso moço da câmera: “Se as pessoas lá no Mosqueiro soubessem o que estão carregando (um objeto que representa um pênis enrijecido), ainda teriam assim tanta disposição para carregá-lo?” Uma tentativa de resposta: ”Crê-se que sim, pois a simbologia que ficou é algo um tanto assim fossilizada. Por outro lado, supõe-se que algumas pessoas deixariam de conduzir o mastro pela mesma razão que outras se sentiriam motivadas para tal, e agora com euforia redobrada até. Não é mesmo?”

É bem possível que a deusa inspirasse nas pessoas ali um desfecho um tanto orgíaco, bacanalístico mesmo, segundo o olhar descontextualizado de alguém não-sabedor do que estaria se passando por lá. No entanto, um olhar analítico nos mostra que a tal ‘orgia’ é justificada por conta do objetivo de procriação: os braços fortes já mencionados e as novas matrizes para gerá-los. Alguma libido acima das expectativas, alguma lubricidade além da conta é bem provável que fosse despertada, mas é fato ocasional. É certo que o conhecimento ali sobre como nascem os seres humanos era bem parco, porém já se sabia que estava relacionado ao ato sexual, por isso a multiplicidade das relações e dos parceiros.

O Mastro de S. Cara... da Praia do Bispo (que tem, no mínimo, 16 anos) remonta a essa cerimônia ancestral, levando em conta somente a parte ritualística considerada profana. A parte religiosa fica para pessoas de fervor religioso mais elevado e tradicional. Ali se recusa, portanto, o caráter sincrético do ritual, ficando tão-somente para os festejos do 1º de Julho a idéia da união do masculino e do feminino simbolizada pelo Fálico Mastro que penetra a Deusa e Mãe-Terra, para a fecundação desta. Tem-se consciência disso. É-se convicto disso. Então, quem quiser carregar o mastro, esteja convidado desde já. Que venha, divirta-se à vontade. Todos sempre serão muito bem-vindos, contanto que demonstrem o devido e circunspecto respeito pelo SANTO. Do contrário, a dimensão da heresia poderá ser proporcional ao TAMANHO do castigo ao qual o incrédulo será submetido (ou será... submetido?).

 

Mastro de São Caralho

Incontáveis e de natureza vária são os santos do catolicismo. Talvez, nestes termos, até ultrapassem os deuses da mitologia greco-romana. No entanto, na quadra junina, apenas quatro são homenageados: Antônio, o casamenteiro; João, o profeta, primo e precursor de Jesus; Pedro, o pescador e “primeiro papa”; e Marçal, “primeiro bispo de Limoges” e evangelizador da Aquitânia.

Importa esclarecer que o mês de junho, ou melhor, o mês de Juno – a poderosa deusa grega, esposa de Zeus, o “pai dos deuses” – coincidiu em determinados países da Europa com o apogeu de certas festas religiosas pré-cristãs e até mesmo pré-pagãs, se é que se pode assim nomeá-las, em homenagem à fecundidade da Mãe-Terra.

O superstrato cultural e religioso latino, imposto a todos os territórios conquistados por Roma, não pôde ser capaz de suprimir as antigas manifestações religiosas do mês junino, mês que mais tarde a igreja católica apostólica romana quis chamar de joanino, em homenagem ao santo profeta, primo de Jesus. É daí que surge a expressão quadra joanina.

Não foi pouco o que a igreja católica fez para transformar os antigos costumes, adaptando-os às festas em homenagem aos santos do catolicismo. É óbvio que não se obteve total êxito nessa empreitada, pois o que até hoje ainda subsiste são amálgamas de costumes religiosos se superpondo uns aos outros. O sincretismo, portanto, preside as festas juninas e, para a grande maioria de seus devotos, é quase impossível distinguir nos rituais de agora o que é herança cristã e o que ficou como resquícios de religiosidade pré-cristã.

Sem dúvida, os mastros dos santos compõem parte significativa desses resquícios, e isso não ocorre diferentemente na ilha de Mosqueiro, espaço com grande riqueza dessas manifestações sincréticas, divididas entre romaria, missa, preces, imagem e bandeira do santo, de um lado (o lado considerado “religioso”). E de outro: o mastro, a festa dançante com música estridente e o alto consumo de bebidas alcoólicas (o lado considerado “profano”), tudo isso embalado pelas explosões dos fogos.

Nesse contexto, o Mastro de São Caralho, já com uma tradição que remonta há pelo menos 20 anos, apresenta-se como marco diferencial, por não existir como parte constituinte de festividade nenhuma, mas sim por ser ele mesmo a própria festividade. Some-se a isso o fato de propor uma recusa à tradição sincrética, por ‘inventar uma tradição’ própria de profanidade, remontando ao mitológico deus grego Príapos, o São Caralho daquela época.

O São Caralho é milagroso e phoderoso; sua índole, contestatória e anti-hipócrita; sua longa e dura luta sempre será contra qualquer forma de discriminação, não aceitando interferência alguma de qualquer tipo de “otoridades”, quaisquer que sejam. Sua festividade não tem fins lucrativos. E como o mastro é reciclado, é também, enfim, um “santo” ecológico. Por isso, seu número de ‘devotos’ vem se expandindo numa proporção geométrica. Trata-se de uma divindade do povo, não das elites.

O que significa “CARALHO”?

Segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas, de onde os vigias prescrutavam o horizonte em busca de sinais de terra.
O CARALHO, dada a sua situação numa área de muita instabilidade (no alto do mastro) era onde se manifestava com maior intensidade o rolamento ou movimento lateral de um barco.
Também era considerado um lugar de "castigo" para aqueles marinheiros que cometiam alguma infração a bordo.
O castigado era enviado para cumprir horas e até dias inteiros no CARALHO e quando descia ficava tão enjoado que se mantinha tranquilo por um bom par de dias. Daí surgiu a expressão:
“MANDAR P’RÓ CARALHO"
Hoje em dia,CARALHO é a palavra que define toda a gama de sentimentos humanos e todos os estados de ânimo.
Ao apreciarmos algo de nosso agrado, costumamos dizer:
“ISTO É BOM COM’Ó CARALHO”
Se alguém fala conosco e não entendemos, perguntamos:
Mas que CARALHO é que estás a dizer?
Se nos aborrecemos com alguém ou algo, mandamo-lo p’ró CARALHO.
Se algo não nos interessa dizemos: NÃO QUERO SABER NEM PELO CARALHO.
Se, pelo contrário, algo chama a nossa atenção, então dizemos:
ISSO INTERESSA-ME COM’Ó CARALHO.
Também são comuns as expressões: Essa mulher é boa com’ó CARALHO (definindo a beleza);
Essa gaja é feia com’ó CARALHO(definindo a feiura);
Esse filme é velho com’ó CARALHO (definindo a idade);
Essa mulher mora longe com’ó CARALHO (definindo a distancia);
Enfim, não há nada que não se possa definir, explicar ou enfatizar sem juntar um “CARALHO”. 
Se a forma de proceder de uma pessoa nos causa admiração dizemos:
"ESTE TIPO É DO CARALHO" 
Se um comerciante está deprimido pela situação do seu negócio, exclama: “ESTAMOS A IR P’RÓ CARALHO”. 
Se encontramos um amigo que há muito não víamos, dizemos:
PORRA,  POR ONDE CARALHO É QUE TENS ANDADO?
É por isso que lhe envio este cumprimento do CARALHO e espero que o seu conteúdo lhe agrade com’ó CARALHO, desejando que as suas metas e objetivos se cumpram, e que a sua vida, agora e sempre, seja boa com’ó CARALHO. 
A partir deste momento poderemos dizer "CARALHO", ou mandar alguém p’ró "CARALHO" com um pouco mais de cultura e autoridade académica ...
Envie esta mensagem para alguém de quem goste com’ó “CARALHO”.
E TENHA UM DIA FELIZ!
“UM DIA DO CARALHO”

http://www.docspt.com/index.php?topic=4704.0. Acesso em: 10/12/2009.

Professor Alcir Rodrigues é nascido e criado em Mosqueiro, mestre em lingua portuguesa (UFPA), leciona na Escola Estadual Honorato Filgueiras e Escola Municipal Remígio Fernandez

 

Segue os bonos do blog: imagens que remontam os ancentrais do São Caralho:

Quem desrespeita o santo é sub-metido a castigos duros!

image image

image image

E você, quer ser sub-metido/a?

O São Caralho é milagroso e phoderoso; sua índole, contestatória e anti-hipócrita; sua longa e dura luta sempre será contra qualquer forma de discriminação, não aceitando interferência alguma de qualquer tipo de “otoridades”, quaisquer que sejam. Sua festividade não tem fins lucrativos. E como o mastro é reciclado, é também, enfim, um “santo” ecológico. Por isso, seu número de ‘devotos’ vem se expandindo numa proporção geométrica. Trata-se de uma divindade do povo, não das elites.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vivendo no fim dos tempos: o Apocalipse segundo Zizek

Arte & Cultura| 28/06/2012

Vivendo no fim dos tempos: o Apocalipse segundo Zizek

Em seu novo livro, "Vivendo no fim dos tempos" (Boitempo Editorial), Slavoj Zizek defende que o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Ele identifica os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. Zizek apresenta sua obra como "parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta".

Redação

Não deveria haver mais nenhuma dúvida: o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Slavoj Žižek identifica neste livro os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. E pergunta: se o fim do capitalismo parece para muitos o fim do mundo, como é possível para a sociedade ocidental enfrentar o fim dos tempos?
Para explicar porque estaríamos tentando desesperadamente evitar essa verdade, mesmo que os sinais da “grande desordem sob o céu” sejam abundantes em todos os campos, Žižek recorre a um guia inesperado: o famoso esquema de cinco estágios da perda pessoal catastrófica (doença terminal, desemprego, morte de entes queridos, divórcio, vício em drogas) proposto pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, cuja teoria enfatiza também que esses estágios não aparecem necessariamente nessa ordem nem são todos vividos pelos pacientes.
De acordo com Žižek, podemos distinguir os mesmos cinco padrões no modo como nossa consciência social trata o apocalipse vindouro. “A primeira reação é a negação ideológica de qualquer ‘desordem sob o céu’; a segunda aparece nas explosões de raiva contra as injustiças da nova ordem mundial; seguem-se tentativas de barganhar (‘Se mudarmos aqui e ali, a vida talvez possa continuar como antes...’); quando a barganha fracassa, instalam-se a depressão e o afastamento; finalmente, depois de passar pelo ponto zero, não vemos mais as coisas como ameaças, mas como uma oportunidade de recomeçar. Ou, como Mao Tsé-Tung coloca: ‘Há uma grande desordem sob o céu, a situação é excelente’”.
Os cinco capítulos se referem a essas cinco posturas.
O capítulo 1, “Negação”, analisa os modos predominantes de obscurecimento ideológico, desde os últimos campeões de bilheteria de Hollywood até o falso apocaliptismo (o obscurantismo da Nova Era, por exemplo).
O capítulo 2, “Raiva”, examina os violentos protestos contra o sistema global, em especial a ascensão do fundamentalismo religioso.
O capítulo 3, “Barganha”, trata da crítica da economia política, com um apelo à renovação desse ingrediente fundamental da teoria marxista.
O capítulo 4, “Depressão”, descreve o impacto do colapso vindouro, principalmente em seus aspectos menos conhecidos, como o surgimento de novas formas de patologia subjetiva.
E, por fim, o capítulo 5, “Aceitação”, distingue os sinais do surgimento da subjetividade emancipatória e procura os germes de uma cultura comunista em suas diversas formas, inclusive nas utopias literárias e outras.
Žižek é otimista quanto ao que pode surgir desse processo de emancipação e apresenta sua obra como parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta. Para ele, engajar-se nessa luta significa endossar a fórmula de Alain Badiou, para quem mais vale correr o risco e engajar-se num Evento-Verdade, mesmo que essa fidelidade termine em catástrofe, do que vegetar na sobrevivência hedonista-utilitária. Rejeita, assim, a ideologia liberal da vitimação, que leva a política a renunciar a todos os projetos positivos e buscar a opção menos pior.
Trecho do livro
“Essa virada na direção do entusiasmo emancipatório só acontece quando a verdade traumática não só é aceita de maneira distanciada, como também vivida por inteiro: ‘A verdade tem de ser vivida, e não ensinada. Prepara-te para a batalha!’. Como os famosos versos de Rilke (“Pois não há lugar que não te veja. Deves mudar tua vida”), esse trecho de O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, só pode parecer um estranho non sequitur: se a Coisa me olha de todos os lados, por que isso me obriga a mudar? Por que não uma experiência mística despersonalizada, em que ‘saio de mim’ e me identifico com o olhar do outro? E, do mesmo modo, se é preciso viver a verdade, por que isso envolve luta? Por que não uma experiência íntima de meditação?
Porque o estado ‘espontâneo’ da vida cotidiana é uma mentira vivida, de modo que é necessária uma luta contínua para escapar dessa mentira. O ponto de partida desse processo é nos apavorarmos com nós mesmos.
Quando analisou o atraso da Alemanha em sua obra de juventude Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx fez uma observação sobre o vínculo entre vergonha, terror e coragem, raramente notada, mas fundamental:
É preciso tornar a pressão efetiva ainda maior, acrescentando a ela a consciência da pressão, e tornar a ignomínia ainda mais ignominiosa, tornando-a pública. É preciso retratar cada esfera da sociedade alemã como a partie honteuse [parte vergonhosa] da sociedade alemã, forçar essas relações petrificadas a dançar, entoando a elas sua própria melodia! É preciso ensinar o povo a se aterrorizar diante de si mesmo, a fim de nele incutir coragem.”

Sobre o autor
Slavoj Žižek nasceu em 1949 na cidade de Liubliana, Eslovênia. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é diretor internacional do Instituto de Humanidades da Universidade Birkbeck de Londres.
Vivendo no fim dos tempos é o seu sétimo livro traduzido pela Boitempo. Dele, a editora também publicou Bem‑vindo ao deserto do Real!, em 2003, Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917), em 2005, A visão em paralaxe, em 2008, Lacrimae Rerum, em 2009, Em defesa das causas perdidas e Primeiro como tragédia, depois como farsa, os dois últimos em 2011.

Ficha técnica
Título: Vivendo no fim dos tempos
Título original: Living in the end times
Autor: Slavoj Žižek
Tradução: Maria Beatriz de Medina
Orelha: Emir Sader
Páginas: 368
ISBN: 978-85-7559-212-0
Preço: R$ 52,00
Editora: Boitempo

PT segue com convenções municipais em todo Pará

Publicado por ascom Em 27/06/2012

Os diretórios municipais do Partido dos Trabalhadores do Pará iniciaram, desde a segunda semana de junho, o período de convenções municipais do PT. A atividade tem como principal objetivo definir as coligações do Partido e homologar as candidaturas de prefeitos e vereadores para as próximas eleições. O município de Santa Cruz do Arari, no arquipélago do Marajó, foi o primeiro do Pará a realizar sua convenção, registrada no último dia 16 de junho. As convenções do PT seguem até o dia 30 deste mês. Abaixo, acompanhe a data das atividades em alguns municípios do Estado:

BELÉM:   29/06

BOM JESUS DO TOCANTINS: 30/06

BRAGANÇA:  30/06

BUJARU:   30/06

CAMETÁ:       30/06

CASTANHAL:     30/06

CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA:      30/06

CURRALINHO:   30/06

GURUPÁ:  30/06

IGARAPÉ MIRI: 30/06

MARACANà     30/06

MARAPANIM    29/06

Governo aposta no mercado interno contra crise nos países ricos

Economia| 27/06/2012

 

O programa de compras governamentais, apelidado de PAC Equipamentos, investirá R$ 8,43 bilhões. Ao mesmo tempo, governo também anunciou redução da TJLP de 6 para 5,5%. Medidas são parte da estratégia de enfrentamento à crise econômica dos países desenvolvidos, diz Dilma Rousseff. Compra de 8.570 unidades de ônibus escolares e 3 milhões de carteiras até 2014 é exemplo de medida do programa do governo para comprar bens e estimular a economia brasileira.

Vinicius Mansur

Brasília - O governo federal incrementou em R$ 6,611 bilhões o montante já previsto para a compra de equipamentos no segundo semestre, conforme anúncio feito na manhã desta quarta-feira (27) pela presidenta Dilma Rousseff. Assim, o PAC Equipamentos destinará R$ 8,434 bilhões para o aparelhamento dos serviços ligados à educação, saúde, defesa, transporte, agricultura e combate às mudanças climáticas. “O uso do poder de compra é consagrado como um dos mecanismos aceitos para garantir o crescimento econômico”, apontou a presidenta.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também anunciou a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6 para 5,5% ao ano, percentual que valerá, inclusive, para empréstimos já liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Nesse momento é muito importante estimular os investimentos, porque eles são a mola mestra da economia”, disse Mantega.
A queda da taxa de juros que o governo cobra ao emprestar dinheiro, a TJLP, era reivindicada pelo empresariado diante da queda, há quase um ano, da taxa Selic, que define quanto o Tesouro paga pelos empréstimos que toma via emissão de títulos. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 4 pontos percentuais e atualmente está em 8,5% ao ano.
O ministro ressaltou que a queda dos juros é um processo que está apenas iniciando e que o anúncio do conjunto de medidas acontece num momento em que a economia mundial está deprimida pela crise europeia e o Brasil começa a retomar o seu crescimento. Mantega afirmou que a oferta de crédito no país cresceu - de 49% para 50,1% do Produto Interno Bruto (PIB), de abril para maio; que a taxa de juros está caindo vertiginosamente - com juro médio para pessoa física passando de 45% para 39%, no mesmo período; que a valorização do dólar, hoje acima dos R$ 2, torna a produção brasileira mais competitiva; que a taxa de desemprego em maio, 5,8%, é a menor desde o início da medição da serie histórica, 2007; que a massa salarial continua crescendo a 4,9% em 2012 e que a inflação está caindo.
Em seu discurso, a presidenta da República também situou o conjunto de medidas anunciadas como parte da estratégia de enfrentamento à crise econômica dos países desenvolvidos e esbanjou confiança:
“O Brasil resistirá a essa crise porque escolhemos um modelo de desenvolvimento que repousa, sobretudo, na força do mercado interno brasileiro.”
O otimismo, segundo a presidenta, é justificado pelo fato do Brasil ter crescimento com distribuição de renda; instrumentos monetários e financeiros manejáveis – como as reservas internacionais e o compulsório bancário; melhora na relação cambio-juros; desoneração do investimento em curso e avanço em investimento público.
A maior fatia dos recursos anunciados para as compras governamentais, cerca de 27%, equivalentes a R$ 2,28 bilhões, serão destinados à aquisição de 8 mil caminhões para equipar Forças Armadas e estados e municípios afetados por problemas climáticos, como a seca. 50 perfuratrizes para perfurar poços nestas regiões também serão adquiridos.
A segunda maior fatia, cerca 20% correspondentes a R$ 1,71 bilhão, irão para compra de 8.570 ônibus escolares. A educação também receberá três milhões de unidades de mobiliário escolar.
Para a saúde foram 2.125 ambulâncias e mil unidades Odonto Móvel. Para a agricultura, 3 mil patrulhas (tratores mais implementos agrícolas). A Defesa contará com 40 blindados guaranis e 30 veículos lançadores de mísseis. A lista completa e seus valores por bloco pode ser acessada aqui.

Fotos: O ministro da Educacao, Aloisio Mercadante, anunciou, a compra de 8.570 unidades de ônibus escolares e 3 milhões de carteiras até 2014.A medida faz parte de um pacote do PAC Equipamentos, programa do governo para comprar bens e assim estimular a economia brasileira. Segundo Mercadante, a medida deverá beneficiar cerca de 6 milhões de crianças. (Antonio Cruz/ABr)

Intelectuais e artistas defendem asilo político para Assange

Internacional| 27/06/2012

Intelectuais e artistas defendem asilo político para Assange

Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone e Danny Glover, entre outros, entregaram segunda-feira (26) carta à embaixada do Equador em Londres, pedindo que seja concedido asilo político a Julian Assange, fundador do Wikileaks. Os signatários da carta defendem que se trata de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, além de uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar de Assange (no caso de uma extradição para os Estados Unidos).

David Brooks - La Jornada

Nova York - Um amplo leque de intelectuais, artistas, cineastas e escritores de várias partes do mundo solicitaram ao governo do Equador que conceda asilo a Julian Assange, Fundador do Wikileaks, que se encontra refugiado na embaixada desse país em Londres.
Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone, o ator Danny Glover, o comediante Bill Maher, Daniel Ellsberg, ex-analista militar famoso por divulgar os Papeis do Pentágono durante a guerra do Vietnã, e Denis J. Halliday, ex-secretário geral assistente da Organização das Nações Unidas, entre dezenas de outras personalides, assinaram a carta de apoio ao pedido de Assange de asilo político, a qual foi entregue segunda-feira (26) à embaixada do Equador em Londres.
Afirmaram que por se tratar de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, e porque a ameaça à saúde e ao bem-estar é séria, pedimos que seja concedido asilo político ao senhor Assange.
O fundador do Wikileaks ingressou na sede diplomática equatoriana a semana passada para evitar sua extradição para a Suécia. Os signatários da carta entregue ontem concordam com o agora fugitivo (rompeu as condições de sua detenção domiciliar ao entrar na sede diplomática) que há razões para temer sua extradição, pois há uma alta probabilidade de que, uma vez na Suécia, seja encarcerado e provavelmente extraditado para os Estados Unidos.
O governo de Barack Obama realizou um processo conhecido como grande júri para preparar uma possível acusação legal criminal contra Assange, ainda que o procedimento seja secreto até emitir sua conclusão. Além disso, meios de comunicação relataram que os departamentos de Defesa e de Justiça investigaram se Assange violou leis penas com a divulgação de documentos oficiais.
Os signatários sustentam que esta e outras evidências mostram a hostilidade contra Wikileaks e seu criador por parte do governo estadunidense, e que se ele fosse processado conforme a Lei de Espionagem nos Estados Unidos poderia enfrentar a pena de morte. Além disso, acusam o tratamento desumano ao qual foi submetido Bradley Manning, o solado acusado de ser a fonte dos documentos vazados para Wikileaks.
“Reivindicamos que seja outorgado asilo político ao senhor Assange, porque o ‘delito’ que ele cometeu foi o de praticar o jornalismo”, afirmam na carta. Assange revelou importantes crimes contra a humanidade cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Os telegramas diplomáticos revelaram as atividades de oficiais estadunidenses atuando para minar a democracia e os direitos humanos ao redor do mundo, acrescentam.
A carta, entregue por Robert Naiman, diretor da organização estadunidense Just Foreign Policy, autora da iniciativa, foi acompanhada de outra petição assinada por mais de 4 mil estadunidenses que solicitam que o governo do Equador conceda asilo a Assange.

A íntegra da carta pode ser vista em justforeignpolicy.org/node/1257.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Democraduras

23/06/2012

Países com longas ditaduras não passam simplesmente da ditadura à democracia, apagando seu passado e escrevendo a nova página da sua história como se fosse uma página em branco. Até mesmo porque costumam ser transições institucionais, pacíficas, não rupturas radicais. O passado pesa fortemente sobre as novas democracias, condicionando seu futuro fortemente.
Tem acontecido como regra nos países latino-americanos. O próprio Brasil foi vítima desses condicionamentos. Incapaz de obter os 2/3 do Congresso para convocar eleições diretas para presidente – que teriam em Ulysses Guimaraes seu mais forte candidato a ser o primeiro civil a presidir o Brasil desde 1964 -, o país se viu às voltas com mais um pacto de elite na sua história, configurado no Colégio Eleitoral, fundado num acordo entre o novo – as forças democráticas, constituídas na oposição à ditadura – e o velho – advindas da ditadura, para somar-se ao novo regime, quando o antigo se esboroava.
O preço pago não foi barato. Ao invés da democratização das profundas estruturas de poder consolidadas pela ditadura – no campo, nos bancos, nas grandes corporações industriais e comerciais, nos meios de comunicação -, o novo regime – sob a presidência do até pouco tempo antes presidente do partido da ditadura – limitou-se, bem ao estilo liberal, à democratização institucional. O país profundo seguiu igual, até piorou em alguns aspectos, como nos meios de comunicação, em que o ministro das comunicações, ACM, encarregou-se de terminar a monopolização da mídia.
Como resultado, tivemos uma redemocratização institucional, mas o Brasil não se democratizou do ponto de vista econômico, social e cultural. Continuamos - até o governo Lula – a ser o país mais desigual do continente mais desigual.
Essas são analises que podem ser estendidas a outros países do continente que passaram por ditaduras.
O Egito e o Paraguai vivem situações que podem ser comparadas com essa. Durante as longas ditaduras que os dois países sofreram, só foi tolerada a oposição moderada, que compactuava com a ditadura: o Partido Liberal no Paraguai, a Irmandade Muçulmana no Egito. Quando termina a ditadura, os partidos ligados ao regime e essas forças de oposição estão nas melhores condições para protagonizar o que deveria ser a transição para a democracia.
No Egito, os dois candidatos provinham dessas forças: um ex-ministro do Mubarak e um candidato muçulmano. No Paraguai o Congresso continua a ser dominado pelos partidos Colorado e Liberal. Foram estes dois partidos que se uniram – juntando-se aos oviedistas, partidários de Lino Oviedo, caudilho tradicional – para derrubar Fernando Lugo em processo expeditivo.
No Brasil foi preciso passar 17 anos de terminada a ditadura para que o PT chegasse a ter forças para conquistar a presidência.
Enquanto isso, existem democraduras, cruzamento de democracia com ditadura.

Repostado do portal do Emir sader

domingo, 24 de junho de 2012

Democracia!? Será?

 

Democracia

----------------
Há sempre dois lados em uma moeda. Há sempre duas versões sobre o mesmo fato. Há sempre uma opacidade sobre as coisas. Este lamentável episódio envolvendo a segurança da Fazenda Santa Bárbara e o MST é um desses casos. Eu poderia tomar posição direto, como tomei no post abaixo. Mas, depois de dar uma olhada nos blogs e nas notícias sobre o fato, e nos comentários, mais aguça a minha vontade de refletir sobre o ocorrido. A grande maioria dos países considerados desenvolvidos já enfrentou o problema da terra. Nenhum escapou. Quem quiser ler alguma coisa mais séria sobre isso, comece por Barrington Moore Jr no clássico As origens sociais da ditadura e da democracia: senhores e camponeses na construção do mundo moderno. Me atrevo a fazer uma pergunta: Como vamos falar em desenvolvimento econômico do Pará sem enfrentar o problema fundiário? Como? A grande maioria de nós, moradores de Belém, conhece o Pará pelo mapa, não temos ideia do tamanho dos problemas e dos enclaves produzidos pelos grandes projetos econômicos, que foram trazidos nos anos 1970. Vocês não imaginam o que significa ter uma empresa como a Vale em uma região como o sul do Pará. Agora acrescente um trem que vai até Itaqui no Maranhão levando minério de ferro, e volta trazendo a miséria do Maranhão para Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás, Eldorado dos Carajás, e por aí vai. Centenas de pessoas sem eira nem beira chegam pelo trem da Vale em busca de um lugar prá viver; a grande maioria dos adultos será recrutada pelo voto para receber algum benefício. Outros vão entrar nas fileiras dos movimentos sociais, e por um único motivo: não tem saída fácil para nada. A saída fácil está na moralidade dos vencedores; e só nela. Temos enormes quantidades de terra na mão de meia dúzia de pessoas. Temos produção rural, é verdade! E eu sou a favor da propriedade privada, sou sim. Mas não sou a favor, nem do latifúndio, nem da captura dos orgãos públicos por meia dúzia de políticos, funcionários e militantes. É estarrecedor ver um representante da escolha pública como o deputado federal Giovanni Queiroz votar Não sobre a PEC do Trabalho Escravo. Este discurso de que temos de defender a propriedade privada é uma falácia. Temos é que perguntar ao Estado qual é a resolução para os conflitos. Cabe ao Estado organizar essa ação. Ele tem as prerrogativas legais para o uso da força. Ele tem condições de organizar os interesses em disputa. Não é possível que passados 26 anos da abertura do regime autoritário, nós não tenhamos uma Agenda séria neste Pará de discussão dos problemas fundiários e agrários. Não podemos continuar ao sabor da Opinião Pública; ou ao sabor das ações intempestivas dos movimentos sociais forçando a tomada de atitude; quase sempre danosa para o lado mais fraco. Me lembro que no governo de Ana Júlia Carepa houve uma clara tentativa de intervenção do judiciário paraense ao querer federalizar a questão. E agora? O senador Jader Barbalho, quando foi Ministro da Reforma Agrária, começou por indenizar com cifras milionárias vossas majestades rurais. Ele não usou algemas por nada. Não, ele usou algemas por este, e outros motivos que fizeram da SUDAM um antro da roubalheira generalizada. Não haverá desenvolvimento econômico no Pará nas condições em que nos encontramos. Esqueçam. A maioria dos indivíduos que moram neste estado desconhecem as questões que pautaram os fatos de hoje; e a primeira ação que se tem é a de criminalizar os movimentos sociais. É claro que existem bandidos no MST. Ora, se existem no parlamento brasileiro? Por que não haveriam bandidos nos movimentos sociais? Esta não é a questão. A questão é saber em que lugar está a autoridade de mediação do conflito e quais as saídas?!? E que não seja a vida dos envolvidos nos litígios.

Postado por Marise Rocha Morbach às 17:47 0 comentários

Marise Morbach é colunista do blog Flana,r e por concordarmos com suas palavras, aqui vai uma repostagem sobre um tema muito importante, e que sabemos, no bla-bla interminavel de Simão Jatene não terá uma solução dentro do tempo de atuação do atual governo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Festa do protagonismo juvenil !

A juventude de mosqueiro hoje mostrou sua vontade de mudança ea necessidade de projetos voltados para educação em nossa ilha , lotamos o auditorio da escola honorato filgueiras com 236 alunos de todas as escolas de mosqueiro . Foi a festa do protagonismo juvenil ! Muitas lutas ainda virão , e sabemos que este exercito de jovens críticos estarão ao nosso lado !PARABENS A TODOS E A TODAS !



Polo universitário em Mosqueiro: uma luta de todos !





Os encaminhamentos aprovados na audiência pública de Mosqueiro foram : reivindicar que as provas de vestibular das universidades públicas sejam realizadas nas diversas comunidades da ilha; formar uma comissão para visitar os reitores das universidades públicas e reforçar a luta pelo campus universitário; buscar o apoio dos parlamentares federais para que possam interferir junto ao MEC para garantir a instalação das federais no campus do Mosqueiro. O espaço da Cooperativa Centro de Estudo Paulo Freire foi colocado à disposição para servir de embrião para o futuro campus. E no final foi formada a comissão de estudantes e educadores.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

PT lança nota de apoio à chapa 4 da eleição do Sintepp

PT lança nota de apoio à chapa 4 da eleição do Sintepp

Publicado por ascom Em 15/06/2012

A Executiva estadual do PT – PA, reunida nos dias 31 de maio de 2012, ao analisar as eleições que ocorrerão para a direção do SINTEPP, nos dias 19 e 20/06/2012, e dada a importância deste Sindicato para os interesses dos trabalhadores em educação do estado do Pará, tomou a seguinte deliberação, para cuja efetividade convoca a participação de suas instâncias, dirigentes e filiados (a)s nesse sentido:

A afirmação do Sindicato, por seu caráter classista, como uma ferramenta vital, fundamental e necessária sob o controle daqueles (as) trabalhadores (as), que, pautados por uma concepção de compromisso radical e de organização, lutem e se mobilizem por mudanças que assegurem a melhoria real da qualidade da educação, especialmente, dos seus profissionais – professores, técnicos e outros – que convivem com a realidade dura e adversa do “chão” da escola;

Para tanto, orienta a todos (as) os (as) filiados (as), instâncias, dirigentes, parlamentares, executivos e a militância geral para o apoio à Chapa 04 (Educação e Compromisso pela Categoria) no entendimento de que, pela sua composição e proposição, ela é a que melhor expressa os valores e ideais de luta tanto da CUT como do nosso próprio partido, o PT, em face de uma sociedade com justiça e solidariedade;

E para que a CHAPA 04 seja vitoriosa nesta eleição, a mesma deve contar com o nosso irrestrito apoio, tanto através do voto, bem como com uma intensa campanha de mobilização para o referido pleito.

Belém, 08 de junho de 2012

Comissão Executiva Estadual

Setorial de Educação do PT

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Polo Universitário em Mosqueiro

 

Será realizada na sexta-feira, dia 15, às 9 horas, na Escola Honorato Filgueiras, a audiência pública para tratar da instalação de um campus universitário na ilha do Mosqueiro. O evento contará com a participação de representantes da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), além de representantes da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Pará.

Audiência Publica em Mosqueiro !




A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Pará convida para a audiência pública que visa à instalação de um campus universitário na ilha do Mosqueiro. O ato será realizado nesta sexta-feira, dia 15, às 9 horas, na Escola Honorato Filgueiras, na rua Siqueira Mendes, na área central do Distrito de Mosqueiro. O evento contará com a participação de estudantes, professores, pais de alunos, representantes da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Dep. ALFREDO COSTA além de representantes da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Pará.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

TSE suspende propaganda do PPS neste semestre

Agência Brasil

Publicado em 13/06/2012,

Brasília – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu ontem (12), por 6 votos a 1, suspender o programa partidário nacional do PPS neste semestre e aplicar multa de R$ 5 mil à legenda. Os ministros decidiram aplicar a punição ao analisar duas representações contra o partido e contra o então candidato à Presidência da República em 2010, José Serra (PSDB), por propaganda eleitoral antecipada.

As representações, de autoria do PT e do Ministério Público Eleitoral (MPE), acusavam o PPS de usar seu programa nacional em rádio e TV, exibido em 10 de junho de 2010, para divulgar a candidatura de Serra. A legislação eleitoral permite propaganda de candidatos apenas a partir do dia 6 de julho do ano eleitoral. Além disso, determina que os programas partidários só devem fazer alusão às ideias e ações do próprio partido.

A relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, poupou Serra da multa, pois entendeu que ele não tinha conhecimento do conteúdo que seria veiculado no programa do PPS, além de não ter participado da propaganda. O ministro Marco Aurélio Mello foi o único que quis estender a multa também ao candidato.

O ministro Gilson Dipp abriu divergência por discordar de qualquer tipo de punição. Para Dipp, a propaganda partidária pode ser usada para divulgar candidatos porque as legendas “sobrevivem da representação eleitoral”.

É POSSÍVEL CRESCER, INCLUIR E PRESERVAR?

É POSSÍVEL CRESCER, INCLUIR E PRESERVAR?

" A economia brasileira cresceu 40% em uma década; foram criados 28 milhões de empregos formais; (ao mesmo temo) desde 2004, o nosso desmatamento diminuiu 77%;  registramos o menor índice de desmatamento este ano; respondemos por 75% das áreas de preservação ambiental criadas no planeta, desde 2003; temos 45% da nossa energia decorrente de fontes renováveis" (Presidenta Dilma Rousseff, na abertura do Pavilhão Brasil, na Rio+20;leia mais nesta pág)

(Carta Maior; 4ª feira/13/06/2012)

Sartre, a busca da liberdade e o desafio da história

Novo livro de István Mészáros, lançado no Brasil pela Boitempo, situa Jean-Paul Sartre em relação ao pensamento do século XX e aborda sua trajetória em todas as suas manifestações – como romancista, dramaturgo, filósofo e militante político. Interrogado sobre o motivo que o levou a escrever sobre Sartre, Mészáros respondeu: “Sempre senti que os marxistas deviam muito a ele, pois vivemos numa era em que o poder do capital é dominador, uma era em que a ressonante platitude dos políticos é que ’não há alternativa‘. Sartre foi um homem que sempre pregou exatamente o oposto: há uma alternativa, deve haver uma alternativa.

Redação

Publicado originalmente em 1979, o livro A obra de Sartre: busca da liberdade deveria ter tido um segundo volume intitulado O desafio da história, o qual analisaria a concepção sartriana de história. Devido a outros projetos, entre os quais a obra-prima Para além do capital, István Mészáros pôde retomar essa análise somente na presente edição, ampliada e atualizada, que a Boitempo disponibiliza ao leitor de língua portuguesa antes mesmo de seu lançamento em inglês. O livro situa Jean-Paul Sartre em relação ao pensamento do século XX e aborda sua trajetória em todas as suas manifestações – como romancista, dramaturgo, filósofo e militante político.
Escritor algum foi alvo de tantos ataques, de origens as mais variadas e poderosas, quanto Sartre: “Em 1948, nada menos do que o governo soviético de Stalin assume posição oficial contra o filósofo e, no mesmo ano, um decreto especial do Santo Ofício coloca no Index a totalidade de suas obras”, lembra Mészáros. Quais as razões disso? E como é possível que um indivíduo sozinho, tendo a caneta como única arma, seja tão eficiente como Sartre numa época que tende a tornar o indivíduo completamente impotente? Os escritos do filósofo marxista buscam não apenas as respostas, como também formulam novos questionamentos sobre a vida e a obra de Sartre, elucidando sua contribuição para o mundo.
Quando interrogado recentemente sobre o motivo que o levou a escrever sobre Sartre, Mészáros respondeu: “Sempre senti que os marxistas deviam muito a ele, pois vivemos numa era em que o poder do capital é dominador, uma era em que, significantemente, a ressonante platitude dos políticos é que ’não há alternativa‘. [...] Sartre foi um homem que sempre pregou exatamente o oposto: há uma alternativa, deve haver uma alternativa; como indivíduos, devemos nos rebelar contra esse poder. Os marxistas, de modo geral, não conseguiram dar voz a isso”.
Ao afirmar tão categoricamente a importância de Sartre para a formação das novas gerações, Mészáros não defende sua escolha filosófica, ou seja, o existencialismo, mas compartilha plenamente de sua meta: a necessidade de uma rebelião contra o saber do “não há alternativa”. “Este livro pode ser visto como o encontro de duas atitudes que convivem num mesmo autor e o vinculam àquele que é o seu objeto de estudo: a profunda afinidade política e a enorme discordância filosófica que se podem constatar na relação entre Mészáros e Sartre. O que se eleva acima das controvérsias conceituais é a defesa de uma causa, o resgate de esperanças e expectativas maiores do que os instrumentos doutrinais que utilizamos para tentar realizá-las”, ressalta o professor de filosofia da Universidade de São Paulo Franklin Leopoldo e Silva na orelha do livro.
Para Mészáros, a importância da mensagem intransigente de Sartre sobre a necessária alternativa é maior hoje do que já foi anteriormente. O filósofo francês não viveu para ver grande parte das pessoas engajadas daquela época se render aos poderes da repressão em nome do privatismo e do individualismo. Por esse motivo, Sartre é hoje uma lembrança terrível e ao mesmo tempo imprescindível.
Trecho do livro
“A obra de Sartre cobre uma área imensa e apresenta uma variedade enorme: desde artigos ocasionais até um ciclo de romances, desde contos até sínteses filosóficas vastas, desde roteiros cinematográficos até panfletos políticos, desde peças de teatro até reflexões sobre arte e música, e desde crítica literária até psicanálise, assim como biografias monumentais, tentando captar as motivações interiores de indivíduos singulares em relação às condições sócio-históricas específicas da época que os moldou e à qual, por sua vez, ajudaram a transformar. Não se pode dizer, contudo, que as árvores ocultam o bosque, muito pelo contrário.
O que predomina é a obra global de Sartre, e não determinados elementos dela. Embora, sem dúvida, se possa pensar em obras-primas específicas dentre seus inúmeros escritos, elas não respondem por si sós pela verdadeira importância que ele tem. Pode-se até mesmo dizer que seu ’projeto fundamental‘ global, com todas as transformações e permutações multiformes que sofreu, é que define a singularidade desse autor inquieto, e não a realização sequer de sua obra mais disciplinada.
Pois é parte integrante de seu projeto que ele constantemente mude e revise suas posições anteriores; a obra multifacetada se articula mediante as transformações dela mesma, e a ’totalização‘ é atingida mediante incessante ’destotalização‘ e ’retotalização‘. Desse modo, sucesso e fracasso tornam-se termos muito relativos para Sartre: transformam-se um no outro. ’Sucesso‘ é a manifestação do fracasso, e ’fracasso‘ é a realidade do sucesso.”

Sobre o autor
Autor de extensa obra, ganhador de prêmios como o Attila József, em 1951, o Deutscher Memorial Prize, em 1970, e o Premio Libertador al Pensamiento Crítico, em 2008, István Mészáros se afirma como um dos mais importantes pensadores da atualidade. Nasceu no ano de 1930, em Budapeste, Hungria, onde se graduou em filosofia e tornou-se discípulo de György Lukács no Instituto de Estética. Deixou o Leste Europeu após o levante de outubro de 1956 e exilou-se na Itália. Ministrou aulas em diversas universidades, na Europa e na América Latina e recebeu o título de Professor Emérito de Filosofia pela Universidade de Sussex em 1991. Entre seus livros, destacam-se Para além do capital – rumo a uma teoria da transição (2002), O desafio e o fardo do tempo histórico (2007) e A crise estrutural do capital (2009), publicados pela Boitempo.

Repostado do portal Carta Maior

Dia dos Namorados

 

pg65.jpg

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Vale paga ninharia de imposto. E o Pará, nem quer saber disso?


05/6/2012 - 09h55

por Lúcio Flávio*

e9 Vale paga ninharia de imposto. E o Pará, nem quer saber disso?

De 1997, quando a Lei Kandir entrou em vigor, isentando de imposto a exportação de produtos semielaborados (ou não industrializados), até o ano passado, a antiga Companhia Vale do Rio Doce recolheu pouco mais de 540 milhões de reais em ICMS ao Pará pela venda ao exterior do minério de ferro de Carajás, o melhor do mundo. O ano recorde de pagamento do principal imposto estadual pela ex-estatal foi 2009, quando o valor chegou a R$ 197 milhões.

Nos 10 anos dos governos tucanos seguidos de Almir Gabriel e Simão Jatene, de 1997 a 2006, o recolhimento de ICMS somou R$ 236 milhões. Nos quatro anos de Ana Júlia Carepa, do PT, a soma foi de R$ 304 milhões.

Por incrível que possa parecer, de 1997 a 2001, a Vale contribuiu para o erário com menos de R$ 6 milhões em impostos sobre minério de ferro exportado, o principal item da pauta de exportação do Pará e do Brasil. Em 1997 a CVRD foi privatizada e, não por mera coincidência, entrou em vigor a famigerada Lei Kandir, de autoria do ex-ministro de Fernando Collor de Mello e então deputado federal por São Paulo, Antônio Kandir. O ICMS pago pela Vale foi então de R$ 18.828,37. Menos do que pagou ao tesouro estadual um supermercado da esquina.

O recolhimento deu um “enorme” salto no ano seguinte: foi para R$ 173 mil. Patinou em R$ 177 mil em 1999. Saltou para R$ 1,9 milhão em 2000 e foi multiplicado para R$ 4,5 milhões em 2001. Ou seja: em seis anos, a média anual de contribuição tributária da mineradora para o Estado foi de R$ 1,2 milhão. Parabéns ao deputado Kandir. E – provavelmente – otras cositas más para ele.

Aí a China atacou o mercado internacional com sua fome insaciável de aço. O ICMS recolhido em 2002 alcançou R$ 38 milhões. Baixou para R$ 26 milhões do ano seguinte, infletiu para R$ 38 milhões em 2004 e ficou pouco acima de R$ 60 milhões em 20005 e 2006.

Neste caso, sim, por mera circunstância quanto a políticas e realidades locais, a fatura tributária da Vale despencou para pouco abaixo de R$ 40 milhões entre 2007 e 2008, já no governo de Ana Júlia. Aparece então o fenômeno de 2009, dos R$ 197 milhões. Graças à recuperação da vitalidade da economia chinesa depois da crise financeira internacional. Mas entre 2010 e 2011 a queda voltou a ser brutal: para R$ 29 milhões e R$ 31 milhões nos dois anos, respectivamente. Nos quatro meses deste ano a conta ainda não chegou a R$ 12 milhões

O minério de ferro ainda é o grande negócio da Vale – no mundo, no Brasil e no Pará. Mas os números mudam com o avanço da mineradora sobre outras substâncias minerais depositadas no subsolo de Carajás. No mesmo período a exploração de ferro na nova mina, a de Serra Leste, subiu de R$ 6 milhões no acumulado até 2006 para R$ 299 milhões em 2001, sendo R$ 259 milhões só nesse último ano. Nesses 14 anos, a exploração do cobre da Serra do Sossego rendeu R$ 218 milhões de ICMS. A iniciante produção de níquel do Onça Puma e do Vermelho recolheu pouco mais de R$ 70 milhões.

Todo o Sistema Norte de mineração da Vale rendeu em 14 anos aproximadamente R$ 1,3 bilhão de ICMS ao Pará. A média é de menos de R$ 100 milhões por ano. O Pará vai viver disso?

Esta é a conta do povo. Agora, a contabilidade da empresa.

Em 2011 as exportações totais do Pará foram de 18,3 bilhões de dólares (em torno de R$ 33 bilhões), sendo quase US$ 17 bilhões (ou mais de 90% do total, ou mais de R$ 30 bilhões) de produtos de origem mineral, em bruto ou semielaborados – isentos de impostos, portanto.

A Vale exportou no ano passado 97 milhões de toneladas de minério de ferro de Carajás, com faturamento de 11,7 bilhões de dólares, correspondentes a quase 20 bilhões de reais. Pois bem: esses R$ 20 bilhões renderam R$ 30 milhões de ICMS. Ou 0,15%. Alíquota de desmoralizar qualquer erário; de massacrar qualquer povo. E fazer a festa de outro povo, como o chinês: desses 97 milhões de minério de ferro extraídos e exportados, 47 milhões (exatamente a metade do total) foram para a China, que pagou US$ 5,8 bilhões.

Dá uns US$ 120 por tonelada. É muito se comparado com os US$ 15/25 por tonelada do início de Carajás, na metade dos anos 1980. Mas quem possui minério igual? E quando ele acabar, não depois de 400 anos de exploração, conforme se previa inicialmente, mas em menos de um século, na escala atual de lavra? A partir de 2015 a produção passará para inacreditáveis 230 milhões de toneladas anuais?

Talvez continue a ser maravilhoso para os donos de papeis da Vale com direito a dividendos prioritários, mas e para o Brasil? E para o Estado do Pará? Quem garante? Quem sabe das coisas?

Todos deviam saber. Mas raros se interessam. O que é uma pena – e muito cara. Criei um blog (www.valeqvale.wordpress.com) justamente para conhecermos melhor essa portentosa companhia, esfinge ou cavalo de Tróia. Poucos se apresentaram. Agora estou colocando nas ruas um dossiê especial sobre a Vale (A Vale engorda. O Pará emagrece”, é o título da publicação, com 44 páginas).

É tentativa de provocar o debate, despertar o interesse e mobilizar a vontade dos paraenses. Mais tarde será irremediavelmente tarde. Como já está sendo. Os paraenses continuam desatentos ao movimento do maior trem de cargas do mundo, que leva o filé-mignon dos minérios de Carajás para o exterior, com destino certo: a Ásia. A história do Pará parou, como manda a dança. O trem, não.

* Lúcio Flávio Pinto é jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP).

** Publicado originalmente no site Adital.

(Adital)

Comentário do blog: O povo do Pará deve dar o título de “persona non grata” a trupe tucana: FHC (presidente da República), Pedro Malan (Ministro da Fazenda), Antônio Kandir (autor da famigerada lei que ganhou o seu nome), Almir Gabriel (governador do Pará) e Simão Jateve (Secretário da pesca, ou desculpe, secretário de planejamento estadual),  pois foram autores e co-autores desse verdadeiro escárnio-sangria das contas pública do pobre Pará–dos-pobres paraenses. isso é o Pará dos Tucanos!

O que causa a cisão entre parte do público e cientistas?


04/6/2012

por Redação The Economist

t7 300x229 O que causa a cisão entre parte do público e cientistas?

Maioria dos cientistas acredita na teoria do aquecimento global. Foto: Reprodução/Internet

Revista ‘Nature’ mostra que a tese da compreensão científica – que postula que as divisões a respeito da mudança climática são resultado da incompreensão da ciência pelo público – está errada

A esmagadora maioria dos cientistas do clima acredita que a Terra está aquecendo devido à atividade humana. A opinião pública norte-americana é mais cética. Cerca de um quarto dos norte-americanos ainda têm dúvidas sobre o aquecimento global, e uma proporção ainda maior acredita que a ameaça está sendo superestimada. Pareceria razoável, então, considerar que mais precisa ser feito para ajudar esses céticos a entenderem a ciência por trás da preocupação dos cientistas.

Ou talvez não. Um interessante estudo publicado recentemente no periódico científico Nature mostra que a tese da compreensão científica – que postula que as divisões a respeito da mudança climática são resultado da incompreensão da ciência pelo público – está errada. Caso estivesse certa, o aumento da alfabetização científica corresponderia a uma maior concordância com os cientistas, que em geral encaram o aquecimento global como uma ameaça séria. Mas este não é o caso.

Então se não é uma falta de apreensão da informação científica, o que então causa a cisão entre parte do público e a comunidade científica?

Os autores do estudo investigaram uma explicação alternativa denominada tese de cognição cultural. Esta tese postula que as pessoas tentam adequar suas interpretações de evidências científicas em filosofias culturais pré-formadas. Mais especificamente, indivíduos com uma visão de mundo hierárquica e individualizada deveriam ser céticos em relação à mudança climática, que, caso aceita, poderia gerar restrições indesejadas à indústria. Já indivíduos com visões de mundo mais igualitárias e comunitárias deveriam concordar com os especialistas, já que em geral são menos afetadas por regulações que obstruem o comércio.

Os dados confirmaram estas hipóteses. E também, de modo fascinante, demonstrou que o aumento da alfabetização científica apenas aumentava o divisionismo cultural

* Publicado originalmente no jornal The Economist  e retirado do site Opinião e Notícia.

(Opinião e Notícia)

Desumanidades em nome de Deus

08/6/2012

por Gilberto Dimenstein*

c1 300x210 Desumanidades em nome de Deus

É uma medida mais do que sensata. Aliás, sensata e óbvia. O governo estuda orientar a mulher decidida a fazer aborto, mostrando-lhe o risco de cada opção.

Certamente vão dizer que, com isso, há um estímulo oficial ao aborto — e o tema é capaz até de parar na campanha eleitoral assim como o material produzido no Ministério da Educação contra homofobia.

Qualquer indivíduo que conheça um mínimo sobre juventude sabe que aborto é prática cotidiana. O problema, portanto, é jogado para debaixo do tapete. Usam-se, como quase todo mundo sabe, remédios que se encontram em qualquer farmácia, muitos com efeitos colaterais. Fala-se em mais de 200 mil internações anuais por causa do aborto inseguro, afetando na maioria das vezes adolescentes.

Ficar sem fazer nada, apenas olhando, não é apenas uma irresponsabilidade. Mas uma desumanidade em nome de Deus.

Uma das involuções brasileiras: temas de saúde pública passaram a ser ainda mais enfocadas pela ótica teológica durante a campanha eleitoral. Há uma violência diária contra gays e lésbicas nas escolas. Produziu-se um material didático, preparado por especialistas. Veio a pancadaria, o material está mofando, dinheiro jogado fora.

E simplesmente não se fala mais no assunto.

* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.

** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.

(Portal Aprendiz)

Comentário do blog: O Gillberto Dimenstein, um dos muitos jornalistas do PIG (Partido da Imprensa Golpista), no artigo acima se esqueceu (ou não quis lembrar) que a “questão aborto”, na campanha presidencial de 2010, foi  “criminalizado e demonizado” pelo seu candidato José Serra, e não esqueçamos que o caso da cartilha educativa sobre homoafetividade, foi detonada por setores tradicionais e conservadores da sociedade brasileira, inclusive de grande parte da imprensa (de)formadora dos bons costumes e da opinião pública cristã-demotucana: revista Veja, jornal estado de São Paulo, jornal folha de São Paulo, Globo (jornal e TV).  

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Um Brasil ao mar

Por Lúcio Flávio Pinto | Cartas da Amazôniaqui, 31 de mai de 2012

A antiga Companhia Vale do Rio Doce comemorava cada nova década de vida com um álbum impresso, versão renovada e ampliada do primeiro volume, no qual contava sua história até aquele momento. Parece que desta vez não haverá álbum. Parece que não haverá nada. Os 70 anos da CVRD passarão em brancas nuvens.

É um contraste com a abundante propaganda veiculada pela companhia através da imprensa. A Vale nem precisava fazer tanto anúncio. Ela vende principalmente minérios, cujo valor é calculado por milhões de toneladas. Não há muitos compradores no mercado. Os contratos de venda são de longo prazo, valendo por vários anos.

O vendedor não precisa convencer ninguém no varejo. Mesmo porque, no caso, tem o filé-mignon, o minério de ferro de Carajás, o melhor que há, sem concorrente à altura.

As intensas e sistemáticas campanhas publicitárias que a Vale faz durante o ano inteiro tem objetivo institucional e não comercial. Ela vende à opinião pública a imagem de empresa responsável, preocupada com os impactos socioambientais gerados pela sua atividade, que paga bem, na qual é um prazer trabalhar, que apoia as iniciativas culturais, está ao lado das muitas comunidades com as quais convive e é de grande valor para o Brasil.

O resultado é que foi se tornando o maior anunciante particular da mídia brasileira. Haveria coerência de estar nessa condição: afinal, ela é a maior empresa privada do país (e do continente), a segunda maior mineradora do mundo (e a maior em minério de ferro, o minério mais usado pelo homem), a 31ª companhia mundial, a que mais exporta no Brasil e a que mais gera saldo de divisas para o país.

Todas essas grandezas parecem ter feito a empresa se afeiçoar cada vez mais aos elogios de uns e à subserviência de outros; e reagir negativamente às avaliações críticas ou mesmo à autonomia de quem não segue a sua cartilha na hora de dar sua opinião. O que é capaz de explicar o silêncio constritivo da Vale diante de duas importantes datas em cronologia sucessiva: os 15 anos da sua desestatização, ocorrida em 6 de maio de 1997, e os 70 da sua criação, neste 1º de junho.

Talvez pelo seu peso no faturamento das empresas jornalísticas, a mídia não aproveitou as duas datas para fazer um balanço dessa trajetória, como era do seu dever. A própria empresa preferiu adotar a tática do silêncio, abandonando as práticas do passado. Nada de fornecer as informações devidas, como nos álbuns anteriores, para atrair e estimular o interesse da opinião pública. A Vale quer apenas coro uníssono, não contracantos.

Já está bem delineado o desvio de rota da antiga estatal. Ela foi criada em 1942 para garantir o fornecimento de matérias primas de origem mineral aos países aliados, que combatiam a Alemanha nazista. Para que pudesse desempenhar essa tarefa, até os Estados Unidos apoiaram a transferência da rica jazida de Itabira, em Minas Gerais, que pertencia ao milionário americano Percival Farquhar. Colocar a mina em operação era, naquelas circunstâncias, missão de Estado, não de indivíduos.

Desincumbindo-se da missão, a CVRD se tornaria uma empresa típica de exportação se, por pressão dos mineiros, não tivesse passado a atender também o mercado interno. A abundância de ferro permitiu a ampliação do parque siderúrgico nacional. A exportação de matéria prima se combinaria com a indução à industrialização de base.

Essa combinação seguia seu curso (semelhante ao do café na formação do parque fabril de São Paulo) até a descoberta da maior província mineral do planeta, em Carajás, no sul do Pará, no final dos anos 1960. A associação da Vale ao Japão, que se iniciara timidamente, foi incrementada.

O teor de hematita pura no minério de Carajás e a existência de um porto de águas profundas em São Luiz do Maranhão, que podia ser alcançado por uma ferrovia de 900 quilômetros de extensão (pela qual circula atualmente o maior trem de carga do mundo), vindo do interior, e navios de grande tonelagem do mercado oceânico, viabilizaram um novo circuito de atendimento à Ásia.

Primeiro país beneficiado por essa nova realidade, o Japão eliminou a dependência que tinha da Austrália, passou a receber minério com o dobro do teor de ferro australiano e por um preço equivalente ao do antigo fornecedor. Não surpreende que os japoneses tenham passado a comprar da Vale em escala crescente. E a China tenha seguido-lhe os passos, em volumes cada vez maiores, tornando-se, hoje, a maior cliente da Vale e responsável pela aquisição de 60% da produção de Carajás.

Com o salto dos preços do minério de ferro a partir de 2001 e a escalada de consumo da China em 2005, tornando-se a Ásia o destino da maior parte do melhor minério que há na Terra, os gigantescos números dessas transações impressionam e entusiasmam. Mas também assustam. Se há motivos para comemorar agora, amanhã não será a vez de chorar lágrimas de sangue pelas riquezas naturais que se foram de vez e não serão substituídas, já que minério não dá duas safras?

Uma composição da música popular brasileira alerta: "o que dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e de medida". No final dos anos 1950, o jovem economista Celso Furtado, dos mais brilhantes intelectuais que o Brasil já teve, cunhou a expressão "feitorias de exportação" para bases logísticas, como as que se multiplicam no Brasil, voltadas para além dos oceanos. A primeira foi a do açúcar. A maior, a do ferro, hoje.

Junto com as riquezas, vão também os projetos e os sonhos. Como os do avanço da industrialização brasileira para uma etapa de criação de valor maior do que a atual. Talvez por isso a capitã da maior das feitorias de exportação prefira que as datas importantes passem em silêncio. Mesmo que sejam suas datas

Repostado da Homepage do Yahoo: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/cartas-amazonia/um-brasil-ao-mar-174422283.html

terça-feira, 5 de junho de 2012

A falácia do financiamento externo da dívida

por Luis Nassif*

e1 A falácia do financiamento externo da dívida

A falácia do financiamento externo da dívida.

Em artigo na Folha de S. Paulo, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros elogia a decisão do Banco Central de trazer a taxa Selic para níveis minimamente civilizados.

Em fins de agosto, Luiz Carlos foi dos analistas que desancou a decisão do Banco Central de reduzir a Selic.

Na época, sofismou. Sustentou que o quadro internacional não tinha mudado tanto, quanto alegava o BC, para justificar a queda dos juros. Lançou suspeições sobre a decisão, insinuando que visaria beneficiar investidores que apostavam na queda dos juros.

Agora, muda de opinião.

A diferença entre os dois momentos é que, em agosto, Luiz Carlos provavelmente estava na ponta errada do mercado futuro de juros. Agora, afinou a aposta.

Ainda assim, continua sofismando.

Em seu artigo, defende a tese de que a queda dos juros poderá atrapalhar a entrada de recursos externos. E eles seriam essenciais para financiar a dívida pública no médio prazo. Para reforçar a necessidade, mostra os dados de crescimento da dívida bruta (que corresponde à dívida total sem descontar as reservas cambiais de posse do BC).

Por que não se sustenta a tese?

Primeiro, porque nos próximos anos o BC deixará de rolar pelo menos R$ 50 bilhões da dívida pública, devido à redução do estoque. Ou seja, vai sobrar dinheiro que hoje é aplicado no financiamento da dívida pública.

Depois, porque os números brandidos por Luiz Carlos – de crescimento da dívida pública – tem um responsável óbvio: justamente os dólares que entram no mercado para financiar a dívida pública.

Luiz Carlos sabe disso, mas sofisma.

1. O investimento externo entra no país,em dólares. Suponhaque seja US$ 1 bi.

O investidor vende no mercado e recebe reais – com os quais investe em títulos públicos.

2. Na sequência, o BC é obrigado a comprar os dólares para impedir a apreciação excessiva do real. As reservas cambiais aumentam em US$ 1 bi; a dívida pública bruta também em US$ 1 bi. Já a dívida líquida (dívida bruta menos reservas cambiais) permanece no mesmo lugar. Essa conta decorre do fato de que a dívida bruta é um passivo mas a dívida líquida é um ativo do BC. Portanto, teoricamente a operação de emissão de títulos para compra de dólares deveria ser neutra.

Mas isso só no primeiro momento.

3. Ocorre que, mesmo com a queda da Selic, os títulos públicos pagam 8,5% ao ano, enquanto as reservas são remuneradas a 1% ao ano.

No final de um ano (sem computar variações cambiais), só por conta daquela operação, as reservas cambiais estarão em US$ 1,01 bi, enquanto a dívida pública (contraída para adquirir as reservas) em US$ 1,09 bi.

4. A tal operação de financiamento da dívida pública em dólares, no fundo aumentou a dívida pública em 7,5% ao ano. Isso com a Selic a 8,5%. Com a Selic a 11% – como defendia Luiz Carlos – ao final de um ano, cada dólar que entrava para financiar a dívida pública provoca um aumento de 10% ao ano no estoque da dívida.

Para agravar a análise, Luiz Carlos não tem sequer o álibi da ignorância: é dos mais preparados e argutos analistas e operadores de mercado.

* Luis Nassif é jornalista econômico e editor do site www.advivo.com.br/luisnassif – lnassif2011@bol.com.br.

** Publicado originalmente no site da revista Carta Capital

Ex-governador admite que "suicídio" de Herzog foi maquiado

 

Em entrevista à Globonews. Paulo Egydio Martins, governador de São Paulo entre 1975 e 1979 afirma que suicídio do jornalista Vladmir Herzog foi maquiado e que, de fato, ele foi assassinado dentro das dependências do II Exército, na rua Tutóia, em São Paulo. Paulo Egydio Martins também afirmou que está disposto a depor à Comissão da Verdade. “Irei a qualquer hora, a qualquer instante. Não temos de temer nada. É hora de botar para fora tudo o que for para botar para fora".

Vinicius Mansur

Paulo Egydio Martins, governador de São Paulo entre 1975 e 1979, afirmou, em entrevista à Globonews, que a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, não se deu por suicídio: “Se maquiou um suicídio! O suicídio foi maquiado! Não houve suicídio! Herzog foi assassinado dentro das dependências do II Exército na rua Tutóia, em São Paulo”, confessou.
É a primeira vez que uma autoridade da época admite o assassinato, indo de encontro a versão oficial do regime, segundo a qual Herzog havia sido "encontrado enforcado com o cinto de sua própria roupa".
Paulo Egydio Martins disse que solicitou ao serviço de inteligência do Estado o levantamento da ficha do jornalista e, dias depois, recebeu um “nada consta” como resposta. A resposta teria sido repassada ao então Secretário de Cultura, porém foi insuficiente para evitar a tragédia. “Após esse incidente, houve a determinação dele comparecer ao DOI-CODI, onde acabou assassinado”, disse o ex-governador.
Outros dois jornalistas presos com Herzog, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, já haviam confirmado que o depoimento aconteceu sob tortura.
Segundo Paulo Egydio, ele avisou pessoalmente o então ditador, Ernesto Geisel, do erro cometido com Herzog. O ex-governador também disse ter presenciado o ditador exonerar o comandante do II Exército, Ednardo D`Ávila Melo. Geisel teria dito: “Não vou admitir que fatos como esses que ocorreram aqui no II Exército se repitam. Quero que você saiba que vou tomar medidas. Você vai tomar conhecimento pelo seu ministro do Exército e pelo Diário Oficial. Vou tornar isso um decreto: proibir que alguém seja preso antes de uma comunicação ao meu gabinete – ao gabinete militar, ao SNI ou a mim, pessoalmente. Só depois dessa comunicação é que posso admitir que um preso político seja levado ao recinto de um quartel do Exército.”
Durante a entrevista concedida ao canal de TV paga, Paulo Egydio também confirmou que está disposto a depor à Comissão da Verdade:
“Irei a qualquer hora, a qualquer instante. Não temos de temer nada. É hora de botar para fora tudo o que for para botar para fora. Vivemos numa democracia para ser verdadeira”.

A morte dos imortais

05/06/2012

Em sua festa anual, os deuses conversam preocupados sobre seu futuro Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência): "O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Hoje chegam a 7,8%".

José Roberto Torero

Era a festa anual dos deuses, que este ano aconteceu em Asgard, onde o arco-íris é ponte.
Odin, o anfitrião, desfilava com todo seu garbo, usando tapa-olho na vista direita e piscando para os amigos com o olho esquerdo. Já seu filho Thor, por conta do filme Os Vingadores, distribuía autógrafos aos outros convidados.
Num canto, Xangô, Zeus e Tupã comparavam seus raios para ver quem tinha o maior. Noutro, Ganesha, com sua cabeça de elefante, conversava com Rá, com sua cabeça de falcão. Na varanda, Ceci e Diana falavam sobre a Lua, enquanto Quetzacoatl tomava um chocolate.
No jardim, Itzamna, o deus maia, trocava ideias sobre sacrifícios humanos com Viracocha, o deus inca. E Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência):
- Sabe?, sem mim você não seria nada. Antes era uma tremenda bagunça.
- É verdade, mas eu fui muito mais longe. Enquanto você ficou ali pela Pérsia, eu me espalhei pelo mundo.
- Ok, mas não esqueça que graças a mim é que começaram a pensar num deus único. E num paraíso, no juízo final e num messias.
- Pode ser. Mas eu é que entendo de mercado. Tenho o judaísmo, o cristianismo, o islamismo e o espiritismo. Dividi para conquistar.
- Não se gabe muito. O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Lembra daquele país?
- Claro. Diziam que eu era de lá.
- Pois é, no Brasil o time dos sem-religião vem aumentando muito. Mais que o grupo dos evangélicos.
- Mesmo sem aquelas músicas ruins e as ex-atrizes pornôs?
- Mesmo. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Em 2003 este grupo já havia alcançado 5,1% e, em 2009, 6,1%. E agora chegaram a 7,8%.
- Se os brasileiros continuarem assim...
- Podem ficar como os nórdicos. Você sabia que 72% da população da Noruega é de ateus ou agnósticos? Na Dinamarca é pior: 80%. ,E na Suécia, um horror: 85%!
- Os números são altos, mas as populações destes países são pequenas.
- Pois na China só cerca de 20% das pessoas crê num deus. Quando eles dominarem o mundo de vez...
- Isso me dá um pouco de medo. Eu me dei bem com o império romano, não me saí mal com o inglês e me mantive por cima com o norte-americano. Mas com o império chinês..., não sei, não...
Com certo ar sádico, Mazda começa a cantar, apontando os indicadores para cima:
-Ai, ai, ai, ai, ai-ai-ai, tá chegando a hora... A China já vem, chegando meu bem, é hora de ir embora...
-Ir embora? Não seja radical.
-Mas é isso mesmo, meu chapa. Se não acreditam em nós, desaparecemos. Lembra de Nammu, Dagon, Anath e Molech?
-Lembro, claro.
- Pois eles desapareceram como fumaça. E também Marduk, Damona, Ésus, Dervones e Nebo; e Yau, Drunemeton, Inanna e Enlil; e Deva, Borvo, Grannos, Mogons e Sutekh, o deus do vale do Nilo.
- É mesmo...
- Mesmo os deuses desta festa estão quase transparentes. É que pouca gente crê neles. Zeus e Toth, por exemplo, são mais folclore que religião. E eu só sobrevivo por conta de uns duzentos mil adeptos. Uma mixaria. Meus dias estão contados...
A esta altura, todos os outros deuses já cercavam os dois deuses únicos. E tinham semblantes preocupados. Então todos deram as mãos e Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência), para levantar o moral da turma, puxou uma oração que era assim:
“Homem nosso que estais na terra,
santificado seja o nosso Nome,
chegue a vós o nosso Reino,
e seja feita a nossa vontade
assim no céu como na Terra.
A oração de cada dia nos dai hoje,
e perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem desprezado.
Não nos deixeis cair em esquecimento
mas livrai-nos do limbo,
Amém.”

José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.

Repostado do portal Carta Maior

Falta denunciarem os comparsas do Dudu em Mosqueiro .


"Duciomar Costa é denunciado por desviar verba"

Não é notícia velha, embora a dita denúncia seja referente a desvios ocorridos entre 2004 e 2006. É de hoje e está no DOL-Diário Online desde às 16hrs e 23 minutos.
Como são mais de duas dezenas de denúncias, talvez esses jornais poupassem trabalho já deixando o texto pronto e substituindo apenas o nome do local do assalto. Égua!

sábado, 2 de junho de 2012

A ausência de uma nova narrativa na Rio+20

DEBATE ABERTO

 

O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um “futuro que queremos” lema do grande encontro. A narrativa atual é a da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado.

Leonardo Boff

O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um “futuro que queremos” lema do grande encontro. Assim como está, nega qualquer futuro promissor.
Para seus formuladores, o futuro depende da economia, pouco importa o adjetivo que se lhe agregue: sustentável ou verde. Especialmente a economia verde opera o grande assalto ao último reduto da natureza: transformar em mercadoria e colocar preço àquilo que é comum, natural, vital e insubstituível para a vida como a água, solos, fertilidade, florestas, genes etc. O que pertence à vida é sagrado e não pode ir para o mercado dos negócios. Mas está indo, sob o imperativo categórico: apropia-te de tudo, faça comércio com tudo , especialmente com a natureza e com seus bens e serviços.
Eis aqui o supremo egocentrismo e a arrogância dos seres humanos, chamado também de antropocentrismo. Estes veem a Terra como um armazém de recursos só para eles, sem se dar conta de que não somos os únicos a habitar a Terra nem somos seus proprietários; não nos sentimos parte da natureza, mas fora e acima dela como seus “mestres e donos”. Esquecemos, entretanto, que existe toda a comunidade de vida visível (5% da biosfera) e os quintilhões de quintilhões de microrganismos invisíveis (95%) que garantem a vitalidade e fecundidade da Terra. Todos estes pertencem ao condomínio Terra e têm direito de viver e conviver conosco. Sem as relações de interdependência com eles, sequer poderíamos existir. O documento desconsidera tudo isso. Podemos então dizer: Com ele não há salvação. Ele abre o caminho para o abismo. Enquanto tivermos tempo, urge evitá-lo.
Tal vazio se deriva da velha narrativa ou cosmologia. Por narrativa ou cosmologia entendemos a visão do mundo que subjaz às idéias, às práticas, aos hábitos e aos sonhos de uma sociedade. Por ela se procura explicar a origem, a evolução e o propósito do universo, da história e o lugar do ser humano.
A nossa atual é a narrativa ou a cosmologia da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado. Caracteriza-se por ser mecanicista, determinística, atomística e reducionista. Por força desta narrativa 20% da população mundial controla e consome 80% de todos os recursos naturais; metade das grandes florestas foram destruídas, 65% das terras agricultáveis, perdidas, cerca de 27 a cem mil espécies de seres vivos desaparecem por ano (Wilson) e mais de mil agentes químicos sintéticos, a maioria tóxicos, são lançados na natureza. Construímos armas de destruição em massa, capazes de eliminar toda vida humana. O efeito final é o desequilíbrio do sistema-Terra que se expressa pelo aquecimento global. Com os gases já acumulados, até 2035 fatalmente se chegará a 3-4 graus Celsius, o que tornará a vida, assim como a conhecemos praticamente impossível.
A atual crise econômico-financeira que mergulha nações inteiras na miséria nos fazem perder a percepção do risco e conspiram contra qualquer mudança necessária de rumo.
Em contraposição, surge a narrativa ou a cosmologia do cuidado e da responsabilidade universal, potencialmente salvadora. Ela ganhou sua melhor expressão na Carta da Terra. Situa nossa realidade dentro da cosmogênese, aquele imenso processo de evolução que se iniciou há 13,7 bilhões de anos. O universo está continuamente se expandindo, se auto-organizando e se autocriando. Nele tudo é relação em redes e nada existe fora desta relação. Por isso todos os seres são interdependentes e colaboram entre si para garantirem o equilíbrio de todos os fatores. Missão humana reside em cuidar e manter essa harmonia sinfônica. Precisamos produzir, não para a acumulação e enriquecimento privado mas para o suficiente e decente para todos, respeitando os limites e ciclos da natureza.
Por detrás de todos os seres atua a Energia de fundo que deu origem e sustenta o universo permitindo emergências novas. A mais espetacular delas é a Terra viva e os humanos como a porção consciente dela, com a missão de cuidá-la e de responsabilizar-se por ela.
Esta nova narrativa garante “o futuro que queremos”. Do contrário seremos empurrados fatalmente ao caos coletivo com consequências funestas. Ela se revela inspiradora. Ao invés de fazer negócios com a natureza, nos colocamos no seio dela em profunda sintonia e sinergia, respeitando seus limites e buscando o "bem viver" que é a harmonia entre todos e com a mãe Terra. Característica desta nova cosmologia é o cuidado no lugar da dominação, o reconhecimento do valor intrínseco de cada ser e não sua mera utilização humana, o respeito por toda a vida e dos direitos da natureza e não sua exploração e a articulação da justiça ecológica com a social.
Esta narrativa está mais de acordo com as reais necessidades humanas e com a lógica do próprio universo. Se o documento Rio+20 a adotasse, como pano de fundo, criar-se-ia a oportunidade de uma civilização planetária na qual o cuidado, a cooperação, o amor, o respeito, a alegria e espiritualidade ganhariam centralidade. Tal opção apontaria, não para o abismo, mas para o “o futuro que queremos”: uma biocivilização da boa esperança.

Leonardo Boff é teólogo e escritor